Into the Unknown escrita por Wirt


Capítulo 4
Uma cidade chamada Pottsfield


Notas iniciais do capítulo

Ola pessoas.
Então espero que gostem desse capitulo, um pouco mais de perguntas para confundir vocês.



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Meus olhos estavam um pouco pesados, isso se devia a noite mal dormida. Não me leve a mal, mas desde pequena nunca precisei dormi no chão duro e frio. Na verdade a única vez que dormi no chão meu pai acabou me carregando de volta para minha cama. Nossa pequena ideia de acampamento não deu muito certo por causa da chuva que devastou tudo no meio da madrugada. Depois dessa noite meu pai passou dois dias sem dormi, apenas sentado aos pés de minha cama cuidado de mim já que havia pegado um resfriado e minha febre não baixava.

Que saudade papai... -pensava nisso enquanto olhava para frente com meus olhos um pouco marejados

–Oliver? –chamava Skye que andava um pouco a minha frente.

–Hã? –fiz enquanto erguia minha cabeça e olhava para frente.

Ainda estava perdida naquele bosque infernal, só queria voltar logo para casa, mas parecia que cada dia que passava eu estava mais longe desse meu pequeno sonho. Pelo menos tinha Skye comigo e o garoto parecia saber como andar por aquela parte, mas preciso confessar que nos últimos minutos ele parece meio perdido.

–Veja isso! –exclamava o moreno enquanto apontava para uma placa feita de madeira presa ao troco de uma árvore. –Estamos perto de Pottsfield. Podemos ir à cidade e ver se alguém sabe o caminho de sua casa.

–Você acha isso? –perguntava um pouco animada enquanto colocava minhas mãos sobre os ombros do maior e abria um sorriso um pouco bobo. –Vamos logo! Não faz ideia da vontade que estou de voltar para casa.

Skye sorriu de canto enquanto se endireitava e retirava minhas mãos dos seus ombros. Ele agarrou meu punho esquerdo e começou a me guiar na direção que era apontada pela placa. Por algum motivo me sentia segura perto dele. Não que fosse do meu habitual confiar no primeiro cara bonito que aparecesse na floresta dizendo que estava fugindo da mãe, na verdade sempre consegui manter uma distancia segura de todos, mas ele parecia realmente uma pessoa legal.

Acho que se passou uma meia hora até que finalmente chegássemos à tal Pottsfield. Não era uma cidade moderna, a verdade só cheguei a ver povoados tão antigos assim em livros de historia. As casas eram feitas de madeira e as estradas eram simplesmente terra batida, por algum motivo nas plantações da cidade só existiam aboboras, isso foi o suficiente para embrulhar meu estomago. Minha mãe nunca foi uma cozinheira muito boa e por esse motivo que costumávamos comer comidas fáceis de preparar e aboboras estavam na lista. Dei outra olhada ao redor e percebi que as ruas estavam vazias, o que era um tanto quanto suspeito. Ainda estávamos no meio da manha não podiam estar todos dormindo!

Aquele cheiro de aboboras frescas invadia minhas narinas e fazia meu estomago resmungas um pouco em forma de protesto, por sorte o estomago de Skye resolveu fazer o mesmo. O garoto abaixou sua cabeça com uma expressão meio assustada ou preocupada... Não consegui ver por causa de seu cabelo que fazia sombra em sua face. A única coisa que pude fazer foi colocar minha mão sobre seu ombro e sorri de novo.

–Está tudo bem. Vamos bater em alguma porta e ver se conseguimos algo para comer. –falava enquanto tomava a frente e caminha para primeira casa feita de madeira.

–Sim. –respondeu o garoto num tom fraco enquanto se forçava a sorri.

Sempre que batíamos em uma parte a resposta era sempre a mesma, nada! Não havia ninguém naquele pedaço de terra, bom isso foi o que pensamos. Isso até escutar um som vindo de dentro do celeiro que ficara ao centro da cidade. Rapidamente nos dirigimos até o local, mas ao entra um pânico tomou conta do meu corpo me fazendo paralisar por completo.

–O-o que?-gaguejava enquanto olhava para as ‘’’pessoas’’ daquela vila. Todos usavam roupas de fazendeiros, mas o que mais criava espanto eram suas cabeças que eram cobertas por abóboras com rostos esculpidos.

–Ora. –falava um dos camponeses que tinha mais de dois metros. Acho que por impulso fui para trás de Skye. –Parece que temos visitas.

–Quem é você? –questionava Skye que permanecia a minha frente e parecia bem mais calmo que eu.

–Bem, essa é a pergunta que eu deveria fazer. –dizia o homem de dois metros, seu tom de voz era calmo e parecia não ser muito ameaçador. –Eu sou Enoch. –respondia o homem. –Agora posso saber quem são vocês e o que fazem aqui?

Skye e eu trocamos olhares e depois o moreno assentiu com a cabeça que estava tudo bem e finalmente sai de trás de si.

–Me chamo Skye e essa é Oliver. Ela está perdida. Só estávamos procurando um lugar para pedir informações e se possível algo para comer.

Enoch desviou seu olhar em minha direção e uma das fitas que julguei ser seu braço chegou mais perto de mim até finalmente tocar minha face. Engoli em seco enquanto fechava meus olhos por um breve momento.

–Você me lembra muito uma pessoa. –falava o homem abóbora enquanto se afastava e fazia um gesto com sua ‘’mão’’ e todos que estavam ali voltaram ao seu normal que era festejar.

–Espere! –gritei em meio aos risos e a musica que tocava. –Você não vai nos ajudar?

Enoch fez um gesto com sua cabeça como se dissesse que isso seria resolvido mais tarde.

–Vocês tem a tarde toda em nossa cidade, desde que não façam nada contra as regras. São bem-vindos, mas estarei de olho em ambos. Se quiserem comer algo vão ter que procurar nos arredores, não tem nada que os agrade aqui.

–Mas e todas aquelas abóboras... -Skye foi interrompido e na mesma hora a musica parou junto com os risos.

–Apenas fique longe. –dizia Enoch. Sua voz havia mudado de uma forma drástica, para mim era mais do que o suficiente para ficar longe das plantações, mas ainda tínhamos o problema em relação á comida, mas não tínhamos muito que fazer apenas sair a procura da nossa.

–Certo. –disse Skye por fim enquanto caminhávamos devagar para fora daquele celeiro. Pelo menos tínhamos um lugar para ficar aquela noite e não seriamos atacados por aquelas pessoas com cabeça de abóbora. Talvez a sorte esteja um pouco ao nosso lado, claro que a fome ainda falava mais alto.

Não sabia o que fazer e muito menos como achar comida fora da cidade, nunca havia passado por algo desse tipo só me restava acreditar que Skye sabia fazer essas coisas, mas antes que tivéssemos a chance de trocar alguma palavra foi possível escutar uma mulher nos chamando. Dei uma olhada ao redor e vi outra pessoa com cabeça de abóbora, só que era usava um vestido rosa e sobre sua ‘’cabeça’’ havia um chapéu feito de palha e algumas mechas loiras caiam dele, me perguntava como ela havia colocado aquele cabelo ali, mas não era algo relevante.

–Hey! Crianças! –chamava a mulher enquanto fazia um gesto com sua mão. Ela queria que fosse seguida.

Troquei um rápido olhar com Skye e fomo atrás da mulher. Ela nos guiou até o que julguei ser sua casa. Não havia muita coisa, apenas uma mesa feita de madeira e uns armários feitos do mesmo material. Assim que entramos ela fechou a porta e apontou para as cadeiras.

–Fiquem a vontade. –falava a mulher que tinha uma voz bem simpática. –Vou pegar algo para que possam comer.

–O que? –questionou Skye enquanto hesitava de sentar na cadeira.

Já por outro lado eu já estava sentada e puxava o garoto para baixo para que se acalmasse, era obvio que o que a mulher fazia por nós era errado, mas ela estava se arriscando para nos ajudar, não havia o porquê de suspeitar da mesma.

–Obrigada. –agradecia ao ver a mesma retornar a cozinha com dois pratos em suas mãos. O conteúdo do prato era um tipo de sopa feita com diversas coisas que preferia não explorar muito. –Um pouco de sopa quentinha. Muito obrigada.

–Não precisa agradecer querida. –falava à mulher que se sentava em uma das cadeiras. –Você me lembrar demais umas crianças que estiveram aqui a muito tempo. Elas estavam perdidas assim como você. Elas não regressaram para nossa cidade e por isso tenho certeza que acharam seu caminho de volta. Se elas conseguiram você também deve estar logo em casa.

Enquanto a mulher falava aquelas palavras eu tomava um pouco daquela sopa que realmente não estava ruim, só tinha um gosto forte demais, provavelmente era apenas feita com cogumelos.

–Você não vai comer querido? –perguntava a mulher olhando para Skye.

–Eu sou alérgico a cogumelos. –respondia o garoto afastando o prato e se colocando de pé. –Eu vou dar uma olhada por ai e ver se encontro alguma coisa para comer.

–Só fique longe das abóboras. –advertia a mulher. –Enoch não ficara nada feliz em saber que alguém tocou nelas.

–Pode deixar. –respondia Skye enquanto saia da casa e fechava a porta atrás de si.

Fiquei uns minutos olhando para a sopa e depois percebi que a mulher aproximava o prato que pertencia a Skye.

–Já que seu namorado não vai comer, sobrou mais para ti. –dizia a mulher com um tom amigável.

Acho que minhas bochechas adquiriram um tom muito forte de rubro, não sabia o que dizia. Será que estava tão na cara assim que gostava de Skye? Mas eu gostava dele porque estava me ajudando a fugir daquele lugar completamente estranho para mim.

–Ele é só um amigo. –respondia enquanto voltava minha atenção para a mulher. –A senhora não vai comer?

–Eu não preciso comer. –respondia a mesma.

Nesse momento um mal pressentimento percorreu todo meu corpo, mas apenas ignore. Se ela quisesse me atacar já teria feito, mas ao invés disso ela estava me ajudando e me alimentando. Evitando que fosse lá fora e me arriscasse de novo naquele bosque.

–Está vindo tempestade. –comentava a mulher. –Se quiserem podem passar a noite em minha casa creio que é melhor que o celeiro. Lá ficaremos a noite toda festejando. Claro que são bem-vindos para nossas comemorações.

Queria perguntar o que tanto era comemorado naquela cidade, mas creio que estava com certo receio da resposta, às vezes a ignorância é uma benção.

–Acho que estou exausta demais para participar de qualquer tipo de festa. –respondia enquanto terminava de tomar a sopa e voltava meu olhar para o lado de fora. –Mas muito obrigada pelo convite.

–Oh...Só mais uma coisa...Enoch mandou dizer-lhe. –a mulher colocou sua mão sobre minha face e disse num tom calmo. –Se continuar do jeito que estar...Logo será a mais nova moradora de nossa humilde cidade...

A noite chegou rápido, mas Skye ainda não havia regressado, começava a ficar preocupada com o garoto. Será que ele estava machucado? Ou será que ele havia seguido viagem sem mim?

De qualquer forma não tinha condições de sair no meio daquela tempestade de raios que havia se iniciado. A mulher que me dera abrigo já havia se retirado e agora estava sozinha em sua casa deitada sobre uma cama improvisada com palha. Era desconfortável e coçava demais, mas não estava em posição de reclamar de nada. Na verdade meu corpo nem se importou muito com aqueles defeitos. Estava tão cansada que em poucos segundos acabei caindo no sono.

...

–Oliver! –chamava meu pai do primeiro andar de nossa casa.

Abri meus olhos assustada ao escutar a voz de meu pai. Tudo não havia passado de um pesadelo? Estava deitada em minha cama. Acho que nunca fiquei tão feliz de acordar.

Dei um salto da cama e sai correndo do quarto em direção à sala. As escadas pareciam menores que o habitual e por isso cheguei em poucos segundos a sala. Meu pai estava parado a frente da lareira. Minha primeira ação foi abraça-lo por trás e afundar meu rosto contra suas costas. Era tão bom estar perto dele de novo. Acho que nunca me senti tão segura em toda minha vida... Infelizmente esse sentimento sumiu no momento que a lareira se apagou e pude notar que meu pai havia desaparecido. A casa estava em um total breu e isso criava certos arrepios.

–Pai?

–Olá Oliver. –falava uma voz desconhecida, mas que me soava tão família. Era uma sensação estranha, sentia que já havia escutado a mesma em algum lugar só não conseguia me recordar.

Olhei na direção que vinha a voz e meu corpo paralisou por completo. Era uma criatura que se escondia nas sombras apenas seus olhos grandes e brilhantes se tornavam presentes naquela escuridão. Dei uns passos para trás, mas percebia que ela deu dois em minha direção.

–O que está se afastando de mim? –perguntava a criatura com um tom sarcástico.

–Quem é você? –perguntava quanto procurava algo para me defender.

–Um velho amigo. Realmente não se lembra de mim?

–Por que deveria? –perguntava meio alto enquanto pegava um abajur que estava sobre o criado mudo e tacava contra a criatura de olhos brilhantes. Claro que não foi muito efetivo já que o mesmo acabou por desviar e gargalhar.

–Está me magoando, Olly. –falava aquela coisa enquanto desaparecia e reaparecia a poucos centímetros da minha face. –Esperava um pouco mais de você. Vejo que estava muito enganado sobre isso.

–Me largue! –ordenava enquanto me debatia.

–Você tem realmente mais energia do que esperava. Vai ser perfeita.

–Mandei me largar!

–Oliver!- gritava Skye enquanto me sacudia.

Abri meus olhos assustada, minha respiração estava ofegante demais. Havia sido um pesadelo... Mas havia sido tão real aquele sonho.

–O que aconteceu? –perguntava enquanto piscava meus olhos algumas vezes.

–Precisamos sair daqui. –falava Skye que agarrava meu pulso e puxava-me para fora da casa.

Antes de sair pude ver algumas manchas de sangue espalhadas pela casa que estávamos o que foi mais estranho era que o sangue pingava da mão livre de Skye, talvez tenha sido minha imaginação. Mas ao lado de fora a tempestade estava forte demais para enxergar algo e se tivesse sangue a água já havia limpado.

–O que aconteceu?-gritava para fazer minha voz mais alta que as rajadas de trovões que cortavam o céu e o iluminavam por completo.

–Temos que sair daqui! As pessoas dessa vila estão todas mortas.

Nesse momento as palavras que a mulher me disse fizeram assim... Eu estava correndo para minha morte? Mas por quê?

Corria atrás de Skye me perguntando se ele era o perigo que haviam me advertido, mas ele havia cuidado de mim noite passada e estava me defendendo desde então. Não tinha por que me matar ou será que tinha...

Por algum motivo enquanto corria acabei me pegando pensando naquele sonho que tive. Quem era aquela coisa que parecia me conhecer tão bem? Será que estou realmente perto da minha morte e não sei?


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