POV Jack

- Jaaack, hora de acordar! Não é porque está no fim das férias que pode ficar o dia inteiro na cama! Anda logo e vem ajudar a mamãe! – minha irmã grita o mais alto que consegue.

Meu nome? Jackson Frost; 16 anos; segundo ano da tortura que alguns chamam de “Ensino Médio”;

- Já vou! – resolvo me levantar de uma vez, sabendo que a Elsa não vai me deixar em paz.

Ah, claro. Havia me esquecido. A minha irmã se chama Elsa Frost, e é minha irmã gêmea; Mais velha que eu por meros 2 minutos.

Nossa mãe se chama Periwinkle Frost, nomezinho estranho, não? Pois é, mas a questão é que ela se chama assim porque a minha avó acreditava muito em Magia, e por razões nunca especificadas a mim, somos meio... “diferentes” das outras pessoas.

Mas apenas na aparência, ou vai me dizer que é todo dia que se vê por ai uma família onde as pessoas nasceram com cabelos brancos? Olhos azuis até que são comuns, mas cabelos, existem sempre aqueles que desconfiam que foi pintado para chamar atenção.

- Até que enfim, Jackson! – minha mãe me olha irritada pela demora – North fez aquela viagem até a Escócia hoje cedo e se não fosse a Elsa, acho que nunca acabaria de guardar as compras.

- Desculpa, mãe. – reviro os olhos e vou tomar café da manhã em silêncio

Meu pai é empresário e tem contatos com várias pessoas pelo mundo afora. Dessa vez ele declarou que iria em busca de um sócio escocês e o traria para morar em Berk, uma ilha enorme a 10 graus de morrendo de frio e a 5 passos de congelando.

Já foi uma ilha Viking, e seus descendentes ainda moram aqui. A prova viva é a existência da família Strondus Corona; que por ironia do destino, são os prefeitos da cidade e os dois mais novos, são os gêmeos Soluço e Punzie Strondus Corona;

Estudam comigo e são umas das pessoas mais divertidas que conheci; ah, mais uma coincidência? A Punzie também é mais velha que o Soluço, só que por 3 minutos. Ambos são coradinhos, cheios de sardas, morenos e de olhos verdes.

Acabo de comer e volto para o quarto para pegar minha mochila e sair. Sei bem que a Elsa prefere muito mais ficar em casa, mas talvez consiga leva-la comigo hoje.

- Mãe, tô indo na casa do Wilbur. A Violeta vai também, Elsa. Não quer ir? –pergunto me escorando na porta e desafiando minha irmã a sair.

Ela me olha friamente e quando ia começar a falar, a mamãe interrompeu:

- É uma ótima ideia, Jack. Você devia ir, minha filha. A Violeta é uma ótima garota e assim você sai um pouco de casa para se divertir.

- M-mas mãe...

- Vá, querida. Eu termino tudo aqui. Cuidem um do outro. – mamãe declara e empurra minha irmã para fora da cozinha

Ela pega a bolsa dela e vamos metade do caminho calados. Wilbur mora a 3 ruas de distância da nossa casa e nos conhecemos acho que desde... provavelmente quando ele se mudou, a uns 7 anos. Nos demos bem de cara quando ele entrou na escola, para o terror dos professores.

- Jack, acha que o papai vai conseguir trazer esse cara pra morar aqui? – Elsa começa e me olha de lado – Sabe, é que a Escócia é tão....tão..

- O pai tem um dom nato para encantar as pessoas com tudo, mana. Ele consegue sim – respondo confiante – E é bem diferente lá, com certeza. Mas aposto dois sorvetes que ele vai trazer até a família do cara!

Ela para, sorri e aperta minha mão selando nosso acordo. Andamos mais um pouco e chegamos na casa do topetudo. Ao tocarmos a campainha, quem atende é a Vivi, o que significa que Wilbur deve estar escolhendo o filme que vamos assistir.

Claro que eu preferia jogar Play 3, mas ele deve ter imaginado que minha irmã viria e optou por filme.

- Oi, Vi. – cumprimentei a morena e adentrei a casa. As duas ficaram conversando atrás de mim e como já era de casa, fui para a cozinha buscar as pipocas.

Violeta e Wilbur começaram a namorar acho que a mais ou menos 1 ano, não sei bem. Eles combinam demais! Lembro de um dia que saímos os 3 (pois a Elsa não quis ir) e uma garota achou que a Vivi era minha namorada e foi dar em cima do meu amigo.

Ah cara, aquilo foi hilário! A morena não sabia se ficava com vergonha ou se matava a menina; e o Wilbur se ficava ofendido por parecerem irmãos ou se exibia. Eu? Apenas tive uma crise de risos e expliquei o que a menina tinha feito, ela ficou com tanta vergonha que saiu quase correndo.

Peguei as vasilhas com a pipoca e fui para a sala. Elsa estava arrumando a sala para a “sessão cinema” ; Violeta foi abrir a porta novamente sei lá para quem e Wilbur foi buscar as bebidas.

- Jack, Elsa, venham aqui. – uma voz vinda da porta nos chamou. Era Flecha, o irmão mais novo da morena e nosso vizinho. – A mãe de vocês pediu para avisa-los que o pai de vocês conseguiu trazer o sócio e que hoje a noite mesmo irão jantar todos juntos, portanto não se atrasem e na próxima vez que saírem, andem com os celulares.

Nos olhamos intrigados e agradecemos o loirinho. Pus a mão no bolso e percebi que realmente havia esquecido o celular; e pela cara da Elsa, ela também.

Isso só significaria uma coisa: ou estávamos bem encrencados ou seria mais uma daquela vez que nossos pais deixariam as coisas passar devida alguma felicidade.

Eu, sinceramente, esperava que fosse a segunda opção. E esperava também que o cara trouxesse a família por 3 motivos: 1-Elsa me deveria dois sorvetes; 2- Talvez ele tivesse filhos da minha idade para zoar comigo e Wilbur por ai; e a terceira e (mais) importante: o escocês poderia ter ao menos uma filha.