Cores dão Vida escrita por Luna Zoe


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Vi que algumas pessoas já visualizaram o primeiro capitulo. Deem suas opiniões e sugestões, elas são bem importantes para a autora aqui haha.
Bom, aqui vai mais um capítulo, me digam se eles estão ficando muito longos que da próxima vez eu eu tento encurtá-los mais um pouco ;)
Boa leitura!



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Sempre gostei de imaginar formas no vidro da janela do carro quando as gotas de chuva caem nela. Mas antes que eu descubra que figura aquele conjunto de gotas formou, elas se esvaem e mais outras tomam seu lugar, nunca me revelando a tal forma.

Eu as observo rolarem rapidamente enquanto meu pai dirige. Estou indo para a nova escola, que fica a dez minutos de carro da minha casa. A ansiedade balança meu estomago e faz as minhas mãos suarem. É sempre assim no primeiro dia, acho que com todo estudante.

Está tocando Se eu pudesse, da Zoe Lily. Papai começou a cantar segundos atrás para me distrair, até eu estou cantando também. Fiquei com a primeira voz e ele na segunda. Amo sua voz, é aveludada e firme.

Ele para o carro e eu checo minhas mensagens.

“Estou esperando na entrada.”

Renata enviou há um minuto.

– Tem certeza que não quer que eu te acompanhe com o guarda-chuva?

– Não precisa – sorrio e papai se inclina do seu acento para beijar minha testa.

– Deus abençoe – ele diz depois de destravar a porta de trás. Puxo minha bolsa para o ombro, cubro minha cabeça com o capuz e desço do carro, já sentindo a brisa gelada estremecer meu corpo.

– Tchau – aceno já começando a correr.

Não tenho tempo para observar a longa entrada descoberta da escola. A única coisa que vejo é o gramado sobre meus pés que se movem rápidos na tentativa de não me deixar inteiramente molhada.

Quando finalmente chego à calçada de piso branco vejo que algumas pessoas estão olhando para mim. Antes que eu enrubesça me ocupo em tirar o casaco molhado e ajeitar, tentar pelo menos, o cabelo com os dedos.

– Finalmente! – ouço alguém distante.

Viro-me dando de cara com meus dois melhores amigos. Sim, Fernando veio pra cá também. Depois que ele ficou sabendo que eu e Renata iriamos estudar juntas passou uma semana ressentido. Do jeito dele, mas ficou. Depois eu e Renata fomos falar com seus pais e eles acabaram conseguindo meia bolsa para ele também, depois de descobrirem que o diretor era um amigo da família. Se você olhar bem, isso pode até parecer coisa de filme quando tudo está dando certo.

– Oi! – corro para abraçá-los.

Renata está com uma calça estampada de grafismo indígena e uma blusa branca comprida e metade rendada. Seu estilo exótico sempre me despertou admiração, é incrível como ela combina peças que não tem nada em comum, ainda assim conseguindo deixar o visual bonito. Fernando veste uma calça jeans escura, quase preta, e uma blusa de frio branca, percebo também que cortou o cabelo.

Olho para minha roupa e rio junto com eles. Minha blusa é preta e minha calça branca. Isso costuma acontecer com a gente. Começando pelo nosso nome. Se não fosse pela aparência diríamos que somos irmãos gêmeos.

– Vocês já sabem em que sala estamos?

– Fernando chegou primeiro e olhou a lista – Renata fala sorrindo – estamos na mesma sala!

Não disse? Parece coisa de filme!

– Que sortudos nós, não?

– Mais é claro.

O sinal de começo de aula me assusta e dou um pulo inevitável. Parece o som daqueles sinos que ficam pendurados no pescoço de gado. Só que bem mais alto.

Enquanto adamos à nossa sala aproveito passa observar o lugar. Depois de um gramado de entrada a céu aberto e bancos de pedra que corri, há um espaço consideravelmente grande de mais bancos de pedra - onde encontrei Renata e Fernando -, à direita há um telefone fixo bem moderno que nunca vi na vida, uma janela de vidro à esquerda e no meio a porta imensa que indica o interior da escola. Passamos por ela juntamente com uma multidão de adolescentes barulhentos.

Finjo que vou guardar o celular na bolsa para que Renata e Fernando se sentem em dupla. Prometi a ele que iria ajudá-lo a se aproximar mais de Renata. Há um tempo percebi que estava tendo algo a mais que amizade da parte dele, e então investi na minha curiosidade e perguntei enfim. Ele teve de admitir que estava gostando dela e me fez prometer que não iria contar nada. Eu disse que sim, mas que em troca ele tinha que me deixar ajudar. E aqui estamos nós. Vitoriosa, Sorrio internamente, sentando-me atrás dos dois.

É difícil mantê-los a sós quando sempre estou com Renata.

A sala é bem arejada e clara, com janelas de vidro grandes do lado em que sentei e um ar condicionado. As cadeiras são organizadas em dupla. Mesmo tendo estudado a maioria dos anos em escola particular, nunca estudei em uma assim, onde só têm riquinhos. Não que eu não goste de pessoas ricas, é que sempre os que tinham mais condições nas outras escolas eram os mais chatos, coincidência ou não, mas verdade.

Enfim todos chegam e uma menina ruiva senta do meu lado.

– Olá – ela sorri, me cumprimentando.

– Oi – sorrio de volta.

Suas sobrancelhas são tão bem feitas que parecem pintadas. O brilho labial parece que vai escorrer a qualquer momento pelo seu queixo e os brincos em suas orelhas vazem um barulhinho quando ela mexe a cabeça.

A professora chega, e com uma expressão tranquila espera que todos se organizem.

A menina ruiva da um gritinho quando vê alguém e depois leva a mão à boca, com expressão de surpresa. Seu sorriso tão grande quanto o do gato do país das maravilhas. Ela olha para um dos dois garotos que estão sentados do outro lado. Ligeiramente, ela corre até lá, sussurra algo no ouvido de um deles e depois de segundos consegue trocar de lugar com ele. Senta-se no lugar onde antes estava o garoto com quem falou e começa a conversar algo com o outro menino. Rio e reviro os olhos.

O menino que fez a troca com ela me cumprimenta com a cabeça e um sorriso educado, e senta-se perto de mim, respondo fazendo a mesma coisa.

Renata e Fernando olham para trás prestando atenção no movimento. A professora pigarreia.

– Creio que todos já se acomodaram – diz olhando para a menina ruiva e para o garoto.

Ela é bonita. Alta e com uma tiara estampada no cabelo afro. A pele cor de chocolate é firme e livre de qualquer imperfeição.

– Para não perder o costume, bom dia turma.

Todos dizem "bom dia".

Sorrio. Algum tempo atrás esse bom dia seria bem mais comprido e cheio de vozes finas gritando.

– Bem-vindos ao segundo ano do ensino médio. Para quem não me conhece, meu nome é Letícia e eu sou a professora de Português do segundo e do terceiro.

Há um burburinho na sala que aos poucos se esvai.

– Como esta é a mesma turma de primeiro do ano passado, acredito que tenham poucas caras novas. Peço que os novatos levantem a mão, por favor - ela termina com um sorriso convidativo.

Levando a mão nem alto nem baixo demais, junto com Renata, Fernando, o menino à minha esquerda e mais dois meninos e uma menina.

– Muito bem, digam seus nomes, o primeiro sobrenome e de onde vieram - a professora pede - você - aponta para Renata, que está mais na frente.

– Renata Torres, IBM.

– Seja bem-vinda, Renata. Agora você - Letícia aponta para Fernando.

– Fernando Campos, IBM.

– Vejo que já são amigos - a mulher sorri, apontando para mim agora.

– Fernanda Oliveira, IBM.

– Aposto que você é amiga deles - Letícia adivinha. Como ela é simpática. Gostei.

– Sou sim - rio.

– Ok, você - ela aponta para o garoto ao meu lado.

Olho para ele, sua voz é grossa e bonita.

– Pedro Gomes, Escola Lorenzo Gonçalves, BH.

– Oh, Bem-vindo a escola e a cidade - a professora fala, seguindo para os outros novatos.

As apresentações acabam e então ela comunica:

– Farei uma dinâmica com vocês que se chama "convivendo com máscaras" - ela fala enquanto anda pela sala - cada um confeccionará sua mascara, e ela corresponderá ao seu estado emocional atual, depois disso direi o que fazer.

A sala se agita, uns acham que é infantil, outros se empolgam com a ideia e alguns ficam quietos (esses alguns correspondem aos novatos). Quer dizer, Fernando está aproveitando para conversar com Renata. E ela, coitada! Não faz ideia do que se passa na mende do "Fê".

– Ãã... você pode me dizer que cor é essa, por favor? - alguém cutuca meu braço.

Já estamos todos fazendo nossas mascaras. Decidi que iria fazer uma contente, aliás, não estou triste, mas vou colocar um lado como se estivesse coberto por um véu ou algo do tipo, porque estou retraída por não conhecer quase ninguém.

Olho para Pedro. Até agora não parei para observá-lo. Ele é aparentemente alto, pois mesmo sentado se torna maior que eu. Sua pele é morena e seus olhos castanho-claro puxados para o verde. O roto é afilado e o cabelo é cortado bem curto. Rio da sua pergunta, pensando ser uma piada.

– O que?

– Quero saber que cor é essa - diz ele me mostrando um pincel vermelho.

– Tá de brincadeira né? - digo ainda rindo, mas logo paro quando vejo sua expressão séria e seu rosto quase ruborizado.

– Não.

Ele olha para os lados, depois para mim e para o pincel.

– Eu não vejo as cores.


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Notas finais do capítulo

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