Nico estava extasiado, viajar usando um portal era viajar pela Névoa, algo muito mais divertida do que viajar pelas sombras, claro, era a mesma sensação de velocidade e vertigem, mas dessa vez sem as sombras, o frio e os sussurros assustadores. Viajar pela Névoa era como olhar pela janela embaçada de um trem em alta velocidade, você poderia identificar e até mesmo ouvir por onde passava, e quando Nico se deu conta, a Névoa tinha se aberto e ele estava em frente ao Templo de Delfos.

Nico olhou em volta, o típico sol abrasador, terras com pouca vegetação e solo cheio de colinas, o Templo em si era bem impressionante, coberto de símbolos que pulsavam em verde, embora estivesse coberto por uma crosta pedregosa em algumas áreas.

– Ei Will, por que você está tão verde?- Lou disse cutucando Cecil com o cotovelo. Nico olhou e se deu conta que ele estava de mãos dadas, e rapidamente as soltou, ficando extremamente vermelho.

–Hã, não estou acostumado a viajar assim sabe, não sou filho do Deus das viagens nem da Deusa da Névoa- Disse Will com um tom de quem se desculpa, apesar de ser claro que estava se desculpando com Nico.

–Bem, você é o líder da missão, o que fazemos agora? – Disse Cecil, ainda com um sorriso meio zombeteiro.

–Entramos no Templo, nossa missão é matar a Python, não tem como fazer isso daqui- Respondeu Will decidido e um tanto irritado. E com isso ele foi em direção á entrada.

“Será que ele se magoou de eu ter soltado sua mão?” pensou Nico, mas seguiu em frente com os outros, mantendo distancia do Líder, esperando que a distância clareasse seus pensamentos.

Eles andaram por bastante tempo, o Templo era enorme, cheio de corredores e passagens secretas. Cecil guiava, pois parecia sempre escolher o melhor caminho, lentamente eles iam cada vez mais fundo, cada vez mais perto da Python, teorizou Nico.

–Essas runas, eu não as reconheço – Disse Lou, o templo estava cheio delas. As runas emanavam um leve brilho verde, porém aquela crosta cobria a maioria delas, assim como o chão e os artefatos e estatuas do Templo. Enquanto eles observavam, uma crosta lentamente cobriu uma runa, apagando seu brilho.

– A podridão da Python está cobrindo todo o templo, apagando o poder de Delfos – Disse Will, meio pálido.

–Como assim? Isso é coco de cobra gigante?ECA- Disse Cecil imediatamente se afastando e tudo que estava coberto de crosta.

– Não imbecil- Disse Lou- A Python nasceu da podridão do primeiro dilúvio,quando Zeus abriu os céus e lançou chuva sobre os humanos,depois que as águas baixaram toda a sujeira revolvida e lama levantada acabou parando perto de Delfos, onde ela criou vida e se tornou a Python, provavelmente essas crostas são como pele seca dela. - Teorizou ela.

Eles adentraram uma sala, ela estava vazia em exceção de três estatuas, a primeira era esculpida em jade gigante, era uma mulher com cabelos longos enroscados como raízes, sorriso sereno, usando uma túnica presa por vinhas e com os cabelos cheios de flores. A segunda estatua também era esculpida em uma pedra preciosa gigante, mas dessa vez era uma opala, e a mulher usava vestes sacerdotais, tinha uma tiara delicada em meio aos longos cabelos, e um sorriso gentil. Entretanto, Will não prestou atenção em nenhuma delas, ele foi em direção a ultima estatua que estava coberta inteiramente pela crosta, ele percebeu que aquela era uma estatua de Apolo.

–São estatuas representando as divindades que já carregaram o poder de Delfos, Gaia, a Protogenoi da Terra, Phoebe a Titânide do deslumbramento e das boas profecias, e meu pai, Apolo – Disse Will, com raiva pela estatua de seu pai ser totalmente coberta pela podridão.

– Gaia que contava as profecias antigamente?Aposto como ela as distorcia pra conseguir o máximo de mortes e mutilações possíveis – Disse Cecil- Pelo menos a filha dela era mais legal, boas profecias cairiam bem agora.

Mas Will não estava ouvindo, ele estava com tanta raiva, da Python por profanar aquele lugar, de Zeus por punir seu pai injustamente, e de si mesmo por não como agir perto de Nico, ele tocou a crosta que cobria a estatua, e uma luz irradiou de sua mão, explodindo a crosta em pó,revelando uma estatua inteiramente de ouro de Apolo.

–Will isso foi incrível!Como você fez isso? – Disse Lou, impressionada.

–Eu só... Senti-Disse ele, olhando para Nico- Impressionante nenhum filho de Apolo controla a luz faz gerações, eu... -Ele não terminou a frase, ficou quase que hipnotizado com sua capacidade de gerar luz, ele levantou a palma da mão, irradiando luz dela como uma tocha.

–É lindo mesmo- Disse Nico, embora estivesse olhando para o rosto do Filho de Apolo, e não para sua mão luminosa, e todos tenham percebido isso- Hã, vamos em frente- Falou ele enrubescendo e passando pela porta.

Nico ouviu os passos dos outros atrás de si, mas não conseguiu se concentrar nisso, no momento que ele entrou na câmera ele só conseguiu pensar em duas coisas: um, aquele lugar dava a impressão de ser maior que o Mundo Inferior, e dois, a cobra dentro dele era simplesmente ENORME. A Python tinha o tamanho de um Drakon,era de um tom marrom escuro como madeira podre e irradiava uma energia tão podre quanto seu cheiro, ela dormia em meio a toneladas de ouro, estatuas e pedras preciosas, provavelmente oferendas feitas séculos atrás.

–Muito bem, eis o plano, nós vamos... -Will começou a falar, mas foi interrompido por um rugido, aparentemente a Python tinha um excelente olfato, pois suas narinas estavam se expandindo, e ela pôs a língua para fora, provando o ar com cheiro de semideus provavelmente pensando “nham,comida”.Em uma fração de segundo ela deu o bote,rapidamente chegando aonde eles estavam,os semideuses se viraram e correram o caminho de volta,com a Python em seu encalço,pronta para devorá-los.