Yu-gi-oh! GX Duel Academy - Chapéu Vermelho escrita por Kingdom of the Saints


Capítulo 3
Capítulo 3 - Estrela Cadente


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é pros fortes. Até agora eu tentei acostumar os novos leitores aos conceitos mais básicos do jogo e da franquia, mas esse capítulo é o primeiro duelo que narrarei em sua integridade. Há muitas descrições de regras e efeitos de cartas e portanto requer um mínimo de atenção para que se entenda de fato o que está acontecendo. Mesmo assim tentei deixar o mais leve possível. Espero que gostem!



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Minha ascensão meteórica culminava naquele momento fatídico. No pátio dos Obeliscos Azuis, meu disco de duelos firmemente seguro em volta do meu antebraço, meus olhos escondidos por baixo da sombra da aba do meu chapéu vermelho, eu olhava meu inimigo. Nada da minha linguagem corporal, exceto uma única gota de suor que fluía do topo da minha testa ao meu queixo, traíam minha imagem de confiança. Já meu adversário era como um bloco sólido de gelo, uma muralha. Seus olhos afiados pareciam querer penetrar minha mente, vasculhar meus pensamentos, minar minha determinação. Sua pose casual parecia querer sugerir que não me considerava uma ameaça. Ah, mas isso era coisa pouca contra todo um recorde de sucessos recentes. Não, eu não iria titubear.
Zane desviou o olhar de mim, vasculhando os arredores. Uma multidão se organizava ao nosso redor, ao redor da fonte, se acotovelando e empurrando para achar o melhor lugar de onde pudessem assistir à partida. Janelas haviam sido escancaradas em cima, nos quartos do dormitório de telhado azul, com vários torsos se debruçando, várias cabeças jorrando seus olhares quase como se estivessem num camarote. Zane tornou a olhar para mim, sua boca abriu-se em som pela primeira vez.

— Eu não lhe tomei por esse tipo de pessoa. – Embora seu olhar permanecesse estoico, era como se deixasse escapar uma ponta, um rastro de algo que me pareceu... Desaponto? – Não havia antecipado tudo isso. Mas por mim tudo bem. – E sem proferir mais nem uma sílaba, estendeu seu braço para o lado, seu disco de duelo articulando-se e encaixando suas partes com cliques e o som de pequenos motores elétricos. Era hora do duelo.

Eu também não proferi nem mais uma palavra. Um feixe de luz foi disparado do meu dispositivo, projetando à frente a imagem de uma grande moeda. Em um lado, a face de um dragão ameaçador. Do outro, a face de um rei com feições simultaneamente régias e monstruosas. Zane declarou sua escolha – "Cara” – e eu fiquei com a escolha que sobrou. De súbito a moeda se projetou para cima, rodando diversas vezes no ar. Meus olhos não a acompanharam, mas permaneceram fixados no meu adversário. Assim também fez o próprio. A multidão, porém, seguiu o holograma com a cabeça, muitos apontaram e alguns riram, um parecendo mais eletrizado que o outro.
Finalmente, a sorte fora lançada. A face do rei coroado prevaleceu, após a moeda, embora intangível, tivesse rodado e quicado no chão diversas vezes até revelar a vontade máxima do destino. Os ventos do duelo sopravam a meu favor. Eu puxei minhas primeiras cartas do meu deck, seguro entre as partes mecânicas do meu disco. Entre elas, o réptil que sacrificou sua essência para melhor combater o mau, “Gagagigo”.
Decerto, era a preferência dos deuses. Eram entidades maiores que me guiavam naquele dia, eu pensei.
—Draw! – “Saque”, falei como era de costume declará-lo a cada vez que se puxava uma carta. Fui recompensado com uma carta armadilha. “Bloqueador de Magia”. Permitia-me descartar uma carta para destruir uma carta mágica que fosse ativada, assim que fosse ativada. –  Eu coloco em campo duas cartas viradas para baixo.  – Uma no campo de monstros, outra no campo de magias.


—Draw. – Ele me respondeu de uma forma completamente desprovida de energia ou entusiasmo. Olhou sua mão com seis cartas por um momento. Logo após, fechou os olhos, exalando um suspiro. – “Eu invoco ‘Dragão Cibernético’ usando seu efeito especial!” – “Sem que lhe fosse pedido, Zane explicou-me o efeito especial daquela carta que eu desconhecia: - “ O efeito especial de ‘Dragão Cibernético’ permite-me jogá-lo instantaneamente se não houverem cartas do tipo Monstro no meu campo, e se houverem cartas do mesmo tipo no campo do adversário. Portanto, eu ainda posso invocar... “ – O holograma gerou a figura de um aglomerado de partes monstruosas unidas por uma luz que escapava por entre as frestas. – ... "A Luz – Fusão Selada Por Feitiço!" – Outra carta que eu desconhecia. Apesar do que o nome pudesse sugerir, era uma carta do tipo Monstro, e não do tipo Magia. Não havia nada que eu pudesse fazer para impedir sua vinda.


Quando olhei para o poderio de três mil e cem pontos de ataque no campo do meu adversário, logo no primeiro turno, eu engoli um seco e senti meu coração cair do seu lugar no meu peito, logo após acelerar ao ponto de sentir e ouvir suas batidas pelo corpo todo. Mas Zane ainda não tinha se dado por satisfeito:


—A seguir, eu uso o efeito especial da minha carta "A Luz", descartando-a e meu "Dragão Cibernético". Desta forma, eu posso usá-la como um substituto para a fusão de... –Zane puxou as cartas do compartimento especial do seu disco, usado para segurar monstros que só podem ser invocados sacrificando certas outras criaturas específicas. Ele selecionou uma entre elas, e retornou o resto para o mesmo compartimento. Mandando as duas cartas que tinha em campo para o “Cemitério”, ele pôde invocar... – ... "Dragão Gêmeo Cibernético! ”

O holograma deixou revelar a carapaça de metal da enorme figura reptiliana, com duas cabeças surgindo de uma bifurcação em seu corpo ofídico. Duas cabeças enormes, com olhos amarelos, com tubos e espinhos descendo-lhes as cristas, olharam diretamente para mim e deixaram escapar um rugido, permitindo-me ver suas presas prateadas igualmente colossais.


— Impressionante. – Deixei escapar. Zane respondeu apenas com um “Hmm?” discreto. – Sua criatura. Impressionante. Vi poucos monstros de fusões jamais serem invocados na minha vida, alguns somente em torneios. Mais impressionante ainda é a forma que o fez, sem necessitar sequer de uma carta mágica. Interessante, Zane. Verdadeiramente você faz jus a sua reputação. – Ele me encarou, por um momento, esperando que eu continuasse. – Mas algo me incomoda. Antes, você possuía muito mais com o que me atacar. Agora, sua criatura possui um poder de ataque de apenas dois mil e oitocentos. Para quê sacrificar tantas cartas assim somente para reduzir sua força? Eu nunca compreendi.


— Haha. – Zane sorriu. Deveria ser uma cena atípica, a plateia impressionou-se com sua rara reação. – Há muito o que você precisa aprender ainda, Solomon, e você não deveria deixar uma plateia lhe fazer esquecer isso. – Ele falou, fechando os olhos. – Permita-me esclarecer. Monstros de fusão muitas vezes possuem habilidades especiais para compensar o dispêndio de tantas cartas, além da raridade de uma ocasião em que você possui todas elas no momento certo.


— Hmm? – Deixei escapar. Era a mesma lógica que eu aplicava às minhas cartas equipamento. – Ah, entendi. Então você desenhou o seu deck de forma a poder usá-las mais frequentemente. Muito inteligente. – Eu balancei a cabeça positivamente.


— Sim. – Zane limitou-se a dizer. Mas de súbito sua face voltou à seriedade. – Meu ‘Dragão Gêmeo Cibernético’ pode atacar duas vezes no mesmo turno. E isso significa que posso eliminar dois monstros de menor ataque, ou infligir diretamente o dobro do dano ao meu oponente, ou... Nesse caso...

Estendendo sua mão para frente num gesto, ele ordenou a criatura a atacar. E, não antes de soltar um rugido aterrorizador como um trem descarrilando, a criatura projetou de suas duas mandíbulas feixes luminosos grossos, brilhantes e azuis, que convergiram na imagem holográfica de minha carta virada para baixo. Gagagigo foi revelado em uma posição de guarda, quando a morte luminosa obliterou-o sem deixar traços. Vento e poeira correram em todas as direções, fazendo-me cobrir os olhos e adotar uma pose arqueada.

— Um meio termo.  – Zane falou, seu dedo indicador agora recaindo apontado sobre mim.

Eu estremeci, quando vi a criatura disparar outros dois lasers em minha direção. Meus pontos de vida, como indicados pelo contador, tinham sido reduzidos para pouco menos que a metade dos anteriores seis mil.

—Draw! – Declarei meu saque de uma carta. Muito embora meu plano fosse usar uma das que estavam em minha possessão. Meu turno acabou com uma carta virada para baixo. Zane suspirou uma vez. A plateia também pareceu decepcionada com a minha ação simples e calada, como um homem que tem suas mãos atadas.

—... Então é isso? – Ele falou em tom melancólico. Ele não antecipou o que viria adiante. Deu as costas para mim, começando a andar para longe, para fora do duelo. Estalou um dedo, e seu dragão atacou. Era só eliminar o monstro em campo, e em seu segundo ataque teria eliminado completamente meus pontos de vida, anunciando o final do duelo.

Mas não foi tão simples. Veio o rugido e o trovão, mas o monstro que eu havia invocado era precisamente aquilo que eu precisava para voltar à partida. A carta virada para baixo revelou um pequeno pinguim com um protetor de peito e ombro, segurando em suas nadadeiras uma espada larga. Sua pequena estatura era irrisória quando comparada a gigantez do dragão, e ele também foi obliterado pela força do ataque. Mas o “Pinguim Soldado” era meu ás nas mangas. O holograma do dragão agressor regrediu a uma pequena bola luminosa, retornando à carta no disco de duelo de Zane. Segundo o efeito especial, quando o “Pinguim Soldado” é revelado, ou seja, quando passa da posição virada para baixo para virada para cima, seu jogador pode escolher uma carta para retornar à mão do oponente. Com uma carta de insignificantes setecentos e cinquenta pontos de ataque, eu completamente neguei a ameaça do “Dragão Gêmeo Cibernético” de Zane.
A multidão pareceu aprovar, e eu voltei a sorrir de soslaio. Zane virou de novo, olhando-me com olhos que deixavam escapar um traço de surpresa, e também de algo que indicava alegria. Como se ficar no duelo fosse o que realmente queria.

— Pois bem. – Zane falou, retornando a sua posição original. – Voltamos à estaca zero. Em termos. – Ele se referia, nessa ressalva, aos meus pontos de vida, perigosamente próximos de não mais existirem. – Draw. – Ele olhou para a carta que havia puxado por um momento, ponderando sua próxima ação. – ... Solomon.  – Ele chamou minha atenção. – Eu lhe condecerei o duelo se você conseguir sobreviver mais seis turnos.

Eu não o entendi bem, ali. Ele estava zombando de mim? Que tipo de brincadeira era aquela? Zane não parecia o tipo de homem que capitularia por nada. Mais seis turnos? Seria o deck dele poderoso dessa forma?

E o era. Sua próxima carta foi “Cápsula de Outra Dimensão”, uma carta que o permitia remover do jogo uma carta de seu deck, virada para baixo para que eu não soubesse qual, e ao custo daquela recuperar esta e pô-la em jogo após dois turnos. Mas meu “Bloqueador de Magia” impediu que isso acontecesse. Eu segurei firme na aba do meu chapéu, temendo que tipo de carta absurdamente forte ele poderia simplesmente invocar depois de dois turnos se eu não tivesse lhe negado a jogada. Em seguida, ele jogou a penúltima de suas duas cartas. “Pote da Ganância”, permitindo-lhe sacar mais duas. Destas, uma ele invocou em modo de ataque: “Drillago”, uma carta de mil e seiscentos pontos cuja habilidade especial é atacar diretamente os pontos de vida do oponente se nenhuma carta deste se compare em pontos de ataque ao próprio Drillago. A outra carta foi “Fusão Futura”, uma carta que lhe permitiu descartar ao Cemitério três cartas que são materiais de fusão, de forma a invocar um monstro de seu Deck Extra, em dois turnos.
Eu estava com as mãos atadas. Era como se seu deck fosse mais rápido que o meu em todos os sentidos. A todo turno ele poderia fazer mil coisas, pôr em cheque outras mil estratégias minhas. Todas as suas cartas prometiam-lhe uma vitória próxima.
Em uma última ação de desespero, eu puxei uma carta.

— Draw! – Esta foi “Umi”, o oceano. Eu sorri, pensando que talvez eu pudesse ter achado a carta chave para interromper o momentum do deck do oponente; para frear seu avanço. Quando a joguei, uma luz azul foi projetada do meu disco, e logo o chão, antes de terra, paralelepípedos e grama, tornou-se água salgada. Mas nossos pés não se afundaram nela, pois apesar de ter seu aspecto e pela tendência a produzir ondas e espuma, era apenas uma ilusão. “Umi” era uma carta de campo. Monstros em certos campos ou são empoderados ou enfraquecidos por sua influência. Para um deck aquático, eu estava me sentindo bastante em casa.


— ... Eu invoco ‘Mãe Ursa Parda’! – A figura ursina de pelagem negra-azulada se armou para o ataque, com o poder do oceano garantindo-lhe forças. A esse ponto, ela e Drillago estavam em perfeito equilíbrio de poder. Na minha Fase de Batalha, eu comandei-a atacar. Muito embora dois monstros com iguais poderes de ataque destruam-se mutuamente, “Mãe Ursa Parda” permitia-me, uma vez que fosse mandada para o Cemitério, invocar outra criatura com pontos de ataque iguais ou menores que mil e quinhentos. Eu escolhi a “Garota Arqueira Vermelha”. A sereia permanecia com seu arco em mãos, em cima de uma enorme concha vermelha que lhe dava proteção, seus lindos cabelos verdes ondulando como se estivesse debaixo d’água.


Porém, a beleza da Arqueira não iria ganhar-me o duelo. Foi com certa tristeza que descartei-a, pois em seguida ativei os efeitos da carta mágica que tinha colocado em campo virada para baixo: “Grande Onda, Pequena Onda”, que fez todo o campo de batalha se agitar, produzindo uma enorme tsunami que apanhou a “Garota Arqueira Vermelha” para longe. Esta carta permitia-me, ao custo de descartar todas as criaturas aquáticas viradas para cima no meu campo, invocar o mesmo número de monstros de forma especial direto da minha mão. Dessa forma, eu não precisava de um tributo nem de esperar meu próximo turno para trazer a “Besta Anfíbia”, vindo em outra onda menor para tomar o lugar da Arqueira; minha carta mais forte com dois mil e quatrocentos pontos de ataque para o campo de batalha. Por estar no seu campo de preferência, seu ataque subia para dois mil e seiscentos. Ainda não era o suficiente para ganhar numa batalha direta com o “Dragão Gêmeo Cibernético”, se o mesmo, por ser uma carta do tipo Mecânico, não sofresse o decréscimo de duzentos pontos de ataque e defesa. O mar tinha levado a Bela e trazido a Fera, em mais sentidos que um. Na verdade, enquanto Umi estivesse em campo, estávamos equiparados.

— Draw! – Afirmou o de cabelos azuis ao puxar uma carta, mas não foi esta que jogou. Não, ele tinha o antídoto perfeito para mim. – Eu invoco... As ‘Espadas da Luz Reveladora!’

Essa carta, além de revelar qualquer monstro que esteja virado para baixo no campo adversário, também os impede, por três turnos, de declararem um ataque. Um turno a mais do que levaria sua Fusão Futura para trazer ao jogo a criatura que possivelmente me derrotaria. Mais uma vez minhas mãos estavam atadas, com três figuras em formato de cruz feitas de pura luz fincadas de forma a limitar qualquer movimento da parcialmente submergida criatura musculosa, com dentes afiados e olhos vermelhos como sangue, contrastando com o verde de seu corpo e o azul de suas várias barbatanas e membranas. Zane então jogou seu “Nanoquebrador”, uma soldado vestida com uma armadura de aparência esquelética, que segurava em sua mão direita uma alfanje enorme de uma lâmina intangível. Se uma criatura que ela ataque seja de nível três ou menor, essa criatura é imediatamente destruída sem sequer o dano ser calculado, como esmagar um inseto. Felizmente, esse não era o caso com a Besta Anfíbia. Mas Zane estava obviamente tramando algo.

No meu próximo turno, eu lancei meu segundo “Pinguim Soldado” de cabeça para baixo. As duas cartas na minha mão eram inúteis em comparação. O “Garoto Estrela”, que me permitia aumentar o poder de ataque e defesa de meus monstros do tipo água em quinhentos pontos e o “Kraken Demônio”, com apenas mil e duzentos pontos. A estratégia era ter Zane pisar no meu Pinguim Soldado enquanto seu monstro mais forte estivesse em campo.

Mas não foi como o esperado. Em seu turno seguinte, Zane sacrificou seu “Nanoquebrador” para invocar o “Dragão Pistola”. Com um corpo completamente mecânico, a parte inferior assemelhando-se a um réptil bípede e a parte de cima sendo um enorme canhão, essa criatura poderia destruir automaticamente uma carta por turno se, após o lançamento de três moedas, dois dos três resultados forem cara. Eu achei que ele iria tentar destruir minha “Besta Anfíbia”, mas Zane deveria ser, entre algumas hipóteses, possuidor de uma paranoia ou de um poder oracular para determinar que minha carta virada para baixo fosse mais perigosa que minha carta mais forte. Senti um frio na barriga ao ver as moedas girando no ar, e um profundo desgosto ao ver que meu trunfo tinha sido obliterado completamente ao anunciar do resultado positivo para sua ação. Como o “Dragão Pistola” possuía menos pontos de ataque que minha “Besta Anfíbia”, esta não poderia ser destruída em combate direto, e portanto Zane simplesmente concedeu o turno a mim.

— Atenção no relógio, Solomon. – Zane falou, sem energia. A animação de um contador afirmando um número dois acima da carta mágica Fusão Futura prenunciava o fim do duelo.

Se eu não pudesse sacar uma carta mágica que destruísse a Fusão Futura, eu certamente estaria acabado. Mas se o “Dragão Pistola” acertasse o próximo disparo, com minha “Besta Anfíbia” minhas chances de sucesso também estariam fadadas ao baú do Davy Jones. Infelizmente, minha mão foi agraciada apenas com a visão da “Gelatina Humanóide”. Com um alto valor de defesa, ela era útil para frear o avanço de monstros fortes, mas não desse tipo de monstros fortes. Joguei-a de qualquer forma, tentando não mostrar minha frustração.

O terceiro turno vinha, mas o contador só iria terminar sua contagem ao final. Portanto Zane utilizou seu turno em primeiro lugar disparando outra bala luminosa, para minha sorte contra o segundo monstro que tinha posto de cabeça para baixo. Talvez ele temesse outro “Pinguim Soldado”. Porém, desta vez, a sorte estava comigo. Receoso de atacar, e confiante que nada eu podia fazer, Zane deu-se por satisfeito aquele turno.

—O relógio bate meia noite. – Zane afirmou, apontando para o contador que terminava sua contagem. Emitindo grandes quantidades de luz, o holograma fez aparecer as figuras de três enormes serpentes de metal que se uniam em um só corpo com três cabeças, permanecendo imponentes no campo de batalha. Duas enormes asas prateadas brotavam de suas costas. Com a assustadora quantidade de quatro mil pontos de ataque, a “Besta Anfíbia” não poderia ganhar daquele “Dragão Final Cibernético”.


A visão daquela carta fez a audiência inteira surtar, aplaudir e observar em admiração o esplendor daquela visão. Para uns, era óbvio que Zane tinha ganhado. Comecei a perceber muitos irem embora, a se dispersarem, confiantes de que o final estava próximo.
Mesmo assim, eu ainda tinha esperanças. Meu deck tinha uma forma de conter aquela besta. Uma única, eu sabia disso. Portanto, eu me concentrei o máximo possível. Rezei para todos os espíritos da natureza, para o destino, para o coração das cartas, para que a carta certa viesse. “Força Espelho”, a armadilha que, uma vez declarado um ataque contra meus pontos de vida, destruiria todas as cartas monstro do adversário.
Ela veio. Eu a joguei.
Mas a dura realidade caiu. Claro, Zane tinha o contra-ataque perfeito. Usando a “Tempestade Pesada”, todas as cartas mágicas do campo foram destruídas por uma forte ventania. O mar foi levado junto com o tufão. A “Besta Anfíbia” viu-se livre das espadas de luz, mas não do disparo do “Dragão Pistola”. Uma carta sobrava, e essa era a “Gelatina Humanoide”.


—É o fim, Solomon. – Zane afirmou, esperando uma reação.


— Não cante vitória ainda. – Falei, em tom de chiste, tentando não transparecer minha preocupação. – Você pode eliminar todos os meus monstros, mas eu ainda tenho recursos. Faltam somente três turnos. S-se eu continuar defletindo seus ataques, será a sua a carruagem que vai se transformar em abóbora...


—Não, Solomon. Acabou. O efeito especial do meu dragão final... – Eu segurei a aba do meu boné. – É, numa luta contra um monstro no modo de defesa, inflingir seu dano diretamente.

Antes que eu pudesse assimilar aquela informação, o “Dragão Final Cibernético” destruiu tanto minha carta, quanto a mim. Mesmo tendo a minha última carta virada para baixo, o golpe de Zane passou completamente por cima de minhas defesas, reduzindo meus pontos de vida à zero e deixando-me ajoelhado no chão, fumaça saindo de minhas roupas, os olhos parcialmente cobertos pela sombra da aba do chapéu.
Eu tinha sonhado com os céus e sido deixado no chão. Olhei ao redor, toda a plateia agora se dispersava. Entre a multidão, pude reconhecer Bastion com seu uniforme amarelo, olhando-me com um olhar de pena. Olhei para a esquerda e vi Alexis, tapando sua boca com uma mão, como se o que tivesse visto fosse chocante demais. Suas amigas olhavam-me com mais desprezo que o habitual. O resultado: Eu tinha sido derrotado em seis turnos, sem ter alvejado Zane sequer uma vez. Era humilhante.


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