Por Eduarda

Depois de muita insistência eu acabei cedendo e vim para casa de Lucas, no fundo eu até que gostava da ideia, ele realmente cuidava de mim quando eu passava mal, algo que por sinal estava sendo mais recorrente do que eu imaginei. Nestes dias que passaram eu voltei a ir a um médico, ele me falou alguns cuidados que eu teria que ter, receitou algumas vitaminas e remédios, também me falou para me cuidar bastante, pois minha pressão sempre muito baixa era um por enquanto, leve fator de risco, apesar de ser “normal” nos primeiros meses como sempre tive problemas com ela temos que ficar atentos, ele fala para que eu tome cuidado pois as tonturas provocadas por elas podem causar quedas; eu nunca suportei ficar doente e agora que eu vivo me sentindo mal fico em pânico e tento seguir ao máximo suas recomendações.

Pelo Lucas nem trabalhando mais eu estava, mesmo às vezes tendo tonturas e enjoos eu mesmo assim continuo indo, se eu parar de ir lá fico maluca. Quando não estou trabalhando geralmente fico no quarto porque a família de Lucas não me aceita completamente, foi mais difícil contar a eles da gravides do que a Lucas, o pai dele foi o único que realmente gostou da noticia, seu irmão ficou enciumado pois apesar de ser casado não tinha filhos, Clara não se pronunciou, mas acho que ela não tem nada contra, já Maria Mara só faltou nos matar. Eu vim para cá um dia depois que descobri da gravides, e foi quando contamos a família dele.

Uma das coisas que me perturba bastante durante esses dias é o fato de ainda não ter conseguido conversar com Rafael, um dia depois da ultima vez que nos vimos no aeroporto quando fui o acompanhando não conseguimos nos falar direito. Eu preciso contar a ele que estou gravida e acabar com as expectativas dele, eu sei que nós dois nunca daríamos certo. Ele volta da viajem hoje e marquei de encontra-lo mais tarde.

Agora ainda é cedo, no relógio marcam 9:00h da manhã, não estou preocupada em levantar pois apesar de estarmos no meio da semana estou de folga. Ainda seria hora de o Lucas estar em casa, mas ele não está mais no quarto desde a hora que acordei. Eu estou dormindo no quarto dele, pois todos da casa estão ocupados, a principio os papeis foram trocados e Lucas estava dormindo no colchão ao lado da cama que antes eu ocupava às vezes, mas passei a ficar com pena dele, ele realmente estava se dedicando a empresa, não se atrasava ficava o expediente inteiro lá, ele estava se esforçando muito, pelo que eu escuto parece que desde que ele descobriu que seria pai estava mais empenhado e que minha volta estava o ajudando, então ele agora dormia comigo na cama, eu sei que não é confortável dormir lá, por mim eu até dormiria mas quando cogitei isso Lucas só faltou me deixar de castigo. Nós agora voltamos a conversar normalmente, quando ele quer desabafar sobre algo me fala, mas ainda não consigo ser totalmente a Du de antes, talvez nunca mais eu seja. Lucas até tenta se aproximar de mim às vezes de um jeito diferente, mas eu não permito nenhum tipo de aproximação, tenho medo de sair magoada novamente.

Mesmo com todos os cuidados e atenção que ele me dá algumas coisas me incomodam em estar aqui, a primeira delas é saber que tudo para mim é provisório, estar aqui, Lucas sendo carinhoso, em minha cabeça a única coisa que ele se importa em mim é este filho que carrego; a outra coisa é Maria Marta, a mãe de Lucas, pois é perceptível o quanto incomodada ela fica quando estou por perto na verdade minha presença aqui á incomoda e além disso sei o quanto para ela essa criança é indesejada.

No inicio eu estava desesperada e pensei em tira-la, mas agora pouco tempo depois já me arrependo amargamente de ter pensado isso, na verdade acho que foi algo momentâneo, por medo, eu não teria como cria-la sozinha, até porque agora que eu estava começando a dar um jeito na minha... Estou viajando em meus pensamentos quando volto para realidade ao escutar a voz de Lucas...

JL: Olha só o que eu preparei para a gravidinha mais linda dessa casa. - Percebo que ele ainda estava em casa então.

DU: Sou a única dessa casa Lek.

JL: Ah você entendeu, gastei todos meus neurônios preparando esse super café para você, não consegui formular uma frase boa - Ele fala isso entre risos.

DU: Você preparou isso tudo ai sozinho para mim?

JL: Preparei, você gostou? Eu imaginei que você estaria com fome, eu notei que ontem você não comeu praticamente nada.

DU: Eu gostei, não precisava, você já está todo engomadinho, poderia ter se sujado.

JL: Teria valido à pena! - Ele abre um sorriso e eu tento desconversar.

DU: Você já tomou café? Come aqui comigo!

JL: Vou comer - Ele fala isso meio desapontado.

Tomamos nosso café e depois de um tempo ele vai trabalhar, segundo ele hoje ele entraria mais tarde e sairia depois de seu horário. Isso me deixa feliz porque poderei conversar sossegada com Rafael sem que eles se encontrem, marcamos em um café perto daqui do prédio de Lucas.

O dia por incrível que pareça passou super rápido, só porque eu não queria, eu sei que será uma conversa nada fácil.

Quando percebo que o horário marcado está se aproximando vou me arrumar, ando tão indisposta que até mesmo minha maquiagem super marcada que eu tanto gosto, não fiz, coloquei uma roupa básica e fui ao encontro de Rafa.

Pensei que eu chegaria mais cedo que ele, mas para minha surpresa Rafael já estava lá a minha espera. Assim que me vê abre um enorme sorriso e se levanta; Nem começamos a nos falar e já sei que isso será bem complicado.

RA: Du, eu estava com tanta saudade - Diz isso me abraçando muito forte, eu correspondo na mesma intensidade claro, eu gostava muito dele, o problema é que era apenas como amigo.

DU: Oi Rafa, como você está? ...

Seguimos uma conversinha morna, ele me conta como foi a viajem e coisas do tipo até que tomo coragem.

DU: Sabe Rafa, além de estar querendo matar as saudades de você vim aqui por outro motivo também. - Faço uma pausa enquanto encaro seus olhos fixamente. - Eu tenho uma coisa muito importante para te falar. - Ao dizer isso coloco uma de minhas mãos sobre a barriga na tentativa de fazê-lo entender sem eu ter que falar, mas é em vão, pois ele parece não perceber e começa a falar antes de eu poder terminar o que tinha para dizer.

RA: Eu também tenho algo importante para dizer, - Ele está sentado com a cadeira bem colada na minha, e pega minha - Nesses dias em que eu estava viajando pensei muito e mesmo que por uma vez você já tenha recusado eu tenho que lhe falar... Eu gosto muito de você, muito mesmo, eu sei que algo te impede de se entregar em um novo romance, nosso romance, mas... Namora comigo? Deixa eu te fazer feliz? Eu estou doido por você.

Pronto, agora sim eu estava ferrada, se antes já estava difícil falar agora então... Vou magoa-lo demais. Nem sabia o que falar e antes que eu pudesse pensar em alguma coisa para lhe dizer ele me surpreende com um beijo. Não correspondo o beijo, fico parada, não consigo me mexer para sair dos braços dele que me entrelaçam quando sinto ele sendo puxado com muita força. Fico assustada, pois por mais que eu quisesse sair dali ele foi levantado com tamanha brutalidade. Olho para ver quem o fez, vejo que foi Lucas e que agora ele estava encurralando Rafael contra a parede.

JL: Você está pensando que é quem para beija-la?

RA: E você é quem para estar perguntando isso?! - Ele fala isso quase em um sussurro, Lucas o segura pelo pescoço, mas percebo raiva em sua voz. João Lucas não o responde mas fala.

JL: Tu não viu que ela não tava querendo? Ela tava tentando se soltar de você!

RA: Não estava não! - Então resolvo me pronunciar.

DU: Eu não tava não, quer dizer tava sim!! – Falo brava e confusa ao mesmo tempo.

RA: O que Du?

DU: É eu estava. - Digo mais calma - Lucas da pra soltar ele?! - Ele o solta e percebo que está me encarando furioso. Continuo então a falar com Rafael. - Você não deixou terminar de falar...

RA: Vai me dizer que você está com esse cara?

JL: Esse cara nada, o pa... - Percebo que Lucas já ia falar na minha frente então o corto.

Du: Vocês vão me deixar terminar de falar ou não? - Eles se olham ariscos, mas ficam quietos. - Rafa, eu gosto muito de você, mas como amiga, não queria te magoar, mas pelo visto já fiz isso... Além do mais acredito que você mereça alguém que possa ser sua completamente. E... Eu também queria que você soubesse que eu... - neste momento uma lagrima desce de seu rosto. - Eu estou gravida, não ia querer que você criasse um filho que não é seu.

RA: Mas...

Faço sinal negativo com a cabeça e então ele pega um dinheiro da carteira, coloca sobre a mesa para pagar a conta e vai embora sem dizer nada. Com certeza sacou de quem era o filho.

Eu e Lucas também nos viramos para irmos para casa e ele me fala:

JL: Quem esse cara pensa que é?

DU: Por quê?

JL: Como assim por que, ele estava te beijando e ainda por cima estava querendo muito mais. Me fala uma coisa, vocês não estavam tendo nada não né?

DU: Que raio de pergunta é essa?

JL: Quero saber se vocês estavam ficando, até porque você é mi...

DU: Eu sou a mãe do seu filho e ponto. - Ele olha para o chão como se estivesse triste porém logo fala:

JL: Repete isso que você disse?!

DU: O que?

JL: que você é mãe do meu filho.

DU: A Lek, tenha dó. - Damos risada e eu continuo - Mas diz ai, você não falou que chegaria mais tarde hoje?

JL: Disse, eu ia, mas meu pai acabou me dispensando. Por que, você não queria que eu ficasse sabendo do encontrozinho de vocês?

DU: Não seu besta, eu só queria evitar que acontecesse o que aconteceu. – Ao falar isso acabamos rindo. Cade seu carro? Você não estava com ele?

JL: Estava, quando eu vi vocês lá conversando o levei até a garagem e voltei, dai o resto tu já sabe.

É com essa conversa que chegamos ao apartamento dele. Sua família estava jantando na sala de jantar, mas essa noite foi tão tumultuosa que estou super cansada, mentalmente e fisicamente, então resolvo dispensar o jantar, Lucas até tenta insistir para que eu coma, na verdade ele quer também que eu tenha mais contato com sua família e esses são um dos únicos horários que todos se encontram reunidos, só que mesmo assim falo que não, vou direto para o quarto e acabo indo dormira mais cedo.