Por Eduarda

Eu já estava ficando nervosa, o medico não me chamava nunca, estava com medo do que ele ia falar, mas não estava mais aguentando esperar, mais um pouco e meu horário de almoço acabava e eu me atrasaria, o que era péssimo já que comecei a trabalhar a poucos dias. Espero por mais alguns minutos e acabo perguntando a recepcionista.

DU: Porque está demorando tanto para eu ser chamada?

XX: Ele está com uma paciente, meio complicada entende?! Geralmente suas consultas demoram um pouco.

DU: É que como te falei estou em horário de almoço e daqui a pouco ele acaba.

XX: Ah... Eu poderia até te dar seu exame, mas é que o Doutor gosta de abrir com os pacientes, porque geralmente vocês não entendem nada do que está ali, ainda mais exames de sangue que contém varias informações.

DU: É, está bem, vou esperar mais um pouco então.

Se eu soubesse teria falado antes, não demorou nada e a paciente que estava sendo atendida sai da sala e ele logo em seguida sou chamada.

Assim que entro na sala ele pede para que eu me sente.

Na ultima vez que eu o vi, estava tão mal que nem reparei em seu nome, desta vez vi em seu jaleco seu nome bordado, ele se chamava Carlos.

Dr. C: Então, como é mesmo seu nome? Eduarda não é?

DU: Sim, esse mesmo.

Dr. C: Acredito que minha secretaria já tenha te falado que costumo abrir os exames com meus pacientes certo?

DU: Sim ela disse...

Ele começa a procurar algo, provavelmente meu exame, mas não o acha, então liga para que a recepcionista venha trazê-lo. Mas que mulher mais lerda, eu penso, afinal eu falei que estava com presa, porque ela não deu isso para ele antes.

Sem muita demora ela vem com um bolo de papeis, mas o que será isso, eu só fiz um exame.

XX: Desculpe-me Doutor, esqueci que eu não te entreguei os exames dos pacientes da tarde.

Ahh, eu não podia acreditar, ela nem separou ainda, isso vai demorar um absurdo. O medico não parece ficar nervoso com a situação, parece estar acostumado, pois em tom brincalhão fala:

Dr. C: Dessa vez passa!

Ela sai da sala e Carlos começa a procurar meu exame, ele fica repetindo meu nome bem baixinho enquanto folheia os exames. Durante o tempo que ele procurava me bate uma vontade enorme de ir ao banheiro, que por sinal era algo que eu estava fazendo muito esses dias, urinava diversas vezes ao dia.

Peço licença a ele e vou até o banheiro feminino. Tento ser rápida, mas é meio difícil já que não se da para controlar essas coisas.

Quando volto para a sala do medico ele já esta com meu exame aberto, vejo um envelope rasgado na mesa e em sua mão ha uma folha, ele a olha minuciosamente. Assim que me sento ele pergunta.

Dr. C: Eduarda, os sintomas que você estava sentindo continuam?

DU: Sim, e você nem imagina como.

Dr. C: É estranho, pois em seu exame tudo esta normal, não aparece nenhuma alteração no sangue. - Meu Deus, como não e o que eu sinto é o que?

DU: Esse exame é 100% confiável?

Dr. C: Sim, eles nunca falharam antes, não comigo. Vou pedir que faça um novo exame e alguns outros também!

DU: Está bem.

Dr. C: Você pode fazer alguns ainda hoje se preferir.

DU: É que eu estou no meu horário de almoço, não posso atrasar, poderia ser amanhã?

Dr. C: Pode, é claro, amanhã sem falta volte aqui. Vamos ver logo o que acontece com você!

DU: Eu cheguei a pensar que fosse estresse, será que não é?

Dr. C: Acho difícil, seus sintomas não parecem muito com isso, se fosse provavelmente viria acompanhado de outras coisas. Tenho dois palpites, mas prefiro os guardar para mim.

DU: Será que o que eu tenho é grave doutor?

Dr. C: Não tem como sabermos.

DU: É quem sabe isso não passa também. Passei por muitas emoções esses tempos, agora que minha vida esta se estabilizando novamente.

Dr. C: É, quem sabe... - Ele da um leve sorriso, e nos despedimos, vou até a recepção e marco horário para novos exames.

Ao olhar no meu relógio percebo que já estou meio atrasada, na verdade bem atrasada. Vou correndo em disparada até meu trabalho. Chego lá quase morrendo, por sorte Henrique, que é o nome do meu patrão não reclama do meu atraso, falo para ele que estava no medico e ele entende, creio que ele não achou ruim porque ele chegou a me ver passando mal.

Por sorte o resto do dia não sinto nada. Meu expediente acabará mais cedo que o habitual, hoje sairei as 16:00 horas, vou aproveitar para ir com Rafael até o aeroporto, ele fará uma viajem de trabalho e ficará algumas semanas fora do pais, ele pediu que eu fosse com ele já que nenhuma outra pessoa poderia.

Do jeito que eu já havia combinado o faço, vou com ele até lá, seu voo sairá as 17:30.

Enquanto estamos esperamos, vamos comer alguma coisa por lá, eu não tinha comido praticamente nada durante o dia, então comemos enquanto ficamos conversando.

RA: E aí Du, você está gostando do trabalho?

DU: Você nem imagina o quanto, eu não sabia que era tão bacana o mundo das fotografias e segundo Henrique eu levo bastante jeito pra coisa - Damos risado do jeito que eu falo.

RA: Já que você está gostando por que não investe nisso? Já pensou em fazer um curso ou sei lá?

DU: Eu estava pensando nisso mesmo, Henrique ate chegou a me indicar um lugar muito bom, mas no momento não estou podendo muito, sabe como é né?!

RA: Eu entendo...

DU: Ah, pra onde você vai mesmo?

RA: Eu estou indo para uma conferencia em Portugal.

DU: Ata.

Logo seu voo é anunciada, me despeço dele e ele vai para o portão de embarque.

Acabei me distraindo das coisas que aconteceram hoje conforme o dia foi passando, como não parei um só minuto no trabalho e depois fui até o aeroporto com Rafael quase esqueci que talvez eu esteja doente. Estou indo para casa quando meu celular toca. Só então me lembro novamente do que está acontecendo, pois é novamente uma ligação do consultório.

Ligação ON

DU: Oi?

Dr. C: Alô. Eduarda é você mesma?

DU: Sou eu sim - percebo que desta vez quem fala não é a recepcionista e sim o próprio doutor Carlos.

Dr. C: Então sou eu, Doutor Carlos.

DU: Aconteceu alguma coisa?

Dr. C: Na verdade sim, você poderia vir aqui novamente? É sobre o seu exame.

DU: Eu posso sim, posso ir agora?

Dr. C: Mas é claro. Vejo-te logo mais então.

Ligação OFF

Sua voz era de nervosismo e preocupação o que me deixou aflita e fez com que eu quisesse ir ate lá hoje mesmo.

Eu estava a caminho de casa, estava indo de táxi então peço que ele volte e me leve ao endereço do meu médico.

O que será que estava acontecendo? Era só mais essa que me faltava. Pra ele ter me ligado, certeza que aconteceu algo sério.