Snape acordou lentamente. Lembrava-se apenas de estar com Hermione na noite passada, conversando, e depois, nada. Ele olhou ao redor. Estava num canto da floresta, e conseguia ver a casa de Hagrid à distância. Olhou para cima e viu os pinheiros e as árvores. Estava amanhecendo, eram umas quatro da manhã. E então foi que ele viu Hermione deitada em seu peito, as mãos segurando suas roupas negras.

–Hermione. -Ele disse, sacudindo-a. -Hermione!

Ela abriu os olhos e bocejou. Seu cabelo estava desgrenhado. Passou a mão pela cabeça, e fez uma careta. Sentia dor.

Snape juntou as peças. Eles estavam juntos noite passada, sozinhos, apenas eles. Quem teria feito aquilo? Só poderia ser alguém que sabia sobre eles dois e conseguiu entrar sem ser visto. Mas como aquilo seria possível? A situação estava ficando cada vez pior.

Alguém queria que eles fossem expulsos da escola.

Pensando rapidamente, Snape tomou uma atitude: iriam para Hogwarts o quanto antes possível, para que ninguém percebesse que saíram dali. Ninguém estaria acordado aquela hora. "Menos Minerva. Ela estava olhando os corredores comigo, deve ter sentido minha falta."

Ele se pôs de pé. Hermione fez o mesmo, e arrumou os cabelos. Tirou o pó da roupa.

–Hermione, teremos que nos apressar. Sentirão nossa falta quando acordarem. -Disse Snape. -E então nos expulsarão.

–Sim, professor. -Disse ela. Ela tinha olheiras no rosto. -Irei o mais rápido possível.

E então, subitamente, ela começou a chorar. -Eu não quero ser expulsa, professor. Não quero que o senhor seja expulso. Não quero ir embora de Hogwarts!

Snape olhou-a com compaixão. A trouxe para perto e a abraçou firmemente.

–Nada vai acontecer com você, eu prometo. -Ele disse. -É uma promessa, e eu nunca quebro promessas.

Ela enxugou as lágrimas, e olhou-o, os olhos marrons cheios de medo e insegurança. Ele passou a mão pelos cabelos dela, levantando cheiro de jasmim.

–Nada vai acontecer, Mione. Nada. -Ele disse docemente, os olhos negros transmitindo calma e confiança.

Ele trouxe a cabeça dela para mais perto, e trocou um beijo cheio de amor e compaixão com ela. Durou instantes, mas foi mágico para ela e para ele.

Ela segurou na mão de seu professor. -Eu confio em você. -Ela disse.

E então eles aparataram. Eles apareceram de volta ao escritório de Snape. -Hermione, hoje começam os interrogatórios, e eu vou fazer o possível para descobrir quem fez isso. E não vai sair barato. Nos veremos ainda hoje, pois a Grifinória é a primeira casa no interrogatório. Eu irei conseguir todos os anexos de todos os alunos de Hogwarts. Agora, você pode ir.

Ela abriu a porta, incerta do que fazer. Correu para a mesa de café. Rony estava ali.

Sentou-se ao seu lado.

–Olá, Mione. -Ele disse, mastigando uma bolacha. -Como vai?

–Bem, e você? -Perguntou ela, hesitante.

–Bem. Por que não estava na sala comunal hoje? -Ele perguntou. -Combinamos de ler um livro juntos, lembra?

–Ah, eu tinha me esquecido. -Ela mentiu. -Desculpe.

–Tudo bem. -Ele murmurou.

Harry e Gina chegaram depois. Ele estava com o cabelo bagunçado e com um sorriso bobo na cara, a mesma coisa com Gina.

Hermione arqueou uma sobrancelha mas nada disse. Estava claro que algo estava acontecendo entre Gina e Harry.

Rony não puxou papo. Estava estranho naquela semana.

Dumbledore deu um passo à frente, claramente transtornado.

–Mais um bilhete, senhoras e senhores. "Senhor Dumbledore, nada do que faz está adiantando.... Eu os vi hoje na floresta. As vezes aparatar pode ser o melhor caminho. Esse relacionamento está ficando cada vez mais sério, e acho melhor que você tome as providências...."

Ele voltou e se sentou. Estava sem dormir há dias, pelo tamanho de suas olheiras. Às vezes Hermione esquecia que ele fora morto, mas conseguiu sobreviver graças à Harry e sua nova poção, "Dumbledore's salvation". Mas, mesmo assim, mesmo sendo um "morto-vivo", precisava de descanso. Ela iria descobrir quem havia feito aquilo com ela e com Snape. Eles não mereciam aquilo.

–Ah, senhores, eu devo avisá-los que pelos próximos dias, não haverá classes.

Todos comemoraram e continuaram a comer. Rony parou no meio de um pão.

–Rony. Você está bem?

–Eu estou bem, Hermione. -Ele disse rudemente.

–Ei, o que aconteceu? -Ela perguntou.

–Hermione! Eu estou bem! -Ele disse, exasperado, fazendo gestos com as mãos. Harry e Gina não paravam de se encarar, trocando sorrisinhos. -Harry, eu já percebi que você e Gina estão juntos.

Harry cuspiu seu suco de abóbora e Gina corou.

–Já podem parar de fingir. -Ele disse. -Já ficou feio isso, tá?

Ele se levantou, e foi embora.

–O que ele tem hoje? -Perguntou Hermione para o nada, pois ele e Gina voltaram a se encarar.

Ela suspirou e rodou os olhos; seria um longo dia.

Após o café, saiu correndo para o escritório de Snape. Ninguém estava por perto, então entrou sem problemas. Remexeu nos arquivos e pegou os arquivos de Draco, Pansy, Crabble e Doyle. Pegou o de Neville, por precaução e pegou os de Snape (ela precisava saber mais sobre ele!).

Escondeu-os embaixo da túnica e correu para a biblioteca, onde montou duas pilhas de livros ao seu redor e passou a "ler".

Leu todos os arquivos, e não achou nada importante. Neville apareceu e ela pôs um livro em cima dos arquivos.

–Hey, Hermione. -Ele cumprimentou. -Como vai?

–Bem, e você, Neville? -Ela forçou um sorriso.

–Bem! Quem você acha que é o responsável por todos esses bilhetes estranhos que Dumbledore anda lendo?

–Eu honestamente não faço a mínima ideia, Neville. -Ela disse, exasperada. -E você?

Ele sussurrou. -Acho que foi o Rony, ele está agindo muito estranhamente nesses dias. Mas não sei, ainda não tenho provas concretas sobre isso.

"Rony! Rony não faria isso, ele não tem motivos para me odiar, se bem que eu terminei com ele no sexto ano, quando percebi que amava Snape. Mas fora isso, Rony e eu temos uma boa amizade. De jeito nenhum ele faria isso, de jeito nenhum."

Ela avistou Draco passar correndo por eles, derrubando vários livros.

"Estranho, irei reler a ficha de Draco."

–Enfim. -Neville retomou. -Eu infelizmente não posso ficar, Hermione. Eu marquei de estudar hoje com o Harry e com a Gina.

–Tudo bem. -Ela disse. -Ah, Neville, não tente puxar papo com eles.

Neville arqueou as sobrancelhas mas não discutiu. Ele saiu da biblioteca, e Filch entrou em seguida. -Hermione! -Ele chamou. Ela enfiou as fichas em suas vestes e foi.

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Algum tempo depois, estava sentada numa salinha com Snape em sua frente.

–Privacidade. -Ele suspirou. -E então? Descobriu algo?

–Neville -Ela começou, e Snape fechou a cara. -...ele me disse que acha que Rony foi o culpado. Rony está mesmo esquisito nessa semana, mas não vejo o porquê dele ter sido o culpado.

Snape se aproximou. -Quando isso tudo terminar, eu irei contar algo a você. -Ele prometeu, afagando a mão dela. -Mas por enquanto, não pode saber.

Hermione assentiu com a cabeça. Snape apoiou sua cabeça nas mãos de Hermione. Ela afagou sua testa com o polegar.

Ele ficou ali por um tempo. -Precisamos saber quem fez isso até o fim da semana, Hermione... Senão nossas carreiras estarão arruinadas. -Disse ele.

–Eu tenho certeza disso, professor. -Ela disse.

–Hmm. -Ele disse, aproveitando a massagem que Hermione fazia. -Hmm, Hermione. Precisamos nos focar em descobrir isso. Irei pegar os bilhetes no quarto de Dumbledore amanhã, e saberemos pela letra do culpado. Imagino que, se for Rony, conseguirá saber pela letra, e teremos um culpado. Pode ir agora, Hermione. Não é culpada. -Ele disse, piscando. -Eu farei ronda novamente, hoje. Nós ficaremos juntos e atentos, ok? Eu prometo.

Ela piscou e assentiu, indo embora.

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À noite, ela pegou a capa de invisibilidade de Harry e saiu. Snape estava ali, conversando com Minerva. Parou ao seu lado e cutucou seu braço.

–Acho que vi alguma coisa ali, Minerva. -Ele disse, apontando para o corredor de seu escritório. -Irei checar.

–Não desapareça como ontem, ok? -Minerva disse, andando para outro lado.

Ele pegou Hermione pelo braço e assim foram, entraram no escritório de Snape.

–Ok, ok. Pensaremos com clareza agora. -Disse ele, quando ela tirou a capa.

–Ok.

–Bem, Rony está agindo estranho essa semana. Draco também, pelo que percebi. Alguém mais?

–Sim, Pansy.

–Aí temos algo. Dois homens e uma mulher. Pansy, Draco e Rony. Alguém pode estar traindo alguém, nesta sequência.

–Sim, eu concordo. -Disse Hermione.

–Mas isso não leva a lugar nenhum. Quais seriam os motivos de Pansy?

–Ela acha que eu saio com Draco. -Hermione disse.

–Draco?

–Ele me odeia por isso.

–Rony?

–Terminei ano passado com ele, por causa... -Ela parou.

–Por causa?

–Do senhor. -Completou, miudamente.

Ele segurou a cabeça de Hermione, e a trouxe para mais perto. Estavam quase com os lábios colados quando enxergaram um clarão ofuscante. Ficaram cegos por segundos, mas quando piscaram novamente, nada estava lá.

–Droga! Tiraram uma foto nossa! Hermione! -Disse Snape. -Agora eles tem a prova! A prova de que estamos nos encontrando!