Snape não podia acreditar. Era como um sonho virando realidade, ainda que não fosse um sonho perfeito, e ainda que a confissão não tenha sido do jeito imaginado.

Ele estava feliz, transbordando de felicidade: Hermione amava-o!

E também sentia medo. Medo de que alguém descobrisse, ou de que Hermione contasse. "Quão burro eu fui! deixei ela ir embora sob o efeito de Veritaserum. Qualquer um que cruze seu caminho vai saber da verdade.... Mas... são 23 horas, ninguém estaria perambulando por aí."

Com esse pensamento, jogou-se na cama, as vestes arrastando-se pelo chão. Dormiu com facilidade, a primeira vez em anos. Sonhou com Hermione.

"Hermione, onde estamos indo?", ele perguntou.

"Vamos para fora, professor Snape".

"Fora?", ele perguntou, seguindo-a pela floresta. Estava frio, e a neve se acumulava aonde estavam.

"Sim, professor. Fora!", ela exclamou com louvor.

Ele não entendeu, mas seguiu-a.

"Fora de Hogwarts."

"O quê?!", ele exclamou.

"Fomos expulsos, esqueceu? Souberam de nós...", ela lamentou. "Mas agora estou com você, e nada pode ficar pior, porque te amo.", ela disse.

Estava vestida em um vestido branco, que rodopiava. Nada nos pés. Snape perguntou-se como ela não estaria com frio.

"Eu te amo, Snape...."

E assim o sonho acabou.

Ele acordou em sua cama, a luz do sol passando entre as cortinas.

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Hermione já se sentava no banco da mesa de café da manhã quando uma coruja entrou e a entregou uma carta.

"H, lembre-se, não conte a ninguém o ocorrido hoje.

S"

A carta se desintegrou. Harry a olhava de um jeito estranho.

–Harry, venha comigo. -Ela pediu.

Se deslocaram para fora.

–Eu peço que não conte a ninguém o que te contei. Eu estava sob o efeito de veritaserum. Eu não ia contar a ninguém, mas acabei contando. Por favor, sigilo sobre isso.

–Ah, ok. Claro, Hermione. -Ele disse, abalado.

–Obrigada, Harry. -Ela disse. -Eu sei que é chocante, mas... por favor, não conte nada. Era suposto isso acontecer no final do ano.

Ele assentiu, e sentou-se na mesa de novo.

Ela fez o mesmo, e observou a mesa de professores. Dumbledore deu um passo à frente.

–Alunos e alunas, gostaria de dizer algumas coisas. Recebi um bilhete hoje pela manhã. Dizia: "Dumbledore, deveria prestar mais atenção em seus alunos e professores... afinal, alguns não conseguem ficar longe uns dos outros, e acabam se encontrando à noite... Mais dicas brevemente." Bem, eu espero que só seja uma brincadeira de mau gosto, mas mesmo assim, é bom preveni-los. É expressamente proibido que alunos e professores tenham relacionamentos antes do fim da escola, e é expressamente proibido que alunos saiam de suas salas comunais depois do toque de recolher, as 22h. Eu, como prevenção, vou adiantar o toque de recolher para 21h, por causa disso. Obrigado pela sua atenção. -Disse ele, seriamente, observando os alunos sob os óculos meia lua.

Hermione conteve uma exclamação. Quem mais sabia? Ou fora Harry que fez isso?!

–Harry! -Ela olhou-o com desaprovação e com tristeza.

–Hermione! -Ele sussurrou. -Não fui eu! Eu juro!

Eles não perceberam que um certo aluno olhava-os sorrindo, pensando no próximo bilhete que enviaria.

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Snape quase cuspiu seu suco de abóbora fora. Não acreditava que Granger havia contado para alguém! Bem, mas seria sua culpa, já que ele que dera à ela o Veritaserum e a deixara ir sob o efeito da poção.

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Após horas e horas, chegou a hora do "encontro" entre ele e Hermione.

Ele sentou-se, à espera.

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Hermione pegou novamente a capa de invisibilidade de Harry, e rezou para não ser vista. Seria expulsa desta vez se fosse vista. Ela saiu da sala comunal, e bem devagar, atravessou as escadas de mármore. Ela teve o vislumbre de uma luz, e sabia que alguém estava ali. Provavelmente Filch. Com sorte, ela não seria vista. Já passava da nova hora de recolher. Eram 22h.

Filch passou do seu lado, e ela ficou imóvel, temendo que ouvisse sua respiração. Ele chegou tão perto que ela pensou que fosse trombar com ele. Ele enfim se virou, atiçado por um barulho no outro corredor. Hermione soltou o ar preso, aliviada, e seguiu seu caminho, segurando com força a capa ao seu redor. Avistou a porta de madeira de Snape e automaticamente seu coração bateu mais forte. Sempre que o avistava seu coração batia mais forte, dando pancadas em seu peito, quase saindo para fora.

Bateu na porta com o mínimo de barulho possível. Filch ainda estava por ali, podia ver o brilho de sua lamparina iluminando as paredes por sua volta.

Severo abriu a porta rapidamente e a puxou para dentro, derrubando a capa no chão. Pegou-a e fechou a porta, ainda segurando a mão de Hermione. A mão de Severo era surpreendentemente macia. Ela poderia ficar o dia inteiro de mãos dadas com ele.

–Hmm... senhorita Granger, pode soltar minha mão. -Ele disse, arqueando uma sobrancelha.

Ela se desfocou de seu rosto e abriu sua mão, deixando a mão dele com pesar. Encarou o chão por alguns segundos.

–Bem. Vamos esquecer isso e focar no que temos que focar. -Ele disse. -Você precisa arranjar um namorado.

–Um o quê?! -Ela quase gritou.

–Silêncio, por favor. -Um namorado. Peça para algum homem da Grifinória ser seu namorado, temporariamente.

Agora ela havia ficado brava. Ela não iria tolerar aquilo nem por um segundo! Quem ele pensava que era para mandar que ela tivesse um namorado?!

–Quem você pensa que é?! -Ela soltou. -Eu arranjarei um namorado quando eu quiser!

Ele pareceu chocado com sua atitude. Um sorrisinho brotou em seu rosto, irônico.

–Huum, interessante. Mas, veja bem, se arranjar um namorado, não trará suspeitas que está vendo um professor em seu tempo vago... -Ele disse, numa voz mais grave. Isso derreteu Hermione.

Ela lutou mesmo assim. -Não! O senhor não pode me forçar a ter um relacionamento com alguém! -Ela disparou. -O senhor é um professor, não... -A voz falhou. -Meu pai ou mãe, alguma coisa assim!

Ele deu um passo a frente, milímetros de Hermione.

–Ah, senhorita Granger, eu sei sua fraqueza...

–O quê?! -Ela disse. -Ah, vai me chantagear com notas? Livros? Pergaminhos? Não vai funcionar!

–Não é dessa fraqueza que estou falando... É de uma mais... real. -Ele disse. -Já adivinhou qual seria? -Severo sussurrou em seu ouvido.

"Ai meu Deus. Ele vai me chantagear com ele mesmo?!"

A voz dela morreu na garganta.

–Agora...vai ter um namorado?

–N-não... -Ela tremeu.

Ele se aproximou mais, colando Hermione na parede, e aproximou sua cabeça da dela. Finalmente seus lábios estavam colados no dela. O beijo foi uma espécie de punição, com raiva... mas Hermione percebeu que também havia uma necessidade naquele beijo.

Seu nervoso evaporou, e ela sabia, sim, ela sabia, que ela faria qualquer coisa que ele mandasse. Ela fechou os olhos e correspondeu. Tão subitamente como começou, acabou. Severo a liberou da parede e deu um passo atrás.

Ela lançou um olhar de raiva para ele, por ter usado-a daquele jeito insensível.

–Você me usou! -Ela disse.

–Tive que fazer isso, Hermione. -Ele disse, com um olhar triste. -Era a única maneira de me ouvir.

Ela aceitou com um gesto de cabeça. Estava chateada, mas a euforia do beijo compensou a chateação.

–Bem, então, consiga um namorado. Isso é tudo por hoje. Amanhã me encontre aqui.

–Professor, amanhã iremos para Hogsmeade. -Ela disse. -Não poderei vir, chegarei aqui às 22.

–Huum. Eu lhe encontro ali. Atrás da loja de doces Dedosdemel.

–Ok, professor. Até amanhã.

–Ah, Hermione, lembre-se. Namorado. Até amanhã. -Ele disse, com uma piscadela.

Ele estaria provocando-a?

Hermione não sabia. Só lembrava-se da sensação de ter finalmente seus lábios colados com os do professor de Poções, mesmo sabendo que ele não sentia o mesmo.