– Tem algo que possamos fazer para impedir que ele se aproxime? – Indago aflita

– Infelizmente não, ele é o pai biológico, difícil que algum juiz conceda a guarda para ele, mas o nome na certidão e ao menos os fins de semana, ele tem direito. – Explica Luisa me fazendo bufar derrotada.

– O fato dele tê-la abandonado não interfere em nada? – Pergunta Lucca

– Isso depende do Juiz, você tem diversas testemunhas, mas ele pode ter argumentos plausíveis.

– O que podemos fazer por hora?

– Esperar, enquanto ele não mover um dedo à justiça, não há nada a ser feito. – Constata

– Obrigada, mesmo! – Agradeço me levantando da cadeira e a abraçando.

– Por nada, a qualquer sinal que ele venha a dar, me contate. – Pede, também se despedindo

Lucca também a cumprimenta e saímos do escritório cabisbaixos.

– Tem que ter alguma coisa que possamos fazer. – Insiste

– Olha, eu tive uma ideia... – Falo receosa

– Qual? – Incentiva esperançoso

– Talvez, se eu conversar com ele...- Começo, mas sou interrompida

– Acho melhor não, não gosto daquele cara. – Explica cerrando os punhos.

– Eu sei que não, mas talvez eu ache um meio dele não envolver a justiça no meio, eu preciso tentar.

– Tudo bem, mas vamos conversar melhor quando chegarmos em casa.

– Ok. – Concordo segurando sua mão.

Caminhamos até nossa casa – sim, nossa casa, apesar de toda essa confusão acontecendo, estou me mudando aos poucos para lá – em completo silêncio.

Semana passada, após o incidente no parque, Miguel me mandou inúmeras mensagens de texto, pedindo para conversar, não respondi nenhuma e também não as comentei com Lucca, só ia deixa-lo mais irritado. Mas, acredito que se tivemos uma conversa calma, onde ambos estivemos com a mente aberta, chegaremos a um acordo. Sei que ele quer tentar uma reaproximação, mas eu não quero que ele chegue perto do meu filho, então vai ser difícil chegarmos a um acordo. Eu sinto tanta raiva dele, mas tanta, que não sei como vai ser quando estivermos só nós dois, discutindo sobre algo, sobre uma criança, que ele rejeitou há alguns anos. E por esse lado, não faz nem sentindo eu considerar uma conversa.

A tarde chega, até o momento silenciosa, e então, meu pequeno furacão chega, tagarelando nos meus ouvidos e enchendo meu coração de felicidade.

– Mamãe, fiz esse desenho para você – fala me estendendo uma folha.

Olho cada detalhe do desenho. Sim, isso é coisa que só mãe coruja fala, mas é o desenho mais bonito que já vi. Nele, se encontra: Eu em um canto, Lucca em outro e Luquinha no meio, nossos braços são extremamente longos, pois ele fez cada um em uma extremidade da folha. E nós três estamos de mãos dadas. Simba também se encontra no desenho, voando, mas se encontra, vejo algo ao meu lado que não sei identificar o que é, e pelo visto nem Lucca.

– Filhão, o que é isso ao lado da mamãe? – Indaga apontando para o desenho

– Minha irmãzinha – Explica nos encarando, tirando risadas de nossas bocas.

– Você quer uma irmã, é? – Lucca questiona sorridente.

– Sim, aí eu vou poder cuidar dela, e seremos uma família completa! – Fala animado

– Quem sabe quando você crescer mais um pouco.- Sugiro

– Ah, queria ela para amanhã – Fala cabisbaixo nos fazendo rir novamente

– Uma irmã demora um pouco – Fala Lucca

– Porque? – Questiona nos encarando com curiosidade.

– Por que ela tem que ficar nove meses na barriga da mamãe para crescer. - Explico

– Como ela vai parar aí dentro? – Questiona me deixando sem resposta

– Isso é conversa para outro dia – Salva Lucca – Agora você vai tomar banho para a gente comer.

– Tá. – Concorda, meio a contragosto e sobe as escadas.

– Bem que não seria ruim uma princesinha nessa casa. – Sussurra em meu ouvido, fazendo com que meu corpo estremeça por inteiro. Nunca irei me acostumar com isso.

– É, daqui há alguns anos.

– Poderíamos já ir praticando, né? – Sugere malicioso

– Já praticamos muito, querido.

– É com pratica que se adquire perfeição – Continua sussurrando.

– Quem sabe mais tarde – Cantarolo me direcionando até a cozinha e tirando pensamentos de minha cabeça, que deixarei abertos para mais tarde.

– Agora, sobre o Miguel... – Fala incomodado

–-**--

Pov Manu:

– Tchau, Rafa! – Grito já saindo de seu apartamento

– Mas já? – Indaga me alcançando

– Querido, isso que estamos tendo se chama: amizade colorida, não namoro. – Explico pela milésima vez em uma hora

– Não seria ruim... – tenta novamente me fazendo bufar

– Já disse, não sou mulher de compromissos, eu apenas usufruo de seu corpo quando tiver vontade, assim como você faz comigo.

– Assim você me faz achar que sou um tarado, sem sentimentos, que aceita algo em troca de sexo. – Fala ofendido

– Mas é exatamente isso – concordo rindo – Apenas temos esse desejo louco um pelo outro, nada mais. – Explico já lhe dando as costas

Deixa só a Sophia imaginar que eu estou fazendo isso com o melhor amigo dela, eu realmente devo estar muito louca.

–-**--

Pov Sophia:

– Então está combinado, amanhã mesmo irei marcar um encontro com ele – Falo, o encarando.

Ele está visivelmente incomodado, mas a esperança de tirar Miguel de nossas vidas falou mais alto, então espero não perder o controle e estragar tudo.

– Eu vou ficar por perto só para garantir.

– Tudo bem, vai dar tudo certo. – Afirmo, segurando suas mãos e o abraçando.

– Papai! – Grita, Luquinha do andar de cima, fazendo Lucca subir as escadas rapidamente.

Minutos se passam e nada dos dois descerem, já estava ficando irritada com tamanha demora, o pior é que eles me proibiram de subir as escadas.

“Estamos tendo uma conversa de homens” Disse meu filho quando bati na porta de meu quarto. Posso com isso?!

Alguns minutos depois, os dois me gritam, pedindo para que eu suba até o meu quarto e o de Lucca. Meu filho me espera na porta e pede para que abaixe em sua altura, o obedeço e ele coloca uma venda em meu rosto. Oi? O que exatamente está acontecendo aqui?

Adentro ao quarto e sinto aroma de flores, avanço mais um pouco com a ajuda de meu pequeno, e minhas mãos são entregues a outro, o qual reconheço muito bem.

A venda é tirada com delicadeza de meu rosto, assim que minha visão se acostuma com a claridade, meus olhos visualizam o quarto tomado por pétalas de flores espalhadas pelo chão, não jogadas de qualquer jeito, a junção dela forma a seguinte frase: Casa comigo?

Leio isso diversas vezes, meus olhos ora olham aquilo ora olham Lucca me olhando com expectativa, lágrimas passam a ocupar meu rosto, de repente memórias invadem minha mente, me lembro da primeira vez que o vi, do momento que me apaixonei, do momento que me afastei, do momento que nos reencontramos, e se me dissessem há dez anos que isso estaria acontecendo, eu daria uma bela risada, mas realmente está acontecendo, eu vou me casar com o cara que sempre teve meu coração.

– Sim, sim! – Digo o abraçando

Não aceitei pela menina do passado, que sonhava loucamente com isso, aceitei pela mulher que sou hoje, que acho que merece essa chance de ser feliz ao lado de quem ama, independentemente de qualquer outra coisa.

E então ele coloca um solitário prata com uma pedra linda em cima, não sei dizer qual, e isso também não me importa, só me importa estar ao lado dele, o anel é apenas um símbolo, a real importância, está dentro da gente, o que importa é o sentimento mútuo que sentimos um pelo outro, e nada mais.

Então, se agora teremos que enfrentar mais um obstáculo, que enfrentemos, nada vai separar nossa família, nada vai estragar essa ligação maluca que nós três temos.

Notícias mundo a fora:

Com pressão por parte dos Estados Unidos, Brasil se junta a eles na Guerra contra o grupo Estado Islâmico. Será esse o motivo das tropas brasileiras unidas? Será que o Brasil mandará todas as suas forças militares para essa Guerra?