– Ebaaa!!! – Grita meu filho para toda a vizinhança. Lucca e eu rimos com sua animação. – Agora a gente vai mora com o papai? – Indaga em uma euforia extrema.

– Calma, também não é assim, a gente vai esperar um pouco. – Explico cortando o barato do meu pequeno.

– Você fala isso por você, se depender de mim, vocês já podem se mudar hoje. – Comenta Lucca me abraçando por trás.

– Vencemos! – Exclama meu pequeno correndo para me abraçar também.

– Nada disso, a decisão final é minha, nada de armações entre vocês dois, entenderam? – Intensifico séria e eles trocam um olha cúmplice, isso vai longe.

Decidimos ir embora no fim de tarde, o dia foi só alegria e risadas, impossível descrever a animação do meu pequeno em relação a tudo, parece que finalmente está dando tudo certo. Ontem, após aceitar o pedido de namoro, Lucca ficou todo feliz e empolgado, rolou muito carinho na piscina, eu estava nas nuvens, não imaginaria que isso realmente pudesse acontecer. Mas, as coisas foram esquentando e ele me arrancou da piscina, me levou diretamente para dentro da casa e...

– Vem, mamãe! – Implora meu filho.

Bom, vou deixar essa história para outro dia. Corro para o encontro deles até a areia e os acompanho no futebol, sempre fui uma aberração jogando, mas com eles fica até fácil, tirando a areia que volta e meia decide tomar o rumo dos meus olhos.

– Como você joga bem, einh! – Lucca zomba de minha cara após eu acidentalmente cair de cara na areia.

– Haha, muito engraçado, poderia me ajudar? – Pergunto com a cara toda empanada de areia, ele e meu filho não param de dar risada, que lindo.

– Vem! – Oferece a mão como apoio, mas não a uso para isso, eu uso ela para puxa-lo contra a areia.

Ele realmente não estava esperando, caiu que nem uma maria mole. Fico até com dor de barriga de tanto dar risada da cara dele, dessa vez meu filho também me acompanha. Lucca está parecendo um frango empanado de tanta areia que tem na cara. Meu sorriso some quando ele me olha com aquele olhar malicioso, rapidamente entendo sua ideia e saio em disparada levando meu filho comigo. Corro por uns trinta metros até ele nos alcançar, ele me põe contra seus ombros – como se eu fosse um porco – e nosso filho ele carrega de cabeça para baixo, fazendo com que ele não pare de rir, até tento me livrar dos braços dele, mas é difícil, estou quase sem forças por conta do acesso de risos. Quando estou voltando ao meu estado normal, começo a sentir a água gelada em meu corpo, me arrepio toda, deve estar uma temperatura negativa aqui dentro! Então ele finalmente joga meu corpo inteiro perante o mar, devo admitir que foi até legal, sentir a água me levando. Ele também coloca Lucca no mar, mas não o joga, pelo menos um pouco de consciência ele tem. Passamos a tarde assim, os três no mar, jogando água um no outro, parece até cena de filme, mas não é, acho que em algum momento de nossas vidas precisamos desse tipo de descontração, momentos em que apenas vivemos feliz, nem que seja por poucos minutos, onde não pensamos no que vem a seguir, apenas vivendo o presente.

–--***---

O som do despertador ecoa em meus ouvidos, me fazendo lembrar que o fim de semana acabou, e que vai demorar para que algo daquele tipo aconteça novamente. Faço tudo que tenho para fazer e saio rumo ao hospital.

Está tudo dando muito certo para mim, além de tudo que aconteceu no fim de semana, hoje começo no setor novo! Tenho até medo de isso tudo estar acontecendo agora para mais tarde a vida chegar e falar: Aquilo foi só uma distração, agora viva sua realidade! Passo o dia com Joana, ela apresenta minhas novas funções e meu auxilia em tudo que preciso, após horas de trabalho, ela me dá um descanso e eu corro para o refeitório, estou varada de fome.

Enquanto como meu lanche, mando uma mensagem para as meninas marcando um jantar, assim não esqueço de contar as coisas e elas não ficam bravas.

Após tudo resolvido, abro a galeria do meu celular e começo a ver as fotos que tiramos no fim de semana, um sorriso besta surge nos meus lábios com o passar das fotos.

– Tá sonhando acordada, menina? – Uma voz a minha frente pergunta.

– Oi, Rafa! Não, só estou vendo umas fotos aqui. – Explico bloqueando o celular.

– E essas fotos são do Lucca? Foi viajar no fim de semana? Me falaram que você conseguiu uma folga. – Questiona me enchendo de perguntas ao mesmo tempo.

– Mais alguma pergunta? – Indago brincando e ele nega sorridente. - Fomos para a praia, o Lucca levou a gente. – Respondo e o sorriso some da sua cara no momento que eu falo de Lucca.

– Entendi. Você e ele... – Deixa as palavras no ar meio incomodado com a situação.

– Eu e ele? – Pergunto o incentivando a falar.

– Estão juntos? – Pergunta seco e eu até fico receosa em responder. O que deu nele?

– É, decidimos tentar. – Comento e engulo à seco, não esperava ver fúria nos olhos dele.

– Tão rápido? Isso pode fazer mal para o Lucca. – Fala e eu respiro fundo para não soar grosseira.

– Não, não pode. Ele ficou super feliz com a notícia. – Retruco o mais normal possível.

– Que bom. – Fala tentando fingir animação.

– Agora tenho que ir, mais tarde a gente se vê. – Me despeço e sigo de volta para meu setor.

Com o fim do expediente, ligo para Lucca avisando que irei sair e rumo até o restaurante que marquei com as meninas.

– Olá, sumida! – Fala Manu vindo me abraçar, seguida de Clara e Luísa.

– Me desculpem, à partir de hoje eu prometo que nós veremos com mais frequência. – Afirmo me sentando na mesa reservada.

– Conte sobre o fim de semana com o boy. – Pede Manu curiosa e todas damos risada.

– Ah, nada demais, apenas fomos para a praia e ele me pediu e namoro. – Conto os fatos em tom normal avaliando o cardápio.

– Como?! – Gritam as três em uníssono.

– Isso mesmo que acabaram de escutar, estou namorando. – Explico e todas dão gritinhos histéricos, isso é cômico.

– Pronto Manu, agora vai sobrar a gente, qual o truque para arrumar namorado? – Indaga Clara variando o olhar entre Luísa e eu.

– Eu nunca sobro, Clarinha. – Manu se defende – Não sou de cair por amores e me prender a alguém, gosto de viver livre.

– Não exagera, não é por que está em um relacionamento que vai viver presa em casa. – Comenta Luísa e Manu revira os olhos. -

Para mim é! – Retruca Manu. - Um dia você vai achar alguém e aí eu quero ver você falar isso novamente. – Cantarola Clara.

– Chega disso, vamos falar de outra coisa. – Pede

– Como andam os preparativos para o casamento, Lu? – Pergunto e ela se ajeita toda animada na cadeira.

– Está indo de vento em popa...

– Nossa, quem ainda fala isso? – Manu pergunta interrompendo Luísa, que revira os olhos.

– Já decidimos o local e eu tenho uma proposta para fazer para vocês. – Comenta toda animada.

– Diga – Pede Clara.

– Vocês aceitam ser minhas madrinhas?

– Mas já não éramos? – Pergunta Manu.

– Sim, mas queria concretizar. – Explica voltando a nos encarar.

– Claro que sim – Digo feliz e as outra duas também concordam.

Luísa passa a falar sobre o casamento e todas ficamos animadas e eu me perco em pensamentos, imaginando se um dia irei me casar, fantasiei demais, já estava até me vendo vestida de noiva e Lucca na minha frente levando as alianças até o pai. Calma, Sophia! Um passo de cada vez.