Addiction escrita por Nicholas Sanders, Pablo Andrez, Edward Wolff, Masmorra Solitariamente Louca, Bull Terry Doll


Capítulo 8
Lua Cheia


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, meus senhores! Aqui vos trago um novo capitulo da nossa maravilhosa(eu gosto de pensar assim, pelo menos) fanfic!

Legenda:

Nome em Negrito: Ponto de vista que está sendo focado.
Itálico: Pensamentos/Palavras em outra lingua

BOA LEITURA!



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Nicholas se sentia bem como lobo.

Pode ser um pouco estranho pensar assim, realmente. Quer dizer, você se transformou em lobisomem, seu idiota, como você se sente bem com isso?

Mas Nicholas se sentia. Tudo parecia muito mais simples e ele gostava.

Edward, por outro lado, odiava o que era. Ser um lobisomem era a pior maldição que alguém poderia receber. Ser o tipo de monstro que mataria o seu melhor amigo se cruzasse com ele, aquilo era algo que o garoto não podia perdoar. Talvez esses sentimentos de tristeza e ódio faziam dele um lobisomem muito agressivo.

Nicholas bufou, farejando os sentimentos de Edward.

O lobo loiro mastigava levemente o próprio pulso, um pouco entediado. Não havia nada para fazer na casa dos gritos. Eles não podiam mais arranhar as paredes, especialmente após quase quebrarem a que ligava o quarto ao corredor da escada. Após isso, o diretor havia posto encantamentos que os impediam de arranhá-las, eliminando sua diversão nalua cheia. Agora, ele só podia observar a parede de madeira gasta, com os arranhões profundos meio que brilhando por causa do poder da magia.

Então suas orelhas se eriçaram, quando percebeu um novo aroma no que ele considerava seu território. Ele grunhiu em advertência, olhando para a porta.

Um som pesado e um rosnado baixo alertaram ambos os lobisomens. Edward sentiu uma antecipação inimaginável. Como lobo, ele percebia a importância disso. Com um intruso, o alfa estaria distraído. Ele poderia ser o Alfa! Seguindo seus instintos, Edward atacou. Mordeu a pata do lobo loiro sem cuidado. O sangue manchava seus dentes e ele se sentiu bem.

Ainda distraído com o intruso, Nicholas mal percebeu o ataque até doer. O lobo rosnou para o outro, que era menor, derrubando-o com o peso e mantendo-o preso ao chão. Ele encarou a porta, um rosnado brutal subindo pela garganta.

Ouve outro rosnado, e um lobo grande — maior que Nicholas até —, castanho, apareceu na porta. Ele... Não, ela tinha a cabeça levantada, parecendo ainda maior. Seus olhos brilhavam entre o azul e dourado, indicando que ela já era quase uma loba adulta. O loiro podia sentir: ela era uma alfa.

Nicholas encolheu as orelhas, mas não deu sinais de recuar, ainda prendendo Edward ao chão. Aquele era seu território.

A loba maior deu alguns passos cheirando o ar e observando os dois. Felizmente, ela parecia estar ignorando os rosnados revoltados de Edward. Não aparentava reconhecer o local como território de Nicholas, no entanto.

O loiro soltou Edward, rosnando a qualquer pequeno sinal de movimentação — o pequeno lobo realmente o tinha irritado —, encarando a loba com um desinteresse apático.

O menor dos três lobos rosnava para a fêmea a sua frente, seus olhos e sua posição indicavam que ele estava pronto para atacar.

Nicholas soltou um grunhido de advertência a Edward, refirmando sua posição como alfa. A fêmea maior soltou um rosnado irritado para o menor e depois voltou seu olhar para o lobo loiro que, apesar de sua magreza exposta, parecia um adversário que poderia deixar uma bela marca caso se envolvesse em alguma briga.

O lobo loiro, no entanto, não parecia realmente interessado numa briga. Depois do susto da aparição repentina, Nicholas parecia ter perdido o interesse na loba e tinha começado a lamber a pata ferida.

A fêmea soltava lentamente um cheiro de curiosidade olhando os dois atentamente. Balançou a cauda hesitante.

Nicholas notou a curiosidade da loba e inclinou a cabeça para o lado, numa demostração aberta de curiosidade. Tendo aceitado há muito tempo seu estado como lobisomem, ele tinha uma semiconsciência maior do que a maioria. E simplesmente não conseguia entender porque havia outro lobo no território deles.

A loba deu um passo, se aproximando, e soltou um latido leve, num cumprimento respeitoso por estar em território de outro lobo.

Nicholas se esticou um pouco, com um ganido baixo respondendo o cumprimento. Seus instintos decidiram que ele não precisava arrumar briga. Ela estava comportada. Não havia necessidade de atacar. O sentimento territorialista do loiro se acalmou.

Edward deitou, ignorando a fêmea. Aborrecido como sempre, decidiu que ela não era uma ameaça. Seu cheiro era… familiar. A loba soltou um rosnado que lembrava uma risada.

Nicholas deu um leve bocejo, deitando sob a pata machucada, sem perceber muito. Ele notou a fêmea lançando olhar sobre sua pata. Parecia um tanto... materno? Mas pensou ter imaginado, quando ela logo voltou a olhar a janela.

A lua já estava desaparecendo. E com isso, a fêmea soltou um ganido de respeito e despedia, e, a seguir, um leve rosnado de aviso sobre invasão e tentativa de dominar território. Aparentemente, ela morava na floresta proibida. Saiu um tanto apressada, com um uivo amigável.

O amanhecer era como uma benção e uma maldição. Foi o que Nicholas pensou quando desmaiou, após a transformação ter sido revertida.

Vagamente se perguntou que tipo de desculpa usaria para Pablo e Vivi dessa vez.

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Ah... Choramingou Nicholas em pensamentos. Tudo dói. Eu quero dormir. Era uma manhã de sábado e ele estava no salão comunal, junto com Vivi. Pablo tinha saído para pesquisar sobre Runas, ou algo assim — Nicholas não estava particularmente interessado — , e ele estava se sentindo um lixo.

Tudo, por culpa da maldita lua cheia.

Ele também estava ficando um pouco cansado de esconder os machucados. Nas primeiras luas cheias ele tinha ficado um pouco preocupado com isso. As bandagens em seus braços e o hematoma em seu rosto tinham sido visíveis.

Dessa vez, no entanto, ele tinha sido mais cuidadoso. Colocou uma blusa de manga comprida e havia pedido para Madame Pomfrey colocar um feitiço para esconder os ferimentos mais graves de seu rosto... Tudo porque Edward tinha sido um pouco mais violento durante a lua cheia. A vida para alguém que não havia aceitado a transformação era difícil. Especialmente nessa idade, onde eles começariam a brigar para se tornar o "Alfa". Nicholas sabia que não havia machucado muito Edward, ele se lembrava vagamente de tê-lo simplesmente preso contra o chão, uma vez que era maior, mas havia levado uma mordida brutal na pata dianteira e, como eles eram criaturas das trevas, Madame Pomfrey não podia curar corretamente.

Arde, pensou ele, se esforçando para não coçar, enquanto fazia a lição de casa. Que merda.

— Por que você nunca me conta de onde vêm esses machucados? — Uma voz o distraiu de suas reflexões. — Está doendo?

Vivi olhava para o rosto dele, onde haviam alguns ferimentos mais leves, que Madame Pomfrey não tinha encoberto. Seu corpo não aguenta tanta magia, ela tinha dito.

— Não está doendo. E eu já disse que cai da escada ontem e desmaiei. É por isso que não voltei para o dormitório. — explicou brevemente o menino.

Vivi deu um sorriso preocupado.

— E você cai da escada e desmaia todo o mês?

Nicholas congelou por um segundo antes de se recompor.

— Acho que eu sou muito desastrado. — riu, coçando atrás da cabeça.

A garota encostou na blusa de manga comprida dele.

— Hoje não está muito frio, por que está usando isso?

— E… eh? — Não sabia o que responder. — Eu só gosto, eu acho. — mentiu ele, começando a ficar desconfortável. Já era a terceira vez. Ele sabia que tinha começado a atrair suspeitas.

— Quem está fazendo isso com você? — perguntou com desconfiança. — E... Eu não posso parecer... Mas consigo muito bem dar uma surra na pessoa. — Riu um tanto sem graça.

— Bem, eu mesmo acho. — respondeu sem pensar. Fora o ferimento da mordida de Edward, a maioria dos machucados realmente eram auto-inflingidos no tédio como lobisomem.

— Como assim? Você se automutila? — Ela pareceu chocada.

— E… eh? — Nicholas gaguejou. Já tinha feito algo assim (teve seus momentos, sendo um órfão surrado nas ruas). Ele não podia negar agora, ou ela ficaria desconfiada novamente. E tecnicamente era verdade. — E... eh, e… eu não sou de ferro, certo? — Deu um sorriso constrangido.

Vivi estremeceu um pouco.

— N… não faça isso com você, Nicholas... — Ela ainda parecia desconfiada. Talvez supusesse que tinha sido outra pessoa?

O loiro olhou para o braço, fingindo estar envergonhado.

— Eu não posso controlar. — Ele estava feliz por poder dizer a verdade assim, pelo menos. — Às vezes... às vezes... simplesmente não há como segurar.

Ele apertou o braço, puxando um pouco a blusa, para que as bandagens no pulso tornassem isso mais crível.

Vivi começou a tremer, embora parecesse estar tentando se conter.

— Não há... com que se preocupar. — murmurou o loiro. — Eu não acho que vou longe demais.

— E-Eu irei te ajudar! — falou, determinada. — Vou te acompanhar sempre, sempre! — Depois, enrugou a testa. — Mas... Tem uma razão para ser sempre na lua cheia?

Nicholas encolheu os ombros, gelando por dentro novamente.

— Eu sempre fico melancólico nessas horas, eu acho. Talvez seja costume. Já é a nona ou décima vez. — concluiu com uma meia mentira. O garoto não estava se cortando. Ele não fazia isso desde que chegou em Hogwarts. Não tinha porquê. Não havia exatamente muito estresse nele, de qualquer forma.

Nicholas podia sentir o monstro pedindo por vermelho dentro dele, no entanto. O estresse estava subindo com seu medo.

Vivi parecia estar se culpando, apesar disso:

— Eu... irei te ajudar, está bem? Devia ter notado isso antes... — então, acrescentou num sussurro. — Sou tão idiota...

— Não é muito bom ficar perto de mim, nessa hora, embora. — murmurou. — Eu não sou exatamente controlado. E eu não quero te machucar.

— Não faz mal se você me machucar. — Ela deu um sorriso triste. — Prefiro me machucar... do que ver isso. — Apoiou a cabeça sobre uma das mãos. — Você não está mentindo, está?

— Não, realmente. Fui eu que me machuquei. — Estava falando a verdade. Ele só não acrescentou que era um lobisomem nessas horas.

Vivi estendeu uma das mãos e tocou no rosto dele.

— Isso não foi feito com uma faca... — disse para ele, baixinho.

— Minha cicatriz? — perguntou, confuso.

— Não, esses outros. Realmente, não foram feitos com faca.

Ela sabe como é um ferimento de faca? Vamos testar...

— Madame Nora me odeia. — brincou. — E decidiu que eu era seu poste de arranhar.

Ela fez uma careta.

— Se você estiver mentindo eu posso ficar muito brava. — ameaçou.

Nicholas riu, um pouco preocupado. Porque ele realmente não queria estar na recepção do olhar que ela tinha dado para Robert. Não mesmo.

— Mentindo sobre o quê? — falou Pablo, aparecendo quase que do nada com uma montanha de livros.

O lobisomem ficou vermelho. Não queria que espalhasse um boato que ele se mutilava.

— Nada não.

— Os machucados dele. — Vivi ignorou a tentativa de mentira de Nicholas.

— Ei! Eu estou tentando esconder eles. — reclamou.

— Machucados? — O tom de Pablo era preocupado. Logo, seus olhos atingiram os pulsos ainda visíveis de Nicholas. Ele arregalou os olhos, observando o rosto do loiro. — Nicholas, o que você...?

— Shhh! — assobiou ele, olhando ao redor e suspirando aliviado que ninguém tinha ouvido.

Vivi olhava com cara feia para Nicholas. Ela definitivamente não estava gostando disso.

— Minha nossa eu não sabia que… — abaixou o tom. — Eu não sabia que você... Quer dizer... Você tem que ver a Madame Pomfrey! Eu não sei muito de cura bruxa, só trouxa. — Ele sussurrou preocupado. — Minha nossa me... desculpa, eu não sabia...

— Eu estou bem. — murmurou, aborrecido. Essa "mentira" estava começando a ser mais chata que a verdade.

— Diga a verdade... — Vivi tinha um tom vermelho em seu rosto. Uh-oh… Ela parece brava...

— Mas eu estou. — insistiu ele, humildemente, se encolhendo com olhar deles.

O sul-americano observou o nível de estresse de Vivi, murmurando um “shhhh” baixo, para que ela se acalmasse. Nicholas estava começado a se sentir mais estressado a cada segundo. Se encolheu ainda mais quando o braço picou dolorosamente.

— Eu quero te ajudar, mas você vai ter que colaborar. — suspirou Vivi, parecendo chateada.

Pablo olhou preocupado e assoviou baixinho.

— A gente pode ajudar se você deixar, sabe? Somos amigos, e amigos estão aqui para ajudar… — Ele coçou a cabeça.

— Eu já disse que estou bem! — Nicholas trincou os dentes, segurando o grunhido de dor. Todo esse estresse tinha aberto o machucado novamente e ele realmente precisava sair dali, antes que o sangue começasse a manchar a blusa. — E.. eu... eu vou para o quarto. — disse, segurando o braço.

Nicholas começou a caminhar apressado. A blusa branca se manchando de sangue levemente já que ele não conseguia tomar cuidado enquanto corria.

— Quer ajuda com o curativo? — Vivi perguntou, preocupada.

— Eu dou o meu jeito. — respondeu, já nas escadas.

E subiu correndo.

— Acho que eu vou... ir atrás dele. — Vivi avisou, já subindo as escadas atrás do loiro teimoso.

Pablo apenas o olhou suspirando. Como ele não tinha conseguido perceber que seu amigo era um possível depressivo, ou se automutilava? O garoto se sentia mal. Que tipo de amigo ele era se não tinha percebido isso? Afogado em pensamentos tristes, ele apenas viu os dois subindo. Sem poder fazer nada sobre isso.

Nicholas estava com os ouvidos latejando. A cabeça dele girava. Ele estava exausto. Puxou a blusa e jogou para um lado, esquecendo-se até de fechar a cortina como ele sempre fazia para trocar de roupa.

— Nicholas... — A voz de Vivi o fez congelar, ela parecia estar fechando a porta com cuidado, pelo barulho. — Eu te ajudo.

— Ah! — Nicholas exclamou, mas era tarde demais.

O menino era magro, era perturbador; suas costelas eram visíveis. Havia marcas de faca, arranhões, algumas cicatrizes parecidas suspeitosamente com um cinto ou chicote em suas costas. Mas o mais perturbador era marca de mordida em seu abdômem, assim como as cicatrizes de garras que subiam pelo seu peito até o começo do pescoço e que se destacavam de longe.

A garota estremeceu vendo as costas do menino. Não disse nada.

— Vire, vamos cuidar desse arranhão. — Ela sorriu, com os olhos tristes.

Nicholas engoliu em seco. Agora não tinha mais jeito. Ele suspirou e se virou, puxando a bandagem ensanguentada. A marca de dentes em seu braço agora era muito evidente, junto com a de seus próprios arranhões.

A garota não aguentou o tremor. Uma mordida? Arranhões, ah, aqueles arranhões não eram obras de um gato.

— M-Mordida... — engasgou.

— A senhora estava querendo muito ver isso? — perguntou Nicholas, um pouco amargo, com um sorriso zombeteiro.

Ela desviou o olhar da mordida, insegura. O cheiro queimava o nariz de Nicholas.

— Tem algum pano e caixa de primeiros socorros?

O loiro acenou, apontando para a cômoda.

— Primeira gaveta. Embaixo das camisas.

Vivi foi até ela, e tirou a caixa e o pano. Pegou o pano e o molhou um pouco com a garrafa de água, que ela sabia que sempre estava na mochila do loiro, e aproximou-se dele.

— Posso?

O menino estremeceu e estendeu o braço semimutilado, agora percebendo, havia varias pequenas cicatrizes finas e retas subindo padronizadamente pelo antebraço do garoto. Como ferimento de uma faca.

Vivi começou a passar o pano no machucado dele, suas mãos borraram com o líquido vermelho, porém ela não parecia se importar.

— Espero que não esteja doendo. — sussurrou a morena.

O garoto, que estava se esforçando para não estremecer, sorriu.

— Está tudo bem. — repetiu Nicholas.

Ela assentiu com a cabeça, indo para a caixa de primeiros socorros. Pegou as faixas e demais, fazendo o curativo com cuidado para não doer. Depois de uns minutos, terminou.

— P-Pronto. — ela disse, desviando o olhar. — Vai me dizer o que foi isso?

Ferrou.


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Notas finais do capítulo

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Próximo capitulo: ??/08