Tenshi no Tatakai, não Há apenas Um escrita por Anita


Capítulo 8
A Seita




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Tenshi no Tatakai, Não Há Apenas Um § 8- A Seita

Notas Iniciais: 

Estamos de volta e logo a fic estará em clima de decisão! Leiam atentamente ^^ e comentem para anita_fiction@yahoo.com

Olho Azul Apresenta:

Tenshi no Tatakai,

Não Há Apenas Um

 

Capítulo 8 – A Seita 

  Vários homens encapuzados seguravam um objeto flexível e cheio de espinhos. A criança não conseguia mais se levantar, como a estavam ordenando.

 

-Vamos! Para servir nosso Mestre, deve ser forte! Levante-se...-o único de capuz negro respondeu, dando-lhe novamente o chicote.

-Senhor... Que fiz para merecer isto?

-Não conseguiu o que queríamos.

-Não é verdade... Consegui sim!

-Tem certeza disto?

 

  Ela hesitou. Olhou ao seu redor. Odiava aquele aposento. Era tão ostensivo e sempre o usavam para torturas. Quase que contrastante. Respirou fundo, enquanto lhe aplicavam outra chicotada.

 

-Já é o bastante...-o homem de capuz negro disse, -Hoje foi um covarde, não deixarei que tome do cálice. Vá depressa e cumpra a sua missão; resta apenas uma semana.

 

  A criança levantou-se ainda bamba e foi para onde suas roupas estavam. Despiu-se e enxugou todo o sangue. O Mestre sempre se encarregava de curar-lhe os ferimentos, o que O importava era só a dor sentida na hora da tortura.

 

  Saiu andando pela enorme casa antiga que tinha detalhes em ouro. E a criança tinha certeza de que era verdadeiro.

 

  A rua onde ficava era repleta de casas abandonadas. Com certeza, todos os que ali viveram foram abatidos por tragédias, desgraças... O Mestre não resistia... Aquela mansão era como um local onde ele podia usar seus poderes, já que tantos ali o chamavam, a maldição que Deus o infligira se anulava. E sua seita cresceu tanto que seus poderes atingiram aquela rua e até o bairro inteiro.

 

  Agora tudo era ruína.

 

  Como foi que aquela criança tão jovem havia ido parar ali? Como chegara a tanto? As ambições de sua família eram tão grandes assim? A ponto de entregá-la a torturas constantes... E agora teria que acabar com a vida de alguém, transformar uma garota tão feliz em um simples zumbi do Mestre.

 

  Olhou as horas em seu relógio caro. Ajudar o Mestre tinha suas recompensas, assim como trai-lo tinha seu grande castigo.

 

  Suspirou, tentando afastar os pensamentos anteriores.

 

*-*-*-*-*-*-*-*-*

 

-Faltam só dois dias!!!-disse Beatrice, alegre, assim que vira a amiga Kari. Seu pai em breve sairia do hospital e no dia de seu aniversário!

-Que bom, não é?-Kari respondeu com um pequeno sorriso.

-Parece triste...

-É? Eu só estou pensativa.

-Trix-chaaaaaan!-uma pessoa agarrou Beatrice novamente pelas costas.

-Você não desiste, seu chiclete!?-a menina falou, batendo em Hanato.

-É só que hoje você me parece tão feliz, isso me deixa feliz!

-Nossa, muitas coisas te deixam feliz, não é?

-É que sonhei que você tinha sido atropelada... Aí fiquei preocupado, mas, quando chegou, as nuvens negras se afastaram e o Sol brilhou.

 

  Beatrice olhou pela janela e uma tempestade caía lá fora.

 

-Era só metáfora...-Hanato disse.

-Eu sei, mas com essa tempestade, não me fale em Sol!-Beatrice respondeu, lembrando-se do dia anterior quando Fahel a fez andar pela chuva procurando um local que nunca acharam.

-Nossa que cara feia!-Hanato falou repentinamente.

-É mesmo, Kari, sorria!-Beatrice disse.

-Não, tô falando do gringo.

 

  A menina virou-se e realmente viu um Michael muito desanimado.

 

-O que é isso!? Efeito dos dias chuvosos? Alegrem-se, meu pai sai do hospital em dois dias!-ela falou, sorrindo.

-Bom dia para você também, Bia –Michael disse, enquanto lentamente sentou-se –Fará alguma festa?

-Não... Vai ser um dia cheio demais para isso.

-É que eu queria te levar a um lugar.

-Ela está ocupada –Hanato disse, sem o sorriso usual –Yu-kun a convidou para saírem; chegou tarde, gringo.

 

  E Hanato saiu.

 

-Vai sair com o Amada?-Michael perguntou, assustado.

-Sim! Ele disse que vai me levar a um lugar legal, estou ansiosa! Sabe, eu gosto dele desde não sei quando e de repente as coisas estão dando certo... Droga!-Beatrice tapou sua boca com a mão, seu rosto estava vermelho. –Falei demais...

-Tome cuidado.

-Mas, Michael... Qual o problema que vocês têm com Eyuku-kun? Parece que todos são contra.

-Não é que eu tenha algo contra, só não tenho nada a favor –ele respondeu.

-Pois você é o estranho aqui!-Beatrice gritou e sentou-se enfim, olhando para o lado oposto de Michael.

 

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

 

  Beatrice caminhava ansiosa pelos já conhecidos corredores do hospital onde seu pai estava.

 

  Fahel andava quieto naquele dia, nem comentou nada quando Michael falara aquilo de Eyuku. Talvez porque ele também não gostasse de Michael.

 

  No outro dia havia trabalhado tanto sob a chuva que no momento se sentia gripando. Fahel andava desesperado já que só faltavam dois dias para seu aniversário.

 

  Seus sonhos haviam parado bruscamente, a calmaria predominava. Todos os lugares a que Fahel a manda estão desertos ou fora de perigo. Tudo o que Beatrice esperava agora era a tempestade.

 

  Abriu despreocupada a porta para o quarto de seu pai para ver que estava vazio. A cama estava feita e as flores que Damashi colocava diariamente estavam no lindo vaso que Beatrice trouxera um dia. Havia também uma cesta de frutas, intocada.

 

-Papai...-A menina não sabia no que pensar. Somente as piores opções lhe vinham à cabeça. As mais terríveis possíveis.

 

  Lembrou-se do pressentimento de Fahel, mas que havia sido um engano.

 

  E se os médicos haviam diagnosticado errado e naquela noite...

 

-NÃO!!! Não mesmo!-ela gritou, implorando que seu grito se tornasse realidade.

-Ah, Tentoai-san...-o médico do outro dia aparecia à porta, -Onde está seu pai?

 

  A pergunta veio como um alívio.

 

-Eu não sei, sensei. Quando cheguei o quarto estava tão vazio que me pareceu desocupado.

-Hummm, ele se deu muito bem com Damashi-san, ela deve tê-lo levado a algum lugar. Pegar Sol faz bem, não é?

-Ah, é mesmo! Será que demorarão?

-Não sei, querida... Mas fique aí e aguarde.

-Não, eu irei para casa, voltarei mais tarde. Obrigada, sensei.

-Até mais.

 

  Beatrice seguiu o doutor pela porta, mas parou na entrada, já do lado de fora. Algo dentro dela parecia ter se quebrado e o barulho de estilhaços era muito alto, pior que todos os violinos desafinados do mundo tocando ao mesmo tempo.

 

“Olhe para trás, minha filha...” uma voz em sua cabeça a disse.

 

  Então Beatrice se virou para encarar uma cena totalmente diferente daquele quarto pacífico. O local havia deixado de ser um quarto para se transformar numa espécie de parque de terror. Cheio de esqueletos e sangue pingando do teto.

 

  As costas da garota latejavam como se agulhas gigantes a picassem constantemente onde mais doía. Sua vista ardia, dificultando a visão. Mas logo percebeu que no meio daquele circo de horrores estava seu pai desmaiado, segurado pelo pescoço por uma coisa.

 

  Coisa, pois no dicionário não havia palavra para descrever aquele ser. Tinha fartos seios a mostra, mas eram cinzas assim como toda a sua pele. Olhos eram negros e seu branco agora era vermelho. E a íris, ao invés de redonda, era em losango. Os cabelos, antes negros e presos em um coque comportado. Estavam soltos, voando em toda a direção. Eram longos, porém não batiam no chão pois a mulher flutuava

 

  E aquela coisa estava segurando seu pai. Um homem sem cor, parecia mais um boneco.

 

-Papai...-Beatrice disse, apenas mexendo seus lábios.

 

  Seus olhos ainda ardiam e ela se sentia tonta agora. O cheiro do sangue era forte demais...

 

-Eu vou te salvar!-Beatrice gritou, apertando o punho com força.

 

  A garota, sem saber direito o que fazer, saiu correndo em direção à criatura a sua frente, mas parou no meio do caminho. Algo como uma parede invisível impedia que ela prosseguisse.

 

-Ora, criança... meu Mestre me deu poderes o bastante para eu fazer o que quiser. Principalmente porque agora estamos no mundo dele, -Damashi disse, mirando Beatrice com seus olhos negros.

-Quem é o seu Mestre?-Beatrice gritou novamente, mas desta vez precisou fazer mais força. Sentia-se enfraquecer.

 

  A mulher olhou-a com desdém.

 

-Não conhece o Grande Senhor da Luz? Aquele mais belo que o próprio Deus?

-Não! Aliás, nem quero. Devolva o meu pai.

-Como assim?

-Pra mim, a vida de meu pai importa mais que qualquer outra rixa que Deus tenha tido. Devolva-o agora!

-Nossa, para a filha de Deus, você é bem egoísta não é? Pois eu o estou sacrificando para Meu Mestre!

-Por quê!? Por que me enganou a ponto de eu querê-la como mãe!? Ah, se eu pudesse te destruir agora!!!

 

  Mal Beatrice terminou a frase, ela caiu de joelhos. Sua cabeça doía, suas costas latejavam. Se a missão dela era combater aquele tipo de criatura, por que nunca estava em condições para tal? Seu pai morreria porque ela não podia nem ficar de pé para enfrentá-la.

 

  E tudo ficou negro para ela. Como acontecia em seus sonhos.

 

-Papai...-ainda murmurou antes de desmaiar.

 

  Damashi olhou a garota caída à sua frente e começou a gargalhar.

 

-Nossa! E nós queríamos o pai para enfraquecê-la... Agora, meu Mestre, tenho a própria garota aqui.

 

  A mulher largou o corpo do homem e desceu até Beatrice.

 

-Tão linda e ingênua... Ainda assim tão egoísta. Agora entendo porque sempre me disseram que ela não seria uma simples versão feminina do Messias. Mestre, eu a levarei até a Seita, onde poderá fazer o que quiser com ela!

 

  Damashi esticou seus braços para carregar o corpo da menina de apenas catorze anos que dormia tão exausta que parecia bem mais.

 

  Mas uma luz dourada começou a brilhar iluminando toda aquela treva. E dessa luz, surgiu outra branca com dois círculos vermelhos.

 

-Sua bruxa! Você não vai tocar na minha Beatrice!-Fahel gritou e uma explosão surda ocorreu.

 

*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*

 

  Beatrice ainda se sentia dolorida... Como se tivesse feito um extremo esforço físico por um bom tempo. O que andara fazendo?

 

  A mulher... Damashi-san. Um demônio! E seu pai... Seu pai!

 

  Nisso sentiu algo quente em sua cabeça. Então abriu os olhos. Estava sentada no chão com a cabeça apoiada sebre uma cama. Um leito de hospital.

 

-Ah, minha filha... Enfim acordou. Assim que abri os olhos te vi aqui. Mas parecia tão cansadinha que nem ousei mexer em você.

-Papai? Onde está Damashi-san?

-Não faço idéia. O doutor comentou que ela marcou o ponto, indicando que veio ao hospital, mas que não a viu por aqui.

 

  Beatrice não conseguia entender, mas estava feliz por seu pai estar bem. Mas e Fahel? Havia sonhado com ele... Que a salvava daquela mulher!

 

  Mas o anjo não lhe respondeu. O que teria ocorrido? Começava a se perguntar se havia sido um sonho o encontro com aquela Damashi. Não... O cansaço era real demais.

 

  Beatrice voltou a deitar a cabeça no estômago do pai. Considerava Damashi uma grande amiga e, se aquele homem anunciasse que seria sua nova mãe, ficaria feliz. Fora uma enorme decepção.

 

-Papai... Por que nunca se casou de novo?-perguntou.

-Nossa, que pergunta estranha...-ele respondeu, rindo.

-É que o senhor se dá tão bem com Damashi-san e nunca o vi assim com mulher alguma.

-Damashi-san? Minha princesa, ela é só uma enfermeira. Tenho que tratá-la bem, já que e assim que me trata. Chama-se reciprocidade. E se não me viu com ninguém é que raramente fico em casa, sinto muito.

-Não sente nada por ela!?-Beatrice levantou a cabeça, encarando o pai.

 

  O homem abriu um largo sorriso.

 

-Parece aliviada...

-É...

-Não quer outra mãe?-ele a olhou sério, dessa vez.

-Não! Não é isso... É que, bem, estive conversando com umas colegas de damashi-san e... É... Ela parece uma boa pessoa, mas não é! Não, não, não; má garota. Por isso o alívio. Se papai arranjar uma mulher bonita e gentil, eu a chamarei de mãe!

-Fico aliviado, querida.

 

  A jovem olhou o rosto de seu pai, nunca tinham conversado sobre aquilo. Aquela expressão tão doce... Teria ele já encontrado sua nova mãe?

 

Continuará...

 

Anita, 12/06/2004

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