Iniciada escrita por Dorothy Bass


Capítulo 2
Capítulo II: Esclarecimento.


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores lindos e maravilhosos! Como estão?
Boa leitura!



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Capítulo II: Esclarecimento.
Ou quase...

...

"– Filha... precisamos conversar. – ela disse."

– É... A gente precisa mesmo resolver o que vai fazer de janta. – brinquei, com um meio sorriso, mas ela não correspondeu. Ela apenas saiu andando em direção à rua, com a mala em sua mão, e eu corri para acompanhá-la.

– O que aconteceu com você? – ela perguntou, mas eu estava distraída com a minha barriga roncando e não respondi – Thalia?

– Desculpa... É... Eu não sei. Mamãe, desculpa, eu sei que você está com pressa, mas eu estou faminta. Podemos parar pra comer alguma coisa? – pedi. Ela parou de andar e virou de frente para o hospital da cidade, que ficava no mesmo quarteirão da minha casa. Ou minha antiga casa. Eu não sabia o que pensar.

– Bom... Acho que é aqui o restaurante mais adequado para você. – ela disse, suspirando, e eu franzi o cenho. Eu havia perdido algo?

– O que? Mãe, eu disse que estava com fome. Não estou doente!

– E você vai me dizer que não está com vontade de pular na minha jugular nesse momento? – perguntou-me, apertando os lábios, e eu não pude negar. O barulho do coração dela bombeando seu sangue estava invadindo minha cabeça desde que ela saiu pela porta de casa. Mas eu me recusava a aceitar que aquilo era tão convidativo pra mim. – Vamos, Thalia...

E nós entramos. Minha mãe ficou alguns minutos falando com uma mulher alta e morena na recepção. A mulher me encarava enquanto ouvia tudo, com uma feição preocupada. Na verdade, eu não sabia ao certo se aquilo era preocupação ou pena. Parei de olhar para as duas quando uma moça entrou ali, com arranhões pelo corpo todo e um corte profundo no braço, pedindo por ajuda. Arregalei os olhos ao ver aquela quantidade toda de sangue, desejando mais que tudo poder provar aquilo. E eu podia.

Senti as veias dos meus olhos pulsando mais forte, e meus caninos novamente tocando meus lábios. Cerrei os punhos e dei meu primeiro passo em direção àquela mulher. Eu podia acabar com seu sofrimento. Ia levar apenas alguns segundos. Mas meu segundo passo foi impedido por uma mão apertando meu braço. Olhei para trás, com raiva, e abri a boca, quase rosnando, mas parei quando vi que era minha mãe. Meus caninos se recolheram e eu me acalmei. Ela me puxou em direção ao corredor e nós descemos uma escada, seguindo por outro corredor em direção a uma porta de metal.

A recepcionista que falava com a minha mãe há menos de um minuto já estava na frente da porta, e a abriu quando nos viu. Quando isso aconteceu, eu paralisei. Um banho de vermelho tomou minha visão. Um estoque de sangue gigantesco estava bem na minha frente. O sangue em saquinhos, pendurado por tipo. Meu estômago deu a ordem, e eu me lancei em uma velocidade maior que a normal em direção ao paraíso que me parecia ser aquele banco de sangue. Peguei a primeira bolsa e a esvaziei em alguns segundos. A segunda. A terceira. A quarta. E quando me dei conta, um mar de bolsas de sangue vazias se estendia à minha frente. E eu estava satisfeita.

Olhei para a porta e vi minha mãe me encarando com lágrimas nos olhos. Eu não entendia o porquê das lágrimas... Me senti bem com aquilo. Poderia tomar mais se quisesse, apenas por gula. Sem sentir um pingo de remorso. Como?

– O que ta acontecendo comigo, mãe? – perguntei, e caí de joelhos naquele chão sujo de sangue. Meus olhos lacrimejavam, e eu estava irritada com os ruídos dos elevadores que passavam pelas paredes. – Por que não para? Por que eu ouço tudo? – rosnei, rangendo os dentes. Minhas lágrimas já caíam livres nos olhos.

– Eu não sei como, Thalia... Não sei! Não era pra ter acontecido com você. Quer dizer, você não pode ter sido transformada... – ela sussurrava. Parecia estar falando mais para si mesma que para mim.

– Carmelia, vocês tem que ir – a recepcionista cochichou atrás da minha mãe – ela é um perigo aqui.

Levantei-me, limpando as lágrimas do rosto, cheguei até minha mãe e a puxei pela mão, caminhando em direção à saída do hospital.

– Eu não sou um perigo. – murmurei. – E obrigada por... isso. Seja lá o que tenha acontecido aqui. – gritei para a recepcionista, sem nem olhar para trás. Eu me sentia em uma montanha-russa de sentimentos.

...

Paramos eu e minha mãe em uma lanchonete e nos sentamos, uma de frente para a outra.

– Ok, dona Carmelia... Eu preciso que você me conte tudo o que você sabe. – pedi, entrelaçando os dedos. Eu interrogando minha mãe... aquela situação seria cômica, se não fosse trágica.

– Bom... é que... – ela começou, mas foi interrompida pela garçonete.

– Bom dia! Já querem fazer o pedido? – ela perguntou, sorrindo. Que inconveniente da parte dela interromper uma conversa séria como aquela. Senti o sangue subir para a minha cabeça, e comprimi os lábios.

– Vá embora. Já. – rosnei, olhando-a nos olhos. Ela não respondeu. Apenas assentiu e saiu dali.

– Thalia! – minha mãe me advertiu – Você tem que controlar a sua raiva.

– Que pessoa normal não sente raiva de vez em quando, mamãe?

– Esse é o problema! Você não é normal! Não mais... – ela sussurrou, olhando-me nos olhos, e levantou o dedo indicador quando eu fiz menção de me pronunciar. – Por dois minutos, só eu vou falar. Escute bem. Nós, humanos, não vivemos sozinhos no mundo. Existem outras.. criaturas. E humanos diferentes, também. Como o seu pai. Ele vem de uma família muito poderosa de bruxos.

– Mas então eu sou... – comecei.

– Uma bruxa. Sim. Bom, era o que nós pensávamos. Eu e seu pai. Mas então você foi transformada. Alguém te transformou em uma vampira. – ela disse, e a palavra vampira ficou ecoando na minha mente. Eu não tinha parado para pensar nisso. Minha audição, rapidez, força, fome... meus caninos. – Bruxos não podem ser transformados em vampiros. Seria poder demais para uma pessoa só. É um desequilíbrio da natureza. Assim como bruxos não podem ser lobisomens e...

– Lobisomens? Eles existem também? – perguntei, boquiaberta.

– Sim. Agora, voltando ao que interessa: você não podia ter sido transformada. A não ser que eu tenha tido uma relação adúltera, mas eu nunca traí seu pai. Por isso, ele me expulsou de casa. Pensou que você fosse filha de outro homem. Um não-bruxo. – ela segurou o pingente de seu colar. Era uma pérola. Parecia normal para mim. Mas minha mãe ficou olhando para ele, como se tivesse algo mais. – Ele me mostra como você está. E seu pai o usa para te localizar de vez em quando. – disse, com um sorriso breve. – Mas de madrugada, ele ficou vermelho e me queimou. Nunca tinha acontecido antes. Seu pai fez o feitiço de localização. Não dirigiu uma palavra sequer a mim. Pegou o dinheiro no bolso, e foi até a porta te esperar. Quando eu o vi falando daquele jeito com você, e quando você não conseguiu entrar em casa, entendi tudo...

Eu ainda estava processando todas aquelas informações. Alguém me transformou em uma vampira. Um monstro que se alimenta do sangue de pessoas inocentes. E eu não podia sequer entrar em casa. Mas... Por quê?

– Mãe... por que eu não posso entrar em casa?

– Vampiros não podem entrar em residências. Eles tem que ser convidados para entrar por alguém que viva naquele lugar.

– E meu pai não me convidou. – falei, decepcionada. – espera só um segundo, pode ser? – pedi, e saí em direção ao balcão.

O cozinheiro estava descascando batatas desde que chegamos ali, e aquele barulho estava me irritando cada vez mais. Quando se pode ouvir tudo, até o menor ruído se torna insuportável.

– Eu preciso que você pare com isso. – falei, olhando-o nos olhos, e ele parou. Largou a faca na mesma hora. Franzi o cenho, apoiando os cotovelos no balcão. Ele tinha parado? Fácil assim? Decidi testar a teoria que estava na minha cabeça desde que eu tinha mandado aquela garçonete embora. – Agora, quero que você pegue a faca de novo. – e ele pegou. Eu estava parada, boquiaberta, quando me distraí com o barulho abafado dos gritos de alguém e da porta se fechando.

Olhei para a mesa em que minha mãe estava sentada, mas ela não estava mais ali. Saí em disparada para fora da lanchonete, e lá estava minha mãe, do outro lado da rua, com a boca tampada pelas mãos grandes de um homem musculoso, que usava um capuz preto que me impossibilitava ver seu rosto. A única coisa que conseguia enxergar nele era uma tatuagem. Um triângulo na mão direita. Vi o olhar assustado de minha mãe, e meu coração disparou. A raiva tomou conta de mim, mas antes que eu pudesse despedaçar aquele homem em mil pedaços, ouvi um cleck. O homem saiu correndo em uma velocidade sobre-humana, e eu me lancei até minha mãe, pegando-a antes que ela caísse no chão. Ela estava de olhos abertos, mas não respirava. Ele havia quebrado seu pescoço. As lágrimas começaram a cair, as veias dos meus olhos pulsavam, e meus caninos já estavam em posição. Eu sentia uma mistura de tristeza e raiva.

Tiraram minha vida. Transformaram-me em um monstro. Fizeram meu pai me odiar, e eu mal entendia o motivo. Mataram minha mãe.

Eu nunca tinha tido que pensar em vingança... Até aquele momento.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Deixem reviews pelamor, eu quero muito saber o que vocês estão achando da história. Queria pedir perdão pela demora, também... Estou tentando ao máximo atualizar todas as minhas fics, mas eu sou uma escritora irresponsável que começa várias e depois tem dificuldades de atualizar todas no tempo certo...
Não se esqueçam de me dar um oi nos reviews!