Mockingbird escrita por Gryphon


Capítulo 1
Mockingbird


Notas iniciais do capítulo

(Gryphon) Então eu enchi o saco da dona Thaty Hanayume pra fazer um AoKaga certo dia num RPG, a gente fez e pans, só que depois o Kagami terminou com Aomine e ficou com o Kuroko... e vocês vão ver o que aconteceu no resto da fic. Espero que leiam informados dos avisos... E bem, vão encontrar o Kagami bem sentimental durante a narrativa, afinal ele está esperando um bebê XD PSOAPOSPOPSAAPSOPSA mds e também mais um aviso: O texto foi propositalmente posto em itálico para destacar a narração do Kagami.



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Yeah / Yeah

I know sometimes / Eu sei que às vezes

things may not always make sense to you right now / as coisas nem sempre podem fazer sentido para você agora

But hey, what'd daddy always tell you? / Mas hey, o que o papai sempre te disse?

Straighten up little soldier / Erga-se, pequeno guerreiro

Stiffen up that upper lip / Fique calmo

What you crying about? / Porque você está chorando?

You got me / Você tem a mim

Mockingbird - Eminem

Quando aconteceu, não foi como ocorreria com uma mulher normal.

Não foram nas primeiras semanas que descobri — e nem sequer sou mulher para tal. Então estive envergonhado e não tive coragem de contar para Kuroko — a princípio — que ele, meu melhor amigo e namorado, seria agora pai também. Mas tão pouco tempo tinha se passado e nem sequer foram meses para que se tornasse impossível de esconder, então o contei que estava esperando um bebê.

Lembro que naquele dia tive uma crise de choro e pensei que ele pediria um tempo, mas fiquei feliz que ele tenha ficado animado... Eu estava tão nervoso, mas feliz...! Haha, foi quase tão legal quanto comer no Maji depois de semanas sem ir lá. Tudo corria bem, mas o bebê tinha começado a se mexer cedo demais e então fomos ao médico preocupados... fiquei sabendo que estava com quatro meses e não dois... e se eu e Kuroko tínhamos reatado o namoro nesses dois meses, como seria possível que o filho fosse dele?

Senti meu estômago embrulhar e não trocamos uma única palavra até que entramos no carro... ele parecia irritado, mas quando tentei justificar, recebi uma tapa no rosto.

— Kagami-kun... Como pôde?! — Kuroko desfazia aos poucos a sua máscara impassível, dando lugar à mágoa enquanto batia no volante do carro com as mãos.

— Kuroko... foi mal...

Sussurrei com a mão na face, sem coragem de dizer a verdade no momento. Na época em que aconteceu, eu estava crente por meus sentimentos acerca de Aomine, mas isso traduziu-se em apenas uma paixão... Tinha certeza que era de Kuroko que eu gostava!

— Quem é o pai dessa criança? — Tentou se acalmar, mas estava difícil de acreditar; principalmente porque nós sempre mantivemos uma relação de cumplicidade e aparentemente não mantínhamos segredos... aparentemente.

— Kuroko... você tinha acabado comigo quando aconteceu...!

Estava trêmulo, e não acreditava que tinha acontecido isso com Aomine...!

— Hey, Kuroko... mesmo que o filho seja do Aomine, eu estive com você todo esse tempo... ele estava bêbado... Eu pensava que o amava, então deixei que ele fizesse sexo comigo, mas eu só penso em você agora, idiota!

— A gente tinha reatado, Kagami-kun estúpido...

Sabia que estava pedindo praticamente em tom de súplica, mas eu já tinha feito tanta merda com o Kuroko que provavelmente ele não me perdoaria dessa vez... Ele nem sequer se deu o trabalho de falar mais alguma coisa, e apenas deu a partida no carro.

— Eu posso...

Respirei fundo, achando essa opção totalmente injusta para uma criança que já estava tão crescida... Quatro meses, ainda mais quando tinha ganhado algumas roupinhas...

“Não, eu não posso tirar o bebê...”

Eu era um bosta, um idiota... sem contar que me aproveitei de um cara bêbado! Mordi o lábio inferior ao ponto de sangrar quando ele falou aquilo... queria reclamar com ele que estava sendo incompreensivo, mas ele tava certo...

— Você vai acabar comigo? Kuroko?

Tinha em mãos o resultado do exame, apertando-o pelo nervosismo... seria um menino e, por mais que tivesse quase perguntado aquilo, sentia as lágrimas nos olhos porque não queria fazer — e pelo jeito Kuroko não permitiria por gostar de crianças... ao menos espero.

— Não ouse cogitar isso, por favor... é apenas uma criança que não tem culpa pela sua idiotice... Eu já não sei de mais nada, Kagami- kun... — Falou frustrado por aquele relacionamento que nunca ia bem... e quando estávamos, sempre acontecia algo para atrapalhar...

Ele secou o rosto com as pontas dos dedos e parou na residência onde morávamos juntos. Então ele destravou as portas e saímos pela garagem... O clima era tenso, mas eu queria resolver isso logo de uma vez.

— Eu preciso ficar um pouco sozinho, tudo bem? — Kuroko falou enquanto se dirigia ao quarto que dividíamos.

Eu conheço aquele cara o bastante pra saber que ele tá frustrado comigo... Parabéns, bakagami... você conseguiu estragar tudo outra vez! Dei um sorriso nervoso enquanto tirava o cinto e abria a porta do carro para acompanhá-lo.

— Tá certo... Oe, Kuroko... se quiser eu posso fazer uma sopa e quando acordar pode comer alguma coisa.

Não era muito bom com as palavras quando tinha de agradar alguém, sempre causando um mal entendido ou apenas confundindo as pessoas... Mas tenho certeza que deixei claro dessa vez... Eu não quero que ele fique chateado comigo.

— Tudo bem.

Ele provavelmente estava tão cansado, que seu caminhar parecia limitado, andando a passos duros enquanto pensava em retirar as roupas que usava e cair em um profundo sono... Não duvido nada que seja isso... mais uma vez. Eu queria que aquilo tudo fosse mentira e que o médico estivesse errado sobre os meses de gravidez... Então ele fechou a porta do quarto, me deixando sozinho na sala de nossa casa.

Ainda tinha comigo os exames e queria pra caramba olhá-los melhor... Aproveitaria enquanto ele estivesse descansando... eu deveria voltar pra minha casa? Ou também posso pedir ao Tatsuya pra me acompanhar enquanto o Kuroko tem o tempo dele... Ainda é cedo pra decidir alguma coisa, mas eu não queria que ele pensasse isso de mim.

— Kuroko... não diz ao Aomine, ok?

Falei ao pé da porta, encostando a testa nesta. Era tudo o que eu pediria; e do quarto pensei ter ouvido um soluço vindo de dentro... Então me senti uma pessoa terrível... Kuroko tinha sido um pai atencioso até o momento e apesar do que vou dizer agora parecer ser algo estúpido, eu me sentia feliz quando ele falava com a minha barriga ou brincava com o bebê... Provavelmente se ele fizesse isso em outra época eu o teria batido na cabeça ou o chamado de idiota, mas nesses últimos meses eu simplesmente deixei que ele fizesse aquilo e me diverti também.

Senti o bebê se agitar novamente e suspirei, fazendo um carinho na barriga como a tranquilizá-lo.

— Calma ai, agitadinho... papai precisa pensar.

Olhava os papeis e o ultrassom com um sorriso bobo no rosto. Era um menino... mas esperava que fosse mais parecido comigo, afinal eu sou muito mais bonito. Ri enquanto vinham mil pensamentos em minha cabeça, mas a maioria deles pareciam tristes... Aomine estava noivo e se Kuroko não assumiria, eu estaria sozinho.

Apesar da frieza, eu sei que Kuroko me amou desde sempre... Mas pelo visto, o destino gostava de brincar com o nosso relacionamento e há tempos que não estamos passando bem nisso. Talvez ele engoliria o orgulho e aceitaria essa criança como sua... Sinto que ele se afeiçoou a ela tão intensamente que doía em pensar que era de outro e não sua. Nem sequer soube que ele acabaria dormindo pensando em tantos problemas de nós dois.

Mas não poderia ficar parado ali pensando naquilo e o tinha prometido comida... Então fui até a cozinha... Tinha feito uma sopa de legumes pra ele e sorri, sabendo que ele adorava quando eu cozinhava e ia chamá-lo na cama ou simplesmente levava o alimento até lá, mas então não sabia se deveria fazer isso agora.

Ah, dane-se! Decidi ir e hesitei um pouco ao abrir a porta... Ele estava dormindo com uma expressão tão chateada que me senti um idiota ainda maior. Fechei a porta para deixá-lo um pouco mais ali, voltando para a cozinha e deixando o prato feito sobre a mesa. Sentia os olhos pesarem e fui até o quarto que tínhamos decorado pra o bebê... Tínhamos deixado tudo amarelo no caso de ser menina ou menino quando fomos às compras na semana passada, mas se eu soubesse que seria um menino, teria comprado tudo azul... E apenas uma semana depois eu soube.

Ele sempre esteve mais empolgado do que eu quando o assunto eram crianças... Kuroko, seu maldito... Ri sentindo as lágrimas nos olhos novamente e me pergunto quase sempre porque pequenas coisas parecem tão grandes quando se está com um bebê na barriga. Ele era sempre tão agitado... seria um menino brincalhão ou talvez briguento. Isso eu só vou saber quando tiver cuidando desse pestinha... Mas era certo dar esse trabalho a Kuroko? Minha família sempre teve muito dinheiro e aqui é a casa dele... eu acho melhor dar um tempo e deixá-lo sozinho... Segurava uma roupinha que tínhamos comprado juntos na mão e a pus dobrada dentro do berço. Depois eu vestiria o nosso filho com ela e talvez Kuroko não esteja mais irritado até lá. Não sabia se essa era a decisão certa a se tomar, mas deixei um bilhete próximo ao prato de sopa enquanto sai levando apenas algumas roupas... compraria o resto aonde quer que eu fosse.

Kuroko... eu fui um idiota errando com você, então eu vou pagar por esse erro sozinho por enquanto... Mas não é como se eu não amasse você, idiota... Eu e o bebê voltamos em breve pra você, então é bom se preparar.

Kagami Taiga

~o~

Kuroko despertava aos poucos, piscando os olhos — como a se acostumar com a visão — e se levantou um tanto confuso por causa do silêncio no apartamento, já que Kagami costumava assistir filmes ou jogos quando estava em casa... Saiu do quarto chamando pelo ruivo e o que o intrigou de fato foi a falta de respostas.

— Kagami-kun? — Foi até a sala sentindo o seu corpo suar frio. — Amor?

Depois foi procurá-lo na cozinha, vendo ao lado da sopa fria o bilhete que o outro lhe tinha deixado. Colocou a mão na boca totalmente incrédulo... Por que não pensou antes? Kagami sempre foi uma pessoa que não suporta dependência ou que gosta de causar infortúnios... Mas nesse caso, Kuroko também tinha de decidir!

— Kagami-kun, seu grande idiota! Eu não ia deixá-lo!

"Esse filho é mais meu do que de Aomine... como pôde?"

Imprecou nervoso enquanto pegava o celular, sentando-se e discando o número do namorado. Estava tão preocupado e, por mais que quisesse falar com o ruivo, tudo o que tinha era a mensagem da caixa postal avisando da impossibilidade de contato.

~o~

Havia deixado o celular no quartinho do bebê, mas os contatos e o chip ficaram comigo quando deixei a casa dele naquele dia. Poderia me lamentar depois pelas fotos dos bons momentos que deixei no meu telefone, mas em breve poderíamos tirar novas... muito mais felizes, porque teríamos um filho nelas.

Sorri e olhei para trás com lágrimas nos olhos e não sabia ainda se aquilo era o certo a se fazer, mas estava feito. Dei adeus apenas por um tempo, mas me importava o bastante com ele para não o deixar preocupado, pois enviava-o cartas várias vezes por mês, assegurando que eu e o bebê estávamos bem... Os endereços que eu usava para mandar as correspondências sempre foram diferentes e aleatórios porque não queria que ele me respondesse... Mas a verdade era que eu tinha medo de não receber nenhuma resposta caso pusesse meu endereço verdadeiro...

Os meses seguintes foram solitários, mas tudo parecia estar perto de chegar ao fim e eu poderia finalmente sorrir quando visse de qual cor os olhinhos dele seriam quando nascesse. Entendia de certa forma a ligação que as mães tinham com os filhos e acho que se já sou assim antes, serei um verdadeiro pai cegonha depois. Ou eu seria a mãe? Haha...

— Calma... já estamos chegando... Ung...

Com a mão na barriga, caminhava lentamente até a cama, sentindo aquela dor infernal nas costas. Às vezes tinha dificuldades para passar muito tempo de pé, mas sempre fui teimoso o bastante pra me convencer de que não era nada demais... Meus pais não me apoiaram como imaginei e na verdade nem sequer sabiam que eu tinha algo com um cara, tampouco um bebê; então tive de gastar as economias que tinha do meu antigo trabalho de bombeiro... Estava cuidando de crianças pra ajudar nas despesas e apesar de ser cansativo, estava conseguindo gostar apesar de não ter me dado muito bem com elas no começo... eram como cachorros e por vezes me davam medo...

Então lembrei de Nigou... Deve ser a única companhia de Kuroko agora e era sempre nesses momentos que eu me arrependia de ter ido embora... Mas agora estávamos no último mês... Falta tão pouco...

[Está chegando... só alguns dias, só alguns...]

Sorri quando enviei aquela mensagem de texto, mas estava internado há duas semanas por complicações... e dessa vez deixara a ele um endereço: o do hospital.

~O~

As dores começaram por volta da tarde, mas o parto não foi natural e, na verdade, uma cesariana era a única solução naquele caso. A anestesia foi aplicada, mas pouco depois do início da cirurgia, Kagami já não respondia totalmente... Ele parecia esperar algo e, quando o viu, sorriu... seus olhos se fecharam e o som da máquina apenas avisava... ele não tinha resistido.

“— Ele nasceu prematuro... pelo visto o pai prestou informações incorretas...” — O médico disse... Sete meses e não nove como pensou.

"São olhos azuis e redondos como os do Kuroko..." — Seu último pensamento o fez partir com um sorriso no rosto.


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Notas finais do capítulo

Bem, sobre os meses de gravidez de Kagami, lembrem-se que isso é uma Mpreg. O erro médico entre os meses foi porque o bebê se desenvolve de formas diferente na gestação masculina e com o Kagami foi mais rápido.

Ok, podem jogar pedras... Nós somos loucas, mas amamos loucuras (e escrevemos o que gostamos PSOAPOPSA). Se quiserem, podem deixar o que quiser na fic ;u;