Aurora acordou sentindo a cabeça e o corpo pesados, demorou um pouco para sua visão focalizar e enxergar onde se encontrava. Um lugar escuro, sujo, úmido, cheio de correntes pendurados no teto e uma mesa comprida de madeira mais a frente com facas e seringas. Havia uma escadaria ao lado que Aurora não fazia ideia de onde poderia dar.

  Ao tentar se levantar, percebeu o quanto estava fraca, se perguntou quanto tempo ficou desacordada e tentava relembrar os acontecimentos das últimas horas... mas parecia que tudo eram borrões. Seus pulsos e tornozelos estavam presos a correntes grossas, o que tornava difícil efetuar os movimentos.

  Até que um barulho de passos foi ouvido por ela e ao sentir o cosmo violento e vingativo, Aurora já soube de quem estava vindo lhe fazer uma visita.

(Ares se aproximando)— Olha só, fico feliz que meu anjo tenha acordado e pelo visto está bem.

(Aurora nervosa)— O que fez comigo? Onde estão? E os outros... Atena?

(Ares calmamente)— Sshhh... Minha cara teremos todo o tempo para responder as suas perguntas. Bem, eu apenas desfiz o que você mesma fez a si mesma. Fiz você ser quem realmente é Aurora, essa pessoa atormentada e sanguinária que voltou do inferno... estavam te iludindo fazendo você ser algo que não é.

  Ares se dirige até a mesa de madeira e enche quatro seringas com um líquido escuro.

(Ares) - Você está na minha fortaleza minha cara. Sinta-se a vontade ... minha casa é a sua casa. E com relação aos seus queridos amigos, não vamos nos preocupar com eles agora. Não arranquei um fio de cabelo se quer deles a nossa missão aqui é você.

(Aurora entre os dentes)— O que quer de mim?

(Ares)— Muito simples... eu quero você. Eu e você embarcaremos em uma jornada sem volta, onde quando chegarmos ao destino final você terá se livrado de tudo aquilo que te prende a Atena, será uma nova pessoa e poderemos começar uma nova era juntos Nike. Você como minha aliada principal.

(Aurora)— Só pode ter enlouquecido, nada nesse mundo me fará aliar-me a você Ares.

(Ares rindo)— Eu desenvolvi alguns brinquedinhos enquanto esse inverno não chegou, o que acha disso?

  Ares injeta o liquido da seringa no braço de Aurora e esta instantaneamente sente uma ardência insuportável que faz até parecer que seu sangue está borbulhando.

(Aurora gritando a plenos pulmões)— AAAARRRRGHHH!!!

  As veias do braço de Aurora saltam, seu coração acelera, suor brota em sua testa.

(Ares puxando as correntes que prendem Aurora)— Temos que nos livrar de tudo que te enfraquece Aurora, o seu sangue, sua compaixão, seu amor, tudo...

  Ele prende as correntes ao teto, deixando Aurora suspensa pelos braços.

(Ares segurando um punhal)— Aprenderá a odiar Aurora, a sentir raiva... A ser uma deusa superior e não uma serva de Atena.

  Ele pressiona o punhal na clavícula de Aurora e começa a abrir um corte se deliciando com o barulho da pele da deusa se abrindo e de ver o seu sangue escorrendo sobre suas mãos.

(Ares) - Será uma maravilhosa jornada.

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  Enquanto isso no Santuário....

  Shura caminhava pelo vilarejo, agora vazio, organizando seus pensamentos.

(Shura pensando)— Aurora sabia que algo ruim iria lhe acontecer, tanto que ela me confiou algo muito importante. Não só ela sabia que algo ocorreria a ela, como também sabe que algo maior vem pela frente. Não se preocupe Aurora, eu fiz exatamente o que me pediu... Mas eu imploro que seja forte, sinto seu cosmo enfraquecendo a cada instante... por favor resista!

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Palácio de Ares

  Aurora se encontrava acorrentada ao teto, como Ares havia deixando-a, a pelo menos 3 horas. Já não sentia mais seus braços e tinha perdido tanto sangue que apagões de consciência eram normais. Ate que a porta da masmorra se abre e passos de alguém descendo as escadarias são escutados pela deusa.

(Morte se aproximando com uma bandeja) — Como está se sentindo?

(Aurora com a voz fraca)— Acho que poderia estar pior... Tem noticia do Santuário?

(Morte colocando a bandeja na mesa)— Estão todos bem, Ares não os atacou... queria apenas você. Nesse momento eles estão pensando em um modo de resgata-la.

(Aurora)— Eles não podem vir, se vierem Ares mataria a todos. Estariam fazendo um favor a ele.

(Morte)— Por isso que você precisa resistir Aurora, eles usam como base o seu cosmo para saber se está bem ou não e já sentem que está enfraquecendo.

(Aurora ofegante) 0- Eu não sei o que está acontecendo comigo, sinto que não estou me recuperando tão rápido como de costume... é como se eu tivesse me distanciando do meu corpo.

  Morte tenta disfarçar o seu olhar de preocupação, mas Aurora o percebe.

(Aurora)— Não sairei daqui viva não é?

(Morte)— Beba um pouco de água.

  Com dificuldade Aurora vai bebendo a água.

(Morte)— Aurora, se eu soubesse que ele faria isso com você eu jamais....

(Aurora calmamente) - O que ele está fazendo comigo?

(Morte tocando nos braços de Aurora)— Esse líquido que ele está injetando em você, é uma poção. Resultante de um feitiço antigo e terrível, ele faz com que o seu sangue vá desaparecendo. Dando espaço para que um outro sangue se origine. Na composição dessa poção há um pouco do sangue de Ares.

(Aurora compreendendo) - Então ele quer me converter...

(Morte limpando alguns ferimentos de Aurora)— Eu sinto muito Aurora, se eu pudesse fazer algo...

(Aurora)— Você pode.

(Morte curiosa)— O que?

(Aurora)— Aconteça o que acontecer, não deixe que Ares tenha contato com o meu sangue. Ele não pode ingerir ou qualquer coisa do tipo e você sabe o motivo.

(Morte compreendendo)— Perfeitamente.

  Morte volta a mesa e pega uma seringa.

(Morte com lágrimas nos olhos)— Perdoe-me minha deusa, mas tenho ordens a cumprir. Por favor resista...

  E ao injetar o líquido em Aurora o grito da deusa ecoou pela masmorra.