Adolescência, a mais confusa, mais estranha e com certeza a melhor fase de nossas vidas, pelo menos da minha é.  Eu, eu e eu.... Essa história não se resume a mim, na verdade nem minha vida se resume a mim, mas não pude deixar essa oportunidade de falar quem eu sou.  Bem, sou 75% nerd “meio que às escondidas” porque tem muita gente que não só pensa como jura de pé junto que sou uma patricinha, filhinha de papai, mimada, entre outras coisas do gênero.  Tenho que admitir que talvez minha aparência ajude muito isso, não sou o que se pode chamar de estereótipo de uma nerd, sem contar que tem muita garota que me odeia por N motivos, talvez por minhas notas serem maiores que as delas ou por ser a menina mais bonita da escola segundo uma lista que os meninos do terceiro ano fizeram. Só para deixar claro, acho patética essa lista, mas admito que no fundo do fundo gostei de ter ganhado alguma coisa nessa vida, mesmo que seja o primeiro lugar numa lista idiota feita por meninos machistas e egocêntricos.

 Os 25% que faltam de minha composição gostam de agradar os outros. Por tentar tanto agradar os outros já fiz muita coisa que eu mesma não gostava ou que eu levava a pior, mas tudo bem, a maioria das vezes eu me orgulho de ter vivido meus mimos desnecessários. Ah, aliás.... Falei tanto de mim que acabei esquecendo-me de falar quem sou, mil perdões.

Prazer, meu nome é Lily, sou estudante do segundo ano do ensino médio, tenho 17 anos. Meu aniversário foi semana passada, só para constar caso alguém queira me dar um presente ou algo do tipo, não é obrigatório... Mas seria legal.

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O despertador toca e do outro lado do quarto dormia uma garota sobre a escrivaninha, a luminária em cima da mesa brilhava, debaixo da face da garota estava um livro; ela certamente dormiu enquanto lia na noite passada. Em menos de dois segundos a garota levantou-se e foi desligar o despertador, mas seu cansaço a fez jogar-se em cima de suas cobertas ainda arrumadas da noite passada. Lutando contra o sono, quase em seguida ela passou a mão sobre seu criado mudo, pegou seu celular e levantou-se assustada logo depois.

— Atrasada, muito atrasada! Ai meu Deus!

Uma pessoa quando está atrasada é capaz de adquirir poderes que seriam impossíveis caso estivesse tudo normal. Como a habilidade de escovar os dentes em dois segundos, escolher uma roupa e se arrumar misteriosamente com perfeição (52% das vezes), pegar o alimento e comer sem deglutir e a maior das habilidades seria uma pessoa que nem corre direito ser capaz de voar.

— Tchau mãe! —Disse Lily passando com sua mochila presa por apenas uma das alças em suas costas, metade de um pão em sua boca, uma mão segurava a outra metade do pão e a que lhe restava abria a porta.

— Ei espera! Lily volta aqui!

—Tenho prova no primeiro horário, não posso ficar... Te amo, tchau mãe!

— Mas você nem tomou o café... Ah esquece!  —Lily já estava na esquina.

Corri quatro quadras até chegar à escola, não é muito longe se for pensar, mas eu corria o risco de chegar atrasada na aula da senhora Mothy, e seria um pesadelo para mim se eu perdesse a prova também.

— Ei... vai com calma amor, se não vai acabar caindo.

Droga estava tão distraída que acabei esbarrando em alguém, por sorte não era “alguém”, era um loiro lindo, alto, olhos verdes... Clark Bernstein, meu namorado.

— Por que você está tão apressada?

— Prova da Mothy... Primeiro horário... Ai, eu preciso de água —Lily abanava-se com a própria mão.

— Ok, mas a aula só começa em meia hora—Ele olha em seu relógio de pulso — Corrigindo, 21 minutos.

— O que?! Tem certeza? —Disse Lily puxando o braço do namorado — Não acredito, meu relógio deve ter atrasado de novo.

— É, deve ser isso— Disse Clark me jogando uma garrafa d’água enquanto iamos para o refeitório — Então você tem prova com a Mothy?

— Sim, odeio aquela mulher.

— O que?! Repete, você odeia um professor? Você não é a queridinha deles?

— Não dessa.... Dessa.... Dessa. Ah esquece, não vou xingar a mulher, nem isso ela merece.

— Agora parece mais você— Clarck caiu na risada.

— Aquela mulher implicou comigo, não faço ideia porque, simplesmente sei que ela me odeia.

— E você pra completar a odeia também—Disse Clarck.

— Não, só estou sendo reciproca.

O Sinal tocou e estávamos nos levantando.

— Boa sorte, já que essa você não conseguiu bajular... “Que a força esteja com você! ”— Disse ele fazendo sinal de continência.

— Obrigada fofo.... Não faz muito sentido a continência, mas espera! Eu não bajulo os profes.. —Ele me puxou e beijou‐me antes que pudesse terminar a frase.

— Te vejo no almoço coração— Disse Clark olhando bem no fundo dos meus olhos.

As horas passaram rápido, acho que fechei a prova. Quando me dei conta já era hora do almoço, eu estava saindo da sala toda contente quando de repente alguém esbarra em mim e eu deixo cair meus livros, não seria nada demais se eu não conhecesse muito bem a pessoa que fez isso.

 *cof* *cof* Vaca! *cof* *cof* Perdão, minha garganta coçou um pouquinho aqui.

— Oh, me perdoe, não te vi Walker— Disse Amanda Kittel em tom de deboche.

*cof* *cof* Piranha! *cof* *cof* Desculpa gente, não sei o que tá acontecendo com minha garganta.

— Que isso Kittel, eu que sou desastrada— Respondi pegando em menos de dois segundos meus livros.

Ela saiu sorrindo com o sorriso mais falso de sua coleção. “Não te vi”...Sei...Quem sabe da próxima vez eu não te jogo de uma escada sem te ver também garota. Amanda Kittel é nada mais nada menos que a menina que ficou em segundo lugar na lista que os meninos fizeram, ela não é só um estereótipo de patricinha, ela faz jus ao título. Ela é extremante metida, se acha a tal, só porque é rica acha que manda na escola, mas não tem poder algum em suas mãos. Ela pode até ter um rostinho bonito, mas tem um coração feio e sujo de orgulho.

Acho que o real motivo por eu ter ficado feliz ao ganhar o primeiro lugar naquela lista idiota, foi que eu tirei daquela patricinha metida que se acha a última bolacha do pacote, sei que a metáfora é ridícula, mas é o melhor que consigo pensar no momento.

— Lily meu amor você demorou— Disse Clarck quando me viu.

— Nem tanto, só demorei um pouquinho.

Enquanto conversávamos, Antônio o gerente do clube de xadrez a qual eu participo passou por nós e me deu um recado. Assim que saiu, ou melhor, ele mal saiu e Clarck falou em tom de deboche:

— Não sei por que esses nerds te incomodam tanto.

— Não fale assim dele, só veio dizer que haverá reunião esse sábado.

— Não sei como você consegue estar em dois clubes ao mesmo tempo, para mim isso é impossível. Na verdade, para mim o basquete está de bom tamanho e já é muito.

— “Para mim também é impossível”—Disse eu o imitando—Natação às terças, quintas e sextas e xadrez às segundas e quartas. Não faço tudo ao mesmo tempo.

Clarck pegou sua mão, jogou sobre sou próprio rosto fingindo que havia levado um tapa daqueles e logo depois girou no mesmo lugar. Eu não resisti e ri daquilo.

—Bobo!

— O que?! Você não viu o coice do tamanho do mundo que levei?

— Desculpe, não foi minha intenção.