Na aula, surpreendentemente não fiquei olhando pro Felipe, estava pensando naquela proposta de ir na escola de jazz. No intervalo estava dispersa quanto á conversa dos meus amigos, ficava relembrando aquela dança aquele ritmo, tentava me controlar antes que fizesse alguns movimentos involuntários. Na hora da saída não pensei duas vezes fui a pé, na esperança de achar o clube de jazz, para minha sorte o grupo de amigos com quem conversei noite passada estava passando por lá e me gritaram:

Rapaz -Ei, não é aquela gatinha que sentou com agente noite passada? O que faz por aqui?

Eu –Estou procurando a escola de jazz, pode me dar o endereço específico?

Rapaz –Por que não vem com agente? Estamos indo para lá.

Segui em frente com o grupo de amigos, até chegar em uma espécie de salão, fiquei com um pé atrás na hora de entrar, porque não conseguia ouvir nada, nenhuma música, mas enfim, entrei, na hora em que abri a porta, ouvi a professora dando a ordem para começar a dança, ela apertou um botão de uma caixa de música, e veio aquele ritmo de jazz, ela se aproximou, do grupo com um olhar de felicidade:

Professora –Ainda bem que você veio hoje Eduardo.

Se referindo a um rapaz dentre o grupo de amigos.

Eduardo –Ai que isso professora, eu nunca falto.

Professora –Hum, nunca né?

Eduardo –Só daquela vez...

Os dois –(Risos)

Professora –Bom enfim, deixemos de conversa afiada, estão fazendo um concurso, várias escolas de jazz estão participando, é o seguinte, as escolas vão fazer uma encenação do filme/musical CHICAGO, a escola que fizer a melhor performance vai ter um tour financiado por uma companhia de dança e teatro, para a Europa, e como você é o nosso melhor dançarino... Eu queria que você pegasse um dos papeis principais...

Eduardo –Nossa professora, eu adoro esse musical, seria ótimo, e uma grande oportunidade para mim.

A professora entusiasmada, olhava ao seu redor, para os companheiros de Eduardo, foi quando olhou para mim, fez uma cara séria, confesso que fiquei um pouco amedrontada, achei que ela ia me expulsar dali:

Professora –Você? ... Quem é você?!

Eu –E-e sou...

Um dos rapazes do grupo de amigos se manifestou:

Rapaz –Ela, bem, ela é uma amiga que levamos aqui para ela conhecer a companhia de jazz...

Professora –Está interessada no jazz?

Eu –S-sim, vim para ver como funcio...

Mais uma vez cortada:

Professora –Já fez alguma dança?

Eu –N-não...

Professora –É uma pena, você parece perfeita para o papel de Velma Kelly 1

Eduardo –Qual é o dia das apresentações? Dependendo ela pode treinar duro.

Professora –Hum... Não é tão simples querido, esse musical é consagrado, a menos que ela tenha um talento nato, trabalhe duro, e tenha disposição.

Eu –Eu posso tentar.

Todos olharam para mim, alguns animados, outros com o pé atrás, mas eu realmente queria tentar, nunca fiz nada na vida, e era uma apresentação no qual encenaríamos CHICAGO, eu tinha gostado das músicas, dos figurinos, das danças, e sempre admirei o trabalho de artistas, e se eu tivesse talento para isso? Seria uma grande oportunidade, não só profissional, mas pessoal, me sentiria orgulhosa de mim mesma, fazer algo que partiu de mim, e não algo que meus pais me obrigaram a fazer, e quem sabe descobrir minha vocação, que poderia muito bem ser essa.

Eu assistia ao treino sentada no relevo do palco, a professora chegou perto de mim e falou que eu tenho uma boa postura, sentava com as costas retas, e a cabeça erguida, pediu para eu me levantar, fazer alongamentos, uma das primeiras coisas que eu tinha que fazer era treinar a flexibilidade, o equilíbrio, a leveza/delicadeza era menos preocupante já que eu já tinha um certo controle sobre isso, pediu para eu treinar em casa, sempre fazer os alongamentos antes de qualquer coisa, para não distender nenhum músculo, pois eu precisava aprender a fazer espacate2

Fiquei tão animada com o que a professora havia dito, que eu era perfeita para um dos papeis principais, que quando cheguei em casa, e entrei no meu quarto, a primeira coisa que eu fiz foi me alongar colocar uma música de jazz no computador, e treinar alguns passos que vi no filme, e no treino da escola de jazz, e sinto que vem algo grande por ai, e que se eu quisesse me dar bem tinha que trabalhar duro.