A Boneca de Emily escrita por Obake Suripu, Tia Luka Kane


Capítulo 4
Ausência


Notas iniciais do capítulo

Oi Oi Oi smiles da tiiia! ^^'
Tudo bem com vocês? Cheguei com mais um cap! Saudades?

Obrigada a Swann por comentar! ♥

Boa leitura, smiles!



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— Anda Emily!

Tento freneticamente colocar minha bota. Quando consigo, desço as escadas correndo.

— Emily, anda logo.

— Calma mãe, estou indo.

Saio pela porta apressada e entro no carro.

— Cheguei — digo sorrindo.

Mamãe liga o carro e se prepara para sair da garagem. Então avisto Dolleye na frente do carro, e mamãe pronta para atropela-la.

— Mãe, desvia! — grito desesperada e mamãe, na tentativa de desviar, acaba batendo na caixa de correios.

— Emily, o que foi isso?

— A Dolleye! Você ia atropela-la!

— Emily, não tinha ninguém ali.

— Eu juro que... — paro no meio da frase ao olhar onde Dolleye estava. Ela sumiu.

Esfrego os olhos e olho novamente. Nada.

— Acho que só imaginei — digo por fim.

Mamãe suspira.

— Vamos — e liga o carro novamente.

~~*~~

Não demoramos muito a chegar à loja de materiais escolares. Estou muito animada, pois escolher essas coisas novinhas é a melhor parte.

Olho em volta e mamãe me deixa na área dos cadernos enquanto procura o resto dos materiais necessários.

Procuro por um caderno bonito, pois não sou muito ligada em cadernos de personagens. Acho um a meu gosto: vermelho, com um gato preto na frente. Levo para mamãe e coloco na cesta. Começo a ajuda-la com o resto dos materiais.

Não demoramos muito para escolher todo o material, então eu poderia começar na escola nova com um material novinho e bonito!

~~*~~

— Animada para a escola nova? — diz mamãe entrando em casa.

— Um pouco — respondo.

— Não se esqueça: amanhã terá que terminar seu quarto.

— Mas mãe, é meu último dia de folga sem ir para a escola!

— Sem mas. Quero seu quarto arrumadinho até amanhã, estamos entendidas?

— Tá — digo emburrada subindo as escadas.

Entro no quarto, e a boneca está em cima da cama, imóvel.

— Dolleye, nunca mais me assuste daquele jeito! — digo para a boneca. Ela nem se move.

Talvez eu seja uma burra mesmo em acreditar que Dolleye seja de fato a boneca. Mas falar com a boneca como se fosse Dolleye me reconforta, como se ela estivesse ali. Sei que não é a mesma coisa, mas finjo ser, torna mais fácil suportar sua ausência.

Não faz nem uma semana que conheci Dolleye, mas ela, apesar de ser tão diferente, parece-me familiar. Como se já a conhecesse há muito tempo. Isso torna sua presença agradável, e não me sinto desconfortável com ela nem mesmo quando esta me repreende. Pelo contrário, sinto-me feliz, como se o fato de ela me repreender fosse uma forma de demonstrar que se preocupa comigo.

Por isso, quando vi que mamãe poderia atropela-la, senti que iria perder uma pessoa muito importante para mim.

Sento-me na cama, desanimada. Tudo fica tão chato sem Dolleye aqui.

Pego a boneca e abraço. Penso um pouco nos acontecimentos, e percebo que não vejo Dolleye desde que adormeci no jardim no dia anterior. Onde ela estaria? Será que fiz algo que a deixou brava?

Olho pela janela e vejo que o sol já está se pondo. Mamãe jamais me deixaria sair nesse horário. Mas vale a pena arriscar, pela Dolleye...

Pego a boneca, e com o maior cuidado do mundo, abro a porta e desço as escadas em silêncio. O piso de madeira parece ranger mais agora que quero fazer silêncio. Tento ser o mais cautelosa possível. Abro a porta lentamente, sem fazer um barulho sequer, e fujo para o jardim. Entro pelo portal das flores, e tudo parece quieto demais. Nenhuma flor cantando ou falando, o que é estranho.

Agacho-me diante de um cravo e tento ouvi-lo, mas tudo o que ouço é o uivo do vento.

Pigarreio.

— Olá, senhor Cravo — cumprimento sussurrando. Ele nada diz. Tento falar mais alto desse vez: — Olá, senhor Cravo!

Ele se mexe e abre minúsculos olhinhos.

— Ei! Não me acorde assim, humana! — ele protesta.

— Sinto muito — tento me desculpar — Você viu Dolleye por aí?

— Dolleye? Que tipo de planta é? — ele pergunta confuso.

— Não é planta, é pessoa. Ela tem um vestido rosa muito lindo, e somente um olho.

— Dolleye... Dolleye... — reflete o cravo. — Ah, sim, a Boneca de Olho de Cristal.

— Ela não tem olho de cristal, senhor Cravo. Na verdade, lhe falta um.

— Claro que falta. Enfim, eu não a vi. Deve estar conversando com o Tempo. Sabe, ouvi algumas margaridas cochicharem que ele acelerou agora. E que finalmente veio atrás da tal Boneca.

— Tenho certeza que Dolleye não é essa tal Boneca de Olho de Cristal. Ela não é louca de falar com o Tempo.

— É verdade, considerando o que aconteceu da última vez.

— Não foi o que eu quis dizer. Quer dizer, quem fala com o tempo?

— Ora, mas qual o problema em conversar com ele de vez em quando? Se não fosse isso, se sentiria sozinho.

— Mas o tempo não é algo palpável.

— E tem que ser?

— Bem, se não for, o chamam de louco.

— E estão certos?

— Bem... Eu não sei...

— Escute humana. Só porque alguém diz que é louca não quer dizer que seja. Isso só você pode dizer. Apenas você pode decidir o que é certo ou errado. Não os outros, entendeu? Só porque não se pode ver ou tocar, não quer dizer que não existe. Nenhuma existência é provada assim.

Suspiro, pensando que talvez dar trela pra conversa desse Cravo seja loucura demais.

— Bem, de qualquer forma, ainda não sei onde Dolleye está.

— Devia tentar amanhã. Veja, o sol já se pôs quase por completo. Significa que já é quase hora do jantar.

Olho para cima e percebo que ele tem razão. Mamãe já deve estar a minha procura a essa hora. O que significa que estou encrencada.

— Droga! Preciso ir. Até mais, senhor Cravo! — digo já correndo para casa.

Entro silenciosamente pela porta dos fundos, e posso ouvir mamãe ao telefone. Paro antes de subir as escadas para ouvir.

— Sei lá, ela me disse dessa tal amiga, mas até agora não cheguei a vê-la. Hoje ela teve um ataque no carro dizendo que eu iria atropelar essa tal Dolleye. Nome esquisito para se por em uma criança. Mas não vi Dolleye, e depois ela disse ter sido apenas imaginação — uma pausa, e ela responde: — Não sei, acho cedo demais para pensar assim. Talvez essa bendita Dolleye exista mesmo, e tenha sido apenas algo da cabeça de Emily por ter acabado de acordar — outra pausa — Eu sei, eu sei. Bem, vou desligar, tenho que chamar Emily para jantar. Beijos, também te amo. — ela coloca o telefone no gancho.

Eu apareço na sala.

— Com quem estava falando?

Ela me olha assustada.

— Ah... Era sua avó... Ela queria saber como anda as coisas e...

— E agora ela pensa que sou louca. — interrompo-a — Dolleye existe mãe, não é algo da minha cabeça.

— Eu sei filha, eu só me assustei hoje de manhã.

Cruzo os braços, irritada.

— Ei filha, não fique assim. Porque amanhã você não me apresenta Dolleye, hein? Assim ficarei feliz em conhecê-la.

— Não posso — digo firme — Dolleye é tímida e jamais aceitaria.

O que não era verdade. A verdade, é que eu estava insegura. E se mamãe não visse Dolleye? E se Dolleye fosse algo da minha imaginação? Eu jamais suportaria.

— Está bem — diz mamãe — Então vamos esperar Dolleye se sentir segura para me conhecer, certo?

Assinto aliviada.

— Venha, vamos comer. — chama mamãe indo para a cozinha.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Comentem pra tia saber!

Amo vocês, até a próxima!