Lanterna de Papel escrita por AgathaSolis


Capítulo 2
Capítulo 2 - Warren


Notas iniciais do capítulo

POV do Warren meu povo! Os próximos capítulos serão mais rápidos, prometo.

Queria agradecer os comentários MARAVILHOS que recebi! Sério pessoas, vocês são demais! Continuem comentando para ajudar a história a crescer ^^

Espero que gostem do capítulo!
Boa leitura, amores.



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Havia algo de errado ali. As ruas da cidade estavam completamente escuras, mas podia ouvir os passos apressados em minha direção. Num impulso, acendi minhas chamas. No mesmo instante, a rua inteira se iluminou, revelando uma dúzia de homens encapuzados ao meu redor. Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, outro homem surgiu por entre eles. Estava magro, mas mantinha uma pose elegante, como se a aparência ainda importasse naquele ponto. Vestia um terno risca de giz e alisava a grava vermelha enquanto me analisava.

– Você cresceu. – disse ele, sem demonstrar emoção. Eu estava estático. Aquilo não era possível.

– Pai...- eu não sabia mais o que dizer. Barão Batalha me olhava, entediado, como se não esperasse nada melhor de mim. O que, possivelmente, era verdade.

– Não faça essa cara de bobo, Warren. Espero que não seja tão imprestável como sua mãe. Quero que faça algo por mim.

Minha mente era um misto de sentimentos. Meu pai estava ali, bem na minha frente. Depois de anos sem contato, minha primeira vontade era correr para abraça-lo, como eu fazia quando era apenas um garotinho, nas visitas ao presídio de segurança máxima. Sempre impaciente, ele me afastava. Seja homem, ele dizia. E eu segurava minhas lágrimas.

Mas isso foi há muito tempo. E agora, finalmente, ele estava aqui comigo. Mas não era por mim, seu filho. Apenas por ele mesmo. A raiva explodiu dentro de mim e senti as chamas me dominarem. Barão Batalha me analisou novamente, mas dessa vez, havia um certo brilho em seu olhar.

– NUNCA FAREI NADA POR VOCÊ! – eu estava gritando. Os homens a minha volta avançaram, mas meu pai fez sinal para que me deixassem. Pela primeira vez, ele sorri, e se aproxima. Senti meus membros paralisarem. Não importa o quanto me esforçasse, não conseguia me mover.

– Eu não estava pedindo. – disse ele, colocando a mão em meu peito.

Acordo com um grito. Demoro alguns segundos para perceber que quem está gritando sou eu. Estou todo suado, com os cabelos grudados na pele e a respiração ofegante. Olho ao meu redor em busca de conforto. É apenas meu velho quarto de sempre. Procuro me acalmar. Foi um sonho, apenas mais um pesadelo, Warren. Nada demais. Mas o pensamento não me ajuda. Foi real demais. Era ele.O que ele quer de mim?

Minha porta se abre e eu levo um susto. Mas é apenas Adelaide com uma bandeja de café da manha. Ela senta ao meu lado e eu relaxo um pouco. A mulher de meia idade, com cabelos grisalhos e expressão de cansaço me abraça.

– Meu filho! O que aconteceu? Os pesadelos voltaram? – diz ela, preocupada. Adelaide é a diarista que cuida da casa quando minha mãe não está. Ela costumava cuidar de mim também, quando minha mãe estava ocupada demais em suas missões – o que acontecia sempre. Não tínhamos dinheiro para pagar uma empregada, mas desde que minha mãe salvou sua filha de um acidente de avião, Adelaide dizia que ajudar minha mãe era o mínimo que podia fazer. Desde então, ela tem estado presente. Para mim, ela era família.

– Está tudo bem, Dedé. Foi só um sonho - sorrio para ela, tentando a tranquilizar.

– Você não parece bem. Quer conversar? – ela põe as mãos na minha testa, analisa a temperatura.

– Não, é sério, estou bem. Foi só o susto. – digo, afastando suas mãos. Mesmo sendo ela, não gostava de contato físico. A menos que seja quebrar a cara de alguém.

– Então imagino que não teria motivo para faltar aula... – diz ela, olhando para o relógio ao lado da cama. Sigo o seu olhar. Estou atrasado. Muito atrasado. Droga!

Corro sem parar pelas ruas. Estou virando a esquina quando vejo o ônibus chegando ao ponto. Faltam algumas quadras, mas o ônibus já está saindo. De repente, a raiva me consome. Vou fazer com que me esperem. Sinto o calor se expandir e eu estou em chamas. O poder emana de minhas veias e minha visão se torna turva. Sem pensar a respeito, atiro em direção à traseira do ônibus esperando a explosão acontecer. Sorrio com o prazer da cena.

Mas não é o que acontece. Uma gigantesca barreira de folhas amarelas protege o veículo do impacto. Como se tivesse sido atingido por balde de água fria, meu fogo se apaga. A fúria é substituída por confusão e irritação. Antes que eu consiga entender, as folhas se foram e uma garota está gritando comigo. Minha irritação aumenta. É a tal amiga do Stroghold, que era contra a seleção de poderes. Então esse é o poder dela? Controlar plantas? Nada muito impressionante, em minha opinião. Ela estava me olhando esbaforida, parecendo uma flor gigante com aquele vestido. Apenas dou de ombros e sigo meu caminho.

A sala de detenção não era nenhuma novidade para mim. Desde meu incidente com Stronghold, acabei me familiarizando com o lugar. Mas minha pequena colega natureba não parecia nada confortável em ficar ali. Não parava de mexer as mãos e alisar os cabelos, fitando angustiada as paredes brancas. Acho que podia entender. Aquela garota é toda colorida! Quero dizer, literalmente. Basta observar seu rosto, cabelos ruivos emolduram seu rosto claro, as bochechas levemente rosadas e para finalizar, olhos castanhos que de alguma forma conseguiam se misturar com verde ao redor da íris. Estava estudando a forma peculiar de seus lábios quando ela se vira para mim de repente.

– Perdeu alguma coisa? - diz a garota. Ela parece querer manter a compostura, mas percebo que só está tentando encobrir o nervosismo. Sinto um impulso de sorrir, mas ao invés disso fecho a cara para ela.

– Do que você está falando? – falo impaciente.

– Você! Não basta me fazer passar duas horas presa nessa sala, você ainda precisa ficar me encarando assim? Sério, eu não gosto nada disso! – tento disfarçar a surpresa.

Sinto meu rosto ficar vermelho. Droga, nem havia reparado que a observava fazia um tempo. Porque eu estava te encarando? Boa pergunta. Nem eu mesmo sei. Mas tem algo nela que me intriga. O que ela fez com aqueles arbustos realmente me pegou desprevenido. Nem havia reparado que estava ali quando resolvi atacar o ônibus. De qualquer forma, talvez fosse até bom que ela estivesse, mas não fui eu quem pediu para ela usar os poderes.

– Escute aqui, Julia, isso não é problema meu. Não te obriguei a fazer nada. Você quis usar seus poderes, agora assuma as consequências – ela é igual ao Stronghold. A raiva começa a me invadir novamente. Se a sala não anulasse os poderes, eu a faria assumir as consequências de ficar as sobrancelhas tostadas.

– Layla. – diz, irritada.

–O que?

– Meu nome é Layla, imbecíl. Agora, se você puder me deixar em paz, seria ótimo. Ou então eu vou te fazer sentir as consequências – disse Layla, voltando a encarar a porta. Mas eu ainda estou olhando para ela. Ninguém falava assim comigo.

A garota tinha metade do meu tamanho e estava realmente me enfrentando. A raiva se dissipa e deixo uma gargalhada escapar. Ela me olha com as sobrancelhas levantadas, confusa.

– Você só pode ser mesmo um louco – mas vejo um sorriso de relance em seu rosto.

– Você está certa, Samambaia. Desculpe-me por tudo isso – me sinto na obrigação de dizer isso. A garota tem personalidade, eu tinha que admitir.

– Até que enfim uma resposta educa... Espera, me chamou do que?

Mas antes que eu possa responder, as portas da detenção se abrem e o sinal toca. Layla solta um gritinho agudo e sai correndo, murmurando algo sobre Will. Assisto desanimado enquanto ela some pelo corredor, sem olhar para trás. Vejo o relógio na parede marcando o fim da tarde. Droga! Atrasado de novo. Esse dia nunca acaba?

Com um suspiro levanto e vou correndo para o trabalho.


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Notas finais do capítulo

O que acharam ?? Comentem !!!



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