Lanterna de Papel escrita por AgathaSolis


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Primeiro post! Esse capítulo é mais introdução aos personagens mesmo. Mas para frente teremos encontros mais picantes que exigem uma classificação mais elevada. Espero que gostem!



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Desde meus cinco anos eu acordo com os primeiros raios de luz do amanhecer. Consigo sentir a excitação das plantas, prontas para a fotossíntese. Em um dia comum, eu levantaria para dar oi ao sol sobre os galhos de uma figueira. Ou talvez um salgueiro. Gostava de variar as espécies. Mas hoje não era um dia comum. Mal pude dormir durante a noite apenas me revirando na cama, pensando em como eu iria dizer a Will que sou apaixonada por ele desde que me lembro. Somos melhores amigos de infância, mas se eu me sinto assim, porque não ele? Ou será que se eu disser algo ele vai se afastar? Eu estou disposta a perder meu melhor amigo?

Normalmente, eu ignoro essas perguntas. Por muito tempo tentei enganar a mim mesma e dizer para tirar isso da cabeça. Depois que entramos na Sky High, tinha certeza que isso era coisa minha. Will passava os dias com seus amigos populares, babando em cima da Gwen. Mas ontem, ele escapou dos heróis e me cercou no armário.

– Layla, sei que tenho pisado na bola com você... - começou ele.

– Tudo bem, Will. Só não esquece quem são seus amigos de verdade, ok? - Eu pretendia sair e deixar ele no gelo para repensar nas suas atitudes quando senti sua mão segurar meu braço.

–Aii! Está me machucando!

–Desculpe! Ainda não sei controlar essa força direito - disse ele, me largando.

– Eu estou bem. É só que eu pensei que você estava acima dessas coisas de herói e ajudante

– Você sabe que não ligo para essas coisas. Você é muito importante para mim.

– Will.. – Esse tipo de comentário fazia minha mente rodar. Antes que eu pudesse dizer algo, ele falou:

– Que tal ir no Lanterna de Papel?

– Você odeia o Lanterna de Papel

– Mas você adora - disse ele, sorrindo daquele jeito bobo. Não consigo segurar e sorrio também.

E era isso. Will me convidou para jantar! Ele nem mesmo gosta de comida oriental. Isso tinha que significar alguma coisa. De qualquer forma, hoje eu tomo coragem para ser sincera com ele. Vou convidar ele para o baile. E não apenas como amiga.

Mas existe mais uma coisa que me impediu de fazer isso antes.

Desde que entrou para a turma dos heróis ele tem se mantido distante dos amigos ajudantes. Ele dá desculpas, mas sei que isso é tudo culpa daquela Gwen. Aquela garota se acha a rainha do mundo só porque controla a tecnologia. Patético. Será que só eu vejo que tem algo podre por baixo daquela fachada de boazinha? Mas não importa o que eu diga, para Will ela é perfeita. Como posso competir comisso?

Demoro mais que o normal para ficar pronta. Certa vez Will me disse que eu ficava bem de vestido e aqui estou eu, no único que eu tinha. A cintura é marcada, com a saia rodada até meus joelhos. Pequenas tulipas estão distribuídas no tecido verde claro e eu fina com uma jaqueta jeans. Não me sinto eu mesma mas acho que o resultado não ficou ruim no espelho. Se eu for ao baile, tenho muito o que fazer. Ainda estou analisando minhas flores para escolher qual a melhor essência quando ouço um uivo vindo de longe. Um segundo depois minha mãe grita:

– Layla! Bolinho disse que o ônibus está quase chegando! Não vá se atrasar.

Bolinho é um boxer de um casal que vive a algumas ruas da minha casa. O dom de minha mãe com os animais também funciona muito bem se você precisa de informação do trânsito. Segundo ela, esse tipo de informação exige muita interpretação. Bolinho provavelmente disse algo como "grande carro amarelo, preciso pegar!!! ".

Desço as escadas correndo, sem parar para ouvir seu sermão sobre não tomar café. Antes de sair jogo um beijo e a deixo reclamando com Jude e Sarah, as irmãs Araras.

Faltam algumas quadras antes do ponto e vejo o ônibus virando a esquina. Droga, não vou chegar a tempo! Acelero e percebo que atrás de mim, mais alguém está correndo. Pelo menos não sou a única atrasada, será que Rom Wilson, o motorista, vai nos esperar?

Vejo os últimos alunos embarcarem e o motor solta um rugido. É, pelo jeito não.

Tento ir mais rápido, mas é inútil, ainda faltam duas quadras e as portas já estão fechando. Ouço um urro frustrado atrás de mim e um calor inesperado. Nem preciso virar para saber que meu parceiro atrasado é Warren Peace. Mas mesmo assim eu olho.

Ele está como sempre todo de preto, desde os coturnos até sua jaqueta de couro gasta. Sempre me surpreendendo com o fato de sua jaqueta não queimar. Eu até perguntaria, mas estou ocupada demais com o pânico dos seus braços em chamas estarem nos expondo. Qual é a desse garoto? Ele sabe que não devemos usar nossos poderes em público sem uma identidade secreta!

Mas Warren não parece se importar. Com um berro, as chamas aumentam de tamanho e atingem seus ombros. A visão do fogo e o vento em seus cabelos longos me lembram um deus vindo diretamente do submundo para me levar. Lindo e assustador.

O ônibus começa a se mover e assisto em câmera lenta uma bola de fogo ir direto a encontro do nosso único meio de chegar a Sky High.

Sem pensar direito, fecho meus olhos e invoco uma cerca viva ao redor do ônibus, que para imediatamente quase se chocando contra a parede de folhas amarelas de dois metros de altura.

Meus arbustos pingo de ouro estão agora em chamas, mas eu reverto seu crescimento a tempo e observo a pequena muda se carbonizar aos meus pés.

– Peace! Você é louco? Que droga você pensou que estava fazendo? – grito.

Graças a ele vou levar uma advertência por uso indevido dos meus poderes. Ótimo. Warren dá de ombros e avança calmamente até o ônibus. Vou atrás dele.

– Nós podemos ser expulsos por isso! Qual é o seu problema? – Ele me ignora, mas vejo faíscas saírem de suas mãos.

A porta do ônibus se abre e eu finalmente consigo embarcar. Todos olham para mim querendo uma explicação e me atrapalho ao pedir desculpas quando Warren esbarra em mim ao passar pela porta, seus olhos em chamas.

–De nada - eu digo. Eu evitei um problema e é assim que ele me trata?

Ele se aproxima de modo ameaçador e olha diretamente nos meus olhos. A aproximação me deixa nervosa, mas sustento seu olhar.

– Fique fora do meu caminho, ajudante.- diz Warren, se dirigindo para o seu lugar ao fundo do ônibus. Tento manter a postura, mas ainda sinto o coração acelerado. Atordoada, percebo que o motorista ainda aguarda que eu diga algo.

–Desculpe Ron, estava atrasada e só pensei em como parar o ônibus. Prometo que não irá se repetir. - Sorrio sem jeito.

– Tudo bem, Layla. Dá próxima vez dá um grito que eu seguro, não precisa nos matar de susto. Agora vá sentar que já estamos bem atrasados!

Vou até o lugar ao lado de Will e conto a ele o que houve com Warren.

– Isso é só marra, Layla. Mas pode deixar que eu te protejo. - diz ele, dando um soco leve no meu braço. Sinto meu rosto ficar vermelho e olho para ele. Está com uma camiseta básica azul e jeans largados. Aquele cabelo castanho caindo no rosto, sorrindo para mim.

–Mesmo? -Pergunto.

–Claro! Você é quase minha irmã. E eu estava mesmo querendo um motivo para quebrar a cara daquele babaca.

Meu sorriso desmonta. Por sorte, Will está muito ocupado encarando seu arqui-inimigo para me notar. Irmã. Será que eu nunca aprendo?

Sinto meus olhos arderem e também olho para Warren para que Will não me veja segurar as lágrimas. Mas ele não está encarando Will. Está olhando direto para mim.


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Notas finais do capítulo

E ai?



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