Tentadora escrita por Ina Oliveira


Capítulo 8
Recebendo uma missão


Notas iniciais do capítulo

Explicações ao final do capitulo.
Vamos a leitura!
Jesse PDV...



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Recebendo uma missão.


Como é que é? Ta legal... Isso já passou dos limites.
Uma fantasma desconcertantemente encantadora no meu quarto, que vale lembrar, também é perigosamente sarcástica; um irmão fantasma que me assombra até no banheiro; dois meio irmãos debilóides e agora... Isso.
Um padre que ressurgiu das cinzas simplesmente para me dizer, “Eu sei que você fala com os mortos.” com uma voz a lá Luke Skywalker.
Nombre de dios!
É muito castigo para um cara só.
Pisquei demoradamente e voltei ao tempo presente a tempo de ver um sorriso sacana cruzar a face do padre D.
Espera, padres podem dar esses sorrisinhos? Quero dizer, padres podem mentir? Porque parecia que ele estava fazendo uma brincadeira de péssimo mal gosto comigo. Engoli em seco.
- Haha. Muito engraçado padre D. Por um momento você me deixou preocupado. - Padre D. franziu a testa.
- Não estou brincando, meu jovem Jesse. Nunca falei tão sério em toda a minha vida.
Ok. Agora isso definitivamente estava estranho. Como ele...?
- Padre D. Isso só pode ser uma brincadeira. Afinal de contas o senhor é padre e bem... Sabe que é impossível alguém falar com os mortos. Porque, veja bem, eles estão mortos.
Padre D. riu e eu me perguntei o que tinha falado de engraçado.
- Sei? Tudo que sei jovem Jesse, é que seu irmão mais velho veio me procurar a anos atrás e me disse o quanto estava preocupado com você.
Arregalei meus olhos em choque.
- Emmett o que...? - sussurrei quase sem perceber.
- Ele veio me procurar e perguntar o que poderia fazer para te ajudar já que vocês estava... Bem, digamos, enfrentando muito mal toda a situação.
Enfrentando muito mal? bom, deixe-me esclarecer uma coisa. Eu tinha 12 anos. 12 anos e tinha que resolver os problemas de milhares de fantasmas que apareciam para mim. Dizer que eu estava enfrentando muito mal é um eufemismo da pior qualidade.
- Eu... Eu... - então minha mente fez um clique. - Foi você que mandou Emmett me explicar sobre mediação, não foi?
Padre D. sorriu. Um sorriso tão quente e familiar que me senti com apenas 12 anos de idade novamente.
- Sim, Jesse. Veja bem, eu estava longe, não podia te ajudar pessoalmente. Foi por esse motivo que mandei Emmett. Além do mais, ele ficou feliz por poder te ajudar de algum modo. - sorri bobamente. Meu irmão grandão e atrapalhado. Sempre cuidando de mim, não?
- Sim, ele ficou... - então minha mente fez outro clique. - Espera. Você é o shaman com qual Emmett falou que treinava?
Padre D. esboçou um sorriso irônico e cruzou as mãos embaixo do queixo.
- Ai, ai. - suspirou. - Quantas vezes não falei para aquele garoto parar de me chamar assim?
Suspirei ao mesmo tento em que ria. Emmett era sempre tão bobo. Padre D. também sorria comigo até que seu rosto ficou sério e compenetrado.
- Veja bem, Jesse. Claro que eu sempre quis te ajudar. É claro que eu sempre quis o melhor para você... - porque eu estava com o pressentimento de que não gostaria nada nada do rumo dessa conversa?!
- Padre D. pare de me enrolar e chegue logo ao âmago da questão. - ele sorriu.
- Devia saber que é mais astuto que isso. Não posso fazer divagações com você. - não, ele não podia, mas estava fazendo de novo.
- Padre D...
- Tudo bem. Me pegou. Satisfeito?
- Ficarei quando começar a me explicar o real motivo para eu estar aqui.
- Quer o real motivo de estar aqui na minha sala ou aqui em Carmel?
- Mas é claro... - parei por um minuto absorvendo o que me disse. Como estar aqui em Carmel? - Padre D. o que quer dizer com isso?
- Jesse... - ele disse cruzando as mãos e as posicionando embaixo do queixo. Sua posição séria só foi reforçada quando ele se inclinou a frente a fim de me olhar melhor. - Tem coisas que eu venho escondendo de você e pedindo a Emmett para fazer o mesmo.
O que? Como assim? Ele fez o meu irmão mentir para mim? Porque? Como? Quando?
Milhões de perguntas rondavam minha mente e eu sentia a necessidade de me agarrar a algo antes que começasse a entrar em colapso, coisa que não demoraria muito.
Apertei com força o braço da cadeira em que estava sentado e respirei fundo tentando me organizar.
- Coisas? Mas... Que tipos de coisas? O que...? Porque Emmett mentiria para mim? O que exatamente vocês estão me escondendo?
Padre D. passou a mão nervosamente pelos seus cabelos curtos e grisalhos e deu a volta na mesa. Ele se posicionou bem atrás de mim, com uma das suas mãos no meu ombro.
- Calma, jovem Jesse. Como você mesmo pode perceber, eu sou um mediador, mas...
- Mas...? - eu o instiguei a continuar.
- Mas eu já sou velho e tem certas coisas que eu não consigo resolver.
- Ah não! - eu gemi. Porque deixa eu te dizer, agora todo o lance de eu ter que vir para cá a qualquer custo, fazia total sentido. Padre D. simplesmente estava velho demais para cuidar dos fantasmas e basicamente, eu deveria cuidar deles. Certo?
- Jesse, por favor. Eu sei que para você isso é extremamente desagradável e estressante, mas com apenas poucos dias aqui, você vai descobrir que Carmel tem muitos mais segredos e mistérios do que você possa imaginar. Eu preciso de sua ajuda, Jesse. Preciso de sua ajuda para poder ajudar os mortos.
- Mas Padre D...
- Jesse, por favor. Eu sou um padre. É obrigação minha faze-los encontrar a paz. - eu bufei.
- Exatamente! É sua função, não minha. - Padre D. franziu a testa para mim. - Padre Dom, não me leve a mal, mas por favor, eu passei dezessete anos da minha vida convivendo com fantasmas, se eu puder ter um descanso aqui... Eu vou agarrá-lo. Desculpa, mas não sou o homem para isso.
- Eu duvido que você consiga descansar aqui. - Padre D. disse misteriosamente olhando pela janela da sala. Olhei na mesma direção e percebi que ele estava olhando para a minha casa. Espera... Será que ele sabe da Suzannah? Não, que absurdo! É claro que ele não sabe, porque se soubesse, já teria vindo com aquele papo...
“Jesse, você sabe. Mesmo ela estando morta, ainda é uma moça. Você não pode simplesmente dividir um quarto com ela.”
Mas deixe-me por um pouco de luz nessa situação. Eu NÃO quero dividir um quarto com ela, mas sou forçado a isso. O que posso dizer?
Mas como ele ainda não tinha vindo com esse papo, ele não sabia. O que me fez pensar quanto tempo demoraria para o Emmett dar com a língua nos dentes. Definitivamente eu tinha que expulsar aquela garota da minha casa.
- O que exatamente você quer dizer com isso, Padre D.? - ele voltou-se para mim sorrindo.
- Jesse... Você sabe como conseguiu essa vaga? - eu não entendi muito bem o que ele quis dizer, mas...
- A vaga na escola? É isso? - ele assentiu. - Bom... Eu não sei. Minha mãe não me informou. Só disse que tinha vagado um lugar e eu vim.
- Imaginei que sim. - ele suspirou e sentou-se novamente em seu lugar. - Isso realmente não é um assunto que se goste de comentar.
- O único assunto que não gostamos de comentar é a... - olhei a expressão do Padre D. e gelei. - Oh não! Não, não, não, não!
- Sim, Jesse. Lamento. Mas você conseguiu essa vaga porque a garota que a ocupava, desapareceu a dois meses atrás. - engoli em seco.
- Padre D. peraí, se ela desapareceu... Bom, talvez ela ainda esteja...
- Não Jesse. Ela morreu. Eu sei disso porque ela assombra o colégio.
Dizer que eu fiquei surpreso seria pouco. Como assim ela assombra o colégio? Era de se esperar, já que o Padre D. é um mediador, que ele a exorcizaria ou resolveria suas pendências, sei lá. Mas... Obviamente que ele não fez isso já que ela ainda está aqui.
- Espera. Você quer dizer, aqui, aqui... Agora?
- Sim.
- Padre D! Porque você não a exorcizou?
- Santa Maria Mãe de Deus! - ele gritou espantado. -  Jesse, isso é sacrilégio. Eu não posso. Vai contra as minhas crenças.
- Com todo o respeito Padre D, que as suas crenças vão para o espaço. É de um fantasma que estamos falando. Um fantasma. Você não pode simplesmente cruzar os braços e fingir que não está ali...
- Não é isso que eu planejo, Jesse.
- Até porque, - eu continuei como se ele não tivesse dito nada. - eles fazem muito barulho para não serem notados. Vai por mim. - disse apontando para uma cicatriz no meu pescoço. - Experiência própria.
- Jesse! - padre D. urrou, me fazendo ficar calado. - Assim está melhor. Eu quero ajuda-La. De coração, mas ela não me deixa chegar perto. O fato é o seguinte, Jesse. A policia simplesmente não achou o corpo dela.
- Como assim não achou? Se ela está morta, tem que ter um corpo.
- Eu sei, mas... Bom, se ela foi assassinada como todos desconfiam, o assassino escondeu muito bem o corpo. E esse é o problema.
- Sim. Sei, sei. Entendi. O assunto inacabado dela é o corpo desaparecido.
Disse sarcástico fazendo piada do assunto. Padre D. franziu as sobrancelhas e me olhou atravessado.
- Na verdade, Jesse... - disse dando ênfase ao meu nome. - Não acho que seja isso que a prende aqui.
- Não? Como não?
- Apesar de achar que podemos faze-La cooperar conosco e contar aonde está o seu corpo. - Padre D. ignorou minha interrupção. - Por isso, peço por favor que me ajude, Jesse.
- Padre D. nem mesmo se eu quisesse, coisa que não quero, poderia ajuda-lo. O que te faz pensar que essa garota iria permitir que eu a ajudasse quando ela não deixou você chegar perto?
Padre D. deu um sorriso sem graça e eu soube que nada do que estava por vir poderia ser bom. Nombre de dios!
- Bom, Jesse... É porque a Anne tem... Hum, digamos que fracos por rapazes altos, morenos e simpáticos.
Oh deus! De jeito nenhum, eu pensei decidido.
- Não! Não, não, não. Padre D. até você tem que convir que isso já é demais. Eu... Hum, seduzindo uma fantasma?
- Não! Claro que não, Jesse. Não é seduzir. É...
- Enganar? Lograr? Manipular? Distrair? Flertar?
- Não! Jesse... Eu quero apenas que seja amigo dela.
- Amigo... Sei. Olha só, porque não pode ser o Emmett?
- Bom... - e mais uma vez ele passava a mão por seus cabelos. Notei que isso era um ato de nervosismo, o que não era nada bom. - Por assim dizer, ele tentou e... falhou miseravelmente.
- Ela bateu nele. - traduzi. Padre Dom sorriu.
- Er... Sim. Mas não diga a ele que eu te falei. Sabe como Emmett é...
- Se sei. Mas devo ressaltar que isso será de grande valia mais para frente.
Padre D. simplesmente ignorou essa parte da informação e prosseguiu com o assunto.
- Jesse, posso ou não contar com você?
Definitivamente eu ia me arrepender disso...
- Tudo bem.
- Oh, maravilha! Obrigado, Jesse!
- Porém... Chega de segredos. Ok? - eu disse parando a mão esticada do padre D. em minha direção. - De agora em diante, sem truques.
Padre D. sorriu e apertou a minha mão.
- Sem segredos de agora em diante.
- Ótimo. - ele sorriu.

- Então venha. Eu vou te levar pelas dependências do colégio e quem sabe não a encontramos por ai.
Ah, ótimo. Pensei ironicamente. Um perfeito primeiro dia de aula para mim. Mas o que você esperava Jesse? Aulas normais? Se toca! Você é um mediador, nada na sua vida é normal.

Segui o Padre D. pelo corredores do Junipero Serra. Aqueles enormes arcos onde alguns passarinhos colocavam os ninhos, eram simplesmente assustadores. Não que a escola parecesse um mausoléu nem nada, mas não si. Algo naquela estrutura não me inspirava confiança. Vai entender!
- Jesse, esse é o seu armário. - Padre D. disse parando abruptamente no corredor e me entregando uma combinação num pedaço de papel.
- Deixe-me adivinhar, o armário da Anne? - Padre D. me deu um olhar de desculpas. - Que ótimo. E se ela por um acaso achar que eu estou tomando o lugar dela? O que eu faço?
Padre D. piscou e olhou além de mim.
- Acho que você vai descobrir isso daqui a uns segundos.
Eu me virei e vi um menina pequena, loira, com olhos incrivelmente azuis e inacreditavelmente alagados - fantasmas podem mesmo chorar? Eu nunca tinha visto isso antes. - caminhar na nossa direção.
Qualquer pessoa poderia dizer que ela era uma menina comum, mas eu e com certeza, o Padre D. podíamos ver a aura azul ao redor do corpo dela.
Definitivamente morta.
Ela levantou seus olhos quando estava a poucos passos de mim e me encarou com curiosidade.
Essa definitivamente seria uma mediação é tanto.
E eu achando que Carmel era uma cidade comum. Que ingênuo, Jesse. Que ingênuo.


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Notas finais do capítulo

[N/A]: Se alguém ainda lê isso aqui, e eu espero realmente que leiam, EU VOLTEI!!!
I'M BACK!
Sorry pela demora, mas eu simplesmente estava muitooooo enrolada com milhões de coisas, sem falar que eu fiquei totalmente sem inspiração para essa fic.
Mas agora estou de volta e com carga total.
Jesse, Suzannah e a turma toda em alta velocidade. Ok?
Beijos e Assombros para vocês!

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Façam uma autora feliz e deixem uma review! Não doi nada, eu prometo. XD