A garota do Capuz escrita por Kampaki


Capítulo 3
O medo e a Sobrevivencia.


Notas iniciais do capítulo

(re-escrito)



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Quando acordo, estou ainda no mesmo local. Ninguém por perto. Minha boca está amarga, sinto fome e está começando a ficar frio. Sinto um vento cortante, e com um terrível odor de carne de carne decomposta, meu estomago ronca.

Me levanto e olho em volta. Procuro algo para me cobrir e vejo, no centro do vale, preso em um galho morto de alguma arvore, algo parecido com uma capa de chuva.

–Isto deve servir. – Me permito comentar em voz baixa. Me aproximo e pego a capa, parece ser feita de couro, visto-a. -Gostei, pena estar tão grande. – Comento comigo mesma.

Subo novamente a colina e me localizo, vou em direção a cidade mais próxima. vejo que tenho que cruzar um grande campo aberto.

O máximo que pode ter por lá são alguns apodrecidos. – Penso.

O vento aumenta indicando que virá uma forte chuva. Melhor me apressar. O caminho é aberto, a minha direita tem a floresta, a minha esquerda uma enorme ravina. Encontro no caminho uma pequena arvore. Vejo nela marcas que posso identificar. Estou em território Lycan.

– Tomara que tenham caçado a pouco tempo. – Digo em voz baixa.

Ouço passos atrás de mim e me viro, tarde demais. Levo um golpe forte no peito, e voo alguns metros e caio no chão. Me levanto com dificuldade. Sinto dores.

Puxo minha adaga, e amaldiçôo a Alex por não estar aqui. Onde ela está? É território Lycan, será que ela...?

O Lycan se aproxima com velocidade interrompendo maus pensamentos. Ele bate com força maior do que eu previra, consigo bloquear as garras.

–MERDA! – Deixo escapar com a força do impacto.

Caio mais uma vez a pouca distância. Ele avança novamente. Me levanto com dificuldade e avanço.

Lanço um rugido gutural com o esforço do combate.

Ele tenta me acertar pela direita, eu pulo e tento um giro para acetar a nuca com uma manobra complexa, ele vira o pescoço e usa os dentes, que passam a milímetros do meu rosto.

revido com a adaga, caio de pé e a pata quase me acerta, viro a adaga para a pata que esta para me acertar. Foi um truque e o ataque veio pelo outro lado.

Caio ele se aproxima e imobiliza meus braços e pernas, e começa a devorar meu estomago.

Grito de dor. O terror da morte certa, e a dor de estar sendo devorada viva, são demais. Eu apago.

Está tudo escuro e eu não sinto nada, minha visão esta embaçada, e meu corpo está estranho. Chamo pela Alex, mas minha voz não sai.me vejo ali em baixo, estou sendo devorada.

– Então isso quer dizer que eu morri? - lagrimas escorrem pelo meu rosto. fecho os olhos e espero o que quer que seja.

Eu acordo. Estou ao lado do Lycan, ele está morto e eu estou suja de sangue, sinto um sabor diferente, mas que não é ruim, estou mastigando algo, olho minha mão e vejo um coração.

–OQU...?? - Eu estou devorando ele, a carne é macia e o gosto não é ruim, eu quero parar, digo ao meu corpo para parar, mas não paro, olho para baixo, minhas roupas estão rasgadas onde ele me devorou, mas meu corpo está intacto.

*[...]. Eu sou Ouroboros, e você agora também o é, mas não se preocupe, logo entenderá. [...]*.

–Não pode ser, era sobre isso o que ele tinha falado?!?! Isso é o que significa ser Ouroboros? – Penso Aterrorizada.

Me levanto e vejo aos meus pés a carcaça do Lycan que eu acabei de devorar.

–Ma... riane?? – Ouço uma voz familiar atrás de mim. Me viro.

– Alex! – Vejo em seu rosto muitas emoções misturadas, mas consigo distinguir apenas Horror, Nojo e Medo.

–O que é você?!?! – Ela não está normal, o medo a cegou, ela age por impulso puxa sua adaga e me ataca. Me desespero.

Tudo o que eu penso é: “Vou morrer !!”. Eu nunca tinha conseguido lutar contra ela antes, nem nos treinos onde ela pegava leve comigo, ela era rápida demais para mim.

Consigo ver perfeitamente seus movimentos. O que houve com a Alex? Ela está lenta.

Não. Eu é que estou mais rápida. Me desvio de seu ataque e a desarmo sem feri-la.

–Alex! Me ajuda, o que houve comigo?? – Tento me aproximar, mas ela se afasta. Entro em pânico. Ela dá a volta em mim, pega sua adaga e começa a desferir uma sequência de golpes.

Eu a desarmo novamente e tento falar com ela, ela reage do mesmo jeito não importa quantas vezes eu tente falar com ela.

Perco a paciência e começo a me defender, até que perco o controle.

Segurei seu braço e o quebrei entre o ombro e o cotovelo, arranquei o restante do braço. Com minhas unhas, rasgo suas vestes e junto, seu peito.

Enfio minha mão dentro da garganta dela quando ela abre a boca par gritar de dor. Arranco seu coração do peito, tiro ele ainda pulsante pela sua boca e o devoro.

Tem um gosto doce e amargo, como um javali agridoce perfeitamente temperado, me deleito com o coração dela enquanto ela, quase morta apenas observa horrorizada essa cena.

–Melhor eu me livrar do seu corpo. Não queremos que você se torne uma apodrecida, não é? – Após dizer isto devoro também o resto do seu corpo.

Não tem nenhum rio nas proximidades para eu me lavar, limpo minha boca com alguns trapos que restaram da roupa dela.

– O que eu fiz? Me tornei um monstro. - Sinto um calor nas costas da minha mão, e vejo a marca.

– Não foi culpa minha, foi dele. OUROBOROS!!!! – Me viro novamente em direção a cidade, vejo os cavalos da Alex e meu ali perto, vou em direção a eles, mas antes paro em cima dos restos da Alex e pego seu dinheiro.

Monto em meu cavalo.

– Me livro do cavalo dela? –Me questiono. - Não, eu posso vende-lo, é isto que eu vou fazer. - Amarro o cavalo da Alex na minha sela.

No caminho para a cidade eu começo a sentir o peso de minhas ações.

Quando chego na cidade estou abalada com o que houve, e triste com a morte da Alex.

Mesmo que tenha sido eu mesma que a mate. Percebo que todos se afastam do meu caminho, pois estou completamente suja de sangue.

Vou até a estrebaria e procuro o atendente.

– Quanto me dá pelo cavalo – Mostro a ele o cavalo da Alex.

– Bem, ahn, mil peças. – Diz ele sem me convencer.

– Ele vale mais do que isso.- digo em voz baixa. - Mas tudo bem. –passo a rédea para ele e pego o dinheiro, apenas guardo sem conferir e vou embora.

–Espere! – volto até onde está o atendente.

–Sim, o que foi. – Pergunto.

– Este cavalo, se parece muito com o... – Eu o corto.

–Com o da Alex. – Lagrimas descem pelo meu rosto. –Ela está morta. - Tiro algumas peças da minha bolsa e as entrego ao atendente.- Cuide do meu cavalo também.

Vou em direção a pensão, alugo um quarto para a noite, subo e me lavo, lembro que tenho que comprar roupas novas no dia seguinte.

Me deito, mas não consigo dormir, fico virando na cama, e me lembrando do que fiz com a Alex. Começo a chorar e só consigo dormir pouco antes do amanhecer.

Acordo com o dono da pensão batendo na porta. Me levanto e me visto, penso em deixar a capa e o dinheiro ali, e ir embora, sem rumo.

Me lembro que tenho que comprar roupas novas, estou sem a parte da barriga da minha roupa, eu a olho, e termino de rasga-la, para parecer que a peça é apenas para o peito, coloco a capa e vou até uma loja de roupas.


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