A Imperatriz e a Princesa escrita por Melissa França


Capítulo 11
Aprecie a liberdade


Notas iniciais do capítulo

Olá, amorinhas! Então, vocês devem ter percebido que este capítulo demorou mais que o normal, por isso, mil desculpas, vou tentar acelerar o ritmo, mas não posso prometer nada.

Ah, espero que gostem e achem que a espera valeu a pena! Capítulo dedicado a minha amiga, Hannah! *-*

Boa leitura!



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Uma brisa quente e suave espalhava levemente os cabelos de Solan e Gabrielle, o menino tagarelava sobre a bela primavera e a pesca com Xena do dia anterior, por tanto, estava um pouco mais empolgado que o normal, a barda tentava escutar tudo atentamente, mas o cansaço da gravidez avançada e umas pequenas pontadas no ventre fizeram a sua atenção ficar deveras dispersa.

A criança, por fim, sentou-se na rocha perto da jovem e a olhou curioso. Com os grandes olhos azuis vidrados na barriga de Gabrielle, Solan começou a fazer várias perguntas a respeito do bebê. Ele indagava sobre quando ele viria, como se pareceria, se seria um menino forte para brincar com ele ou uma menina pequena para ele cuidar e, por fim, perguntou o nome que ela escolheria para a criança ainda não nascida.

Um sorriso sincero e pleno brilhou no rosto de Gabrielle, ela escolheria o nome de seu filho. Vários nomes corriam na sua mente, nomes que possuíam um significado belo para ela ou apenas um som agradável. Dois, porém, pareciam serem os certos, os ideais. Com uma chama cintilante nos olhos, a jovem respondeu a pergunta inocente do filho de Xena.

­– Se eu tiver uma menininha, Helena me parece ser o nome perfeito para ela. – Solan fez uma expressão engraçada, como se não tivesse gostado do nome, mas logo depois riu.

– Eu gosto, me lembra o conto da linda Helena de Tróia. – Ele disse, claramente encontrando uma maneira de elogiar o nome que ele inicialmente não gostara. – Mas, e se for um menino?

– Elliot, você gosta? – Gabrielle perguntou um pouco receosa.

– Eu adoro! – Ele deu um pulo de felicidade. – Eu e Xena estávamos conversando e eu disse que o bebê deveria se chamar Elliot! Ela te contou?

A barda soltou uma gargalhada com o entusiasmo do menino. Então, Xena estava pensando no bebê? Isso era bom. A loira pensou. Outro pequeno desconforto em seu ventre fez ela se dispersar e não perceber a presença da Imperatriz ali. A mulher mais velha não possuía a intenção de assustar a moça, por isso, fez com que Solan percebesse primeiro a sua chegada.

– Xena! – O menino correu na direção da guerreira. – Gabrielle disse que se o bebê for um menino se chamará Elliot, isso não é incrível? –Ele indagou ainda mais animado, se isso era possível.

– É sim, garoto. – A morena deu um largo sorriso para o pequeno e depois deu um olhar apaixonado para Gabrielle, um pouco de saudades o embalando. – Preciso falar com você. – Ela disse baixinho.

Rapidamente a mais nova acenou a cabeça e esperou que a outra mulher tomasse uma atitude.

– Solan, Autolycus estava te procurando. – Xena começou. – Ele e Joxer queriam ir caçar coelhos, acho que eles queriam te lev... – Antes mesmo de terminar, o menino seguiu correndo na direção da caverna.

– Conversamos mais tarde. – Ele gritou quando já estava longe, ambas as mulheres riram do pequeno espoleta.

Xena explicou que não havia nada importante a ser falado, todos os segredos entre elas já haviam sido revelados, ela apenas queria ficar a sós com Gabrielle, passear pelo lago e jogar conversa fora. Levando em conta que, desde a chegada à caverna, não houve um segundo apenas que ela não estava junto de Solan. A Imperatriz não queria perder mais nada do filho e, se isso significava sacrificar um pouco de tempo com sua amada, que assim fosse. Agora, porém, ela sentia que seu coração materno estava se satisfazendo aos poucos e parecia conhecer mais a alma do seu menino. O seu coração de mulher, porém, parecia estar incompleto, sempre pedindo por mais. Mais uma palavra, mais um olhar, mais tempo.

– Uma caminhada pelo lago? – Gabrielle indagou curiosa, a despertando de seus devaneios.

– Prometo que não iremos muito longe. Claro que, apenas se estiver tudo bem para você. – Ela apontou para o ventre arredondado da amiga.

– Eu iria adorar, Xena. – Ela se espreguiçou. – Um banho de rio agora parece vir a calhar. – A loira suspirou levemente e levantou-se com certa dificuldade.

A mulher de cabelos negros sorriu de maneira maliciosa e apontou o caminho.

– As grávidas na frente. – Brincou.

As duas andaram por um pouquíssimo espaço de tempo. As pontadas na barriga da mais nova vinham tão rápidas como iam embora, sem preocupar ela. Logo, elas chegaram a um belo lugar, que era tão calmo que o canto dos pássaros era ouvido nitidamente. Gabrielle fitou a água por um momento, sossegada e em um ritmo suave. Em seguida, seus olhos se encontraram com algo ainda mais azul que o lago ou até mesmo o próprio céu, os olhos de Xena. Aqueles olhos que a deixavam tonta de amor, que faziam sua respiração ficar em um ritmo acelerado, sem controle algum. Entretanto, ao contrário dos movimentos pacíficos da água, os olhos da guerreira possuíam uma chama intensa, única, devoradora. Expelindo esses pensamentos de sua cabeça, a barda sorriu timidamente.

– Então, é aqui? – Um pouco sem jeito ela perguntou, tentando não olhar fixamente para a amiga.

– Isso soou um pouco desanimado. – Confessou Xena, ela começou se preocupar de não ter agradado. – Achei que iria amar aqui.

Ela girou apontando para o local. Um rio passava por ali, a água era quase cristalina, o lugar era afastado da caverna, possuía várias árvores em volta e o céu parecia ser ainda mais azul que o de costume. Logicamente o ambiente não poderia ser mais lindo, mais deslumbrante, entretanto, algo a mais encantava a barda. Inconscientemente, Gabrielle não conseguia desviar seus olhos dos lábios de Xena, por mais que ela tentasse, por mais que sua mente a mandasse mudar a direção de seu olhar, tudo o que ela podia fazer era imaginar como seria beijá-los ou, até mesmo, apenas contorná-los com seus dedos.

Xena rapidamente percebeu que havia algo errado com a jovem, ela não podia dizer o que exatamente, mas sabia que algo não estava certo. A Imperatriz se aproximou um pouco, medo correndo em suas veias, medo de assustar a jovem que possuía tantos traumas e cicatrizes invisíveis.

– O lugar é... perfeito. – Gabrielle se concentrou e conseguiu sussurrar algumas palavras.

Tentando manter-se firme em seus pés, Xena deu mais alguns passos para frente, passos estes que foram o suficiente para ficar frente a frente de Gabrielle. A guerreira podia sentir a respiração descompassada da barda, podia escutar o coração sem ritmo definido, igualmente como o seu, podia ver e mergulhar nos olhos verdes esmeralda. Ambas, tomadas por tantos medos, se aproximaram ainda mais e deixaram que seus lábios se encontrassem. Um toque macio e delicado, uma união inexplicável e simetricamente precisa.

Uma junção doce e perfeita parecia trabalhar no magnetismo exalado pelas duas. Não apenas os lábios se reconheciam, como também as almas de ambas as guerreiras finalmente pareciam ter encontrado paz e um lar. Entretanto, antes do beijo tomar um ritmo mais acelerado, mais faminto, mil imagens passaram nas mentes das duas. Imagens de uma mesma vida que corria de maneira diferente, de uma forma mais certa, vivida do modo que deveria ser.

“Tem que me levar com você e me ensinar tudo o que sabe.” Uma Gabrielle mais nova dizia para uma Xena vestida de couro.

“Quando olho dentro de mim e faço coisas que não sou capaz de fazer, é por você Gabrielle. Já não sabia disso por agora?” Xena pôde sentir tudo o que a mulher que se parecia tanto com ela na visão sentia, o medo e o desespero com a possibilidade de perder sua alma gêmea faziam seu cérebro temer a verdade.

“Você é a melhor coisa da minha vida.

Eu te amo, Xena.”

Uma frase tão pequena e tão poderosa. O coração da barda acelerou, assim como o da guerreira e, por mais que não quisessem deixar os lábios uma da outra, o beijo foi quebrado rapidamente e as duas mulheres se olharam atordoadas. Um calafrio corria a espinha delas, a respiração demorou a tomar ritmo e tudo o que Xena fez foi proferir o nome de sua amada.

– Gabrielle? – A voz da mulher estava embargada e, diferente das outras vezes, não foi um som novo e diferente, foi um som familiar, aliviado e preocupado.

Ainda muito próxima da amiga, a Princesa Guerreira abraçou a jovem e lhe deu um beijo na testa em forma de proteção. Gabrielle estava tentado enfrentar o que descobrira com coragem, mas tudo o que havia era ainda mais medo, lágrimas ameaçavam aparecer e as dúvidas já se faziam presentes, sua mente era tomada pela confusão. Como elas se perderam no Destino? Seria isto obra dos Deuses? Havia mais desta outra vida para ser visto e descoberto?

Sem um aviso, as dores no ventre da loira tomaram um intervalo de tempo menor e vieram muito mais fortes do que as anteriores. Sem conseguir se sustentar, Gabrielle se curvou com as mãos na parte inferior do abdômen e soltou um grito abafado. Sua respiração ainda muito descontrolada fazia com que a dor apenas se fizesse maior.

Xena sentiu a barda se curvar em seus braços e, tentando segurá-la, a Imperatriz firmou suas mãos nos braços da moça. Alguns gemidos de dor escapavam da garganta da mais nova, enquanto ela tentava, inutilmente, se firmar em seus pés.

– O bebê... – A voz saiu fraca, rouca e quase inaudível, contudo, mesmo assim, Gabrielle se surpreendeu ao conseguir proferir essas poucas palavras.

A Princesa Guerreira arregalou os olhos ao perceber o que acontecia. Ela levou a jovem até uma rocha e pediu que ela se sentasse lá.

– Por favor, mantenha a calma. – A guerreira disse.

– Eu estou calma. – Gabrielle disse com um suspiro no intervalo de uma contração.

– Estou dizendo isso para mim mesma. – A poetisa sorriu. – Mas serve para você também. – A morena tentava deixar o ambiente mais leve, mais tranquilo.

Xena, que até o momento estava abaixada ao lado da amada, levantou-se e começou a caminhar em direção à caverna a procura de ajuda. Entretanto, com o resto de força que lhe sobrava, Gabrielle suplicou.

– Não me deixe sozinha, por favor. – Um choro repentino veio e a guerreira retornou para a amiga. Fitando os olhos cheios de temor da jovem moça, a Imperatriz se esforçou para encontrar palavras gentis.

Infelizmente, antes mesmo que pudesse dizer qualquer coisa, avistou cinco guardas escondidos nos arbustos. Um medo sem precisão tomou seu corpo, uma eletricidade percorria sua espinha e, sem delongas, mais homens chegaram. Olhando rapidamente para Gabrielle, ela pôde ver um pavor sem fim exalar da jovem.

Os homens eram soldados romanos, soldados de César. Além dos cinco na frente dela, mais seis apareceram por trás. Eles atacaram de maneira rápida e destemida. A guerreira não conseguia pensar direito, seu corpo havia tomado controle e antes mesmo que pudesse verificar Gabrielle novamente, ela havia derrubado sete homens. Mais soldados vieram, todos indo em direção a jovem grávida, Xena derrotava um por um, sem muitos problemas, ela havia tomado a espada de um dos guerreiros e, apesar de cansada, a batalha parecia ter sido fácil.

Completamente suada, a Imperatriz voltou-se para a barda e sorriu de maneira forçada. Ela ajudou Gabrielle a se levantar outra vez e disse:

– Precisamos sair daqui antes que mais deles venham.

Sem uma palavra, a loira apenas acenou positivamente com a cabeça. O momento de desespero, porém, se tornou ainda pior, repentinamente um dardo atingiu o pescoço da mulher guerreira. Xena sentiu seus músculos pesarem, seu cérebro começava a trair, suas pálpebras se fecharam sem sua permissão e o ritmo de seu coração começou a desacelerar.

Atônita, Gabrielle a olhou, os olhos arregalados, a mão ainda no ventre e o coração pulsante. Sem saber como agir, a loira viu um soldado no alto de uma árvore com sua espada contra o sol, obviamente chamando seus companheiros para levá-la para César. Um nó se fez na garganta da jovem, tudo o que ela conseguiu fazer foi fixar seu olhar nos olhos de Xena e sussurrar.

– Eu te amo.

A Imperatriz queria sorrir e dizer o mesmo, entretanto, suas palavras pareciam ter se recolhido, assim como sua capacidade de ficar de pé, então, por fim, ela sentiu o impacto do seu corpo contra o solo, deixando a barda desprotegida e apavorada para trás.

Eu também te amo,Gabrielle. Foi o último pensamento a repousar na mente de Xena.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam? Estará tudo perdido? não deixem de comentar por aqui ou por Facebook, beijoquinhas...



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