Any Other Day escrita por Orquídea


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu não tenho outra desculpa pra dar a não ser falta de tempo. Felizmente, mês que vem são as minhas férias e eu vou poder escrever e postar com mais frequência.



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Eu assumi o lugar que John estava e através da transparência do parapeito de vidro eu acompanhei a extensão do oceano até onde a vista alcançou e era uma bela e incansável visão que durou pouco graças ao aviso do Jarvis de que um visitante inoportuno tinha chego, resolvi permitir sua entrada, mas disse a Jarvis que não avisasse a Pepper e fui atendê-lo lá fora.

— O que veio fazer aqui? - pergunto sem rodeios a figura que sai do carro.
— Vim em busca de notícias. Como é que ela está?
— Ela está bem.
— Ela sabe sobre a data de hoje ou você escondeu isso também?
— O que você tem a ver com isso?
— Pra você é sempre tão fácil mentir pra ela?
— Pra mim é fácil mentir pra qualquer um.
— Eu prometi a mim mesmo desde que eu vi que ela tinha se acertado com você que eu não iria interferir nessa relação, que eu iria respeitar a decisão dela e estar aqui pra ela como o amigo que sempre fui, mas quanto mais eu te conheço menos eu entendo o por que dela ainda te querer.
— Como a relação é entre eu e ela só quem tem de entender é nós dois mesmo.
— Ela nem sonha que te pegou com outra mulher no dia do acidente, não é? - eu engoli seco. - O mais engraçado de tudo foi a fonte. Eu estava no Randy's, Tony, você e eu estávamos de costas um para o outro e eu ouvi você contar para o Rhodes tudo o que aconteceu, depois disso eu entendi o por que da ligação dela poucos minutos atrás e voei em seu encontro, infelizmente quando eu cheguei tudo já havia acontecido e eu estava mais preocupado com ela do que discutir esse assunto com você.
— E o que você quer que eu faça? Te agradeça por não ter contado algo que aconteceu quando ela e eu estávamos separados? Ah, faça-me o favor! Se quiser vá lá e conte. - não vá não, fique aí! Peço mentalmente.
— Não sou esse tipo de homem, se ela tiver de ficar comigo não vai ser na base de joguinhos de intriga. Ela é importante pra mim, e, é justamente por isso que eu vou respeitar o espaço de vocês, como eu já disse não vou usar de nenhum artifício para atrapalhar isso, entretanto, eu não vou deixar de ser amigo dela então, Sr. Stark, eu sugiro que você aproveite mais essa chance que a vida e eu estamos lhe dando, por que se você errar por mínimo que seja eu não vou deixar passar, vou lutar por ela, vou passar por cima dos nossos medos e não vou poupar esforços para te derrubar e fazê-la feliz.
— Devo me sentir ameaçado agora ou depois? - ela fica em silêncio e balança a cabeça negativamente. - Olha, eu já perdi tempo demais do meu dia com você, a porta da rua é serventia da casa, passar bem. - digo e lhe dou as costas para poder voltar pra dentro de casa.
— Todos os dias pra ela foram difíceis, mas a data de hoje, a data de aniversário do sumiço do John e o dia das mães sempre eram os piores. - ele diz e eu paro de caminhar, mas permaneço de costas. - Então, se ela sabe da verdade não a deixe sozinha, por que mesmo não tendo as lembranças consigo ela vai precisar de você por que antes ela ainda tinha algo pra recordar agora ela só tem relatos pra ouvir e uma história pra imaginar. Só seja... Um bom marido e quando encontrar o John um bom pai assim como ela me disse que você já foi um dia. - sem querer estender ainda mais sua permanência aqui eu caminhei de volta pra casa e constatei o mesmo silêncio de antes provavelmente ela ainda está com o John, fui a bandeja onde estava as minhas bebidas e me servi de uma dose de uísque e me sentei no sofá, talvez eu devesse ser grato a ele por ter cuidado dela todos esses anos, mas eu simplesmente não consigo ainda mais sabendo que ele está disposto a brigar por ela comigo.


Tony está estranho e notei isso assim que desci, sua postura é de alguém que está mal-humorado, sua cara está fechada e quando ele me olha sinto o peso do mundo nas costas, eu sempre soube lidar com Tony e todas as suas fases e faces, mas eu confesso que o Tony de agora me deixa confusa.

— John gostou do presente. - comento após um longo silêncio.
— Que bom.
— O que você tem?
— Nada.
— Você está com raiva por que meu pai vem pra cá? Tony, eu não posso privá-lo de ver o neto e...
— Seu pai é o menor dos meus problemas. - ele diz se levantando e indo em direção a uma bandeja de bebidas onde encheu e secou seu copo duas vezes.
— Então me diga qual é o problema. Nós somos um casal, lembra? Talvez eu possa te ajudar. - ressalto e me aproximo dele eu tomo o copo de sua mão para que ele pare de beber e mais uma vez recebo aquele olhar acusatório. - Fiz alguma coisa pra você? - ele negou com um aceno. - E por que está me olhando dessa forma?
— Você tá imaginando coisas, Pepper, estou te olhando como sempre olhei.
— Não é o que parece. O que está me escondendo, Tony?
— Nada, Pep, só estou com muita coisa na cabeça e você sabe que quando eu me estresso acabo descontando em quem não tem nada a ver. - ele responde e me parece verdade, mas não toda ela. - Me desculpe por isso, está bem? Eu não tive a intenção.
— Eu sei, Tony, só me preocupei. - digo e passo meus braços ao redor de seu pescoço.- Quer uma massagem? - pergunto com um tom mais descontraído e ele arqueia a sobrancelha.
— Se for uma tailandesa até quero. - ele responde e eu reviro os olhos, sabia que ele ia sair com uma gracinha. - Que foi? Você que me ofereceu a massagem, Sra. Stark.
— É, uma normal e não erótica.
— E o que é que tem? Você é tão boa na massagem tailandesa.
— A gente já fez isso? - pergunto surpresa e ele gargalha.
— Pep, nós vivemos juntos por 8 anos, massagem tailandesa não é nada perto do que já fizemos. - a sua resposta me deixa sem jeito e eu sinto minhas bochechas queimarem, o que será que eu já fiz? - Eu vou ter o maior prazer em refrescar a sua memória. - sua voz sai maliciosa e eu sinto sua mão descendo lentamente por minhas costas.
— Sr. Stark, seus pais chegaram. - Jarvis avisa e é como se ele tivesse jogado um balde de água fria em nós.
— Parece que vai ter que ficar pra outra hora.
— Não se preocupe, a noite é uma criança. - ele diz e desfere um leve tapa em meu bumbum antes de se desfazer do meu abraço. - Cadê o nosso Da Vinci?
— Tá no quarto, mas vou chamá-lo. Ah! Por falar em pintor, Tony, mais tarde quero te mostrar e te perguntar uma coisa.
— O que é?
— Não é nada preocupante, mais tarde eu falo. - respondo e ele assente e eu subo em busca de John, mas antes mesmo de chegar em seu quarto ele me aparece. - Pressentiu que seus avós chegaram? - pergunto e ele bufa. - Sei que você não gosta de tanta gente em cima de você, mas hoje é seu aniversário e todos nós queremos comemorar essa data, eles vão saber respeitar seus limites, John, mas não negue a eles a sua presença, afinal, foram muitos aniversários sem você aqui. - ele suspira derrotado e eu sorrio agradecida pra ele que me acompanha de volta pra sala.
— John! - Maria o chama animada e sorri largamente. - Feliz aniversário, meu amor! A vovó está tão feliz por te ter aqui... Posso te dar um abraço? - ele respira fundo não por impaciência, mas como se tivesse juntando coragem para se permitir tal gesto, eu sei que ele sente dificuldade em receber e demonstrar afeto, mas aos poucos vou ensiná-lo a perder esse temor. - Posso? - ela insiste e ele pareceu voltar dos seus pensamentos e com um aceno permite o abraço dela. - Apesar do aniversário ser seu o presente é nosso, ter você aqui é o melhor presente que poderíamos ter ganho.
— Sua avó tem razão, John. - Howard diz e se aproxima deles. - Depois do que aconteceu essa data não foi a mesma e eu espero que nunca mais nenhum de nós tenhamos que passar por ela sentindo amargura e angústia. Feliz aniversário! - ele diz sorridente e estende os braços. - Também posso? - John assente e Howard o abraça também. - 16 anos, hein! Nossa, tô ficando velho. Ham... Eu queria poder ter um discurso sobre a importância e responsabilidade dessa idade, mas eu não era uma pessoa muito responsável aos 16 anos.
— How, você não foi responsável em idade nenhuma, inclusive na atual.
— Queria poder contrariar a sua avó sobre isso, mas ela tem razão.
— Sempre tenho, querido. Seu avô é um caso sério, John, espero que você volte a me ajudar a colocá-lo na linha. - nós rimos e Howard fez cara de indignado, é impressionante a semelhança que ele tem com o filho, embora, na minha opinião ele seja mais responsável que o Tony.
— Mãe, John ainda sabe tocar piano. - Tony revela e ela arqueia a sobrancelha.
— Por que vocês dois não tocam um pouco? - sugiro e ela o olha animado.
— O que me diz, meu neto? - ela pergunta apontando para o instrumento e os dois se encaminham pra lá. - Não estranhe seu errar. - ela alerta e ele vira o rosto para poder encará-la e eu também a olho com curiosidade já que eu sei que ela toca muito bem piano. - Prometi a mim mesmo que só tocaria piano de novo quando o meu pupilo voltasse para casa. - ela explicou e levantou a tampa do piano. - Que tal você começar? - ele iniciou um dedilhar e logo nossos ouvidos estavam sendo preenchidos pelas notas de uma música que os dois tocavam, e ver aquela cena me trouxe mais uma vez aquela esquisita sensação de já ter vivido esse momento.


O dia já tinha passado do começo da noite e graças a essa movimentação toda eu fui obrigado a deixar certas preocupações de lado, após a chegada de mais algumas pessoas Pepper decidiu que era melhor irmos lá pra fora e apesar do mormaço que estava todos pareceram gostar da ideia principalmente as filhas do Robert por conta piscina, mas nem tudo foi tão descontraído com o passar do tempo o Brian chegou e como era esperado eu e ele nos embatíamos vez ou outra e era necessário intervenções de alguém para nos fazer parar.

— Eu tava pensando que o dia ia ser de 48 horas, já tô contando 72. - resmunguei e ouvi Frank sorrir.
— Pense pelo lado bom.
— Que é...? - indago com curiosidade.
— Brian pode falar até espumar pelo canto da boca, mas nada anula o fato de que no fim do seu dia de 72 horas, uma certa ruiva que está lá dentro estará com você como sua mulher e mãe do seu filho.
— Por que a Pepper não te escolhe como pai? Eu ia gostar de te ter como sogro. - ele ri e balança a cabeça negativamente.
— Pai é pai, e eu não quero isso tê-la como minha afilhada é quase como tê-la como filha e isso já me basta, mas se você procura uma figura de sogro pode contar comigo.
— Tenho certeza que Brian não ficará sentido.
— Com certeza não.
— Tony. - Rhodes me chama ao se aproximar e Frank se afasta.
— Deixa eu adivinhar ficou preso na base aérea.
— Isso mesmo.
— Cadê o Andy?
— Tá na sala conversando ou pelo menos tentando conversar com o John, por falar nele e aí algum progresso?
— Um pouco, a Pepper é quem consegue se comunicar com ele de alguma forma ela conseguiu a confiança dele.
— Ele disse onde estava? Ou por que estava portando aquela mochila com uma bomba dentro no momento em que comecei a persegui-lo?
— Não, nenhum de nós conseguiu arrancar algo dele. Estive pensando e conversando com Natasha e acho que ele pode ter feito parte de um programa como o dela, por isso o desprezo a vida e o modo de agir no dia em que foi encontrado.
— Sabe, quando eu encurralei durante a perseguição e vi seu rosto eu quase não acreditei, não sabia se o tratava como um inimigo ou meu afilhado, acho foi o meu choque que deu a ele a chance de se sair do meu cerco.
— Você me ajudou a encontrar meu filho, Rhodey, se você não tivesse pedido para que o IA da máquina de combate jogasse a captura do rosto dele na rede eu não o teria achado. Te devo mais uma amigo e essa é pelo o resto da vida. - ele balançou a cabeça e deu dois tapinhas em meu braço.
— Quando você vai deixar o mundo saber que o herdeiro Stark está de volta?
— Não sei, pra que eu diga qualquer coisa ele tem de me dizer alguma coisa, por que você sabe que o FBI, outras agências vão procurá-lo pra saber de tudo o que aconteceu e eu não quero ninguém em cima, pelo menos não ainda.
— É, por enquanto que não sabemos de nada o melhor é mantermos ele longe de tudo que possa vir a prejudicá-lo.
— Espero conseguir informações e reverter essa situação antes do aniversário de 17 por que nesse daqui tem tanto idoso que já dá pra fazer o baile da saudade. - Rhodes ri, mas acaba concordando com minha observação. - Se o Rogers estivesse aqui aposto que ele e o velho iam tá contando como viviam na era mesozoica. Será que já fizeram um teste de datação de carbono no Howard?
— Quem fez o quê em quem? - ouço Pepper perguntar atrás de mim.
— Não é nada, Pepper, o Tony que tava divagando aqui sobre a era dos dinossauros.
— E desde quando ele se interessa pela era dos dinossauros?
— Desde agora. Adoro me interessar nas coisas repentinamente. Pepper, juntando aquelas jovens promessas ali que ano, época ou era você daria?
— Era por isso que você tava falando de dinossauros, não era? - assenti e ela riu. - Renascimento.
— Até tu, Pepper?
— Shiu, não deixa eles saberem. - ela comenta risonha e pega um dos meus braços e passa ao redor de sua cintura.
— E os garotos?
— Estão na sala, até conversaram.
— Tá falando sério? - ela assente. - O que falaram?
— Sobre quando era menores, é claro que quem falou mais foi o Andy relembrando brincadeiras e paixonites infantis, mas John falou uma coisa ou outra. Como eu disse aos poucos ele se abre. - ela comenta e eu seguro a língua pra não dizer nada. - O que você sugere pra vinho?
— O Romanée-Conti.
— Tá, eu vou buscar. O jantar sai daqui a pouco. - ela avisa e só quando a vejo entrar é que resolvo comentar o que eu queria.
— O problema é que esse “aos poucos” que a Pepper tanto fala é devagar quase parando.
— Ao menos está tendo progressos, cara, pior seria se não tivesse nem assim. Mas eu sei por que você tá assim com tanta raiva dessa situação.
— É mesmo? Então me agracie com sua constatação, Rhodey.
— John te endeusava quando era criança, por mais que ele gostasse dos avôs, do tio, de mim ninguém te superava aí do nada toda essa maluquice acontece e quando finalmente você o encontra e o traz pra casa se dá conta de que seu principal admirador não está nem aí pra você.
— Ele não está nem aí pra ninguém, Rhodey.
— Sim, mas você esperava que ele fosse se abrir com você, tudo dele era com você por que agora seria diferente? - ele questiona e eu fico calado, ele tá certo eu não consigo aceitar isso, não consigo aceitar. - Dê tempo ao tempo, cara, ele vai voltar.- ele diz e aperta o meu ombro.
— Senhores, a Sra. Stark, pediu para avisá-los que o jantar está servido.
— É melhor irmos logo caso o contrário ela virá nos puxar pelas orelhas. - digo e ele concorda e ao mesmo tempo todos entramos, o último a se sentar apesar de já estar lá há bastante tempo é o John, ele senta na primeira cadeira a minha esquerda e baixa a cabeça.
— E aí, tio, vai ter discurso? - por que você foi perguntar isso, moleque? Olho para Pepper com um olhar suplicante na esperança de que ele tenha preparado ao menos uma deixa pra mim, mas pela devolução de olhar vejo que não.
— Tony, eu sei que é um momento de pai, mas posso falar? - abençoada seja a minha sogra! Eu assinto e ela se levanta. - Meu querido John, quando sua mãe chegou e disse a mim que estava carregando você no ventre eu entrei em choque, acho que todos nós aqui entramos, seu avô e seu tio quiseram matar o seu pai, acho que até o Howard quis matar o seu pai. - grande novidade, para o Howard qualquer coisa que eu fizesse era motivo pra ele querer arrancar a minha cabeça. - Mas passado a surpresa todos nós ficamos felizes por saber que você estava a caminho...
— Seu pai foi quem ficou mais feliz. Nunca duvide disso viu, John, aliás eu penso que ele ficou mais feliz até que a Ginny, era só ver o jeito dele durante a gestação, era uma importância, uma preocupação, um carinho que chegava até a abusar. Eu sei que nós temos lá nossas diferenças, mas seu pai foi um pai desde o começo isso eu sou capaz de reconhecer. - Brian comenta com ironia e eu o olho com desdém.
— Como eu ia dizendo. - Eva diz em um tom repreensivo e ele tira os olhos de mim para olhar pra ela que estava de pé a sua frente. - Todos nós ficamos felizes por saber que você estava a caminho, mas ficamos mais ainda ao te ver aqui, é, teve uma certa disputa entre nós 4 pra ver qual dos avós te pegaria no colo primeiro, mas no fim não importou quem pegou primeiro o que importou realmente foi saber que a junção das nossas melhores partes resultou na melhor parte deles. A vida foi cruel conosco e principalmente com você quando te tirou de nós, mas ela te devolveu e cá estamos nós, todos reunidos para comemorar mais essa etapa da sua vida, os primeiros 16 anos de mais outros que virão. Ao John.- ela disse erguendo a taça de vinho.
— Ao John. - um coro formado por nós repetiu as palavras e os gestos e ele ergueu a cabeça, parecia cansado, estava com a mandíbula travada, mas maneou a cabeça e voltou a abaixá-la todo mundo esperava que ele não fosse responder tanto que ninguém ligou quando ele voltou a abaixar a cabeça, pelo visto todo mundo resolveu aderir ao “dê tempo ao tempo.”

Estava sendo um jantar como outro qualquer onde as conversas eram rapidamente trocadas e geralmente não tinha nada a ver com a conversa anterior, por um momento eu senti falta disso, mas agora eu só queria que todo mundo fosse embora mesmo.

Um latido forte do Scooby e uma tentativa falha de John de sair da mesa é o que nos chama atenção e por mais que eu tenha sido rápido pra puxar seu braço eu não fui tanto a ponto de evitar que seus joelhos se chocassem contra o chão.

— Ele tá com febre, muita febre. - digo e vejo que todos estão de pé nos olhando com apreensão.
— Mãe...- a voz dele sai e me chama a atenção, eu sei que o garoto tinha crescido, é só olhar pra ele pra ver que ele é praticamente um homem feito, mas confesso que ouvir a sua voz pós infância me deixou um pouco desnorteado. - Tá frio. - ele diz e isso me puxa de volta pra cá e me fazendo perceber que ele está com os olhos lacrimejando, batendo os lábios e que está meio trêmulo.
— John, o que você tá sentindo? - pergunto preocupado.
— É, meu amor, responde o seu pai. - ela diz nervosa e se colocando ao lado dele. - O que você tá sentindo, hein?
— Tá frio. - ele repete demonstrando dificuldade.
— Tá frio? Nós vamos te tirar do frio. - eu passo o braço dele sobre meus ombros e Rhodes chega pra me dá suporte, ele realmente está quente e ter seu braço encostado na minha nuca chega até a incomodar, quando finalmente estamos em seu quarto e o colocamos em sua cama o enrolamos com muitas as cobertas e mesmo assim ainda é possível vê-lo tremer.
— Tony, desça e acalme a Ginny e os outros.
— É, Frank e eu cuidaremos dele. - pois é, um sogro e um quase sogro e ambos além de terem se casado com a mesma mulher também são médicos. - Só preciso saber se...
— Eu não vou saber te responder, Brian, ele não me diz nada, se vocês forem precisar de alguma informação pra ter ideia de algum diagnóstico vão ter de perguntar ao Jarvis por que se for perguntar a ele também não vão saber.
— O importante é termos a informação. - ele responde se colocando ao lado de John. - Faça o que Frank disse, desça e vá acalmar a minha filha e os outros.
— É, Tony, vamos lá. - Rhodes diz e eu saio do quarto para fazer o que disseram.

Foi complicado explicar uma coisa que eu não sabia nem por onde começar já que eu não me disseram nada, mas eu consegui enrolá-los e dali pra frente o que me restou foi esperar e dizer a Pepper que ela não tem culpa por não ter notado que ela estava se sentindo mal já que ninguém notou também.

— Ele me chamou de mãe. - ela fala baixo e eu vejo surgir um pequeno sorriso. - Foi a primeira vez que eu ouvi e não foi estranho como pensei que seria.
— Pensei que ele sempre te chamasse de mãe.
— Não, ele me via como uma pessoa de confiança, mas mesmo assim só uma pessoa e não mãe.
— Bom, então temos duas conquistas hoje, ele falou na frente de todos nós e te chamou de mãe. - ela concordou e voltou a encostar sua cabeça em meu ombro. - Foi estranho ouvir a voz dele.
— Todo mundo aqui disse a mesma coisa. Ele tem a voz grossa, né?
— É, parece voz de um cara mais velho. Que esquisito, meu filho tem voz de homem. - ela ri e desliza a mão sobre minha coxa.
— O bom é que vou poder dizer que vivo com dois belos homens de vozes imponentes.
— Eu não poderia sugerir definição melhor pra nós dois. - eu a distraí, na verdade Lis, Rhodes e eu tratou de distrair todo mundo enquanto esperávamos alguma notícia.
— Frank está descendo. - Eva nos avisa e ela pula do sofá.
— E então, Frank? Como ele está? - ela pergunta antes de todos nós.
— Na medida do possível bem, ainda tá com febre e delirando por causa dela, mas estamos trabalhando em baixá-la.
— Ele tá reclamando de dor?
— Não, ele só tá apresentando um quadro de delírio e de leve desidratação, mas não se preocupem não é nada que um soro, medicamento e uma boa noite de sono não resolva. Tem soro aqui, Tony? - eu assinto e vou lá embaixo buscar uma maleta que de acordo com Jarvis tem tudo aquilo que posso precisar em caso de um atendimento simples. - Bela maleta, tem até medicamento pra vacina da antitetânica aqui.
— Sou um homem precavido.
— Percebi. Como eu disse, não é algo preocupante é melhor todo mundo ir descansar. Robert, leve sua mãe para o hotel.
— Por que vocês não vão pra casa da Pepper?
— Minha casa? Que casa?
— A sua, a que você morava antes de voltar com o Tony. Você não achou que morava de baixo da ponte, né?
— Não Lis. Mas o problema é que eu não sei onde estão as chaves de lá.
— Eu tenho, Adam me entregou junto com outros pertences dela. - tinha que ser ele se não fosse não tinha graça.
— Por que não foi pra lá antes de fazer a reserva no hotel, mãe?
— Por que eu tinha me esquecido que estava com essas chaves e também por que a casa é sua.
— Se ela é minha então também é sua, mãe. Vá com o Robert, a Gwen e as meninas pra lá.
— Eu quero notícias do meu neto, ouviram? - Pepper assente e a abraça.
— Fique de olho na mamãe, Bobby.
— Eu vou ficar, qualquer coisa liguem. - nós assentimos e eles se vão. Com o passar do tempo Rhodes, Andrew, Lis e meus pais também vão embora, mas antes de irem fizeram as mesmas cobranças de pedidos de notícias caso algo ocorra.
— Eu vou lá, você vai comigo?
— Vou.- pego em sua mão e subo, a primeira coisa que ela faz ao entrar é ir sentar ao lado dele enquanto que eu fico de pé próximo ao pé da cama, ele parece tranquilo e já não treme mais.
— A febre está baixando. - Brian avisa. - Ele vai ficar bem, filha, mas vai precisar de ajuda.
— Vamos ficar mais atentos pra que ele se hidrate corretamente.
— Não é só disso que eu estou falando.
— Como assim?
— John tá doente, mas é mais da cabeça do que de qualquer outra coisa. Os delírios dele aqui e as informações que Jarvis nos deu só confirmaram isso. - Brian diz e Pepper o olha apreensiva.
— O que ele tem? - pergunto.
— Resumindo tudo? A junção de dois tipos de estresse o emocional e o pós traumático. De um lado tem ele sendo bombardeado por todos nós com todas as formas de lembrança e de demonstração de afeto, do outro tem ele isolado, com aversão por afeto, com informações e memórias que ele insiste em reviver sozinho, então isso gerou um conflito que ele já não consegue mais administrar. - Frank explica e Pepper acaricia o rosto de John enquanto assim como eu ouve tudo atentamente.
— A mente se sobrecarregou tanto que teve de levar o corpo dele ao máximo para obter um descanso completo.
— Não podemos prever uma reação dele quando acordar por isso vamos ter de esperar até amanhã. - eu enfiei as mãos em meus bolsos e ela suspirou, é, parece que vamos ter uma longa noite.


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Notas finais do capítulo

Como cês viram falei um pouco sobre como foi o achado do John vou explorar isso a cada capítulo. Bom, espero que tenham gostado dessa interação familiar e do capítulo. Desculpem a demora e já de antemão peço desculpa pela próxima demora. Beijos e comentem! ;) ♥



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