Any Other Day escrita por Orquídea


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Quem é vivo sempre aparece já diz o ditado, né?



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Eu fiquei lá parada olhando para aquela tela e mesmo quando John levantou-se da cadeira e saiu do cômodo eu continuei lá olhando, nada como algo que te faça ver o lado do outro, não é mesmo? Humpf! Eu sempre falo para os outros, principalmente para John, que Tony e eu sofremos o mesmo tanto, mas por dentro eu sempre pensei que o sofrimento dele nunca se compararia ao meu, que nunca chegaria nem aos pés, mas agora depois de ver esses vídeos eu sei que de nós dois não dá pra saber quem foi que sofreu mais.

— Pepper. - Maria enta na sala com uma expressão indagativa. - Aconteceu alguma coisa? John saiu a passos duros e com uma cara que não consegui decifrar.
— Nós estávamos vendo umas coisas e provavelmente mexeu com ele. Jay, pode encerrar a reprodução. - imediatamente a janela se fechou e tudo o que tinha lá era a imagem da área de trabalho do computador. - Cadê o Tony?
— Ele já foi. Você também está estranha, o que viram aí, foi alguma notícia maldosa sobre ele?
— Não, foram erros.
— Erros? Erros de quem?
— Erros de vida, erros de julgamento, erros de tudo.
— Se eles não existirem não é a vida, minha cara. - concordo desgostosa e me levanto. - Quando você vai partir?
— Não sei, estou com receio de ir.
— Cuidarei bem do meu neto.
— Eu sei, mas o meu receio não é por ele é por vocês, depois do episódio de ontem eu não sei do que ele é capaz nem o que pode acontecer.
— Aquilo foi um fato isolado e além do mais ele não estava completamente em si, ele estava misturando muitas coisas, você ouviu ontem no quarto ele murmurar números e dizendo coisas que não conseguimos entender, não vai acontecer outra vez.
— Quero acreditar, mas não consigo confiar.
— Pois acredite e confie nada de ruim vai nos acontecer. - ela dá um sorriso tranquilizador como minha mãe dava a mim quando era criança e eu me deixo levar torcendo pra também não estar enganada sobre isso também.


Eu sabia que a minha mudança de visual ia dar o que falar e também que a Hydra não ia deixar a notícia sobre o aparecimento de John barato, de uma forma "misteriosa" surgiu na internet um vídeo onde aparece nitidamente o rosto de John que está portando bombas e montando-as naquele mesmo local onde o encontramos, fui bombardeado na coletiva já tinha gente que estava chamando ele de terrorista, alguns inimigos políticos já estavam querendo que ele fosse levado a juízo até que eu contornei a situação e da mesma forma que eles também liberei um vídeo, mas esse gravado pelos olhos e ouvidos da armadura do Rhodey.

Quando John entrou em combate com todos e sua reação quando eu disse quem era, como a situação se desenrolou e o meu desespero em tentar reanimá-lo comoveu a todos, não era uma coisa que eu queria expor, mas foi preciso pra que todos não quisessem caçá-lo.

Consegui fazer com que as tochas fossem apagadas e os tridentes e porretes guardados a caça as bruxas terminou antes mesmo de começar, para todos a notícia é de que John está hospitalizado desde esse dia e que apesar de todo o sofrimento agora ele está com a família e que se recuperará ao nosso lado, uma hora eu vou ter de dizer que ele não está mais nesse coma que inventei e que já saiu do hospital, mas por hora esse é um bom resultado.

— Senhor, James Rhodes acaba de chegar. - permaneci sentado no sofá esperando sua chegada e me deixei distrair com o pensamento na Pepper e só voltei a mim graças a lambida de Scooby que recebi na cara.
— Ei garoto, como você tá? - o acaricio e ele sai a pela casa provavelmente a procura do John. - Ele não tá aqui, Scooby. - o aviso não adianta e ele corre pela casa mesmo assim.
— Era John ou Pepper?
— Pepper. - solto o nome dela quase como se tivesse um peso em cada letra.
— Que foi, agora?
— Pensando se existe a possibilidade de eu não gostar mais dela.
— Cara, há alguns dias nós estávamos em um bar e você tava puto por que tem um outro cara querendo te tomar ela, você deu o endereço de casa pro ex-namorado dela só pra ele saber que vocês estão juntos, você foi pro outro lado do mundo pra se desculpar com ela, Tony, por conta de uma crise de ciúmes que você teve, então, não, não existe essa possibilidade.
— Isso não prova muita coisa, eu posso ter feito isso só pra não dar a ela o gosto de me chutar outra vez pra ficar com outro cara.
— Então deixa ela, se separa, se é esse o seu grande motivo por estar com ela dê o chute e deixe ela ser feliz lá com o Adam.
— Não. - respondo rápido antes mesmo de pensar em qualquer coisa.
— Por que você tá pensando nisso?
— Pra diminuir a culpa, talvez. - penso que pensei, mas na verdade me dou conta de que falei ao ver a cara do Rhodes.
— Culpa de... Puta merda, Tony! - ele repreende ao ver minha cara. - Ela sabe?
— Por que eu estaria aqui sentado no sofá, refletindo sobre meu casamento se ela soubesse.
— Então por que você fez isso?! Eu pensei que você tivesse ido pra se acertarem!
— E eu fui e nos acertamos e como nos acertamos. - respondo ao lembrar do que fizemos no quarto.
— Então por que você fez isso?
— Lembra que eu te disse que aconteceu uma coisa com o John?
— O que isso tem a ver?
— Você lembra?
— Lembro, você nem me disse muita coisa só que tinha acontecido umas coisas e que eu precisava soltar em seu nome um comunicado de que ele havia sido encontrado.
— Ele pirou, Rhodes, passou tanto tempo lutando contra o sono pra não ter mais pesadelos que começou a confundir realidade e fantasia, arranjou umas armas e quase causa um acidente, todos nós estávamos tentando convencê-lo a baixar as armas quando ele começou a pergunta pra Pepper por que eu tinha abandonado ele, por que eu o odiava... Humpf! Isso não é uma coisa muito legal de se ouvir, sabia? Eu disse a ele que não tinha feito nada disso e saí, e o resto, bom, acho que dá pra você presumir.
— Deixa ver se eu entendi, você saiu no meio de um surto psicótico do SEU FILHO que passou 8 ANOS da vida dele sequestrado, o deixou sob os cuidados dos SEUS PAIS que são dois idosos que já estavam com o emocional completamente comprometido por terem presenciado o que aconteceu com o único neto e da SUA ESPOSA que sofreu um acidente recentemente, recuperou a memória recentemente e que tá se virando nos 30 pra equilibrar as coisas entre vocês três, e você achando pouco ainda foi pra cama com outra mulher, foi só isso ou tô esquecendo de mais alguma coisa?
— Eu não fui pra cama com outra, a gente só ficou se pegando nos fundos de um bar.
— Nossa, parabéns! - ele bate palmas. Pra quê eu fui contar? Deveria ter ficado calado! - Eu não te entendo, realmente não te entendo, já perdi as contas de quantas vezes eu cheguei aqui e você estava bêbado revoltado com a vida por ter perdido tua mulher e teu filho aí quando você tem os dois de volta faz essas coisas, o que você quer?
— Acho que eu pensei que quando eles voltassem nós íamos continuar de onde parou, mas não tem como. - divago.
— Não.
— Eu vou acertar as coisas, esse foi o último erro. - ouço uma risada de quem não acredita, mas deixo pra lá. - Posso te pedir um favor?
— Não vou contar a ela isso é uma coisa que você deve fazer.
— Não era isso, mas fico contente em saber que você não vai contribuir com o fim do meu casamento.
— E deixar de ver você fazendo isso, tão bem?
— Tô falando sério eu vou me emendar, não vou vacilar mais com nenhum dois.
— Qual é o favor?
— Aproveitando que o Andy tá passando a temporada de feriados com a mãe e que você não está fazendo nada, pode ficar com meus pais e John na Holanda? Eu deixei duas armaduras de prontidão, mas você lá me deixaria mais tranquilo.
— Eu vou, aliás o Andy não está passando a temporada de feriados com mãe ele está de castigo com a mãe.
— Qual foi a de agora?
— Ah, é que não basta ter um Tony na minha vida, agora eu tenho dois e o segundo é ainda pior por que só se mete em confusão e não tá nem aí para os estudos.
— Se te serve de consolo nós dois estamos com problemas com os nossos filhos. - ele rolou os olhos. - Posso tentar falar com o Andy se você quiser, de rebeldia eu entendo.
— E eu posso tentar acertar as coisas com o John.
— Fechado. - estendo a mão e ele me cumprimenta.
— Deveria te dar um soco, você sabe.
— É, eu sei.
— Você sabe quando a Pepper volta?
— Não, mas eu disse a ela que seria bom voltar logo.
— Certo. Eu já vou, tenho de arrumar umas coisas para poder viajar.
— Obrigado, amigo.
— Não faz mais nenhuma besteira, Tony.
— Vou me tornar um santo.
— Se torne um homem que já é o suficiente. Tchau, Tony.
— Tchau, Jim.

O silêncio me abraça e sem que eu perceba volto no tempo onde eu estava sozinho sendo engolido pela loucura, preciso de trabalho, dos barulhos do Dum-e, ocupar a cabeça! Desço aquelas escadas como se minha vida dependesse daquilo, peço ao Jarvis que ligue a música alto o suficiente pra que eu não ouça nem meus pensamentos e me entrego completamente nos projetos que venho trabalhando.

Não saí daquela oficina, nos meus tempos sozinho ela sempre foi o melhor lugar pra ficar, ela sempre preencheu uma parcela suficiente da minha mente pra que eu pudesse trabalhar e manter a minha sanidade mental e saber que estou sozinho em casa me fez querer ficar por aqui.

— Senhor, devo alertá-lo de que o senhor precisa dormir e comer corretamente, não consta em meus registro que o senhor tenha feito alguma refeição decente desde que veio trabalhar. - a voz de Jarvis atrapalha minha música e trabalho e me faz olhar para o teto.
— Pizza gelada, cochilos e energético estão me suprindo, Jarvis. - o estômago me traiu roncando e eu rapidamente olhei pra caixa de pizza que já não tinha mais nada. - Que horas são, Jay?
— Quarta feira, 6:10hs da manhã, senhor.
— Mas já?! - me espanto com a hora e com o dia. - Salve os progressos feitos, vou subir pra comer alguma coisa.
— Sim senhor. - são 6:10 da manhã será que ainda estão fazendo entrega de comida? Me pergunto enquanto subo. Se bem que daqui que cheguem é o tempo que dá de fazer alguma coisa, espero que tenha resto de sanduíche na geladeira me poupa o trabalho.
— Pepper? - estanco ao vê-la na cozinha vestindo uma camisa minha e tirando da geladeira bacon e ovos.
— Oi, quer café? - ela pergunta apontando com o queixo para a cafeteira que derrubava em seu recipiente as últimas gotas de café e eu fico me perguntando como não senti esse cheiro antes?!
— De que horas você chegou?
— Madrugada, acho que umas 3:00hs.
— Por que não me chamou?
— Jarvis disse que você estava trabalhando não quis atrapalhar. Ovos mexidos ou estralados?
— Pode ser mexidos.
— Faz as torradas, por favor. - okay... Tem alguma coisa errada aqui, pelo que me lembro ela tava com raiva de mim. Me levantei e fui fazer as torradas e enquanto esperava elas ficarem prontas ouvi Pepper cantarolar baixo alguma música enquanto fritava o bacon. Ela tá bem? - Tony, as torradas. - ela me chama a atenção e eu as coloco no prato, montamos o café da manhã na bancada e nos sentamos para comer.
— Como foi o voo? - pergunto ao vê-la massagear, pela terceira vez desde que sentamos, a nuca.
— Cansativo. - ela responde e mexe os ombros como se quisesse estralá-los, ela estava cansada e isso era evidente, mas parecia que ela estava se segurando pra não desmoronar. - Eu vi a sua coletiva.
— Tá com raiva?
— Não, pra defender ele eu teria agido da mesma forma. Você sabia que eles iam responder de alguma forma, não é?
— Sabia, por isso que pedi a Rhodes tudo o que ele tivesse sobre aquele dia, por sorte, estamos no ramo há tempo demais pra saber que tudo tem de ser documentado e gravado nunca se sabe quando vai usá-la como prova.
— É verdade.
— Como é que ficaram lá?
— Ficaram bem, bom, eles dois estão bem com John agora entre si é outra conversa.
— O velho deve estar louco com isso.
— Sim, já não sabe mais o que fazer pra que sua mãe o perdoe, ele ficou doido quando ouviu uma conversa nossa onde sua mãe dizia que pretendia ficar na Holanda mesmo depois que John voltasse pra casa.
— É, eu imagino que ele tenha dado um show. - ela riu de canto, talvez lembrando de algo que viu lá. - Rhodes já está por lá?
— Sim, eu fiquei tão aliviada quando ele chegou.
— Você só veio por que ele está lá, não é?
— Não podia deixar ele só, eu não podia deixar seus pais sozinhos com ele e se o Rhodes não tivesse ido eu não viria, eu sei que você disse que as pessoas poderiam encontrá-lo por que automaticamente nos ligariam, mas eu não podia deixá-los lá e eu sei que você deixou armaduras pra proteger a todos, mas me sinto bem melhor em saber que tem outro humano além deles por lá pra tomar decisões.
— Eu sei, também me sinto melhor em saber disso. - o celular dela apita em cima da bancada e nós o olhamos, a luz piscando deixando claro que existe uma mensagem ali me atenta pra puxar e ver que mandou, mas eu me contenho. - Cedo pra alguém tá mandando mensagem, né.- comento ao vê-la puxando o celular pra ver.
— É o meu pai. - ela vira e me mostra onde no contato tem lá "PAI". - Deve estar indo trabalhar. Ele quer saber do John. - os dedos dela trabalham de forma ágil em alguns segundos ele é respondido e ela volta a abandonar o celular em cima da bancada, o silêncio toma conta e nós continuamos e terminamos o café da manhã assim sem dizer um pio.

Eu estava recolhendo a louça quando o celular apitou outra vez e mais uma vez ela o verificou, mas por ela não ter nem respondido e se apressado em bloquear o celular antes mesmo que a tela escurecesse em seus poucos segundos eu já soube quem era.

— Ele não dorme não? - ironizo e ela vem em minha direção para lavar a louça.
— Ele deve estar voltando da caminhada antes de ir à universidade dar aula.
— Conhece bem a rotina.
— Ele é meu amigo.
— Claro. - rosno e o celular apita de novo e mais duas vezes depois dessa. - Ele é insistente.
— E cheio de manias, separa as mensagens por cada evento que quer me contar, então pode ser que chegue mais.
— E você está me contando isso para...?
— Para que você não fique com raiva e não queira discutir por que eu sei que você tá pronto pra isso e eu não quero mais isso, você já reparou que a gente não faz mais nada além de brigar, se desculpar, ficar de bem, brigar, se desculpar, ficar de bem? Por que eu já, e eu tô tão cansada, Tony, você não sabe o esforço que eu fiz pra fazer esse café e o esforço que tô fazendo agora pra ficar de pé por que eu tô sem forças, a minha cabeça dói, mexer os meus olhos doem então pra prevenir qualquer briga eu já quero logo te dizer isso. - ela estava cansada, pálida, parecia que ia ruir na minha frente a qualquer segundo. - Por favor, não vamos brigar eu não quero brigar.
— Nós não vamos brigar, nós vamos relaxar e dormir.
— Eu tenho que...
— A única coisa que você tem de fazer é dormir. - imponho fechando a torneira da pia. - E se você não se importa...- a envolvo em meus braços e a coloco em meu colo, mas ela não acha ruim até ouço um som semelhante a uma risada sair. - Você tá mais leve.
— Não sei se fico feliz com isso ou se me preocupo.
— Há quanto tempo você tá sem dormir?
— Eu não sei, pra te falar a verdade eu não consigo dormir direito desde que eu recuperei a memória.
— Você tem tomado seus remédios, foi no médico? - ela ficou em silêncio. - Pepper?
— Não para as duas perguntas. - ela responde baixinho como se fosse uma criança que tivesse sido pega no flagra.
— Pepper!
— Você disse que nós não íamos brigar.
— É, disse, mas foi por conta do Adam e não por que você tá brincando com a recuperação do seu cérebro.
— Eu... Eu... Fiquei sem tempo eu nem bem recuperei a memória e tive de ir com a sua mãe pra Holanda e eu não levei os remédios, aí me perdi no tratamento.
— Jarvis, marque uma consulta com o neurologista da Pepper para a mais próxima que ele tiver.
— Sim senhor.
— Eu sou o irresponsável com tratamento médicos nesse casamento, Sra. Stark. Abre aqui. - nós entramos no quarto e quando eu a coloquei na cama mais parecia que eu tinha encaixado uma peça no quebra cabeças. - Onde estão os seus remédios?
— No armário do banheiro, estão num frasco azul. - eu nem demoro pra encontrá-los são os únicos em um frasco azul, quando eu volto ela já está me esperando para tomá-los.
— Acho que você vai se acordar melhor.
— Eu espero que sim. - tiro as minhas roupa e as deixo jogadas próximo a cama e me deito perto dela que logo se aninha em meu peito. - Tony? - ela chama e eu olho pra baixo.
— O que foi, a dor tá mais forte?
— Não, eu só queria me desculpar, eu sei que te devo desculpas, muitas delas, então me desculpe.
— Pelo quê, por que?
— Por que eu te devo e eu espero que você me desculpe por tudo. - seu olhar era de alguém exausto, mas também era o olhar de alguém que precisava disso antes de poder se entregar ao sono e dormir.
— Tenho certeza que o seu tudo não chega nem aos pés do meu tudo, então se você pode desculpar os meus eu posso desculpar os seus seja eles quais forem. - respondo lembrando de tudo que já fiz e faço ela passar.
— Sempre foi você e sempre será.- ela beija o meu peito e eu a aperto ainda mais contra mim, sem fazer ideia do motivo de suas desculpas e tendo total consciência de que não as mereço.


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