Love Letter escrita por Gryphon


Capítulo 1
Love Letter


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, tendo consciência de todas as tags dessa fic!Feliz aniversário, Nijimura ♥ mais um canceriano de KNB que amo muito :3



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/630337/chapter/1

Quando eu cair no sono, deixe-me em paz ou torne-o eterno;

Preso nas correntezas do tempo, sei que aqui não é o mar.

Não é rápido o bastante para ser a morte,

Para alguém tão mesquinho, não lembro o caminho do lar;

Este voou com o vento, mas ainda quero sentir...

Trecho de poema retirado de “Diário de um psicótico

E as provas viriam a exigir muito mais de si do que imaginara antes de entrar para a faculdade, mas nada parecia ruim ou inesperado, e a tranquilidade era tamanha que sentia a realização de finalmente estar fazendo algo que gosta sem contenção... Ainda podia sentar no parapeito da janela de sua casa, com um bom livro, e aproveitar a brisa refrescante de primavera enquanto esta trazia consigo a fragrância das delicadas pétalas de cerejeira. Estas soltavam-se das árvores e vinham dançar — dos céus ao chão — , formando um imenso tapete rosa e belo.

Mayuzumi sorriu minimamente ao terminar mais um de seus novels, e logo mais deveria ir de encontro a Akashi, que tanto desejava vê-lo, embora Chihiro não soubesse exatamente o motivo por trás disso... Os ânimos em Tóquio eram diferentes dos de Quioto, e por mais que desejasse a tranquilidade de uma cidade mais calma, não negava a beleza da capital. Viajar a Quioto por um dia não o faria mal, pelo contrário: poderiam visitar templos, parar em restaurantes aconchegantes ou até mesmo conversar sentados no gramado dos jardins.

De alguma forma, a distância que mantinha do ruivo agora não influenciava em nada, pois mantinham contato, e por mais que fosse incômodo no começo, podiam chamar-se de amigos. Não vestiu um agasalho quente por ora, limitando-se a uma camisa preta de mangas curtas e uma calça azul escura. Os sapatos, também pretos, tornavam seu visual mais discreto, guardando em sua mochila um casaco xadrez que tinha no caso da temperatura sofrer alguma redução durante o entardecer. Não demorou muito para que chegasse a estação de Quioto, afinal a viagem de trem não era somente confortável, como também rápida.

Akashi o esperava, um tanto distraído, em uma das cadeiras de espera e não notou quando Chihiro aproximou-se por estar conversando com um homem moreno, talvez um pouco mais velho que o ruivo. Foi somente quando o desconhecido deixou de olhar para o menor e fitou o recém chegado, que suas atenções se tornaram Mayuzumi.

— E então, Akashi... por que me chamou aqui? — Perguntou calmamente, sentando-se quando notou que o ruivo não dera sinal de que iria levantar-se.

— Fico contente que tenha vindo... apenas queria que conhecesse um grande amigo meu, o Nijimura-san.

Os olhos negros de ambos os homens encontraram-se por um segundo, tal como se a apresentação rápida de Akashi levasse Mayuzumi ao reconhecimento, e agora entendia porque tanto conversavam.

“Ah...”

Não sabia bem o que dizer, talvez por sua personalidade esquizoide, mas também não era de interagir com alguém que nem sequer conhecia. Olhou novamente para Akashi, pensando em algo o que dizer, mas o que mais poderia?

— Mayuzumi Chihiro, prazer... — Estendeu a mão e o moreno aceitou o aperto de forma camarada, embora suas expressões parecessem tão frias quanto as de Chihiro.

Akashi sorriu sem graça perante o clima tenso que se formara, embora entendesse que não era bem o momento para se importar com aquele fato... apenas queria ter seus amigos mais preciosos próximos a si, então sentir-se-ia amado e a dor seria menor. Nijimura pareceu enteder, pelos olhares de Akashi, e tratou de mostrar um breve sorriso, embora não fosse de seu feitio.

— Prazer. — Olhou fazendo um meio bico para Seijuurou como a dizer “Eu sei me apresentar, ok?”, e continuou. — E como Akashi já disse, sou Nijimura Shuuzou.

— Bem, acho melhor sairmos daqui... Já fiz nossos planos para hoje e acho que uma volta pela cidade não fará mal a ninguém.

"Então a realidade enfim acaba..."

Não era comum Akashi vir a falar aquele tipo de coisa, e isso chamou a atenção de Mayuzumi de certa forma. Shuuzou foi o primeiro a se levantar e logo depois os outros dois seguiram a ação. Andavam um tanto sem destino para quem esteve há poucos segundos dizendo que tinha planos para o dia, parando nos mercados como se fosse curioso, o que na verdade era por não sair de casa muito em passeios à cidade.

— Tem certeza que vai ficar bem levando toda essa comida? A culpa será sua se vomitar depois, idiota...

Nijimura resmungou enquanto via Akashi encher o saco de compras com algumas especiarias e doces. Queria repreender o mais novo, mas não se via fazendo aquilo no momento... era importante, não? Tinha de respeitar os sentimentos que o outro tinha. Perguntava-se como Akashi poderia chamar aquele cara, sempre tão distante para sair com os dois, vendo-o ao longe enquanto observava os peixes sendo grelhados pelo vendedor.

— Ei, Akashi... aquele seu amigo é uma foca por acaso? Traz ele aqui antes que ele acabe esquecendo e se perdendo!

— O Chihiro não é bobo, não se preocupe, Nijimura-san. — Deu um pequeno sorriso como a assegurar ao senpai que o outro estaria bem, mesmo que acreditasse que Nijimura iria atrás dele de qualquer forma.

Tinha vindo ao mercado Nishiki há tanto tempo, que mal lembrava-se como eram as lojas ou o cheiro gostoso de comida no ar. Sua mãe fora a única que se preocupava em levá-lo a lugares diferentes... infelizmente ela não poderia mais fazer isso.

— Senhor? — O vendedor apontava-o o troco sobre o balcão, chamando a atenção do pequeno a tirá-lo de suas divagações.

— Oh, sim...

— Arigatou gozaimashita.

E quando olhou ao longe, viu os dois conversarem. Tinha de deixar esse assunto de lado caso quisesse tornar o dia especial como pretendia... talvez a última vez em que pudessem comemorar isso juntos. Tateou o bolso e sentiu o relevo do objeto que pretendia entregá-lo ali, sorrindo de forma satisfeita e crente de que tinha sido uma boa escolha.

Os motivos que trouxeram Chihiro ali eram bem maiores que um simples dia de comemoração... apenas não queria tornar essa última lembrança somente sua e de Nijimura, pois sabia que o outro sofreria mais por isso quando soubesse. Mayuzumi nunca pareceu se importar muito com seus dilemas, embora fosse um dos poucos apoios que teve... ele o conhecia tão bem... E Nijimura sempre fora seu amor, e isso nunca mudaria, agora tinha certeza.

“Não chore com eles ainda aqui...”

Caminhou a passos rápidos, ouvindo a conversa sobre kusaya, comida favorita de Mayuzumi, findar-se com sua chegada. Seus olhos rubis escondiam a tristeza... ou talvez realmente estivesse feliz por vê-los bem.

— Eu vos amo... mas preciso ir agora...

E então o céu alaranjado significava muito mais que o pôr do sol naquele momento... O anoitecer se aproximava, mas a escuridão total não era sua culpa. Jazia sobre o leito, de olhos fechados, Akashi Seijuurou. A máquina que monitorava os batimentos cardíacos deixou de oscilar, encontrando a perfeita e letal constância; e aquele som, em seus últimos momentos, lembrou-o dos apitos em quadra... sem isso, jamais os teria conhecido.

E sorriu...

“Perdão... eu tinha ansiado tanto que acontecesse, que estive mesmo a sonhar com vocês... estávamos a andar pelo parque e até mesmo experimentando os doces no mercado... Chihiro não pareceu muito contente no começo, e imagino se continuam assim até mesmo agora... Nijimura-san, você sempre soube que eu não estava sendo feliz, mas seu sorriso me alegrou, mesmo que em memória.

Não é preciso que venham me ver... vindo de tão distante, porque sei que estão na América agora e ao passo que leem essa carta, nem ao menos imaginam onde estou... Mas disso nem eu mesmo saberei... dizem que é em um lugar melhor, mas não sei.

Desejo a ti um feliz aniversário, e espero que chegue a tempo esta minha carta. Perdão por escrever algo tão bobo, mas essa foi a única forma que tinha para que guardassem as minhas últimas palavras... Não me sinto mais sozinho.”

Sob as lágrimas que há muito não vertia, guardou a preciosa carta que recebera, e notando o sorriso triste no rosto de Mayuzumi, o beijou.

— Ele estava sofrendo... não suportaria mais o câncer naquele estado.

—... Eu sei que não.

“Obrigado... a sua carta chegou a tempo...”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, fiquem à vontade para executar qualquer ação do site-qq ;u; PÉSSIMO PRESENTE DE ANIVERSÁRIO QUE EU FUI DAR APOPSOPAOP



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Love Letter" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.