E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 9
Capítulo oito




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A manhã de Natal, como era de se esperar, começou fria, mas logo o sol tímido se tornou forte e então tomou seu lugar no céu azul. Resplandecente, fazia as gotículas de gelo penduradas nas árvores brilharem suavemente como diversos pingentes.

A luminosidade começava a invadir o quarto quando Hermione acordou com o grito agudo e estridente. O qual escapara instantaneamente pela sua garganta. Apoiando a mão no peito, respirou ofegante. Levantou assim que ouviu passos e se encaminhou rapidamente para o banheiro, fechou a porta e ligou a ducha, deixando o som da água preencher o ambiente. Fugia de qualquer conversa ou consolo.

Os passos do lado de fora seguiram até a porta do banheiro, a maçaneta sacudiu e então parou. A pessoa recuou e saiu do quarto.

Estava sozinha novamente.

Hermione suspirou languidamente e olhou fixamente para seu reflexo pálido no espelho. Cansada, suada e trêmula, destrançou o cabelo. Tentou parecer animada e abriu um sorrisinho tímido para si, mas ignorou o reflexo mentiroso.

Assim que pisou na cozinha Gina largou o que fazia para analisa-la milimetricamente.

— Dia!

— Como foi a noite? — Gina foi direta, não tinha paciência para ficar enrolando.

Hermione titubeou e escorou-se na bancada antes de responder.

— Ótima! Bebemos um pouco e depois voltei. Apenas isso, se quer saber.

Gina riu e lhe serviu um prato com waffles e suco de abóbora.

— Obrigada! — Agradecia tanto pela comida quanto pela discrição nas perguntas. — O que foi que eu perdi?

Gina pegou um garfo e roubou um pedacinho dos waffles de Hermione.

— Fred e George fizeram uma pegadinha com Rony. — A ruiva mastigou o alimento e concluiu pela expressão de Hermione que esta queria saber o restante da historia. Continuou: — Eles soltaram o balaço que te acertou e fizeram com que flutuasse atrás dele por alguns minutos. Acredite, foi divertido ver Rony dizendo que jamais jogaria como batedor.

Hermione revirou os olhos.

— Foi apenas um... Uma pancada!

— Forte o suficiente para te fazer desmaiar. — Harry entrou na cozinha e beijou Gina carinhosamente, buscando rapidamente a xícara de café. — Como está sua cabeça? Aposto que Draco lhe receitou alguma coisa.

— Posso fazer uma poção se eu sentir dor. Participei de alguns seminários na França. Me especializei em algumas áreas do ramo mágico.

Harry assoviou surpreso.

— Mais um motivo para aceitar o cargo. — Hermione arqueou a sobrancelha, como se pedisse explicações. — Você é inteligente e bem instruída, se sairia bem.

— Não posso deixar minha avó, Harry. Ela precisa de mim.

O silencio se instalou momentaneamente e Gina aproveitou a situação para deixa-los a sós. O assunto começava a lhe deixar irritada e pouco a vontade.

— Precisa parar de mentir para si mesma.

Hermione encarou Harry por alguns segundos.

— É você quem precisa dela, e por alguma razão não aceita admitir isso. — Harry completou, olhando fixamente para a amiga.

Hermione baixou o olhar e tamborilou os dedos na madeira da mesa.

— Eu sei disso, mas no momento prefiro acreditar que ela depende de mim. Preciso voltar Harry, depois do baile comemorativo.

Harry levantou-se tranquilamente e esticou a mão para Hermione, que aceitou o convite e levantou-se, ficando de frente para o amigo.

— Tem muito tempo para pensar nisso. E... — Harry parou por um momento e segurou Hermione pelos ombros. — E até lá eu já terei aceitado seus encontros com Draco.

— Meus encontros com Draco? Como sabe que...?

Harry riu de uma forma que parecia até distinta, como se conseguisse ler os pensamentos da amiga sem esforço algum.

— Não é difícil de imaginar! — Respondeu. — Depois de tudo o que aconteceu, vocês se aproximaram bastante e ontem ele insistiu para te atender quando ficou sabendo do acontecido. Juntei as peças!

Hermione sorriu orgulhosa. Harry a conhecia perfeitamente, e sua capacidade de compreender certos fatos lhe deixava feliz. Se houvesse a possibilidade de um romance com quem quer que seja, ele lhe apoiaria — como sempre fez.

— Fico feliz em saber que aceitaria meus encontros com Draco, mas fique sabendo que somos apenas amigos. — Harry suspirou aliviado. — Draco está com Astória e ontem ele só não estava muito animado em passar a véspera de natal com os pais.

Harry produziu um ruído de concordância.

— Então não preciso me preparar para... Fico aliviado!

Trocaram sorrisos e seguiram juntos para a sala.

— Amei o presente! — Gina surgiu de repente, abraçando a amiga com força. O aroma em sua pele era o perfume francês que Hermione escolhera.

— A propósito, adorei o livro de recordes no Quadribol Europeu. Prometo que vou ler! — Harry comentou enquanto a esposa ainda abraçava Hermione.

— Como conseguiu o livro? Ainda nem foi lançado! — Gina perguntou curiosa já que recebera uma página inteira sobre seu trabalho no Holyhead Harpies.

— Barganhei com o editor, em troca concedi uma entrevista para a revista de fofocas da filha dele.

Harry riu.

— Tenho certeza que foi um grande sacrifício!

— Você não faz ideia.

Cortando a conversa Gina beijou o marido na bochecha e esticou a mão para Hermione, indicando o escritório com a cabeça. E quando fechou a porta, disse sorridente e sem rodeios:

— Preciso que guarde segredo.

Hermione assentiu e sentou-se com a amiga num divã de couro marrom ao lado da janela.

— Eu acho que estou grávida!

Houve algumas exclamações de surpresa e em seguida um longo e apertado abraço.

— Estou tão feliz! — Hermione disse. — Harry já sabe dessa sua suspeita?

— Ainda não. Quero que vá comigo amanhã no St. Mungos para confirmar. — Pediu com a voz baixa e também animada.

— Claro que sim.

Gina sorriu abertamente e começou a planejar como fariam para Harry não descobrir. O marido começaria a trabalhar pela manhã, e assim teriam o restante do dia livre para a consulta. Hermione também decidiu que iria deixa-los sozinhos durante a noite, se a suspeita de Gina estivesse certa, o casal gostaria de um momento romântico. Aproveitaria o tempo para organizar a casa dos seus pais. E também organizar a vida que deixara em Londres há sete anos.

— Hermione, acho que a sua coruja chegou! — Harry gritou por trás da porta, saiu então do escritório com Gina logo atrás e foi até Harry, que segurava a ave no braço.

— Obrigada, Harry. — Deu duas batidinhas no ombro e a ave acomodou-se nele. Carregava na pata um pedacinho de papel enrolado. — Você deve estar com fome, não é?

Deixou os amigos para trás enquanto subia as escadas conversando carinhosamente com a coruja, no quarto, deixou-a se acomodar no poleiro. Hermione então começou a desenrolar o pergaminho e sentou-se na beirada da cama para ler.

“Granger, aí está sua coruja. Muito bem alimentada, por sinal.”

Não precisava de assinatura para saber quem enviara. A ave estava com Draco desde que a enviara de volta para Londres, e claro, seu sobrenome escrito na mais perfeita caligrafia parecia soar ironicamente, marca registrada do Sonserino.

A coruja abriu as asas, e Hermione sorriu a contragosto, divertidamente.


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Notas finais do capítulo

Sei que não é o capítulo que esperavam, mas é necessário ir com calma. Prometo, Nott vai aparecer por bastante tempo no próximo capítulo!



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