E de repente... escrita por Amanda


Capítulo 29
Capítulo vinte e oito




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— Harry!

Hermione gritou, seus pulmões comprimiram-se em desespero até que conseguisse absorver o ar novamente. Seu corpo ainda preso à cadeira pendeu pra frente, o suor pingava da sua testa e umedecia seu cabelo e roupas. Nott estava sentado na sua frente, os cotovelos apoiados nas pernas, o sorriso sádico ainda brincava em seu rosto.

— Vejo que ainda protege seus amigos. Impressionante!

Recém saíra de mais uma das alucinações, não conseguia controlar o emocional, estava constantemente presa em situações apavorantes, que lhe deixavam em completo desespero. Chorava, gritava, perdia o fôlego e quando o reencontrava, embarcava em mais uma aventura psicológica criada por Nott.

— Por favor, pare! — Pediu, sua voz estava trêmula e por um fio. — Eu não c-consigo, não mais...

...O...

Enquanto isso Harry analisava o mapa novamente, já havia um grupo de aurores para salvar Hermione, escolhera a dedo aqueles que levaria consigo na missão. Rony do seu lado apontava uma brecha no mapa.

— Como vamos fazer isso? — Blásio, que se oferecera para ir junto, perguntou.

— Estamos resolvendo isso, mas não sabemos muito mais que vocês. Hermione não deixou instruções! — Harry bufou, sentia-se inútil sem informações e sem a amiga para lhes ajudar nisso.

— Não estamos fazendo o suficiente! — Theodore andava de um lado para o outro. Não dormira há três dias. Estava exausto, mas não desistia.

— Cale a boca, Theodore. — Draco disse de forma rude. Estava jogado numa poltrona de couro e balançava um copo de conhaque, tão irritado quanto todos os outros. — Aquela grifinória idiota com mania de heroísmo!

Rony o olhou de esguelha, mas voltou ao mapa em poucos segundos.

...O...

— Não consegue sangue-ruim? Não suporta mais? — Hermione soluçava, sacudindo a cabeça de um lado para o outro. — Pensei que fosse mais forte, mas acho que me enganei.

Hermione levantou o rosto minimamente, o suor pingava de sua testa, levando sua coragem e força. Deixando-a sem nada, vazia de esperanças e qualquer outro sentimento.

Nott levantou-se, arrastando a cadeira para longe apagou todas as velas e saiu do cômodo sem dizer mais nenhuma palavra. Simplesmente, desaparecer na penumbra.

Morreria.

Sabia que assim que Nott voltasse morreria, não tinha mais motivos para continuar com aquele jogo. Não aguentava mais as torturas, desmaiava, chorava, perdera as forças. Numa das torturas — e era essa que rodava por sua mente a todo instante — encontrou todos aqueles que amava dilacerados, irreconhecíveis. O cheiro da carne e toda a podridão lhe fez vomitar, e seu estômago embrulhou ainda mais quando Nott tentou limpá-la. Agora, esperava apenas pelo clarão verde.

Nunca pensou que esperaria com ansiedade pela morte, mas a cada batida ou ruído que ouvia seu coração acelerava, quase saltando do peito. Aquilo lhe deixava apreensiva, queria que acabasse de uma vez, mas ao invés disso, passou horas ouvindo o acelerar e desacelerar dos seus batimentos.

— Acabe logo com isso! — Gritou, esperando que aquele resto de voz tomasse proporção suficiente para Nott ouvi-la.

A porta se abriu e esperou que tudo acabasse logo, fechou os olhos e encolheu-se, não queria ter como última lembrança aquele homem. Escolheu uma lembrança, e abraçou-a.

— Ora, pensou que seria fácil assim? — Nott segurou seu rosto com força, levantando-o até que pudesse olhá-lo diretamente nos olhos. — Vamos nos divertir antes!

Hermione arregalou os olhos, compreendera perfeitamente.

— Não, por favor...

Nott soltou-a das amarras presas na cadeira, e segurou-a para que não caísse. Somente aquele toque já lhe deixou nauseada e tonta, precisava buscar fugir, mas como?

O homem e segurou pelos ombros, e Hermione conseguiu apenas chutá-lo com o máximo de força que tinha, mas que não fora o suficiente, dois passos depois já estava presa novamente. E dessa vez, Nott não parecia feliz.

— Sua sangue-ruim, fique quieta! — Derrubou-a no chão, apertando suas costas contra a madeira, machucando-a sem ligar a mínima. — Lumos!

O cômodo iluminou-se, e Hermione arrependeu-se de tê-lo olhado. O sorriso que mantinha firme no rosto era sádico, animado, estava gostando muito daquilo tudo.

— Quero ver seu rosto! — Disse antes de tocá-la inescrupulosamente. — Ora, até que não vai ser tão desagradável. Você tem belas curvas!

— Me solta... — Choramingou.

Nott, porém, ignorou-a. Seguiu acariciando-a e passando as mãos até onde lhe convinha. Pressionou seus corpos, enquanto ouvia-a chorar baixinho, o rosto virado para o outro lado, encarando a barra da cortina.

— Isso vai acabar mais rápido do que imagina! — Tocou o cós da calça de Hermione, fazendo-a tremer, e com lentidão puxou-a para baixo. Empertigou-se, pronto para abrir o zíper da própria calça, mas tão rápido quanto podia imaginar a porta se abriu, batendo com força na parede, criando um estrondo.

Foi estuporado antes que pudesse empunhar a varinha, e um grupo de aurores entrou. Harry foi o primeiro a correr até Hermione, seguido de Draco que carregava uma maleta, daria o primeiro socorro.

— Hermione, por Mérlin! — Abraçou a amiga, aninhando-a em seus braços. A garota chorava como uma criança, soluçando desesperadamente. — Estamos aqui. Eu estou aqui!

— Oh, H-Harry!

Draco estava junto, agachado como Harry, mas apenas observava-os de longe. Buscou naquele meio tempo por sangue, ou qualquer outro sinal que indicasse ferimentos ou contusões.

— Hey, acalme-se. — Harry repetia. Rony havia tirado o casaco, e cobriu Hermione assim que se aproximou. Não sabia lidar com aquela situação como o amigo, por isso deixou-os em silêncio.

— Potter, preciso examiná-la. — Draco disse, a voz estava calma, mas ainda assim passava urgência.

Harry assentiu, e pediu tempo, sinalizando com a cabeça que esperaria Nott ser levado.

Três aurores, incluindo Theo, passaram com Nott já preso, mas não impediram-no de encarar friamente os olhos de Hermione e dizer:

— Você se parece com eles, o mesmo olhar amedrontado! — Sorria como se nada estivesse acontecendo. — Conte para sua namoradinha, Theodore, conte sobre aquela noite. Aposto que ela adoraria saber!

— Cale a boca! — Theodore esbravejou, empurrando-o.

— Não se preocupe, terminamos isso num outro dia! — Gritou da porta, ainda buscando o olhar de Hermione.

A garota estremeceu e voltou a esconder-se no peito de Harry, e seu pudesse, ficaria ali para sempre, no conforto e segurança dos braços do amigo.

— Venha, vamos pra lá! — Harry ajudou-a a levantar-se. — Consegue caminhar?

Draco posicionou-se ao lado de Hermione, e assim como Harry, segurou-a pela cintura. Era evidente que precisava de mais apoio do que demonstrava fisicamente, estava abalada psicologicamente e seus pés demoraram a entender o que precisavam fazer.

— Hermione... — Blásio entrou na sala novamente, havia deixando Nott com os aurores, precisa ver como estava Hermione. — Você está péssima.

A garota rolou os olhos e forçou um breve sorriso, sendo carregada para fora.

Estavam na casa de Theodore, exceto os aurores encarregados de levar Nott para Azkaban junto de Rony, que daria conta do que fosse necessário. Hermione estava sentada sobre a escrivaninha, enquanto Draco procurava por ferimentos aparentes.

— Apenas arranhões! — Constatou depois de minutos, aliviado.

— Eu disse. — Hermione baixou o blusão, cobrindo a nudez. Não conseguia sequer corar, já não se importava mais com isso, havia outras prioridades.

— Mas você ainda está tremendo. — Rebateu, e ficou observando-a encarar as mãos trêmulas. Segurou-lhe, tentando reconforta-la. — Não sei pelo o que passou, mas é claro que não está bem. Estou aqui, todos nós estamos!

Hermione sacudiu a cabeça, sentindo os olhos enxerem-se de lágrimas. Recebeu um beijo delicado na testa.

— Como ela está? — Theodore irrompeu pela porta, e Draco foi quem segurou-o por alguns minutos. — Hermione!

A garota levantou, mas apoiou-se na mesinha, suas pernas ainda estavam dormentes. Ficara muito tempo sem movimentar-se. Olhou por cima do ombro de Draco e pôde ver a expressão de Theodore, estava preocupado — era evidente.

Durante o trajeto até ali ficou pensando no que Nott quis dizer com aquilo, Theodore sabia de alguma coisa, queria saber.

— Pode me chamar se precisar, tudo bem? — Draco voltou-se para Hermione, que apenas assentiu.

Sozinhos no escritório permaneceram em silêncio. Ambos constrangidos com toda a situação. Theodore por ter dado prioridade ao seu pai, e Hermione por ter feito oque fez.

— Como está se sentindo? — Perguntou, queria abraça-la e protege-la, mas não o fez.

Os olhos de Hermione estavam escuros como nunca viu, talvez fosse pelos ferimentos doloridos, mas descobriu que estava errado somente pelo movimento brusco que a viu produzir para se afastar. Parecia magoada.

— O que houve? — Perguntou

— Do que seu pai estava falando? — Sua voz, ao contrário do que imaginou, estava firme. — Você o mandou calar a boca. Quero a verdade!

Sabia que sim, o olhar estava tão firme quanto a voz, mas parecia gélido e inquebrável.

— Foi ele quem matou seus pais. — Cuspiu as palavras duras, e notou que mesmo por um segundo, afetou-a. Não gostou daquilo. — Eu sempre soube.

Hermione virou de costas, queria esconder as lágrimas que formavam-se nos cantos do olhos. Sentia-se traída. A morte de seus pais era o que julgava ser mais importante na sua vida, queria descobrir quem os assassinara, mas nunca pensou que a resposta estivesse tão perto.

— Mas nunca pensou em me contar! — Havia magoa na sua voz, e transbordava por todo seu peito que parecia apertado demais naquele momento.

Theo tentou aproximar-se, mas Hermione afastou-se cambaleante. Se precisasse correr não conseguiria.

— Eu queria, contaria...

— Mas não contou. E não minta, você nunca me contaria!

— Vamos falar sobre mentiras? A sua quase te matou, tem algo a dizer? — Elevou a voz, ainda estava irritado com Hermione e sua coragem dissimulada.

Hermione rugia, seu coração batia cada vez mais rápido, pronto para atacar com palavras ainda mais rudes se fosse preciso.

— Eu precisei, não tive escolha. Não temos nada no Ministério, nenhuma pista, e aquilo significou o fim!

— O seu fim? Porque quando cheguei lá você estava quase morta. Sabe como eu me senti? Impotente, não consegui proteger a pessoa que mais amo!

A garota parou, havia agido impulsivamente, o que tanto abominava nos amigos. Não pensou nas consequências, apenas foi la e fez, sem se importar com os outros.

— Você nem sequer olhou para mim, saberia que eu estava bem, apenas...

— Apenas? Você quase foi...

A porta se abriu e Harry entrou apressado, sentiu a tensão no ambiente, mas não pode fugir. Não deixou que Hermione pensasse na frase que Theodore quase proferiu.

— Hermione a sua vó está no hospital! — Cansada e magoada saltou como uma fera, tamanha a surpresa. — Vamos levá-la, apenas fique calma.

Ao contrário do que Harry pediu, Hermione correu para fora da sala, mas antes lançou um olhar rápido e significativo para Theodore que entendeu perfeitamente o que queria dizer.


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Notas finais do capítulo

Olá, quero antes de tudo me desculpar pela demora, mas eu precisava de um tempo para elaborar os detalhes desse capítulo. Espero realmente que gostem!!!



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