Memórias de uma vida escrita por AnmyChan


Capítulo 27
O último adeus e presente para Pietra




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— Parentes e Amigos de Lizandra Flanagan Sheeran, sejam bem vindos à cerimônia de despedida da querida amiga, filha, esposa e mãe. – o Padre fez uma pequena pausa e depois continuou. – Liz, como gostava de ser chamada, era uma pessoa alegre, perspicaz e cheia de vida. Sua família era a sua paixão e o seu grande amor era sua filha. – nesse momento ele olhou para mim para que eu subisse no altar para falar algo.

E foi o que fiz, subi e peguei o microfone do Padre, e olhando os amigos, e os pais de Liz, senti que estava sendo julgado e culpado. Ignorei o sentimento e comecei.

— Nós nunca pensamos que passaríamos por momentos como este. Ela e eu falamos uma vez que se um dia um de nós fosse embora primeiro, seria quando tivéssemos cabelos brancos e linhas no rosto que mostrariam quanto o tempo passara. – suspirei e olhei para o caixão aberto. – Por mais difíceis que foram os últimos meses, eu a amava e antes de partir ela me confirmou o que sentia também. – lágrimas começaram a escorrer por minha face, em pequena quantidade, me virei para os presentes. – E mesmo que não estivéssemos mais nos entendendo e em fase de divórcio, o apoio e a cumplicidade ainda existia. – passei a mão por baixo dos meus olhos. – É difícil estar aqui na frente de todos, e principalmente na frente de vocês Senhor e Senhora Flanagan- os olhei. - Por que eu não cumpri com meu acordo de protegê-la, e de estar juntos na saúde e na triste. – me virei e fui para perto do caixão e antes de continuar a olhei e suspirei. – Ela me fará falta, com suas ligações perguntando como estava Pietra, e infelizmente só me sobrarão às lembranças dos ataques de ciúmes, dos primeiros anos de matrimonio e da comemoração a cada fase de nossa vida alcançada. Descanse em Paz Liz. – beijei a testa dela e voltei a sentar, e quando percebi um pequeno ser, havia tomado posse do microfone.

— Mamãe e eu a gente tinha uma coisa, chamada de ritual. Quando eu caia de bicicleta ela colocava um band-aide dava um beijo para sarar. – eu a olhava perto do caixão e notei seus olhos lacrimejarem. – E todo mundo sabe que quando a mamãe brigava era por que tinha razão, e eu nunca fiquei brava com ela. – ela falava como se tivesse decorado tudo. – O que vou sentir falta é do beijo antes da escola, e de toda vez que nós assistíamos o desenho do Bob Esponja e ela imitava a risada dele. – ela deu uma risada fraca, em seguida subiu no altar e quando ficou na altura do caixão, mesmo distante ela o encarou e encerrou. – Eu te amo Mamãe, e sentirei sua falta. – ela começou a chorar muito, entregou o microfone ao Padre e correu para o meu colo, eu a envolvi em meus braços e Sophia que estava do meu lado alisou a cabeça da pequena.

Os pais de Liz falaram depois de Pietra, e assim foi indo, os parentes mais próximos e assim que Matthew, o Senhor Flanagan, meu pai, eu levamos o caixão para o cemitério que ficava atrás da igreja. Todos ali choravam muito, principalmente os pais dela, Pietra e eu.  Os anos de convivência com Liz me fez amá-la como companheira e não como uma esposa, uma amada que você faz de tudo para vê-la feliz, eu não me lembro de quando mudei meus sentimentos, mas tinha certeza que os de agora eram tristeza por seus caminhos errados, que a levaram para longe a onde eu não pudesse interferir.

O caixão começou a descer assim que o Padre falou suas últimas orações, e os presentes o seguirão jogando rosas vermelhas no tumulo, mas somente a da Pietra era uma rosa branca, e antes de joga-la, levou até a boca, beijo e jogou.

DOIS MESES DEPOIS

Ainda sentindo a falta da mãe, Pietra não deixou de ficar feliz ao ver o violino em cima da cama em seu aniversário de sete anos. Ela me abraçou e sorrindo alisava o instrumento.

— Obrigada Papai.

— De nada, meu pequeno talento.

— Pequena não, agora tenho sete anos. – ela riu.

— E vai me impedir de te chamar de pequena agora?

— Sim.

— E de princesa, princesa pode né?

— Pode. – ela me abraçou. – Vou mostrar para a Mandy. – Mandy era a nova amiga e vizinha do nosso prédio, as duas se tornaram tão grudentas que não havia água quente que descolasse.

— Se comporta hein.

— Ok. – saiu de casa com o violino.

Ainda morava no mesmo prédio, a casa que era de Liz eu aluguei até Pietra ter idade para decidir o que vai fazer com a casa, já que estava em seu nome.  Eu ainda sentia aquele aperto de toda a situação da noticia, do hospital, do choque e da Pietra berrando.

E bem, eu fui a Suffolk mais três vezes para encontrar Sophia, estávamos não oficialmente namorando até por que eu não a pedi, e acho que com quase 30 anos é meio estranho pensar no estado civil: Viúvo/Namorando.

Na minha carreira as coisas andavam bem, eu fazia shows locais e volte e meia aparecia patrocinadores e empresários com propostas de turnês pelo mundo, mas eu não aceitava por enquanto já que tinha a Pietra e mais alguma coisa como estar cansado de usar o chuveiro do ônibus.

E nós estávamos vivendo bem, eu liguei para Stu o convidando para o aniversário da minha pequena, e mais alguns amigos dela. Meus pais viriam junto com o encosto do meu irmão, e se liberassem a Sophia da escola provavelmente viria também. Não ia dar uma festa grande, seria mais uma reunião das pessoas que ela gosta, para não passar pela data em branco.

Contratei uma empresa de festas, já que nunca fui bom em festa infantil. Era sempre Liz que organizava as coisas, normalmente eu me sentava no sofá e enxia os balões.

Peguei o telefone para ligar para a minha mãe, quando a campainha toca, fui até a porta e abri.

— Oi Ed. – fiquei encarando a pessoa a minha frente e então perdi a fala.


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