Memórias de uma vida escrita por AnmyChan


Capítulo 26
Hospital




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No avião eu e Sophia explicamos para Pietra que Liz estava doente e por isso estaria no hospital, e talvez isso fosse o motivo que não pode ligar para ela. Pousamos e pegamos um táxi direto para o hospital, chegando lá me identifiquei e entrei na UTI, a enfermeira me levou até Liz, a cabine dela era uma das últimas e a primeira reação ao vê-la foi de espanto, aquela pessoa não parecia ser a pessoa que eu havia me casado, e nem a mesma que saiu da maternidade sorrindo com Pietra no colo, ela estava inchada e havia alguns roxos em seu corpo, das cabeças aos pés.

— Liz? – chamei me posicionando ao seu lado e ela que antes estava de olhos fechados abriu me encarando. – Você lembra quem sou eu?

— E...Ed. – vi uma lágrima escorrer e aquilo me doeu o coração.

— Sim, sou eu minha querida. – peguei sua mão, e a senti apertar.

— Pi...etra.

— Esta tudo bem, ela esta comigo aqui.

— A...Aqui? – ela fechou os olhos.

— Sim, falei que você estava doente e por isso estaria aqui.

— E...Ed. – ela me olhou novamente e apertou mais forte minha mão. – Me desculpa.

— Não precisa se desculpar, esta tudo bem. – passei uma das minhas mãos por sua testa, e beijei.

— N...Não. – ela arregalou os olhos e falou de uma só vez. – Eu estou morrendo.

— Não, não esta, você não pode fazer isso conosco.

— Ed, e...eu sei que não v...vou sair daqui. – ela apertou os olhos e escorreu mais algumas lágrimas. – E...eu não cumpri com no...nosso acordo.

— Liz.

— E...Ed, eu voltei a jo...jogar e por isso es...estou aqui. – meus olhos já acompanhavam os dela.

— Liz, não faça esforço, eu não te julgo, e se é para perdoar alguém, que seja eu a pedi, não devia ter me dedicado tanto à carreira e devia ter dado atenção ao nosso casamento.

— Isso não interessa a...agora Ed. Quero que me prometa uma coisa.

— Pode pedir.

— Seja feliz e faça a no...nossa menininha feliz. – ela agora chorava para valer. – Não fui o exemplo de mãe e... – ela respirou fundo. – Ela merece a felicidade, sei que n...não estarei presente em seu próximo aniversário. – respirou fundo novamente. – Nem a verei se apaixonar, e m...muito menos se debutar e se formar.

— Liz não fale isso, você vai sair daqui querida.

— Ed, v...você é um ó...ótimo Pai e foi um excelente marido, e me...mesmo agora esta se...sendo gentil comigo.

— Lizandra.

— Ed, antes de ir eu quero ver Pi...Pietra, mas an...antes quero ouvir aquela frase. – ela molhou mais um pouco seu rosto, e eu já não conseguia mais conter as minhas lágrimas.

— But these three words i have to say to you my baby blue you know it's true i love you…
(Mas essas três palavras eu tenho que dizer para você meu triste amor você sabe que é verdade eu te amo)

Ela fechou os olhos quando me ouviu cantar.

— E...eu te amo Ed. – nesse momento ela puxou o ar um pouco mais forte, eu me inclinei e encostei meus lábios nos dela, ficando assim por alguns segundos, e a ouvi chorar.

— Não chora Liz, eu já disse que você vai sair daqui.

— E...Ed, traz a Pietra.

— Ok. – sai de perto dela, e limpando meu rosto, fui buscar a pequena na sala de espera, a deixaram entrar por causa do risco de vida que Liz estava. Antes de entrar alertei Pietra que a sua mãe estava muito doente e não poderia falar muito. – Vem. – peguei sua mão, e a levei até a cama da Liz, Pietra ficou em cima da escada ao lado da cama.

— Mamãe.

— O...oie filha. – Liz deu um sorriso fraco para ela e quando Pietra se inclinou ela deu um beijo e recebeu outro.

— Por que a mamãe esta com essas mangueiras?

— É para ajuda-la a respirar. – respondi.

— Filha. – ela pegou na mão da Pietra e com a outra mão procurou a minha, estava eu do lado esquerdo e a pequena no lado direito. – Mamãe quer, que vo...você prometa que vai respeitar, cuidar e amar seu Papai.

— Uhum. – respondeu Pietra.

— Eu sempre v...vou amar vocês dois. Minha querida f..filha e meu a...amado marido. – eu já estava chorando novamente. – Eu amo vocês.

— Papai por que esta chorando?

— Filha, olhe para a sua Mamãe, e fale o que você ensaiou a dois dias. – disse me virando e desabando e depois voltando a olhar para as duas.

— Eu sei tocar violino Mamãe. – Liz sorriu. – Eu te amo Mamãe e aprendi um poema, ele é assim.

“Mãe, você é um anjo que me protege,
Você é a luz que jamais se apaga,
você é aquela estrela gigante que me guia,
e para sempre será minha amiga”.

Quando Pietra recitou o verso, Lizandra nos deixou, ela estava sorrindo e seus olhos marcados por lágrimas que antes existiam ali, eu entrei em choque e beijei sua mão, testa e lábios.

— Mamãe? Mamãe acorda, acorda Mamãe, Papai por que a Mamãe não acorda? – dei a volta na cama e abracei Pietra por trás. – Papai, acorda a Mamãe.

— Filha. – a virei.

— Papai por que esta chorando? Por que a Mamãe não acorda.

— Filha, vem. – a peguei no colo, e assim vi uma enfermeira indo até Liz.

— NÃO, MAMÃE! ACORDA MAMÃE! - a pequena berrava e choramingava.

A levei até o jardim do hospital, Sophia se mantinha longe para que a conversa fosse somente entre eu e minha filha. Sentamos em um dos bancos que tinha por ali.

— Pietra, Mamãe nos deixou, foi morar com as estrelas.

— Como assim Papai? Ela se mudou de novo?

— Sim, ela agora mora lá em cima. – apontei para o céu.

— Mamãe morreu? – ela me olhou com cara de choro.

— Eu sinto muito. – voltei a chorar seguido de Pietra.

A pequena me abraçou e sentou no meu colo, ela chorava muito até começar a soluçar, era esse tipo de situação que deveria ser poupada para as crianças, ver alguém que você ama morrer, e saber que não estará ali para te fazer café e muito menos aqueles rituais de mãe e filha.

O dia tinha amanhecido tão belo, e a manhã estava feliz e confortante, mas no período da tarde que seria para ter sido o passeio e experiência mais alegre para minha filha, havia se tornado o pior de todos, ela sempre iria lembrar-se do último eu te amo que ouviu da mãe, e nunca mais poderia recitar o poema tão belo quanto aquele. Sophia se aproximou depois de um tempo e nos abraçou formando um abraço em grupo ao som dos soluços e as fungadas de nariz de Pietra.

Aquela tarde jamais sairia da minha mente.


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