Death Memories: Operação Marshall escrita por Nael


Capítulo 4
Demônios Internos


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada quero esclarecer algumas coisas:
—A fic terá temas e cenas mais pesadas, não de inicio, mas já aviso pra não se apegarem muito a comédia. Death Note e os sucessores do L estão longe de serem engraçados.
—Mesmo assim o foco dela não é esse, aliás o foco dela nem é a investigação propriamente dita e sim o passado dos personagens. Claro que terá toda a investigação, resolução e explicação, mas não pensem que isso é tudo.
—Apenas uma palavra pode descrever essa fanfic: Entrelinhas! Observem, vasculhem, decifrem as entrelinhas.



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Grande jogador do século XIX, o austríaco Wilhelm Steinitz foi internado em um asilo para doentes mentais e chegou a dizer que jogara - e ganhara - uma partida de xadrez contra Deus.”

P.O.V Mello

Eu não havia me dado conta de tudo aquilo até estar tão próximo. Eu ia voltar para aquele mundo, não do mesmo jeito claro, mas não conseguia deixar de reviver aquele único porém infinito ano. Quando o caso foi resolvido e Matt nos lembrou que tudo o que eu tanto fugia podia recomeçar dentro de dois dias, eu não aguentei mais. Eu desabei.

— Você está bem? – ele perguntou e não eu não estava, mas ficaria. Eu tinha que fica. Então depois que bati a porta na cara dele que entendeu o recado eu voltei a me olhar no espelho. O cabelo chanel que me custava vários apelidos e provações, além de insinuações sobre mim e Matt, a franja que me atrapalhava em várias atividades e me agoniou nos primeiros meses depois do corte e claro o nome que adotei ao entrar na Wammy's.

— Mel... – falei o apelido e antes que pudesse me dar conta as lágrimas vieram. Começaram a escorrer cada vez mais e mais até que eu já estivesse debruçado sobre a pia de porcelana tentando não fazer muito barulho.

Matt não entedia, ele não sabia então não poderia me entender completamente, ele só me apoiava. Nunca se tratou de esquecer o passado ou mesmo de me vingar. Aquela minha imagem, aquele meu nome, tudo era para me lembrar e não me fazer desistir. Aquela era a razão pela qual eu não poderia perder. E por mais que me doesse, por mais que eu chorasse eu devia lembrar do passado, pois ao contrÁrio das outras pessoas e crença popular era meu passado que me dava forças para me mover à frente.

— Nii-san. – A voz dela veio a minha mente. Hora alegre, hora triste, às vezes rindo, às vezes chorando.

— Ei, Mel, olha pra mim. – Segurei os dois lado de seu rosto pálido, magro e em choque. Seus olhos verdes claros se fixaram nos meu. – Vai ficar tudo bem. Nós vamos ficar bem, vamos ficar juntos não importa o que aconteça. Eu vou te proteger a todo custo. Eu vou nos tirar daqui e então eu te levarei para todos os lugares que quiser ir, te comprarei tudo o que sempre sonhou e você poderá comer todos os doces que sempre quis. – Ela pareceu se tranquilizar e eu completei. – É uma promessa.

Meia hora depois disso ela sangrava em meus braços, a bala no seu corpo frágil e pequeno não lhe deu mais que alguns segundos. Ela não conseguiu dizer nada apenas sorriu. Eu não sei ao certo o que aquilo significou, mas eu havia jurado não mentir mais para ela e prometi tantas coisas, iria cumprir minhas palavras com toda certeza. Por isso eu iria me tornar o L de qualquer maneira.

A minha visão se embaçava, o cabelo grudava no meu rosto e a náusea me dominou. Corri ate o vaso e vomitei, o que exatamente eu não sei. Meu corpo todo parecia dormente, minha mente em acontecimentos distantes, mas persistentes. Parecia que eu me via fora do meu corpo.

Depois de um tempo dei a descarga, lavei o rosto e escovei com vontade os dentes. Meus olhos estavam horríveis e já era tarde. Suspirei uma última vez e abri a porta. Matt estava deitado na cama, só o abajur no criado mudo estava acesso. Caminhei até a minha cama, antes de desligar a luz vi um copo de água sobre o móvel com dois comprimidos sob um guardanapo do lado.

Sorri de canto e os bebi. É, Matt não me entendia, ele só me apoiava, mas isso era o bastante.

P.O.V. Matt

O barulho de Mello saindo do banheiro e se ajeitando na cama foram a minha deixa para finalmente conseguir dormir. Ate então eu só me mantive imóvel e de olhos fechados. No que pareceu nada mais que cinco minutos ouvimos batidas na porta. Eram calmas, mas insistentes.

— Deixa, eu vou. – murmurei, Mello certamente precisava de mais sono que eu. Acendi o abajur para olhar no relógio, eram 6:00 da manhã. Eu ia socar o miserável que estivesse do outro lado da porta.

Descalço mesmo fui ate lá e abri uma fresta, a luz do corredor fora acendida e na minha frente estava Near com suas roupas brancas e largas. Eu o encarei com cara de irritado e ele foi direto ao ponto.

— Precisamos conversar. Onde está o Mello? – fiz sinal de silêncio pra ele e me virei pra trás onde vi pela pouca iluminação da janela aberta o loiro tapar a cabeça com o travesseiro.

— Ele está apagado. – falei indo pra fora e puxando a porta. Cruzei os braços me encostando na parede. Near vivia encolhido e ali agora em pé eu reparava que ele alcançava o meu ombro, perto do Mello então ele seria um anão. Era irônico, uma das maiores ameaça ao loiro não tinha mais do que 1,40. – E francamente acordá-lo agora pra falar com você é abusar da paciência que ele não tem.

— Na verdade quero falar com você. Vamos ao meu quarto. – ele começou a se dirigir para o fim do corredor. Eu pensei um pouco antes, mas acabei seguindo-o.

Eu nunca havia entrado no quarto do Near e sinceramente foi meio decepcionante. Ele era tão bagunçado quanto o de qualquer um. Havia brinquedos espalhados por toda parte. A cama ficava numa das paredes, a mesa e armário na oposta e sob a janela um baú onde ele guardava seus brinquedos estava aberto. Parecia que tinha espalhado tudo pelo chão.

— Cuidado com os Legos. – ele disse andando naturalmente pelo cômodo desviando das armadilhas que eram aquele piso. Fiquei achando por um momento se ele queria era me matar.

— O que quer falar comigo? – ele se sentou no chão perto de onde havia trilhos de trem que ele ligou e começaram a andar em círculos ao redor dele.

— Não posso levar nada comigo então estou...

— São seis da manhã, eu quero dormir Near.

— Certo. Sobre nossa viagem ao Japão. Está tudo pronto, temos nossos papéis e falas, contudo algo ainda me preocupa. – ele se virou tirando uma peça de um tabuleiro de xadrez atrás dele. - Mello. – ele colocou o rei preto nos trilhos e parou o trem antes que o atingisse.

— O que tem ele? – me abaixei no chão também, bocejando.

— Diga-me com toda franqueza Matt, acha que há alguma possibilidade de que essa missão tenha sucesso? De que nós não acabemos nos comprometendo?

— Está com medo de que Mello tenha um ataque e te mate enquanto dorme? – eu ri de leve esfregando os olhos, mas Near continuava sério e dessa vez parecia quase ofendido.

— Sim, essa é uma das minhas preocupações. Eu seria um tolo se não temesse o Mello e você.

— Eu? – ri com vontade. – Ora essa Near. – me levantei. – Estou indo justamente pra evitar isso, então não se preocupe e nem me acorde cedo assim de novo. – estava cansado daquilo e pronto para voltar a minha querida cama.

— Isso é um teste do L, qualquer um pode ver e você joga do lado do Mello. Eu estou em uma enorme desvantagem.

— Aonde está querendo chegar com tudo isso?

Seu olhar ficou sombrio de um jeito que eu nunca havia visto antes, muito semelhante aos olhos assustadores do Mello, mas ao contrário dele Near estava conseguido me assustar, afinal ele era um obstáculo a ser derrubado.

— Quero chegar ao fato de que isso não é um simples jogo, vidas estão em risco, nossas imagens e a reputação do L principalmente. Eu não deixarei Mello estragar isso.

Fitei ele boquiaberto um instante até finalmente compreender.

— Near... Quem diria. – dei uns passo na direção dele e então me abaixei flexionando os joelhos. – Acha mesmo que pode me intimidar? Acha que pode me abalar? Está querendo fazer seus joguinhos mentais comigo? – eu ri. – Você pode ser mais esperto do que eu, mais inteligente, só que suas insinuações não me assustam. Eu não vou deixar você me ameaçar.

— Isso não é uma ameaça, de forma alguma...

— Então o que? Está preocupado com seu pescoço? Com o L? Me poupe, eu também não sou idiota assim. Você me trouxe aqui para me mostrar suas garras, se estivesse mesmo cogitando o que me falou iria diretamente ate o Mello. – abaixei a voz sussurrando, porque o que eu queria mesmo era gritar de raiva. Near cerrou os olhos.

— Ele é instável e imprevisível. Além de estar perturbado com isso. Eu não sei o que tanto o preocupa, mas irei descobrir. Eu já fiz os cálculos, isso irá terminar mal. – ele falou num tom um pouco mais agressivo. – A minha real intenção aqui e apenas uma, se eu já cheguei a essa conclusão, se até você consegue ver o desastre em tudo isso se pergunte Matt, por que L fez isso? Por que ele continua com isso? Qual será a verdadeira intenção dele? – ele ligou o trem que foi empurrando o rei pelos trilhos.

Eu fiquei olhando a cena um momento. Depois me voltei para Near com o rosto sério e sai rapidamente dali. Eu sabia que não devia ter ido, que era uma má ideia segui-lo. No corredor apesar de curto fui correndo pro quarto e me joguei lá dentro de uma vez batendo a porta. Para minha surpresa a luz estava acessa e Mello não se encontrava.

Dei um passo para dentro e então a maçaneta girou. O loiro apareceu e entrou calmamente.

— Então... Near mostrou suas garras. – ele disse levando até os lábios que formavam um meio sorriso a barra de chocolate já no final. – Ótimo! Agora que as brancas deram a largada posso enfim jogar também.

Olhei pra ele catatônico. Aquilo tudo não passa de um grande jogo de xadrez em que um desastre era mais que iminente. L.... O que esse cara tava pensando?

P.O.V Lawliet

— Ryuuzaki. – a voz me chamou pela tela do computador onde havia a letra W. – Tudo correu bem como você pediu. Lissana estará segura.

— Entendido. Obrigado Watari. Vá imediatamente a Tóquio, eles chegarão em breve.

— Certo. E você?

— Eu tenho uma última coisa para resolver. – a ligação foi finalizada e eu virei o que restava do meu café. Em alguns dias começaria o torneio de xadrez sue definiria tudo. Matt, Mello, Near... me mostrem suas verdadeiras forças.


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Notas finais do capítulo

East Egg!!!! O/ Um de muitos.
Bom, pra quem não sabe ou não notou todas -TODAS- as minhas fics de Death Note (até agora 17/07/15) são conectadas. Nesse final aí, quem leu Death Note: Os Sucessores até o fim se lembra da Lissana, né? hihi
Outra coisa, já foi mencionado o nome Julie que é descrita como o oposto do Mello... Pois bem, deem uma relidinha em Vácuo.
Estou adorando isso, jogar essas iscas, brincar com os fatos. Eu realmente queria contar o passado dos personagens de DN: Os Sucessores, mas são fics mais extensas e complicadas que ainda preciso de tempo pra construir melhor. Então vou jogar algumas outras coisinhas em outras fics, especialmente na saga Death Memories (Sim, Operação Marshall não é a única). Espero que estejam gostando.
Ah! E vai ter breves, porém importantes P.O.Vs do Lawliet.



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