Matheus dirigiu até um café para que pudessem conversar melhor. O lugar era bem bonito e tinha um ar de tranquilidade, tocava uma leve musica de fundo e eles se sentaram em uma das mesas vazias.

— Já pode começar a falar. – Disse Mayara abrindo o cardápio.

— Calma aí menina. – Disse Matheus, como sempre, levemente debochado.

Ele levantou a mão chamando um dos garçons, que prontamente atendeu e se dirigiu à mesa.

— Boa  tarde, posso anotar o pedido de vocês? – Perguntou o rapaz.

—Eu vou querer um milk-shake de chocolate. – Disse ele. – E você? – Ele perguntou, olhando para Mayara.

—Um café com dobro de chantilly.

—Tudo bem. – O rapaz foi embora.

—Como foi sua aula? – Perguntou Matheus tentando adiar a conversa.

—Corta essa. – Ela disse revirando os olhos. – Só estou aqui conversando com você porque você ameaçou contar tudo pro Alex, então para com essa cena e começa a contar sua historinha.

Matheus então a olhou por alguns segundos e voltou a ficar sério.

—Tudo bem. Mas você precisa prometer que não vai contar isso pra ninguém.

—Tá, tá. – Ela respondeu indiferente.

Matheus voltou a olha-la, dessa vez nos olhos, e ela percebeu. Aqueles olhos pretos a fitavam e ela tentava não olhar de volta. Ele então esticou o braço até a mão dela – que estava em cima da mesa – e entrelaçou seus dedos nos dela. Nesse momento ela o olhou de volta e eles ficaram alguns segundos se olhando. Ele estava muito sério, e ela começava a se preocupar com a continuidade daquela conversa.

—May, você tem que me prometer. – Ele disse, ainda a olhando.

—Tudo bem, eu prometo. – Ela finalmente respondeu.

Nesse momento o pedido dos dois chegou, o mesmo garçom que pegou os pedidos veio entregar as bebidas. Ele o fez e depois se retirou.

Matheus deu o primeiro gole no seu milk-shake e finalmente começou a falar.

—Então, você se lembra da época em que nos conhecemos...

*FLASHBACK*

Itália, 2 anos antes.

Mayara estava na Itália já havia alguns dias, ela e suas amigas Jéssica, Aline e Rafaella aproveitaram os primeiros dias para conhecer melhor a cidade, seus pontos turísticos e comer em restaurantes famosos; e hoje, pela primeira vez iam para uma balada.

Jéssica era uma ruiva bem magrinha, seios pequenos e alta, com algumas sardas na região do nariz e bochecha, seu olhar era angelical e ela aparentava ser mais nova do que realmente era, já Aline era uma loira  com cabelos longos e ondulados e dona de belos olhos azuis e um corpo violão.

Rafaella era uma mestiça, metade brasileira, metade japonesa. Era uma modelo de fotos, pois era muito baixa para as passarelas. Seus cabelos eram negros e lisos. Mayara estava com um cabelo no estilo longbob e totalmente castanhos.

As quatro estavam animadas para sair, e já estavam à caminho do local.

—Gente, será que o nosso inglês vai ser o suficiente para conversar na baladinha? – Disse Aline rindo enquanto dirigia. - Porque eu duvido que o meu italiano de “bom dia e obrigado” seja atraente. – Ela continuava ainda rindo.

Das 4, a única que falava bem a língua era Rafaella, que já havia morado no país por cerca de 3 anos  quando mais nova.

—Vai dar tudo certo amiga. – Disse Mayara, que estava sentada no banco do passageiro.

  Elas chegaram na balada, e logo na entrada havia um rapaz alto, meio misterioso e parecia que estava procurando alguma coisa, Mayara pousou os olhos nele.

—Olha que gato. – Disse Aline para ela, apontando para o rapaz misterioso, antes que ela pudesse dizer algo sobre ele. – Já sei quem vai ser meu alvo essa noite. – Ela disse entrando no lugar jogando o cabelo para trás

—É.. – Ela respondeu meio desanimada.

Ela decidiu não pensar mais no rapaz, pois era impossível competir com Aline, que sempre conseguia ficar com quem ela queria.

As garotas entraram no lugar, seguiram direto para o balcão, sentaram-se nas cadeiras do bar e pediram 4 shots de tequila.

—Vamos comemorar hoje meninas. – Disse Jéssica segurando o copinho. – À Itália.

E todas elas repetiram isso em coro e viraram o copo.

A conversa e as bebidas continuaram, elas conversaram sobre muitas coisas, mas principalmente sobre os últimos dias e o que elas planejavam fazer a seguir. De repente Aline interrompeu Jessica que estava falando sobre uma loja de roupas que queria ir no dia seguinte.

—Gente, aquele cara gato tá vindo na nossa direção, como tá o meu cabelo? – Ela perguntou se ajeitando.

—Tá ótimo. – Respondeu Rafaella rindo da amiga.

Mayara já estava conformada e deu pouca atenção ao rapaz, virando de costas para a direção que ele estava vindo. Passados alguns segundos uma voz masculina incrivelmente sexy falou por trás do seu ouvido.

—Posso te pagar essa bebida?

Ela se arrepiou e rapidamente virou para olhar. Era o mesmo rapaz da entrada, ela olhou então por trás dele e viu Aline indignada e as amigas rindo disfarçadamente.

—Que? – Ela respondeu levemente atordoada.

—Essa bebida. – Ele respondeu apontando para a bebida que estava na frente dela. Era uma margarita.

—Ah, pode. – Ela respondeu fazendo menção dele se sentar no lugar ao lado dela, que antes estava ocupado por Jéssica.

—E suas amigas? – Ele perguntou se sentando.

 – Foram dançar. – Ela apontou para as garotas no meio da pista de dança, onde Aline já estava dando em cima de outro rapaz. – Como você sabia que eu falava português? – Ela perguntou.

Ele deu risada.

—Eu ouvi sua amiga falando de mim. – Ele disse levantado o braço chamando o bartender. – Me vê uma cerveja. – Finalizou para o funcionário.

Mayara não conseguia tirar os olhos daquele homem. Ela sentia mal porque sabia que Aline queria ficar com ele, mas tinha alguma coisa nele que a impedia de deixar essa conquista para a amiga.

—Então porque não foi falar com ela? – Mayara perguntou curiosa. Afinal a que mais atraia os homens no grupo delas era Aline.

—Porque não é ela que eu quero. Você acha que eu não vi você olhando pra mim na entrada? – Ele perguntou dando um sorriso de canto.

E que sorriso.

Mayara riu envergonhada.

O bartender chegou com a cerveja e Matheus disse:

—Cancela essa cerveja, trás uma garrafa de tequila pra gente.

—Uma garrafa? – Ela perguntou. – Você tá louco?

Relaxa gata, o que sobrar nós damos para as suas amigas.

O bartender trouxe então uma garrafa, dois copos, alguns pedaços de limão fatiados e alguns saches de sal.

—Dá a mão. – Ele disse abrindo o sache de sal. – Para cada shot, a gente diz uma coisa para o outro. Ok?

—Ok.

Primeiro shot.

—Meu nome é Mayara.

—Meu nome é Matheus.

Segundo shot.

—Estou viajando, vou ficar aqui por duas semanas.

—Estou morando aqui, mas sou do Brasil.

Terceiro shot.

Ela ia dizer algo, mas ele a interrompeu. – Já faz quantos dias que você está aqui?

—Cinco. – Ela respondeu virando o copo.

—Você é linda. – Ele virou o copo.

—Ei, isso não é algo sobre você. – Ela disse dando um tapinha no ombro dele.

Eu não disse para a gente contar coisas sobre nós, disse para contarmos alguma coisa para o outro, e eu estou contando que você é bonita.

Ela riu.

Quarto shot

—Já estou ficando meio alegre.

—Eu também. Talvez não devêssemos ter bebido antes de jogar isso. – Ele disse.

Nesse momento Rafaella e Jéssica foram ao encontro dos dois.

—Amiga, nós vamos embora.

—Cadê a Aline? – Ela perguntou.

—Foi embora com um rapaz que ela conheceu.

Mayara pensou por alguns instantes e olhou para Matheus que a olhava com aqueles olhos penetrantes e cheios de desejo.

—Ah, acho que também vou ficar por aqui. – Ela disse.

—Tem certeza? – Perguntou Jéssica.

—Tenho sim, qualquer coisa eu te ligo.

—Tudo bem...

Elas se despediram e foram embora.

—Parece que elas não vão ficar com a garrafa no final das contas. – Ele disse debochando. – Escuta, você fuma? – Ele perguntou.

—O que?

—Cigarro. – Ele disse tirando um maço do bolso da calça.

—Socialmente. – Ela respondeu.

Os dois se levantaram, pagaram a conta do lugar e saíram.

Matheus se apoiou em uma parede já fora do local, como era tarde as ruas estavam praticamente vazias. Ele pegou o maço de cigarro que estava em sua mão e colocou no bolso.

—Ué. – Não vai fumar?

—Até parece. – Ele respondeu a puxando para perto dele. – Tenho coisa melhor para fazer agora.

E ele a beijou.

Naquele momento parecia que seu corpo estava em chamas, aquele beijo era um dos melhores – senão o melhor – beijo que ela já havia dado. As mãos fortes dele percorriam seu corpo, e apertavam sua bunda com vontade. O beijos durou algum tempo, o que não foi o suficiente para ela, que queria mais.

—Escuta, o meu apartamento é aqui perto. Quer ir lá? – Ele perguntou lançando um olhar malicioso.

Ela queria negar, afinal mal o conhecia; mas ela precisava conhecer melhor aquele homem.

Ela aceitou, e os dois se dirigiram até a moto dele.

—Já andou de moto? – Ele perguntou jogando um capacete para ela.

—Não. – Ela disse meio tímida.

—Está com medo?

Ela estava, mas não ia admitir.

—Não.

Ela subiu na garupa e os dois foram para o apartamento. Era um lugar pequeno mas confortável, só que Mayara mal teve tempo de analisar o local pois assim que Matheus fechou a porta ele a agarrou novamente e começou a beijá-la. Ele a apertava e passava a mão por todo o seu corpo, beijando o seu pescoço e tirando sua roupa. Mayara estava nas nuvens, nunca havia sentido tanto desejo por outra pessoa, ela queria que aquela noite durasse para sempre, e por isso a aproveitou como se não houvesse amanhã.