As Neuras de João - Joanca escrita por Nex


Capítulo 3
capítulo 3 - Catastrofe a vista


Notas iniciais do capítulo

Querido João, sinto lhe informar, mas, pelo que você disse e pela forma como disse, eu posso estar bem enganada, mas na minha experiência profissional e pessoal, poderia afirmar que essa garota, Bianca né? Atingiu você e pelo seu surto em vir aqui nesse desespero todo, ela atingiu em cheio, impactando o seu mundo inteiro.



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– Doutora, Doutora, Doutora, Doutora! – Invadi o consultório dela sem nem pedir licença, sem saber se tinha gente, se era meu horário, se dane!

João: - Doutora preciso de ajuda aconteceu um desastre, eu...

Fui interrompido pela Doutora Olga que além de assustada estava com uma cara de que iria me matar e já foi me repreendendo.

Dra. Olga: - João o que você está fazendo aqui? Não está no seu horário e estou com paciente você não percebeu não?

Olhei para o divã e tinha um carinha que até reconheci por que de vez em quando esbarrava com ele na recepção, acenei educadamente com a mão.

João: - Oi e aí tudo bem? Tudo na paz? Que bom né.

Fui me sentando na cadeira perto da doutora Olga e já me explicando.

João: - Então doutora eu preciso te falar que...

fui interrompido por ela de novo, mas que sacoooo!, Ninguém me deixa falar nessa bagaça.

Dra. Olga: - João, você sabia que entrar no consultório de alguém sem permissão é falta de educação?

E a senhora sabia que interromper alguém enquanto fala também é!!! - pensei gritando.

Dra. Olga: - e outra João eu estou aqui atendendo o senhor Ulisses, não tem como atender os dois ao mesmo tempo.

Me levantei e sentei na ponta do divã fazendo com que ele sentasse também.

João: - O meu querido, Ulisses né? vem aqui eu vou te ajudar, o seu problema além do nome que vamos combinar já não ajuda em nada, eu não sei no que seus pais pensaram quando escolheram esse nome, Ulisses para mim só lembra coisa de mitologia grega, essas paradas de deuses, mas, enfim, tirando isso cara, você vem aqui toda semana reclama coisa de cabelo, vei na boa, de duas uma, ou você rapa essa joça ou compra uma piruca, não tem mais o que fazer você está ficando careca, aceita que dói menos.

Achei que a Doutora Olga iria me expulsar da sala quando o cara me abraçou agradecendo o conselho, aproveitei a situação e encaminhei ele até a porta e a fechei. Logo que ele saiu, me virei para ela e com carinha de pidão perguntei.

João: - Agora que estamos a sós posso falar o que aconteceu?

Dra. Olga: - João, eu não gostei da sua atitude, invadir meu consultório não foi legal, mas, como estou vendo que a situação parece grave, vai fala.

Eu comecei a andar de um lado para o outro sem conseguir me conter, fui logo desabando um texto todo de como tinha sido o encontro com a Bianquinha.

João: - aconteceu um terremoto, não maior um tissunami, não maior uma catástrofe daquelas de destruir o mundo inteiro sabe?

Dra. Olga: - não estou entendendo João, até onde eu sei seu pai ia te buscar para escola, certo?

João: - Isso, foi isso ele me buscou, me levou para escola, depois me buscou até tentou puxar assunto que não em nada e ainda queria almoçar comigo. Vê se pode, até aparece que eu ia almoçar com aquele mané.

Dra. Olga: E foi só isso? Essa é sua catástrofe?

João: - Não doutora, eu não terminei de falar, foi depois disso, ele me deixou na porta da Ribalta, você sabe o lugar lá que minha mãe está trabalhando, tem uma academia de luta no primeiro piso a Academia do Gael e a Ribalta fica no andar de cima, minha mãe estava me esperando que nem cão de guarda e quando eu achei que não poderia piorar, piorou, um cara lá todo metido a fortão veio falar com a minha mãe, se fazendo de educado, hum sei bem a educação que ele queria mostrar, veio cheio de papinho que eu devia treinar com ele, doutora olha a desgraça, imagina eu magrelo desse jeito lutando naqueles shortinhos ridículos de luta no meio daqueles pela saco que só tem músculo.

Dra. Olga: - João muitas pessoas conseguem se desenvolver muito bem nas artes marciais, elas aprendem a ter disciplina, competitividade, educação, foco, determinação, acho que até poderia ser algo bom para você, o tiraria de sua zona de conforto, não seria motivo de uma catástrofe não.

João: - catástrofe? não doutora calma, essa também não foi a catástrofe, foi depois disso, eu nem dei bola pro cara ignorei com a pessoa madura que sou. Minha mãe acabou me arrastando para aula de teatro, eu sei parece piada né, eu o cara mais nerd do mundo viciado em vídeo game, que não chama atenção em nada de repente vai fazer teatro, acredite doutora, eu concordo nada a ver, e realmente parecia nada a ver mesmo, um pessoal esquisito, lugar meio escuro, palco meio cafona, mas, aí doutora, o palco não estava vazio, tinha uma garota de costas e eu não sabia naquele momento mas, ao virar ela me impactou, que nem esses meteoros ou coisas do tipo que geram catástrofes capazes de acabar com o mundo, sabe?

Eu nem percebi, mas, enquanto falava dela, da garota do palco, eu parei de andar de um lado para o outro, é como se ela tivesse o poder de me acalmar, feitiço deve ser feitiço. Acabei sentando numa das poltronas, meus olhos se fixaram num ponto da parede, mas, eu não enxergava a parede, para mim era como se estivesse revivendo aquele momento na Ribalta. A doutora Olga, me olhava tão concentrada em mim como eu na história.

João: - Ela, a garota era linda, quer dizer é linda, a sua voz me arrepiou, meu coração disparou parecia que ia saltar pela boca, como pode alguém mexer tanto com a gente, eu nunca senti nada assim, foi um sentimento que eu não sei explicar, eu queria rir, sorrir, queria levantar da bancada e ir até ela, queria gritar para todo mundo, foi como se pela primeira vez eu sentisse algo apertando o peito, como se meu estomago revirasse você entende? o que é isso, doutora? Me diz o que é isso?

Pela primeira vez desde que invadi o consultório cruzei meu olhar com o da doutora, percebi que a beleza e o bom gosto em roupas continuava os mesmos, ela estava particularmente maravilhosa, mas, eu não senti nenhuma atração, não dessa vez, o que foi outra surpresa para mim visto que a saia meio curta e as suas pernas cruzadas Meo Dells que visão. Ela olhava para mim com a cara meio de surpresa, mas ao mesmo tempo ela sorria.

João: - Por que você está rindo? Falei besteira?

Dra. Olga: Bom, João, besteira você meio que fala sempre né, mas, não eu não estou rindo de você, estou feliz por você, por ter encontrado um sentimento novo.

João: - O que?! Sentimento?! Não, não, sou um buraco negro doutora não tenho sentimentos.

Dra. Olga: Querido João, sinto lhe informar, mas, pelo que você disse e pela forma como disse, eu posso estar bem enganada, mas na minha experiência profissional e pessoal, poderia afirmar que essa garota, Bianca né? Atingiu você e pelo seu surto em vir aqui nesse desespero todo, ela atingiu em cheio, impactando o seu mundo inteiro.

João: - e o que eu faço agora? Eu estou apavorado, como que logo eu posso gostar de alguém? Eu não sei fazer isso, essa coisa de ser feliz, ficar alegre, não nasci com isso não, ferrou para mim e ferrou legal, estou confuso.

Dra. Olga: - João, você não a primeira pessoa a passar por isso, todo mundo pelo menos uma vez na vida se apaixona.

Encarei-a assustado e acabei levantando da poltrona.

João: - O que? Apaixonado? Eu João Spinelli apaixonado? e agora?

Dra. Olga: - Bom você pode começar falando com ela, você fez isso?

João: - Falar com ela? Se eu mal consigo falar sozinho e já falo besteira para caramba imagina falar com ela, desespero só de pensar, olha minhas mãos até suaram.

Dra. Olga: Tirando o apavoramento e a catástrofe, a experiência de ver a garota do palco, como foi?

Quando ouvi a pergunta feita pela doutora, foi inevitável o sorriso nos lábios e me perder nos pensamentos novamente, meu corpo paralisou e fiquei encarando o nada sem piscar. Fiquei um tempinho tentando encontrar as palavras certas que poderiam explicar o quanto aquela cena tinha me impactado, não encontrei as palavras acho que não dá para explicar o que a gente não conhece, quando enfim me convenci que não tinha explicação simplesmente tentei.

João: - Foi como se eu tivesse visto a luz pela primeira vez e ela é linda, forte e totalmente hipnotizante.

Dra. Olga: - você não quer ver essa luz de novo?

João: - Quero, é tudo que eu mais quero.

Dra. Olga: - e você ainda está aqui sentado por quê?

Eu voltei à realidade na pergunta da doutora, ri meio que sem graça e acabei lembrando que nem era minha consulta, pedi desculpas e me levantei, fui em direção à porta, ela também se levantou e esticou a mão como sempre fazia, dessa vez ela apertou firme, me fez olhar nos seus olhos e me disse.

Dra. Olga: - Não tenha medo de descobrir a vida João, ela pode te surpreender.

João: - Pode deixar Doutora, acho que vai dar tudo errado, mas, se for para ver a garota do palco de novo, acho que vale super a pena arriscar.

Saí pela porta e antes que a mesma terminasse de fechar, acabei rindo quando ouvi a voz da doutora bem ao fundo.

Dra. Olga: - Não se esqueça de voltar para me contar às novidades, só que da próxima vez no seu horário.

Enquanto descia de elevador, acabei coçando a nuca e me perguntando...

...como que você vai falar com essa garota João? Como?


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