Víctimas Del Pecado escrita por Miss Addams


Capítulo 2
Poncho - 1




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Poncho

Me atrapalhei na hora de abrir a porta, era um ato tão simples, mas que para mim. Se tornou fascinante.

Coloquei as flores entre meu braço e minha barriga, com a mão segurei as taças de champanhe e finalmente consegui passar o cartão abrindo a porta do quarto de hotel. Me ajeitei para entrar no quarto, ela estava de costas e próxima a janela, estava xingando algo.

:- 25304? – falei para que ela ouvisse e eu tinha um sorriso torto nos lábios.

:- Poncho? – Ela me perguntou querendo saber o que estava acontecendo, não tinha nada da garota que ele viu antes de serem presos, ela era uma mulher agora.

:- Dulce. Vejo que acertei o número de suas roupas, pela foto que me mandaram. – deixei o champanhe em cima da mesa de centro e me aproximei dela. – Elas são para você. – estiquei as flores.

Dulce olhou para as minhas flores e manteve seus braços cruzados, parada perto da janela grande que dava acesso para uma vista magnífica da cidade. Eu suspirei, ela não tinha a menor intenção de pega-las, talvez ela não fosse mais a mesma romântica de antes e eu estava interessado, no que Dulce havia se tornado?

:- Eu quero saber o porquê de ontem eu está presa e hoje eu estar nesse quarto de hotel, Poncho, pelo que parece você tem a resposta para minha pergunta. – ela me olhava séria.

:- Tenho. – e deixei as flores de lado jogando por cima do meu ombro sem me preocupar onde elas caíram. – Laura depois de anos de covardia, na última quarta mudou o depoimento dela e do nosso julgamento, falando a verdade que te viu em casa na noite do crime, destacando que você tenha matado Felipe, mas como sua acusação era de ser cúmplice, Laura depôs ao meu favor também, disse que me viu antes no bar. Ou seja, nenhum de nós dois foi o assassino. Certo? – Olhei para ela querendo saber a resposta.

:- Uma das poucas certezas que tenho na vida é que não matei Felipe. – ela voltou a olhar a janela grande olhando os raios de sol entrarem, sabia como ela se sentia, era diferente. Tudo era diferente, parecia outro mundo. – Apesar dele merecer, aquele rato. – voltou a me olhar com ódio.

Não pensei em ver um olhar assim em Dulce, não desde o nosso julgamento, e quem seria eu para censurá-la, estava certa. Ele realmente merecia morrer, estranhamente tinha a confiança nela que não era a assassina. E pelo ódio que havia no seu olhar, ocultei um sorriso talvez fosse mais fácil ela aceitar minha proposta do que eu tenha pensado.

:- Ok. Eu acredito em você, não éramos melhores amigos, apenas convivíamos, mas você não matou Felipe, apesar de saber que boa pessoa era algo que você não era.

:- Uma coisa era se divertir ou aprontar para chamar as atenções de um pai, outra diferente é matar um professor. Por mais que tivéssemos justificativas, também não acho que tenha sido você. Porém, como sabe que Laura voltou com sua palavra.

Eu sorri dessa vez, orgulho do que eu consegui me tornar apesar dos pesares, coloquei a mão no bolso.

:- Minha cara Dulce, eu me tornei uma pessoa muito influente na penitenciária onde passei esses anos todos, tudo do que acontecesse lá que fosse do meu interesse eu sabia.

:- Como se tornou influente assim? – Ela voltou a cruzar os braços esquecendo a janela e se voltando a mim.

Não pude deixar de reparar como o decote dela ficou maior e precisei conter minha língua na boca, poderia jogar a culpa do desejo repentino nos anos de prisão, mas seria mentira. Não fazia muito tempo que eu não via uma mulher, nua em meus braços não tinha problemas quanto a isso na penitenciária, na verdade eu tinha até mais privacidade que muitos motéis dessa cidade.

:- Sabe do meu poder de persuasão? – ela assentiu – Esse meu poder, junto da minha perspicácia de enxergar onde está a sorte, eu diria, um tempo dividindo minha sela com um senhor que se comoveu com minha história. Ele me fez de seu protegido, ao saber que fui traído por amigos e traição era algo que ele não suportava.

:- Quer dizer que você... – ela deixou a pergunta no ar.

:- No começo sim. Mas, depois de dividir a sela com Alicate até ele morrer, nunca mais. – estava sendo sincero com ela, não tinha porque esconder esses detalhes. – Ele morreu e me deixou uma herança muito generosa eu diria. – sorri, dando uma volta rápida lhe mostrando o terno da última moda italiana, fora o hotel luxuoso em que nós estávamos hospedados.

:- Estou vendo é muita generosidade mesmo. Você foi um homem de “sorte”. – ela fez aspas com os dedos.

:- Não diria tanta no começo, os três primeiros anos foram insuportáveis, estava a ponto de enlouquecer, a cada dia pareciam mil anos. Mas, consegui me reerguer e terminei minha faculdade de Designer, fiz de Administração e Direito. – Sorri. E já tenho a permissão mesmo do governo para trabalhar em qualquer dessas profissões.

:- Que vida mansa a sua Alfonso, nem parecia preso. Depois dessa história toda devo concluir que você que me protegia na prisão feminina, por você tive minhas regalias e ainda conclui minha faculdade de Publicidade também. – ela começou a andar pela sala, ela sempre teve uma classe absurda ao simplesmente andar e isso ela não perdeu.

:- Sim fui eu.

:- Por quê? Como você mesmo disse, não éramos tão amigos assim e não acredito que tenha tido compaixão com a minha pessoa.

:- Está certa, encare tudo o que eu fiz como um presente, eu descobri que para você os primeiros anos em cárcere privado, também não foram fáceis. -Toquei numa ferida dela. - então eu resolvi te ajudar, foi como um investimento.

:- Investimento de que? – ela olhava para o quarto.

:- Se lembra do dia do nosso julgamento? – perguntei já sabendo a resposta, impossível ela não se lembrar.

:- Obviamente, aquele foi o começo do inverno na minha vida.

:- Se lembra da minha promessa? – ela se sentou na cama do hotel e me encarou com as pernas cruzadas, claro que ela se lembrava, quem esteve presente naquele julgamento escutou minhas ameaças. Depois de ver ela afirmar, sorri. – Então, eu quero uma parceira.

:- Quer que eu o ajude a destruir Angelique e Eugênio? – também afirmei como ela, seguro do que eu fazia, ainda mais quando ela levantou uma sobrancelha ao me questionar, estava apostando alto. – Eu aceito. – E ganhando no jogo.

Ela me surpreendeu com a rapidez para aceitar, eu confesso, pensei que teria que convencê-la.

:- Se eu sobrevivi tudo o que eu passei foi por me jurar que me vingaria daqueles dois. Eu os odeio tanto que morte seria pouco para eles, quero que sofram em vida. – escutei ela comentar e aquelas palavras soaram como música para meu ouvido.

:- Então somos parceiros? – Lhe perguntei.

:- Melhor que isso. – Ela se levantou com uma postura segura de si, passando pela mesa de centro pegou o champanhe e as duas taças que ali estavam. – Vamos selar um pacto, vamos destruir Angelique e Eugênio. – ela me deu a mão e não pensei duas vezes antes de selar aquele pacto.

:- Vamos comemorar? – ela me deu o champanhe para que eu o abrisse. E logo o fiz, sorrindo eu e ela ao ver a espuma escorrer pela garrafa de vidro verde cristalino, coloquei em sua taça e na minha. E brindamos.

:- Ao nosso ódio. – os vidros das taças se chocaram e antes que eu tomasse a minha lhe chamei momentaneamente curioso. - Dulce? O que você xingava quando eu cheguei?

:- Os raios de sol. – ela disse me fazendo levantar a sobrancelha direita. – Com o tempo eu não saia para tomar meu banho de sol, então só tinha uma janela pequena na minha sela. Não estou acostumada com o sol, com toda sua claridade. – e eu balancei a cabeça entendendo, eu também tinha que me readaptar a sociedade, aos fatos mais simples e faria isso depois por que aquele era o momento de comemorar.

Ela e eu tínhamos sede de vingança, mas que agora nos contentaríamos com o champanhe para comemorar nossa liberdade definitiva.

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