A Nossa Historia escrita por Lilly Belmount


Capítulo 18
Capítulo 18




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O que estava acontecendo com Amy? Não sentia vontade alguma de ir para a escola. O fim de semana a deixara completamente exausta e perturbada. Precisava esquecer tudo o que passara e seguir em frente. Perguntava-se se além de Demetria sabia à respeito do maldito beijo. Não sabia mais o que pensar. Preocupava-se muito com a imagem que poderia passar para os alunos, alguns poderiam achá-la insana e completa imbecil por cair na conversa de um novato. Estava a fim de esquecer todos os seus problemas e, no entanto ir para a escola seria uma ótima saída.

Saiu de casa confiante de que o dia poderia ser melhor do que o anterior. Fazia parte de sua criação tentar atrair energias positivas através do pensamento. Alguém ao menos tinha de acreditar que poderia haveria mudanças ao longo do dia, de sua vida ou que quer que seja. Era cedo demais e a jovem aproveitou para fazer o trajeto até a escola a pé. A ajudaria a ter bons pensamentos. Queria encontrar uma saída para todos os problemas.

Não conseguia prestar atenção a tudo o que acontecia ao seu redor. Seus pensamentos estavam tão desalinhados, fora de si. Fora de seu controle. Seria forte o suficiente para encarar Patrick de frente. O que ele fizera fora errado e o erro teria de ser reparado o quanto antes.

**********

Dia de ensaio intenso. Amy não estava se sentindo bem psicologicamente. Não conseguira dormir com tantas cenas povoando a sua mente de maneira caótica. A raiva que sentia de Patrick aumentava cada vez mais. O problema não era pelo simples fato de ter sido beijada, mas porque ele não soubera lidar coma situação. Ainda usara o coitado do Marcus na história para fazê-la acreditar que o que sentia por ela valeria a pena ser pensado. Como é que Marcus ainda o considerava como amigo?A pergunta que não queria calar: ele sabia que Patrick gostava de jogar sujo em conquistas amorosas?

“Vai ficar tudo bem, Amy! Você vai ver” Pensava ela consigo mesma.

Os primeiros alunos começavam a chegar. Logo ela teria de estar preparada para dar inicio aos exercícios. O dia não seria nada fácil.

Depois de estar devidamente trocada, era hora de encarar a turma. Precisava ser forte. Por ela e por Margareth. A aula precisava ser ministrada por alguém em plena consciência. Era hora de assumir a postura de assistente e esquecer que o mundo desabava lá fora que ao menos sabia o que era problema. Ali ela era apenas a Amy Jones e nada mais.

— Bom dia pessoal! — Cumprimentou Amy já devidamente trocada assumindo a sua postura.

— Que cara é essa? Não dormiu bem? — Perguntava Demetria preocupada.

— Ai amiga... foi uma noite tão complicada, repleta de pesadelos. Não estou tão bem quanto desejava. Você sabe o motivo.

— Depois você se recupera e a sua vida volta a ser como antes. Pense positivo. Todos nós precisamos que seja forte e esqueça todos os problemas e se concentre nas coreografias que teremos de aprender. Use esses ensaios para extravasar a sua raiva... Sempre funciona.

Enquanto se alongavam Amy lhe contava sobre o ocorrido na festa. Explicara que Marcus a fez se sentir como uma das atrizes dos filmes juvenis da Disney. A conversa dele era sempre animada, mas não rolava um clima entre eles. Para eles sempre seriam amigos e nada mais. Ao levantarem a cabeça para melhor realizarem o aquecimento tiveram uma surpresa inesperada.

Amy e Demetria se entreolharam ao verem Bryana e Marcus aos beijos ao entrarem na sala. Pareciam tão íntimos e felizes. Não conseguiam acreditar no que viam. Quando foi que dormiram tanto tempo? Reconheciam que Bryana sempre demonstrou certo interesse por Marcus, mas ele parecia não estar a fim. Quem seria capaz de entender os pensamentos desses jovens? Só poderia desejar felicidades aos novos casais que se formavam. Todos merecem ser feliz pelo menos uma vez na vida.

— Um ótimo dia a todos! — Cumprimentou Bryana animada. — Nunca estive tão feliz em toda a minha vida.

— Isso nós percebemos Bryana — Resmungou Demetria.

Amy olhara no relógio. Notava que o dia não seria tão fácil quanto imaginava. Respirou fundo e logo assumiu a sua postura como professora naquele dia.

— Vocês dois estão quinze minutos atrasados. — Começou ela — Todos os alunos devem ser pontuais nos dias de ensaio. Lembrando que em breve teremos uma apresentação muito importante num festival e preciso da colaboração de todos vocês.

Bryana revirou os olhos.

— Tudo bem, mas espero que essa aula seja boa e divertida. — Murmurou Bryana.

— Isso só dependerá de você, querida. Me ajude a ajudar você.

Marcus desconhecia aquela jovem que estava diante de si. Estava mais séria do que antes. Assumia uma nova postura. Não era a mesma Amy de antes. Ele é quem deveria estar com raiva, mas não demonstrava. Só estava mais quieto e recluso de todos os círculos. Olhara algumas vezes na direção da mesma, mas ela parecia preocupada com outras coisas.

— Quero um alongamento de quinze minutos!

— Muito tempo Amy. — Resmungou Bryana.

A vontade de Amy era de soltar uma gargalhada maquiavélica, mas se conteve.

— Vinte minutos, só porque a Bryana reclamou. Alguém mais vai reclamar?

Nada mais pode ser ouvido, afinal muitos deles sabiam quem estava certa naquele momento. Compreendiam a exigência de Amy e ela não estava errada em querer o melhor para todos e para a propria escola.

Os primeiros casais formados por Margareth mostraram um verdadeiro interesse em aprenderem a coreografia. Sempre que podiam davam sugestões e executavam os passos que acreditava serem complicados demais. Toda a dedicação deles deixava Amy mais empolgada com os próximos casais. Infelizmente ela teria de demonstrar os primeiros passos com Bryana para que Marcus logo pudesse aprender.

Odiara passar algum tempo tendo de guiá-la pela sala espelhada. Era mais fácil conduzir uma porta. Tentava seduzir, mas não sabia como desenvolver. Só poderia rir da situação.

— Amor, vem me ajudar com a coreografia. — Chamava Bryana toda dengosa.

Durante a aula, Amy tivera de prestar bastante atenção no exercício de Bryana e o pior de tudo fora que Margareth ligara dizendo que não poderia comparecer à aula e que ela deveria tomar conta de tudo. Tinha de manter contato com o mais novo casal e Patrick a deixava desconfortável. Ora ele queria a atenção fosse somente dele ora que ela o deixasse sozinho. Onde ela poderia encontrar uma capa da invisibilidade igual a do Harry Potter?

— Amy, estou cansada! — Exclamou Bryana manhosa — Será que podemos fazer quinze minutos de intervalo? Não somos nenhum robô.

— Fiquem à vontade. — Disse ela simplesmente.

Demetria esperou que a sala estivesse vazia para ter um minuto de conversa.

— Você está sendo muito forte. A Bryana hoje está um porre de tão chata. Só não entendo o porquê de você ficar tão irritada com o relacionamento deles.

— Não estou irritada. A Bryana me irrita, e pra piorar ela não desgruda do Marcus, isso me fez lembrar do tempo em que fui traída. O Marcus está me evitando. Algo está errado, ele não é assim, amiga.

— Eu sei o quanto está doendo em você não saber o que está acontecendo para que o seu amigo não fale contigo. Aproveite esses quinze minutos e extravasa esse sentimento ruim.

Dito isso Demetria colocou uma música no último volume para que Amy mandasse toda aquela energia negativa ruim para fora de seu corpo. Amy encara o próprio reflexo no espelho com raiva. Se o seu olhar possuísse tamanha força quanto imaginara poderia machucar alguém. A cada giro realizado ela se imaginava tirando as pessoas erradas de seu caminho, pois no fim de sua estrada encontraria alguém que a faria feliz como desejava. Saltos e passos mais elaborados exigiam a máxima concentração para que não causassem uma lesão. Os passos que mais pareciam complicados foram ganhando leveza e graça. Aos poucos Amy ia se acalmando, voltando para si mais tranquila. Ao fim da música, ela sorriu em forma de agradecimento a Demetria.

— Como se sente? — Quis saber a jovem.

— Mais calma. Infelizmente não posso socar a cara de alguém.

— E diz que está calma! — Zombou Demetria.

Foi impossível não conter o riso. Amy agradecia mentalmente por ter uma pessoa que a fazia perder a seriedade quando mesmo não era o que desejava. Logo depois do breve intervalo que dera aos alunos cada um deles voltaram com o mesmo animo anterior. Cada movimento era realizado com mais confiança. Amy se empolgava cada vez que as coreografias chegam ao pico que tanto esperava.

O dia fora aproveitado da melhor forma que poderia. Sentia-se maravilhada por fazer tanto progresso com as coreografias. Em breve cada uma delas estaria pronta para uma avaliação criteriosa dos outros diretores da escola. Nada sairia de seu controle. Resolvera dispensar os alunos o quanto antes, afinal estava exausta. Precisava manter-se centrada. Esperou que a sala estivesse vazia para se troccar no vestiário.

Amy acreditava que já não havia mais ninguém na escola. Todos já haviam ido para suas casas, exceto por alguém que ainda guardava os seus pertences na bolsa. Tranquilamente ela caminhou até o seu alvo.

— Leo, podemos conversar? — Indagou ela cautelosamente.

— Claro. Estou vendo o quanto está abatida. Sente-se.

Amy respirou fundo antes de começar.

— Sabe o que está acontecendo com o Marcus? Desde a festa na casa do Patrick ele está tão distante e frio. Não disse uma palavra comigo.

Leonardo sabia da verdade, mas não poderia lhe contar tudo. Isso seria trabalho do próprio Marcus. Sabia que de alguma forma ou de outra ele conseguia machucar os sentimentos das garotas, mesmo que não fosse a sua intenção. Infelizmente Amy não merecia ser tratada de tal forma.

— Amy, o nosso amigo está passando por um momento de dúvidas e ele tem medo de machucar as pessoas por isso ele se afastou mais de você. Tudo o que ele precisa é de tempo.

— Ah claro! — Começou ela irônica — E o tempo que ele precisa é com a Bryana?

Leonardo sorriu orgulhoso.

— Está com ciúmes do relacionamento deles? — Indagou ele divertido.

— Claro que não. Eu não sou a mãe do Marcus para dizer com quem ele deve se envolver, mas de fato a Bryana não é uma pessoa muito confiável.

Leonardo a estudava atenciosamente. Os lábios poderiam dizer uma coisa, mas o brilho nos seus olhos demonstrava outra.

— Confesso que não sou um admirador da Bryana, mas ela pode ser uma boa pessoa quando quer.

— Então esse momento nunca chegou a acontecer, mas não quero falar dela.

— Tudo bem! Em breve o Marcus voltará a falar contigo. Amizades verdadeiras nunca morrem da noite pro dia. Seja paciente, querida.

Amy despediu-se de Leonardo com um abraço demorado. Agradecia-o por ser tão paciente. Sempre fora grata por todas as pessoas que passaram em sua vida, sempre guardava consigo tudo de bom que aprendera ao longo de seus anos. Tivera as melhores lições de vida.

**********

A jovem detestara encontrar o padrasto andando pela casa. Quando é que ela encontraria paz naquela casa, na sua vida?

— Pensei que fosse morar na escola — Murmurou Bernard ao beber um pouco de sua cerveja.

— Como você é desagradável, Bernard. Você sabe perfeitamente que época de ensaios é sempre muito corrido e chego tarde em casa. Lembrando que não sou a sua filha para que possa controlar os meus passos. Por que não desiste de uma vez por todas esse seu falso relacionamento com a minha mãe e vá ser feliz longe de mim? O mundo seria grato.

A gargalhada de Bernard a fez se arrepiar. Nada de bom acontecia quando a maldita gargalhada surgia.

— Enquanto eu puder transformar a sua vida num verdadeiro inferno isso eu farei. Estarei aqui para ver cada um dos seus sonhos se transformarem em decepções.

— Pois está perdendo o seu tempo. Eu vou conquistar tudo o que sempre sonhei com ou sem a sua ajuda, pois eu sou forte e luto pelo que quero. Eu acredito na minha capacidade.

— Só você mesmo. Um dia a sua queda será tão feia. Nesse dia ninguém te ajudará a levantar, querida.

— Engano seu, Bernard. Enquanto eu estiver no chão reunirei todas as minhas forças e darei o meu show.

Não perderia tempo discutindo com a enteada. Não valia a pena. Ignorar a presença da jovem era mais fácil.

Para Amy o dia só piorava cada vez mais. Seus pensamentos positivos não a ajudavam muito. Não havia ninguém que a compreendesse com tamanha clareza. Jogou todos os seus pertences num canto do quarto e deitou-se na cama. Só desejava ter uma boa noite de sono e nada mais. Poderia acontecer a terceira guerra mundial e ela não se importaria.

**********

Leonardo estranhara a quantidade de ligações perdidas em seu celular. Marcus só poderia estar desesperado em falar com ele. Leonardo sabia que tinha de ir até a casa de Marcus, por celular a conversa não iria fluir de modo agradável.

— Fiquei preocupado com a sua ligação, cara! O que está acontecendo? Quase morro do coração.

— Desculpa, mas precisava conversar com alguém. Eu vi você conversando com a Amy outro dia. Aconteceu algo?

— Não. Nada demais. Ela só queria saber o porquê de você estar tão distante desde a festa na casa do Patrick.

Marcus respirou fundo passando a mão pelos cabelos desalinhados.

— Não consigo olhar para ela sem lembrar do que vi. E agora o Patrick vive cercando a coitada. Vejo o quanto ela não se sente bem, mas é melhor do jeito que está, cada um no seu canto tentando encontrar na felicidade no próximo.

Leonardo estava pensativo demais.

— Por que não conta a ela o que sente? Seja sincero ao menos uma vez com a única garota que foi capaz de mexer com os sentimentos como nenhuma outra foi capaz.

— Não consigo.

— Não consegue ou não quer?

Marcus deu de ombros. Cada vez mais se sentia num beco sem saída. Lidar com os assuntos do coração não era tão fácil quanto os filmes e livros mostravam.

— Vou pensar no que posso fazer. Tem sido tão difícil não conversar com a Amy!

— Mas e a Bryana? Pensei que ela gostasse de conversar, de te conhecer melhor.

— A Bryana não gosta de conversar. Tudo o que ela quer é ter status, mostrar para as pessoas que ela pode conquistar tudo o que deseja sem precisar lutar muito.

Leonardo levantou a sobrancelha.

— Ah meu irmão, sei muito bem pelo que está passando. Por isso não gosto de compromissos. Se eu me envolver com alguém que seja para acabar no altar. De qualquer forma não adianta ter alguém na qual não penso em constituir uma família e chamá-la para sempre de minha.

Marcus ficou pensando nas palavras de seu amigo. Ele estava certo, não poderia ficar com alguém com quem não tinha planos de se casar. Leonardo lhe abrira os olhos como deveria.

— Sinto saudades das nossas conversas animadas, do brilho no olhar que ela tem... de quem Amy é quando está comigo. Me sinto bem quando estou em sua companhia. Estou sendo um panaca em aceitar que a perdi para sempre!

— Marcus, reaja! Lute por ela enquanto ainda pode. Só você pode. Perca esse seu medo que te atrapalha e assuma de uma vez por todas que não pode mais ficar sem a Amy, mesmo que ela só deseje a sua amizade. Antes a ter por perto como amiga do que nunca mais tê-la. — Amenizava Leonardo.

— Eu sei, preciso contar tudo a ela.

— Logo, por favor. Ou tente ser o mais óbvio, mostre a ela a verdade como numa canção de amor. Toque e cante uma se necessário.

Leonardo acabara de dar uma ideia estupenda para Marcus. Tentaria encontrar alguma música que falasse exatamente do momento em que se encontrava. Não iria perder mais tempo, não perderia Amy para qualquer outra pessoa, mas antes teria de tentar resolver os seus problemas com Bryana, a faria enxergar que ela era apenas um passatempo.


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