A Nossa Historia escrita por Lilly Belmount


Capítulo 17
Capítulo 17




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Sempre que podia, Amy passava o dia ao lado de Evie e Demetria. Não as abandonava de jeito nenhum, aprendera a dar valor a cada uma das pessoas que faziam parte da sua vida. Havia se passado um mês desde que fizera novas amizades. Não parecia ser tão pouco tempo, como se fossem anos de conhecimento e afinidade. Aproveitava o seu tempo livre da melhor forma que podia. Ao lado de pessoas tão especiais o dia passava de forma tranquila, conseguia deixar os seus problemas de lado. Ter amigos verdadeiros transformava a vida.

O dia havia sido muito agitado para Amy, tinha de estudar ao máximo para a chegada da semana das provas e não queria se dar mal. Mesmo que na prática sempre fosse boa, a parte intelectual tinha de estar em perfeita ordem. Assim funcionava as regras impostas por ela mesma. Se reunia na casa de Demetria como reforço para os estudos. Passavam horas presas entre leituras, pesquisas e redações. O estudo se tornava continuo.

O celular da jovem não parava de tocar. Já estava cansada de ter de cancelar todas as ligações. Patrick estava deixando-a sufocada e quando se sentia assim tinha de ser clara cada vez mais. Gostava da amizade que mantinha com cada uma das pessoas da escola de artes, mas ao menos poderiam respeitar o seu espaço. Só queria ter um momento de paz onde a sua única preocupação fosse com o seu pai e os estudos. Com o computador ligado, foi impossível não perceber que Patrick estava online.

— Que droga! — Exclamou ela brava dando um leve soco na mesa de centro.

— O que foi? — Demetria não entendia nada do estava acontecendo.

— Patrick está online e digitando uma mensagem para mim.

— Será que ele não desiste de ter um encontro com você? Caramba! Assim já é demais. Cadê o espaço que você tanto precisa? Ainda bem que o Marcus não é assim, pois se fosse eu o matava, mesmo sendo lindo como ele é.

— Vou dar um fim nessa história. Se ele quer um encontro... Vai ter um encontro.

Patrick: Me desculpa, Amy. Não gosto de ser insistente, mas espero que me dê a oportunidade de termos um tempo para conversar longe de toda a loucura da escola. Sei lá, só seria uma boa ideia.

Amy: Claro que poderemos marcar algo. Minha semana foi cheia de surpresas, mas com certeza tudo estará bem encaminhado.

— Ele é um completo babaca, Amy! Será que ele consegue superar o Donnie? — Brincou Demi.

Ela revirou os olhos.

— Estou fugindo de babacas, minha amiga.

As duas riram. Agora bastava esperar pelo momento em que a sua se alinhasse novamente. Precisava de ordem na sua vida e não seria qualquer um que a faria perder a cabeça num momento tão importante.

**********

Infelizmente Amy era uma só para ser disputada por três rapazes. Detestava o fato de que Donnie não desistia dela. Não fazia sentido, não queria que ninguém ocupasse o seu coração. Já sofrera tanto em outras épocas que só em pensar seu coração se comprimia, seus olhos se enchiam de lágrimas. A sensação de terem brincado com os seus sentimentos era pior do que imaginava. Durante anos não conseguiu confiar em ninguém e não seria o momento certo para confiar. Sua vida estava de ponta cabeça nos últimos dias.

Reconhecia o fato de Patrick estar sempre se mostrando interessado, mas talvez ainda não fosse o momento certo para lhe dar alguma oportunidade. Talvez sair para conversar, esclarecer os pensamentos fosse uma boa ideia. Nada, além disso. Combinaram de ir para o cinema. Tudo que ela menos desejava era ter de assistir algum filme romântico. Seus pensamentos estavam fora de ordem.

Ir para um restaurante foi o fez Amy se sentir mais confortável. Sentia que o cinema seria um risco, afinal muitos casais aproveitavam para namorar durante o filme, coisa que ela detestava. Era um restaurante típico italiano. A noite era tranquila. Havia poucas estrelas no céu. Às vezes ela se perguntava o porquê de querer um encontro como o da Hazel Grace e do Augustus Waters quando viajam para Amsterdã. Sonhava demais com a perfeição dos livros e dos filmes que assistia, infelizmente Patrick não era tão delicado como pensava.

Desde que se encontrara com ele na entrada do restaurante sentira uma frieza na sua forma de falar. O que ela havia feito de errado? Haveria alguma explicação? Estava cansada das pessoas fazerem julgamentos desnecessários.

— Você anda saindo muito com o Marcus ultimamente. Estão tendo algum caso?

Amy sorriu docemente.

— Somos apenas amigos, Patrick. Minha carreira é o meu foco. Já lhe contei tantas vezes isso. Por que insiste nessa pergunta?

— Mas você é linda, dedicada merece curtir um pouco da vida. Ter alguém ao seu lado pode ser um bom caminho.

— Agradeço, mas muitas pessoas não entenderiam o que penso ou sequer sinto. Para elas sempre irei parecer uma boba.

— Você não é boba, e pode contar comigo sempre que quiser. Estou disposto a ouvir tudo o que pensa e sente. Só não entendo essa aproximação de vocês. Toda vez que eu planejo um passeio para nós dois, tenho de desmarcar porque o Marcus aparece na frente ou a irmã dele.

 Amy revirou os olhos incrédula.

— Acontece que os nossos pais eram amigos e sempre quis saber mais à respeito do meu pai. Isso não é um problema. — Explicava ela — Não pense que dou mais atenção do que ao outro. Somos todos amigos, até mesmo você Patrick.

— Eu sei que somos todos amigos, mas eu quero ser muito mais do que seu amigo, Amy. Meu coração bate somente por você, minhas noites são mal dormidas porque em meus sonhos você habita.

De novo não! Tinha de ser brincadeira de mau gosto. Donnie e Patrick só poderiam estar de complô. O que será que as pessoas enxergavam nela. Não era apenas a aparência, tinha de ser algo que ela desejava conhecer. Que ela era bela e dona de um corpo invejável, disso Amy tinha consciência, mas fora a amizade ela não tinha nada mais a oferecer.

— Patrick, eu sinto muito mesmo. Pode voltar a ter as suas noites tranqüilas, o seu coração batendo porque você quer viver, mas eu não posso fazer parte da vida de ninguém. Não é isso que eu quero, pelo menos não agora. Preciso ter foco nas aulas e um relacionamento só irá me atrapalhar.

— Como quiser Amy, mas eu não desisto fácil.

— Obrigado pela noite maravilhosa. Preciso ir antes que a minha mãe surte.

O caminho para casa não seria tão demorado a ponto de precisar de uma condução. O restaurante era próximo do bairro onde morava, de modo que ela preferia caminhar, assim poderia colocar todos os pensamentos em ordem antes de chegar em casa. Virar freira era uma das saídas que ela poderia aceitar ao invés de ter as pessoas querendo algum tipo de relacionamento com ela. Queria ser mais especifica a ponto de contar as pessoas o motivo dela não querer se envolver com mais ninguém. Antes fosse apenas a culpa de Donnie por machucar o coração da jovem, mas sem o apoio de alguém além da própria mãe. Sua vida amorosa estava quase parecendo a cultura indiana, onde os pais devem escolher o marido para a filha.Não era desse jeito que ela gostaria de levar a vida. O seu par ideal tinha de ser uma pessoa apaixonada pela arte assim como ela, gostar de coisas simples o que as tornam especiais e valiosas. Se sentir livre fazia parte da sua realidade, Amy queria alçar vôos cada vez mais altos. Nada a poderia prender em solos férteis, a vida tinha de ser uma surpresa, sempre a surpreendendo e a tornando cada vez mais forte.

Valorizava quem a fazia sorrir e gargalhar diante de algo inesperado, com e sem motivo. Precisava mostrar que a aceitava como ela era por dentro e não por fora, porque a beleza interior importa. Pouco importava a aparência, pois sempre haveria momentos em que ela não iria quer passar maquiagem, usar alguma roupa que valorize o seu corpo, o que restará será o seu verdadeiro eu. Não era tão difícil de entendê-la. Não gostava de exageros, muito menos de fingir o que não era.

Amy precisou respirar fundo antes de entrar na casa. Se Bernard estivesse em casa provavelmente falaria coisas absurdas. Abriu a porta e por sinal não havia ninguém. Só queria ir para o seu quarto e contar à Demi como havia sido a sua noite desastrosa. Para a sua sorte ela já estava online.

Demetria: Como foi o encontro?

Amy: Nada legal, amiga. O Patrick é um paranóico, sempre fazendo perguntas sobre o Marcus. SOMOS AMIGOS!

Demetria: HAHAHA! Desculpa, mas eu precisava rir. O Patrick está afim de você, mas se não quer nada com ele tem de deixar óbvio.

Amy: Devo ter cometido algum pecado em outras vidas. Aposto que essa informação nunca vai ser digerida pelo Patrick. Amizade é algo que muitas pessoas não sabem lidar muito bem.

Demetria: Desejo boa sorte nessa sua nova jornada! Se em algum momento em que estiverem juntos ele tiver te sufocando, aparecerei num flash.

Amy: Você é a melhor amiga que alguém pode desejar ter nessa vida. Boa noite.

**********

Os meses avançavam e toda a correria cotidiana estava deixando Amy completamente maluca. Suas obrigações aumentavam cada vez mais. Sua relação com a mãe e o padrasto a deixavam fora de si, mas tentava ser forte a cada dia que se passava. Todos os dias, Marcus e Evie faziam questão de que a sua amiga mais que especial tivesse algum momento especial ao longo do dia. Só em tê-los por perto o dia se tornava especial. Demetria sempre participava das reuniões e para Evie, a sua nova companheira é bem maluquinha, mas de uma forma bem divertida.

A rotina de estudos se intensificava, principalmente na parte da dança, pois logo teriam de montar uma apresentação. Temia que os pares escolhidos fossem escolhidos sem ser bem pensado. As pessoas escolhidas tinham de ter responsabilidade, compromisso com o projeto.

— Meus alunos queridos — Começou Margareth — Agora eu irei anunciar as duplas para o festival de dança que realizaremos daqui a alguns meses. Direi quem são as duplas, mas não quero saber de faltas, atrasos. Agora será o grande momento de mostrarem o seu verdadeiro valor dentro dessa escola antes do espetáculo de encerramento do ano. Me façam acreditar que eu não irei me arrepender em confiar em cada um de vocês. O tema da nossa apresentação será “A Última Dança” Ao logo da semana estarei passando a música para cada um, mas hoje quero que fiquem mais próximos ao seu parceiro. Tenham vontade de descobri-lo. Demetria e Leonardo. Bryana e Marcus. Amy e Patrick. Helena e Bruno. Os que eu não mencionei os ajudaram a compor todo o projeto de forma que participarão de todas as cenas e danças. A responsabilidade maior é de vocês.

Bryana já estava toda empolgada pela sua dupla. Antes mesmo que algum deles pensasse em fazer uma troca, Bryana puxou Marcus para ter uma conversa em particular. Sentia que assim poderia finalmente alcançar o seu objetivo. Se tornaria uma amiga especial para Marcus durante a montagem do projeto.

Por dentro Marcus se mordia de raiva, não era desse jeito que ele imaginava. Agora as suas chances de tentar conquistar Amy estariam completamente arruinadas. Patrick se sentiria maravilhado por ser o par da melhor aluna que por ali ele conhecia. Pediu licença à Bryana, pois precisava de espaço para pensar. Não seria justo perder Amy para um de seus amigos, antes fosse para qualquer outra pessoa, mas não para seus amigos.

Restava apenas alguns minutos para que toda a turma fosse liberada. Alguns dos alunos pegavam os seus pertences que estavam espalhados pela sala. Antes que todos os alunos pudessem ir embora, Patrick assumiu a sua postura na frente da turma e se pôs a falar:

— Pessoal, no fim de semana eu estarei dando uma festa lá em casa, será um prazer receber todos vocês. Não precisam se preocupar com nada, apenas desejo que compareçam. Será uma noite bem divertida. — Convidava Patrick.

Amy sentia vontade de correr toda vez que Patrick tentava se aproximar dela, mas não havia como evitar uma festa dada por ele. Reconhecia o fato de que lhe devia um “encontro” pela segunda vez, mas não se sentia preparada para tal ocasião.

— Amy? — Disse Patrick ao se aproximar — Você irá à festa?

— Sim! Não poderia perder essa oportunidade. — Mentiu ela.

Logo não restou mais ninguém na sala exceto por Amy. Não entendera o fato de Marcus a ignorá-la quando tentou se aproximar para ter um dedo de prosa. Nem sempre dava para entender o que se passava na cabeça das pessoas. Ignorou todo o acontecimento e logo foi para casa. Tentou manter-se completamente ocupada, assim não pensaria em probabilidades toscas de alguém romper a amizade assim do nada.

Esperou até que anoitecesse para tentar uma conversa com Marcus. Ele estivera estranho desde o momento em que Margareth anunciara os pares.

Amy: Hey Marcus! O que deu em você vai ficar me ignorando sem eu fazer nada?

Marcus: Me desculpa, não era a minha intenção. Ainda estou pensando em algumas coisas que aconteceram ao longo do dia. Muita informação a ser digerida. Estou ficando louco. Preciso me distrair.

Amy não hesitou duas vezes em ligar para o celular do jovem. Seria diferente poder ouvir a voz dele por telefone.

— Anda! Pode desabafar...

— Engraçadinha.

— Não estou brincando, é sério. Por que você ficou estranho daquele jeito? Fiz algo de errado e não percebi? — Seu tom de voz era preocupado.

— Anjo, não fique tão preocupada comigo. Só não gostei muito das duplas formadas para o festival. Mas quem sou eu para discutir com a Margareth? Tenho de aceitar como se nada estivesse errado.

Ela riu docemente.

— No fundo você vai acabar gostando de dançar com a Bryana. Às vezes ela pode ser legal, só quando ela gosta de alguém. Vai à festa do Patrick?

— Talvez, por que?

— Vai, por favor! Só eu e a Demetria não tem graça, preciso de mais alguém para conversar, não quero ficar na companhia do dono da festa o tempo todo como se eu fosse o seu prêmio.

— Tudo bem. Pode contar comigo...

A conversa pelo telefone demorou horas. Havia tanto a ser dito entre eles. Quanto mais pensava em encerrar a conversa mais desejava continuar. Amy era um verdadeiro imã, e o seu magnetismo o atraia. Sentia em sua voz quando ela queria rir das coisas que ele lhe dizia, quando o sentimento se torva a mais forte. Começava a notar os detalhes que nunca havia notado em nenhuma outra garota. O que Amy possuía de tão especial que o deixava perdidamente apaixonado por tudo o que fazia? Este novo Marcus o estava assustando-o.

— Está ficando tarde, já são mais de três da manhã.Nunca fiquei acordada essas horas.

— Vai dormir. Depois nos falamos.

— Ainda vai querer conversar comigo depois de passarmos horas no telefone?

— Amor, é sempre uma honra falar com você. Não me importaria em passar o ano sem dormir, só para ter certeza de que está tudo bem com a minha amiga e que ela se preocupa comigo.

— Que fofo, Marcus. Até mais.

**********

Infelizmente o fim de semana havia chegado e a ideia de ter uma festa a comparecer não agradava Amy. A maioria das pessoas de sua turma estava louca para irem, mas ela apenas queria a paz e a tranqüilidade de seu quarto. Uma festa não era a definição de fim de semana inesquecível que ela tanto desejava. Poderia aproveitar a noite lendo, escrevendo, vendo filmes e series ou simplesmente ficar de olhos fechados e esquecer o mundo lá fora.

Para diminuir um pouco da culpa que sentia por dar mais atenção a um do que ao outro, Amy aceitou o convite para ir até a festa na casa de Patrick. Insistira para que Demetria a acompanhasse, mas ela não se sentia bem em sair de casa. Seu coração palpitava fortemente, mas queria estar ao lado da amiga para o que ela precisasse. Até parecia que ela conseguia prever o que estava para acontecer naquela noite. Cuidou do visual e escolheu o seu vestido vermelho com fenda na lateral. Não era seu foco chamar tanta atenção, mas ao menos uma vez ela poderia se sentir mais viva, mais mulher.

Ser quem ela nunca gostava de ser: sedutora. Não era tão fácil assumir esse seu lado. Nunca confiara plenamente nas pessoas a ponto de mudar a sua forma de vestir. Só queria distrair um pouco a cabeça, esquecer do inferno que vivia todos os dias quando Bernard chegava.

Demetria havia combinado com Marcus de que ele as levasse até a casa de Patrick, mas desde que Amy não soubesse. Seria uma surpresa muito grande. Ambos a esperavam ansiosamente na sala.

— Amiga, podemos ir? — Gritou Demi

— Claro! — Respondeu Amy já saindo de seu quarto.

Amy ficou sem reação ao ver Marcus à vontade. Parecia outra pessoa. A sua forma de vestir o deixara mais maduro.

— Você está linda, Amy! — Elogiou ele dando-lhe um beijo no rosto — A mais linda de todas as garotas que conheci nesta vida.

— Agradeço o elogio. Você está um arraso.

— Sem mais elogios fofos ou não chegaremos nessa festa ou o Patrick acabará dando um verdadeiro chilique.

Marcus as conduziu até o carro. Amy preferiu ir no banco traseiro. Ficaria mais à vontade. Pelo menos seus amigos não abandonariam naquela noite.

Enquanto dirigia em direção à casa de Patrick, todos os pensamentos de Marcus estavam voltados para Amy. Ela estava estonteante. Como poderia controlar todos os seus desejos diante do verdadeiro pecado que aquela jovem era? Mesmo que não fosse a sua intenção, Amy poderia causar uma parada cardíaca em qualquer um. Entre um sorriso e outro os olhares se encontravam e permaneciam conectados como se ali existisse uma conversa secreta.

Ao chegarem vários olhares admirados foram voltados para o trio que passava pela entrada. As moças sentiram vontade de sair correndo pelo mesmo lugar por onde entravam. Logo já não eram mais tão vistos desse jeito. Ali, tudo o que mais importava era a diversão e nada mais. Poucas pessoas dançavam, muitas delas papeavam dentre todos os espaços possíveis, algumas desejando apenas um lugar mais reservado. Infelizmente nenhuma delas fazia parte do conhecimento de Amy nem mesmo Marcus sabia de onde viera tantas pessoas naquela noite. Um pequeno exagero por parte do Patrick.

A casa de Patrick estava cheia. Todos os seus amigos compareceram a sua grande festa. Amy e Demetria preferiram ficar longe dos rapazes, de qualquer um deles que tentasse alguma gracinha. A música alta e envolvente deixava todos os seus convidados entorpecidos. Para evitar futuras brigas, Marcus foi procurar Patrick a fim de mostrar-lhe que não perderia aquela festa por nada.

— A Amy está um arraso — Comentou Gregory.

— Desta vez eu tenho que ser honesto com vocês. — Começou Bruno se servindo de sua bebida — Nunca vi uma garota se transformar tanto quanto ela. Se eu fosse o namorado dela teria ciúmes.

Patrick abriu os braços como quem se vangloriava. Seus pensamentos estavam sórdidos demais. Desde a sua chegada notara o quanto o seu desejo aumentava por aquela jovem, faria de tudo para que ela se rendesse ao seu charme e aos seus domínios. Amy seria dele e de mais ninguém, se pudesse a pediria em casamento ali mesmo, mas seria um passo gigantesco que ele iria dar e, no entanto não era dessa forma que ele agiria. Obviamente ela se assustaria e sairia correndo dali. A traria para perto de si cada vez mais, cativaria o melhor dela e assim a conquista estaria ganha.

De longe Marcus observava Amy balançar de um lado para o outro completamente acanhada. Ela deveria estar com vergonha de dançar no meio daquelas pessoas que mal a conheciam. Logo ela que dançava tão bem estava com vergonha. Afastou-se das outras pessoas e aproximou-se de Amy.

— Isso aqui está uma verdadeira loucura — Murmurou Marcus divertido.

—De onde saiu todas essas pessoas? — Amy não sabia para onde ir com tantas pessoas espalhadas pela casa.

— Se não se incomodarem vou falar com o Leo.

Ambos riram ao ver Demetria se afastando.

— Estou prevendo um futuro namoro entre eles.

— Estou junto. Quer sair daqui? Tomar um pouco de ar...

— Adoraria.

Marcus pegou a mão dela e entrelaçou os seus dedos aos dela. Não queria correr o risco de perdê-la por um minuto que fosse. O seu toque havia intensidade para com ele, diferente das outras garotas que apenas queriam apenas uma noite de prazer. O toque era inocente pra ela, mas para ele havia um significado completamente diferente.

Juntos eles caminhavam pelo jardim. Alguns dos convidados que por ali circulava acabou acreditando que os dois eram um casal. Estavam tão envolvidos numa conversa animadora que nem perceberam que os corpos estavam tão próximos, talvez ela não se desse conta de que para Marcus a aproximação era algo a mais. De que representava outra realidade.

— Sério mesmo que você já ficou com medo de subir no palco? Não parece.

— Verdade, eu estava tão nervosa que mal conseguia me mover. A Margareth foi a única que conseguiu me dar forças para seguir em frente e desde então sempre lembro desse apoio.

— Ela é uma ótima professora.

Já não havia mais para onde ir. Amy gostava de olhar o luar e ele a acompanhou. Enquanto estavam à sós tudo parecia na mais perfeita ordem. Quando estava conversando com Marcus, ela perdia completamente a que mundo pertencia, as horas voavam e então já era hora de dormir ou simplesmente de cada um deles retornarem a seus lares.

— O Patrick quer falar com você Amy — Disse Gregory.

— Já estou indo. Você vem Marcus?

— Já vou.

Passara a mão nos cabelos odiando a existência de Patrick.

Antes mesmo que ele pudesse pensar em algo, Amy já havia desaparecido. Era bom que ela fosse na frente ou Patrick acabaria pensando que ela não teria escolhas. Não poderia ser um problema para Amy.

Ao chegar na casa principal Patrick a conduzira até a cozinha, pois sabia que ninguém o atrapalharia com tanta facilidade. Seus amigos eram os únicos a terem a devida permissão para procurá-lo. Patrick Já não poderia esconder mais os seus sentimentos por ela. Amy merecia saber a verdade. Estavam frente a frente. O momento era aquele, Patrick sentia.

— O que houve Patrick?

— Amy, preciso te contar algo muito importante antes que esse segredo me mate.

A jovem começou a ficar preocupada. Não imaginava que Patrick pudesse guardar um segredo.

— Amy, estou apaixonado por você. — Contou ele de uma vez por todas.

— Só pode ser alguma brincadeira, Patrick. — Murmurou Amy chocada — Ninguém se apaixona por mim desse jeito.

— Então explica isso para o Marcus, pois ele parece não saber a diferença entre a amizade e um romance. Nós dois estamos fervendo de sentimentos por você. Escolha um e tudo se resolverá.

Amy tentava sair do sofá, mas Patrick segurava-lhe as mãos, não facilitando o momento. O olhar assustado da jovem a denunciava por inteiro. Patrick insistia em explicar.

— Eu sei que você pode estar se sentindo confusa, mas essa é a verdade. Desde o primeiro momento em que começamos a nos falar soube que não era como qualquer outra garota e mesmo que não admita para si mesma, no fundo nutre algum sentimento pelo Marcus só não admite.

— Já passou da época em que eu conseguia me sentir tocada pelas pessoas. Quando eu queria lhes contar tudo o que sentia dentro de mim era rejeitada, mas o Marcus... — Explicava Amy.

Patrick aproximou-se tocando o rosto de Amy suavemente

— Olha em meus olhos, Amy e diga com toda a sinceridade que possui em seu coração. Acha que eu seria capaz de te fazer sofrer, te rejeitar?

— Eu não sei...

— Olha... eu conheço o Marcus como ninguém e sei que ele já fez muitas garotas sofrerem e eu não quero que aconteça o mesmo contigo. Ele só quer brincar com os seus sentimentos, eu nunca faria isso.

— Patrick, estou confusa. Vocês dois são importantes pra mim, mas não saberia dizer quem me faz sentir melhor, quem me compreende... — Ele o interrompeu.

— Não Amy, não pode haver duas pessoas na sua vida. Não sei dividir as pessoas

— Não sou um prêmio de consolação, Patrick. Eu preciso ir, está ficando tarde demais.

Ele a viu caminhar de forma sedutora, seu vestido com uma fenda na lateral direita lhe deixava ansioso para sentir a sua pele delicadamente macia e levemente quente. Patrick não queria ter de desistir daquela garota tão facilmente. Tinha de lhe provar as suas intenções. Amy o cativara desde o primeiro momento, mas infelizmente Marcus sempre estivera com ela e, isso lhe irritava bastante. Tirava-lhe todas as oportunidades do mundo. Queria que Amy fosse apenas sua e de mais ninguém. O desejo crescia intensamente em tê-la em seus braços.

Num impulso, Patrick a segurou contra a parede colocando as mãos da jovem acima de sua cabeça. Amy à principio estava assustada com aquela atitude.

— Perdão Amy, mas a noite toda você tem mexido comigo e com os meus pensamentos.

Dito isso, Patrick a puxou contra si. Tocava-lhe todo o seu corpo com vontade. Seus lábios queriam se deleitar num prazer interminável. Enquanto ela estivesse em seus braços aproveitaria o momento.

**********

Demetria já estava cansada de esperar por Amy, tudo o que ela mais desejava era voltar para casa e aproveitar o resto da sua noite fazendo maratona de séries. Ter de procurar pela amiga significava que ela seria capaz de se perder naquela mansão também. No entanto teria uma única opção. Aproximou-se de Marcus com cautela.

— Precisa de algo?

— Marcus, procura a Amy e diga que precisamos ir para casa, por favor! — Pediu Demetria educada.

— Só se for agora.

Alguns dos convidados lhe disseram que Amy estava conversando com Patrick na cozinha. Agradeceu a algumas pessoas e foi até o local indicado. A cozinha estava em silêncio, pois ele decidiu andar devagar temendo não atrapalhar nada. Infelizmente a imagem que contemplava não era do seu agrado. Ele só queria desaparecer de vez daquele lugar e esquecer de uma vez por todas Amy e Patrick.

Marcus morria de raiva ao ver Patrick beijando Amy. Para ele toda aquela rejeição se devia ao fato dela nutrir sentimentos por Patrick. O ódio e a raiva o consumiam. Sentia como se o seu mundo fosse acabar ali mesmo. Sua respiração já estava entrecortada, o chão ao qual pisava parecia flutuar. Não poderia continuar presenciando aquela cena. Pegou a sua jaqueta e logo saiu da festa. Ninguém sentiria a sua falta.

— Você ficou louco, Patrick? Eu... Eu... sabia que não deveria ter vindo a essa festa. Você está confundindo tudo.

Demetria ficara chocada pela forma como Marcus havia saído da festa. Decidiu então ela mesma procurar a amiga. Nada de bom poderia estar acontecendo. Ao se aproximar da cozinha batera na porta já na intenção de atrapalhar o que quer que fosse.

— Amy? Você está aqui?

— Demi? — Perguntou ela com alivio na voz.

— Vamos para casa? A noite acabou, não estou me sentindo bem. — Murmurou Amy entre dentes.

— O que aconteceu?

O silêncio já havia denunciado tudo.

No caminho para casa, Amy não parava de bufar no táxi. Demetria estava começando a ficar preocupada.

— Amiga, fala comigo, por favor!

— Desculpa, Demi. Só quero ficar em silêncio. Minha cabeça não para de doer, tenho muito no que pensar.

— Foi o Patrick? Eu vi que ele te beijou.

— Quero matar ele. Por que todo mundo pensa que eu quero um namorado? Só quero viver da minha arte, ser livre. Já passei por um relacionamento desastroso e não quero passar de novo. As pessoas estão me confundindo como prêmio de consolação. — Desabafava a jovem entre lágrimas — Eu preciso de alguém que me compreenda e que me aceite do jeito que sou. Que veja a arte como parte da minha alma, do que eu sou e represento. Não sou apenas um corpo e rosto bonito.

Demetria afagava os cabelos da amiga. Raramente via Amy fragilizada como naquele momento. Tinha de haver um motivo maior para que ela se sentisse para baixo. Um beijo roubado não poderia causar todo aquele estrago numa jovem forte.

— Amiga, tudo vai se resolver. Foi um choque, eu sei. Amanhã ele e principalmente você terá esquecido desse episódio. A vida segue. Vai ser como no filme “Se beber, não case”. Todos que estavam reunidos na festa terão um apagão mental.

— Obrigado! Espero que seja dessa forma. Nos vemos amanhã na escola.

— Até! Bom descanso.

— Igualmente.

Amy ao chegar em casa se sentia estranha. Teria de se afastar das pessoas antes que algumas delas acabassem magoadas ou algo do tipo. Não entendia porque se sentia culpada em ter deixado Patrick beijá-la. Ela nunca nutrira nenhum tipo de sentimento por ele e ele havia confundido tudo. Teria de esquecer toda aquela confusão o quanto antes. No dia seguinte explicaria tudo, colocaria tudo o que sentia para fora o quanto ainda lhe restava algum tempo.

A noite toda não conseguira tirar os olhos de Marcus, assim como ele fizera o mesmo. De uma forma diferente algo o preocupava demais. Tirara toda aquela maquiagem borrada e esperava ansiosamente por uma única mensagem de Marcus. Irritada terminou de se trocar e foi para cama.

**********

Naquela mesma noite, Marcus andava de um lado para o outro no meio da rua desolado. Não conseguia digerir o que vira. Ver Patrick com Amy lhe causava náuseas. Como é que eles poderiam ser tão baixos? Eram seus amigos, principalmente Patrick. Jamais poderia confiar novamente em alguém. Ainda era cedo e algumas lojas estavam abertas. Passara na loja de conveniência e decidira comprar algo para beber. Uma garrafa de Heineken o ajudaria naquele momento. Na saída da loja ficara surpreso com quem encontrara. O destino só poderia estar de gozação com ele, mas mesmo assim parecia uma boa companhia para o momento.

A figura feminina se aproximava lentamente dele.

— O que faz aqui, Marcus? Pensei que estivesse na festa do Patrick.

— Não... Precisei sair antes, não estava me sentindo muito bem.

Pela primeira vez Marcus notara que Bryana possuía um charme, mas nada que comparasse ao jeito de Amy. Ambas eram bonitas, mas Bryana parecia interessada em lhe dar um pouco mais de atenção do que ele merecia.

— No que eu posso ajudar?

Marcus sorriu de canto.

—O que você sugere para uma pessoa que acabou de ter o coração partido, incluindo o seu melhor amigo?

— Depende do que tenha em mente... — Disse ela aproximando-se ainda mais do corpo e do rosto de Marcus. — Basta saber se você deseja o mesmo que eu.

Dito isso, Marcus a puxou para um beijo cheio de calor. Tentava tirar de sua mente a cena que presenciara. Não era certo aproveitar-se das vontades de Bryana para com ele, mas Marcus não tinha outra saída. Não queria disputar o amor de uma garota que não tinha olhos e nem sequer nenhum sentimento por ele. Fora um tolo em acreditar que poderia ser diferente, que ao menos poderia abandonar a sua vida de caprichos e luxúria em troca de amor e sentimentos verdadeiros.

— Nossa! — Exclamou Bryana ao partir o beijo — Você é mesmo surpreendente, Marcus. Como é que nunca se interessou por mim?

Marcus sorriu por contragosto.

— Estava cego. Um cara como eu não consegue ser apenas de uma única garota. Sou novo demais e preciso aproveitar as oportunidades que a vida me oferece.

— Concordo. Mas e a Amy? Pensei que estivesse interessado nela.

Nem mesmo Bryana deixava de lembrar a existência e dos sentimentos que nutrira por Amy.

— Me enganei... Ela já deve ter alguém especial que a faça feliz. Só quero aproveitar a minha vida enquanto posso, aposto que você pensa da mesma forma que eu.

— Pensei que nunca olharia para mim, mas me enganei. Que tal irmos para um lugar mais reservado? Podemos nos conhecer melhor.

— Com certeza!

Dito isso, Bryana o puxou pela mão até sua casa. Não era tão longe assim. Em meio ao trajeto ela o parava e o enchia de beijos. Ele prometia a si mesmo ter um pouco de paciência e logo aquela palhaçada acabaria.

Bryana já estava louca de desejo pelo corpo de Marcus. Mais uma vez ela conseguira conquistar o que tanto desejava. Entre o louco desejo e a necessidade de esquecer alguém a noite de prazer deles havia começado. Marcus não queria pensar em mais nada além do sexo. Ele não era digno de ter um relacionamento sério com quem pensara ter alguma chance.

Marcus havia chegado ao ápice do momento. Seu rosto estava enterrado no travesseiro. Sentia vontade de chorar, mas se fizesse isso perto de Bryana ela poderia desconfiar. Precisava desabafar, chorar, colocar tudo para fora ou acabaria enlouquecendo de uma vez por todas.

— Que noite! — Exclamou Bryana animada — Você é um arraso, Marcus.

Sem querer dar falsas esperanças a aquela garota, ele se limitou a olhá-la.

— Todas dizem isso. — Murmurou ele.

A noite ia a ser mais difícil do que ele imaginava. Toda vez que fechava os olhos a mesma cena se repetia. Tudo o que ele mais desejava naquele momento era poder dormir. Esquecer tudo por uma noite ou enquanto existisse esse maldito sentimento em seu coração. Não conseguiria levar a amizade tão facilmente com ela. Estava decido a se afastar aos poucos dela. Assim seria melhor para os dois. Ao menos tentaria.


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