Minha Gotinha de Amor escrita por Miss Vanderwaal


Capítulo 9
Spence, eu...


Notas iniciais do capítulo

Yay! Finalmente consegui terminar! Ficou maior do que eu imaginava.

Ps: nesse capítulo, tentei atender ao pedido incomum da leitora MoonLew. Espero que tenha ficado bom :3



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Ao final de suas aulas, no meio daquela mesma tarde, Aria resolveu esperar por Spencer em um dos bancos dispostos pelo pátio frontal da escola. O “confronto” pelo qual Aria ansiava não poderia mais ser adiado. Ela passara suas três últimas aulas roendo os cantos de seus polegares, nervosa, pensando sobre a possibilidade de Spencer estar usando anfetaminas outra vez.

Aria fizera uma pesquisa superficial sobre as tais pilulazinhas depois da conversa que tivera com Hanna há dias atrás. Segundo vários sites, muitos jovens usavam para ficar “ligados” quando precisavam passar noites em claro... estudando. E Spencer apresentava os dois sintomas principais: falta de sono e de apetite.

O bolo no estômago de Aria apenas crescia. Todos que ela conhecia naquela escola já haviam passado por ela – seu irmão, Mona, Lucas –, e nada de Spencer. Até mesmo Hanna, Emily e Alison já haviam saído, e Aria dera à todas elas, quando as três passaram separadamente por ela, a mesma desculpa de que Spencer iria ajudá-la em algum dever de casa idiota. Bem, à todas, menos à Hanna. À loirinha, Aria dissera que estava prestes a ter com Spencer “a conversa”. Hanna abraçara-a e desejara-a uma muito boa sorte.

Spencer havia sido uma das últimas alunas a sair do prédio, como sempre, e já ia andando de cabeça baixa em direção ao seu carro, que estava no estacionamento destinado aos estudantes.

– Spence? – Aria chamou-a delicadamente, assim que conseguiu alcançá-la e antes que Spencer pudesse alcançar seu carro.

– Ei, Aria – ela virou-se e sorriu, por um segundo parecendo-se com a Spencer de sempre – Ainda aqui?

– Pois é, eu... queria conversar com você – admitiu finalmente, roçando os dedos uns nos outros e sentindo o coração bater rapidamente dentro de seu peito.

– Não pode ser outra hora? – ela perguntou gentilmente, ajeitando os dois livros que seu braço esquerdo segurava – É que agora eu estou meio...

– Spence, não – Aria interrompeu baixinho, achando que não conseguiria suportar se ouvisse mais um “estou ocupada” vindo de Spencer.

– O que foi?

Aria sentiu seu coração se acalmar minimamente com a pequena pergunta. Ela ainda se importa, agradeceu a morena mentalmente enquanto soltava o ar, que nem sabia que estivera prendendo, nervosamente pela boca. Tentou ganhar tempo para pensar no que diria a seguir passando os dedos, que tremiam levemente, pelos cabelos.

– Aria, qual é o problema?

A morena fitou, exitante, os olhos de Spencer.

– Antes que eu te diga qual é o problema, pode prometer ser menos... frenética? Ao menos pelos próximos cinco minutos?

Spencer sorriu levemente ao pedido da amiga, como se entendesse exatamente o motivo por trás dele, e, sem dizer nada, andou até seu carro e colocou os dois livros que trazia nos braços no banco de trás. Recostou-se à porta traseira do veículo, agora novamente fechada, e encarou Aria, com o mesmo sorriso leve nos lábios.

– Estou parecendo menos frenética?

Aria correu os olhos por toda a extensão do corpo esguio de Spencer. Por duas vezes. A garota estava usando uma saia jeans sem barras e propositalmente esfiapada que ia até pouco acima de seus joelhos. Spencer sempre tivera pernas pálidas, afinal ela nunca fora uma grande apreciadora de banhos de sol. Nenhuma delas era, na verdade, com exceção de Alison e Hanna, obviamente. Mas era como se, naquele momento, Spencer estivesse completamente pálida. Ela parecia esgotada, de certa forma, o que era justificável, sendo que ela teoricamente passara a última noite em claro. Entretanto, o que não era justificável era o fato de Spencer parecer estar... ainda mais magra. A conclusão fez Aria assustar-se genuinamente, à ponto de querer perguntar quando havia sido a última vez que a garota comera uma refeição decente.

– Acho que sim – Aria conseguiu responder, fracamente, tentando deixar os pensamentos ruins de lado.

Spencer sorriu de um jeito mais evidente, e a cor pareceu voltar um pouco ao rosto dela. Ela parecia... satisfeita. Fez parecer que tudo o que foi necessário para ela parar de pensar em seus excessivos afazeres escolares foi aquele “eu queria conversar com você” de Aria.

– Vai me contar o que está acontecendo ou não? – Spencer incitou suavemente, cruzando os braços.

Havia um brilho por trás dos olhos dela. Um brilho especial, que pertencia à Spencer de sempre. Ela parecia saber exatamente o que estava acontecendo. Um sorrisinho esperto ainda brincava entre seus lábios. Aria respirou fundo e deu um passo na direção de Spencer. Parecia que elas estavam sozinhas, literal e figuradamente falando, como em apenas uma com a outra.

– Eu... senti sua falta – Aria murmurou, tocando um antebraço de Spencer, na intenção de fazê-la descruzar os braços, e foi o que esta fez, segurando docemente os dedos da mão esquerda de sua amiga.

– Também senti sua falta – Spencer confessou, assentindo levemente, o que fez uma indescritível sensação de vitória dominar o coração de Aria.

– Ainda sinto – Aria ajeitou seus dedos nos dela, como se quisesse ter certeza de que ela não iria escapar.

Spencer desviou o olhar por um segundo mas em seguida fixou-o nos olhos de Aria.

– O que você quer que eu diga? – murmurou ela, delicadamente.

– Vamos passar um tempo juntas? – Aria propôs, subitamente sentindo que seu peito transbordava de coragem e animação – Só eu e você?

Por uma fração de segundo, Spencer fechou os olhos e sorriu outra vez. Aria não ligava mais para a possibilidade de estar pensando egocentricamente. A verdade era que Spencer parecia ter ouvido algo que andara desejando ouvir há muito tempo. Então ela checou o estreito relógio em seu pulso esquerdo.

– Eu teria que voltar aqui em duas horas por causa do grupo de estudos de francês, mas... se você quiser eu posso simplesmente não aparecer na aula.

O sorrisinho sacana estava de volta aos lábios de Spencer e o coração de Aria acelerou a um nível perigoso.

– Eu quero – a moreninha abriu um grande sorriso, acariciando a mão de Spencer com seu polegar. À tal altura, ela estava ansiosa como se ela e Spencer estivessem planejando fugir da cidade na calada da noite ou algo parecido – e sei de um lugar onde vendem aqueles croissants recheados com queijo que você adora.

Spencer salivou.

– Não me fale disso.

Aria riu. Já estava mais do que na hora de colocar algo consistente no estômago daquela garota.

– Quem mandou não almoçar? – Aria provocou – Agora vai sofrer pensando naquela mussarela derretida, junto com pedacinhos de provolone, tudo escorrendo de dentro de uma massa folhada tostadinha.

– Não estou ouvindo porcaria nenhuma do que você está dizendo –

Spencer brincou, levando às mãos aos ouvidos, e as duas gargalharam.

Tudo estava perfeito novamente. Ainda mais perfeito do que jamais esteve, Aria diria. Elas estavam fisicamente próximas. As duas mãos de Aria repousavam inconscientemente sobre a fina cintura de Spencer. Quer dizer, talvez até nem tão inconscientemente assim. A morena envolveu os ombros de Aria com seu braço esquerdo, como se quisesse puxá-la para um abraço, e Aria se aproximou ainda mais, porém não a sentiu envolvê-la. As costas de Spencer ainda não haviam desgrudado da lataria do carro.

– Spence? – Aria chamou-a, delicadamente – Tudo bem?

Não houve resposta. Numa única fração de segundo, a cor pareceu se esvair novamente do rosto de Spencer. Como se ela estivesse com sono, seus olhos se fecharam, e seu corpo pendeu para o lado esquerdo. Num reflexo rápido, Aria agarrou-a, apenas em tempo suficiente para que a garota não batesse a cabeça no chão de terra.


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