Rin nunca fora bom em planejamentos.

Sua vida se baseava em dizer aquilo que a sua mente tinha processado no devido momento e sejam coisas boas ou ruins, ele simplesmente as dizia na cara dura. Deixava-se levar pela adrenalina do momento e consecutivamente se arrependia depois. Era assim na maioria das vezes que precisava tomar algumas atitudes importantes, o que atrapalhava a sua existência como um ser bacana e repleto de amigos. Não que ele não os tivesse, mas acabara por afastar algumas pessoas devido ao seu probleminha de não conseguir segurar a língua grande.

E a única vez que ele tentara medir as palavras havia fracassado miseravelmente.

Ali estava ele, na casa de Haruka comendo uma Cavalinha ao lado do amigo, tentando escolher as palavras exatas que sairiam de sua boca no instante da confissão. E mais uma vez se deixou levar pelo nervosismo do momento, conhecido também como impulso.

“Haru, eu não sou bom com palavras, então não vou fazer um discurso sobre meus sentimentos, desculpe. Mas eu gosto de você. Gosto muito, por sinal. Então, éer... É isso, eu gosto de você. Quer namorar comigo?” A vermelhidão de seu rosto quase se igualara a cor de seus cabelos e ele jurava sentir seu coração na boca, prestes a pular. E lá estava ele, se arrependendo porque simplesmente jogou as palavras sem ao menos repensar um pouco.

O medo de ser rejeitado o assolava a cada segundo que se passara sem resposta.

“Rin...”

“Tudo bem se você não sentir o mesmo... Eu só precisava lhe dizer em algum momento.”

“Rin.”

“Não quero te forçar a nada, saiba disso.” Embora dissesse isso, seu coração se apertava cada vez mais. “Eu posso continuar a agir como seu amigo e...”

“RIN!”

Finalmente o Matsuoka se calou e deixou o moreno pronunciar-se.

“Eu também... Droga, será que você nunca percebeu que eu sentia o mesmo?”

“Oi?” Piscara duas, três vezes tentando juntar os pontos e racionar aquilo que fora lhe dito.

“Desde criança percebi que aquela fixação que você tinha por me vencer não era natural. Não era algo de amigo e tudo mais... Mas eu também não queria ser só isso... Não queria que você partisse para a Austrália e quando assim o fez, tornei-me alguém mais frio... Apenas porque eu sentia a sua falta. Nunca me senti completo sem você ao meu lado.”

“Haru, isso é verdade mesmo?”

“Claro, seu idiota.”

“Por que nunca me contou?”

“Achei que já soubesse.”

“Claro que não sabia! Ai, droga, se eu já soubesse antes...”

“O quê? Você ia me fazer uma serenata romântica com o Nagisa e o pessoal?”

“Não, eu faria coisas como isto!”

Rin nunca gostara de ser impulsivo, achava aquilo o pior de seus defeitos. No entanto, nunca agradecera tanto por tido aquele impulso de finalmente dizer o que sentia para o moreno e posteriormente ter lhe tascado um beijo. Afinal, o que seria dele sem sua vontade incontrolável de dizer o que quer, na hora que lhe convém?