Novos Experimentos INTERATIVA escrita por Arabella


Capítulo 4
Fedelhas


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Não vai ter personagem novo esse capítulo porque tive de me demorar no decorrer do dia, mas vou tentar postar mais amanhã! Não fiquem chateados se os seus ainda não apareceram, por favo! Essa parte introdutória é meio chata, mas necessária
Beijos, Dê



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Alice cambaleou um pouco para trás, levemente desorientada, mas não afrouxou o aperto ao redor do pescoço de Gabbe.

–Vamos lá, solta ela... –Jackson murmurou, cuidadoso. –Você não tá com raiva da gente. Você tem raiva de quem nos pôs aqui.

A garota soltou um sorriso sem humor para ele.

–Como saberei se posso confiar em vocês?

–Não vai saber. –Travis começou a tirar algo do bolso lateral da mochila que levava ao Labirinto.

Ele segurava um punhal pequeno de metal reluzente que prometia rasgar qualquer pele no primeiro contato. Gabbe prendeu a respiração ao ver a lâmina e Alice vacilou um pouco no aperto.

–Agora. Solta ela. –Travis brincava com o punhal em um movimento giratório entre os dedos, nunca tocando a lâmina.

Alice finalmente tirou os braços do pescoço da garota, com um suspiro frustrado. Gabbe correu para Travis, abraçando a cintura do garoto enquanto ele retornava o punhal ao seu lugar de origem na mochila.

–Realmente precisava disso? –Jackson estreitou os olhos escuros para o outro garoto, que apenas deu de ombros.

–Ela mexeu com a minha garota, ok?

–Tá, tanto faz. Eu sou o Jackson. –Ele estendeu uma mão para Alice, que apenas a encarou, receosa.

O garoto por fim recolheu o braço, mas ainda sustentava um sorriso fraco.

–Esse é o Travis e aquela é a Gabbe, a menina que você tentou matar. –Ele falou a última sentença com uma casualidade carregada de ironia. –Ah, e temos a Isabelle agora. –Jackson indicou a garota com um polegar.

Alice divagava encarando os muros, sem prestar atenção ao que o garoto falava. Isabelle sentiu uma extrema compaixão pela garota confusa, afinal era ela que estava naquele lugar ainda no dia anterior.

–Eu só... estou tão perdida. –Alice falou por fim, ainda fitando o Labirinto.

–Todos nós. –Gabbe murmurou e se desprendeu do abraço de Travis, finalmente exibindo as marcas vermelhas no pescoço. –Chegamos do mesmo jeito.

–Isabelle aqui chegou ontem –Travis apontou para a garota. –E, pelo jeito, outra pessoa chegará amanhã.

–Espera... vocês também não se lembram de nada? –Alice pareceu momentaneamente em pânico, a voz trêmula.

Todos balançaram a cabeça negativamente, o que fez o semblante da garota se contorcer de desgosto.

–Hum. Então me desculpe de verdade por aquilo. –Ela fitou Gabbe, o rosto corando de constrangimento.

A garota lhe respondeu com um sorriso grande, os dentes contrastando graciosamente com a pele negra.

–É claro. –Sua voz era baixa, calma. –Você estava desesperada. –Ela ergueu as mãos em um gesto de indiferença.

Alice deu um sorriso fraco.

–Vocês já entraram aí? –Ela apontou para uma das aberturas entre os enormes muros.

Jackson e Travis se entreolharam antes de responder.

–Sim, mas é melhor que você não entre. –Travis disse por fim.

Alice estreitou os olhos em resposta.

–Você não pode mandar em mim.

–Ele é o líder, então pode. Se você quiser sair, saia. Mas não vai poder voltar para a Clareira. –Jackson manteve a voz rígida e o semblante sério, algo que não era característico do garoto.

–Clareira é esse lugar? –Ela perguntou, a voz calma e aparentemente ignorando o restante do que o garoto disse.

–É. –Isabelle se manifestou pela primeira vez na conversa. –E ali é onde dormimos. –Ela indicou o casebre rústico que se erguia além dos tijolos cinzas e organizados que compunham a Clareira.

–Bom saber que aprendeu alguma coisa depois daquelas centenas de perguntas. -Jackson provocou a garota com um sorriso torto.

–Ainda não o suficiente. –Ela retrucou, embora um esboço de sorriso se formasse em seus lábios.

–Certo. –Alice murmurou, tentando absorver o maior número de informações para preencher o vazio de sua mente.

–Você quer ficar sozinha ou vem para o casebre com a gente? –Isabelle a encarou.

–Eu vou com vocês.

Começaram a curta caminhada até a choça, os olhos curiosos de Alice se demorando em cada detalhe da Clareira, desde a grande área de colheita até o sangradouro sinistro e parcialmente encoberto por algumas árvores, onde animais como vacas e porcos ressonavam, adormecidos.

Sua mente sempre retornava ao Labirinto e seus muros imponentes que prometiam aventuras e a enfeitiçavam. Isabelle também parecia encantada com ele, alguns passos à frente da garota, embora sua expressão mostrasse receio ao fitar as aberturas entre os muros. Ela se lembrava da noite anterior, do garoto que nunca veria e que Travis declarara como morto. Seus olhos ficaram instantaneamente marejados e Isabelle teve de encarar o chão para disfarçar o quanto estava abatida.

–Eu acho que vou descansar um pouco. Parece que não durmo há dias. –Alice soltou um bocejo, quebrando o silêncio do grupo.

–Eu não dormiria agora. Daqui a pouco o Labirinto fecha e você acorda de novo. –Travis disse com a voz repleta de indiferença. Ele empurrava a porta da choça com um pé, abrindo caminho para os seguintes.

Alice franziu a testa, confusa.

–Como assim fechar? Você tá me falando que aqueles muros, que pesam toneladas, vão se tocar uns nos outros do nada?

–É exatamente o que eu tô falando. –Travis sorriu.

A garota olhou por cima dos ombros para encarar o Labirinto antes de fechar a porta. Não era possível que aquilo se movesse. Aquele garoto era louco.

Entraram e seguiram caminhando até sair no quintal, onde várias mesas estavam dispostas ordenadamente como em um refeitório. Gabbe e Travis haviam ficado na cozinha para preparar algo para todos, não antes, é claro, de fazerem Isabelle, Jackson e Alice concordarem em cozinhar da próxima vez.

O trio se sentou em uma das mesas mais afastadas do casebre, Jackson guiando as garotas e despencando em uma das cadeiras de maneira clara.

–Vocês que plantam e fazem tudo por aqui? –Alice perguntou após algum tempo no silêncio constrangedor.

–Ah, sim. As garotas ficam com as colheitas e tudo mais, eu e o Travis corremos.

–Epa, ninguém disse que eu pretendo ficar só nas “colheitas”. –Isabelle se manifestou, frustrada e fuzilando o garoto com o olhar.

Jackson franziu o cenho, surpreso.

–Desculpe a sinceridade, mas você não aguentaria o Labirinto. –Ele soltou um sorriso brincalhão e convencido.

Isabelle o chutou por baixo da mesa, subitamente colérica.

–Mértila, como isso doeu. –O garoto soltou, irônico, mas abaixou a mão para afagar a perna.

–Isso é tão sexista. –A garota revirou os olhos. –Os garotos ficam com a aventura e com a parte “perigosa” enquanto as garotas cuidam da colheita e do alimento, realmente muito criativo, Jackson. Aposto que foi o Travis que fez esse esquema. –Isabelle não nutria bons sentimentos pelo líder e aquilo já estava bem claro para todos.

–Na verdade, Gabbe que decidiu ficar com a colheita. –Jackson parecia ofendido, o maxilar travado. –Ela não queria entrar lá depois que o Travis comentou sobre os verdugos.

–Espere, que raios é “verdugos”? –Alice entrou na conversa, a testa enrugada.

–Você vai acabar descobrindo antes do que gostaria. –Jackson soltou um sorriso sem humor.

–Eles sempre respondem as coisas assim. –Isabelle murmurou para a garota.

–Nossa, agora vai começar a Revolta dos Fedelhos aqui, é isso mesmo? –O garoto riu encarando as duas.

–Qualquer dia nós fazemos um duelo, Jack. Se eu ganhar, você tem que me deixar ser corredora. –Isabelle propôs, ignorando as provocações.

Ele estreitou os olhos escuros, um sorriso convencido brincando em seus lábios.

–Feito, fedelha. Mas se você perder tem que ficar limpando os banheiros do casebre durante todo um mês.

–Certíssimo. –Ela sorriu confiante.

–Tá, o papo tá muito legal, mas eu ainda quero saber o que é um verdugo. –Alice interrompeu, nervosa.

Jackson revirou os olhos.

–Esquece isso.

–Não, sinto que já esqueci coisas o suficiente pela vida toda. –Alice soltou irônica, fazendo com que Isabelle risse baixo.

–Mértila, vocês são persistentes. Tá certo, qualquer dia eu te mostro um, mas se contente com a Colheita enquanto isso.

Isabelle e Alice trocaram olhares cúmplices sorrindo.

–É bom estarem com fome. –Ouviram o cantarolar de Gabbe enquanto a garota passava saltitando e carregando algumas bandejas de sanduíche. Travis a acompanhava com duas jarras de suco vermelho, o cabelo ruivo e que normalmente ia até os ombros amarrado em um rabo-de-cavalo. Os olhos do garoto pareciam maiores com o cabelo fora do rosto, verdes e quase felinos.

–É disso que eu tô falando. –Jackson apanhou um dos sanduíches, ansioso. Alice reparou que as mãos do garoto estavam feridas em certos pontos, como se tivessem sido rasgadas, mas decidiu não perguntar nada.

–Está ótimo. –Isabelle elogiou cobrindo a boca cheia de sanduíche com uma mão.

–O suco está divino. –Alice sorriu após dar um gole.

O casal sorriu orgulhoso e Gabbe se aninhou perto de Travis para preparar seu próprio prato.

Era estranho, mas quando o grupo se reunia como um todo as coisas pareciam menos estranhas. Eles quase conseguiam se esquecer dos largos muros que se estendiam ao redor e agir como adolescentes normais.

–Senhor, este sanduíche tem gosto de plong. –Jackson reclamou ao experimentar um da bandeja que Travis havia feito.

–É porque você mija pelo banheiro todo como um garotinho de oito anos, então eu precisava de outro lugar para... –Travis começou.

–Cala a boca, eu tô comendo. –Gabbe grunhiu.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e reviews