Capítulo 25

Quando o amor não é o que parece
Quando você tenta, mas não pode alcançar seus sonhos
Quando o tempo nem sempre está do seu lado
Não, eles não podem levá-lo embora
Não posso levá-lo para longe

Chris Medina - Juliet

Eu sempre fui uma pessoa quieta, fechada, possuía poucos amigos e que acreditava odiar motos, mas eu estava errada.

Damon pilotava com maestria, ele possuía todo o controle. Seu sorriso no rosto mostrava o quanto estava feliz enquanto íamos pela estrada deserta. Não havia carros, caminhões ou outras motos. Havia apenas nós!

– Ahhhhh! – Gritei abrindo os braços e fechando os olhos, sentindo o vento bom bater em meu rosto – Isso é refrescante!

– Está gostando? – Ele perguntou, acelerando ainda mais a moto.

– Tem como não gostar? – Por causa do vento forte tínhamos que gritar para conseguirmos ouvir um ao outro.

Ele não havia me dito, mas pelo caminho que fazíamos, eu sabia bem para onde íamos. A fazenda Salvatore! Sim, aquele em que eu possuía boas lembranças, aquela que eu nunca me esqueceria, afinal foi nela que eu disse meus verdadeiros sentimentos para Damon e foi nela também que tivemos nossa primeira noite.

Alguns minutos depois entramos na estrada de barro, onde tivemos que abaixar o visor do capacete por causa do pó. Mesmo ali, Damon não se deixava abalar como piloto e conduzia muito bem, evitando todos os buracos.

Eu fiquei chocada quando finalmente chegamos. Simplesmente não parecia a mesma fazenda! Desde a entrada até a varanda da casa estava decorada com rosas, velas perfumadas e um tapete vermelho.

– O que é tudo isso? – Perguntei sentindo meu coração se apertar no peito de felicidade.

– É para nós! – Damon sorriu e antes que eu pudesse começa a andar até após tirar o capacete, ele me ergueu do chão em seus braços.

– Damon! – Eu gritei, surpresa, mas logo ri.

– O que? Só quero levar minha esposa até o quarto em meus braços. Algum problema, esposa? – Ele indagou, um sorriso brincalhão dançando em seus lábios.

– Nenhum problema, marido – Eu entrei na brincadeira, querendo eternizar aquele momento.

Ele começou a caminhar pelo corredor de flores até a casa. Quando entramos, notei que não era apenas o lado de fora que estava decorado, dentro da casa também estava cheio de velas, pétalas de flores e sobre a mesa de jantar, um verdadeiro banquete.

– Ficou surpresa, não é? – Ele perguntou.

– Muito! – Eu ri – Quando foi que você arrumou tudo isso?

– Eu disse para você que sou incrível – Damon piscou um olho, e não deixando brecha para continuarmos o assunto, ele voltou a caminhar, dessa vez para o quarto.

Ele me colocou no chão e me abraçou por trás, apoiando o queixo em meu ombro. Segurei suas mãos sobre minha cintura e sorri.

– Você é tudo para mim – Ele murmurou – Vou passar o resto da minha vida colado a você. Agora sim isso é real!

– Sempre que eu acordar e houver um sol brilhante, vou me lembrar de você – Sussurrei de olhos fechados – Porque você é o meu sol!

Ele riu e me apertou ainda mais contra si, suspirando. Me virei em seus braços e segurei seu rosto, encarando aqueles olhos azuis que iluminariam qualquer coração escuro.

– Eu te amo – Beijei seus lábios, procurando tudo que eu tinha nele: amor, e eu encontrei quando ele me segurou, querendo ter muito mais de mim – Te amo para sempre!

– Eu te amo – Ele sorriu, levando uma de suas mãos para o fecho do vestido, onde abriu o zíper – Que bom que ele é fácil de sair, preciso tanto de você! – Murmurou em meu ouvido, causando arrepios.

Damon rapidamente tirou o paletó. Tirei sua gravata lentamente, provocando-o com o olhar, ele me olhava impaciente, suas mãos coçando para abaixar logo meu vestido.

– Não seja impaciente! – Eu o repreendi olhando-o travessa – Não será divertido se for muito rápido, marido!

– Ah, sério, quer ficar viúva logo na lua de mel? – Ele disse, fazendo-me rir.

Abri os botões de sua camisa, vendo-o tirar, e por mais que ele estivesse apressado, não deixou de ser sexy. Tudo nele era sexy! Damon não perdeu tempo, rapidamente abaixou meu vestido, me segurando pela cintura e me levantando, fazendo-me enrolar as pernas em sua cintura.

– Se divertiu o bastante? – Ele murmurou, sensual em meu ouvido.

– Ainda não!

Meu corpo estava queimando, eu me sentia como se estivesse em um vulcão, mas tudo aquilo era culpa de Damon, que sempre me deixava assim. Ele me colocou na cama com cuidado, ficando por cima de mim. Damon lentamente de desfez do meu penteado – o que não foi difícil já que ele já estava todo bagunçado. Ele sorriu, beijando minha testa.

Antes que eu pudesse dizer algo, ele desceu seus lábios para minha bochecha, depois para o pescoço, e então mordeu o lóbulo da minha orelha.

– Você queria devagar, não é? – Ele provocou, deslizando suas mãos para minha cintura e coxa.

– Você me deixa louca – Eu disse.

Damon riu, beijando-me mais uma vez.

Foi lento, foi calmo, foi sensual... Damon conseguia fazer uma coisa de várias formas. Dentre todas, aquela foi nossa melhor noite. Estar em seus braços e senti-lo em mim, era como se fossemos um, ele cuidava de mim como ninguém.

Damon, que não foi meu primeiro namorado – na verdade, ele nunca foi meu namorado –, mas foi o primeiro a me causar tantas sensações e sentimentos maravilhosos. Ele me entendia, me fazia ver o mundo com outros olhos, me fazia ser uma pessoa melhor, conseguia tirar meu melhor sorriso.

Não importava quantas vezes eu vesse ele, ou quanto tempo estávamos juntos, ele sempre me fazia ter borboletas no estomago e me sentir no natal, onde tudo é iluminado e bom.

Damon era tudo! E eu não sabia como sobreviver sem ele.

A melhor sensação do mundo era acordar em seus braços, como agora. Seus olhos direcionados a mim mostravam e diziam todo seu amor, dedicação, carinho e o arrependimento que nunca teria sobre a decisão de ter se casado comigo.

– Bom dia! – Ele disse, seu sorriso crescendo nos lábios. Foi impossível não beija-lo, mesmo que ainda não houvéssemos escovado os dentes.

– Bom dia. Dormiu bem? – Perguntei ajeitando seu cabelo na testa, que já estava meio grande.

– Impossível não dormir bem ao seu lado.

Damon se levantou, procurando as roupas pelo chão, já que estava sem. Eu sorri me lembrando da noite passada, e imaginei que o olhava maliciosamente, já que ele riu ao me encarar e revirou os olhos divertido.

– Muito maravilhada com a beleza do seu marido?

– Por que você tem que ser dono de boates? É uma tentação para as mulheres – Eu disse, me levantando enrolada no lençol de seda.

– Não se preocupe, você é a única que eu vejo – Damon me abraçou, puxando-me pela nuca para beijar-me – Mas ainda assim, você tem bafo de manhã.

Eu gargalhei, batendo em seu braço.

– Idiota!

Escovamos os dentes juntos no banheiro em meio a brincadeiras com o creme dental e risos. Me sentia em um conto de fadas onde realmente existia os “felizes para sempre”, mas a vida real era diferente, e o meu para sempre acabava hoje. A única coisa que duraria até o fim da minha vida é o amor que eu sinto por esse homem.

Vesti um vestido rosa claro abaixo do joelho, de alças, e sapatilhas. Estava um sol ardente do lado de fora, sol esse que parecia um reflexo do olhar de Damon.

Nos sentamos à mesa para tomarmos o café da manhã. Damon me encarava enquanto eu comia sem vergonha alguma. Erguei uma sobrancelha para ele, questionando-o.

– Você come demais, como consegue ser magra? – Ele possuía uma expressão incrédula.

– Você não deve falar que eu como demais, isso é falta de educação – Respondi, limpando a boca com um guardanapo, vendo-o gargalhar ao ponto de jogar a cabeça para trás.

– Será que você vai engordar muito quando engravidar do nosso filho?

– Não acha que é meio cedo para pensar nisso? – Indaguei colocando na boca um pedaço do bolo de cenoura.

– Não acho – Ele simplesmente respondeu assim, dando de ombros e voltou a comer, deixando-me incrédula sobre como na vida dele era comum e fácil.

– Você realmente sonha em ser pai, não é? – Perguntei com um pequeno sorriso, apoiando os cotovelos na mesa e o queixo nas mãos.

– Sim – Ele sorriu pensativo – Até aprendi a dar a mamadeira para bebês pela internet, sabe?

Foi impossível não rir. Cada vez ele me surpreendia mais. Nunca imaginaria que algo assim estava no seu histórico da internet.

– Você é realmente uma coisa – Eu ri.

– Se surpreendeu, não é? – Damon piscou um olho – Eu sei fazer muitas coisas. É um pouco injusto com o resto dos homens do mundo, certo?

– Ahh agora você está realmente se gabando – Eu me levantei, indo até ele.

Damon me puxou pela cintura e me fez sentar em seu colo após empurrar a cadeira. Baguncei seus cabelos, beijando sua testa.

– Sim, você é incrível – Respondi sem poder me conter – Nossos filhos serão lindos por sua causa. Eu quero que eles tenham seus olhos azuis.

– Já imaginou uma garotinha com meus olhos e a sua pele? – Ele pareceu sonhador – Ela seria linda!

– Qual nome você daria? – Perguntei, me perdendo na imensidão azul que eram seus olhos.

– Quando tivermos uma garota, quero que seu nome seja Cassie – Ele sorriu, colocando uma mecha do meu cabelo para trás da orelha. Percebi que aquilo era uma mania sua – O do menino você pode escolher!

– Cassie é muito bonito. O que acha de Evan?

– OK – Ele riu ao erguer o polegar – Arthur também é muito bom.

– Precisamos de uma lista – Eu disse – Mas realmente é cedo demais para pensarmos nisso.

– Eu só... – Damon suspirou, me apertando contra ele quando eu o abracei, apoiando a cabeça em seu ombro – Eu tenho a impressão de que posso te perder a qualquer momento.

– Você morreria de saudade, né? – Eu ri levemente, acariciando seus cabelos negros.

– Sim, morreria sem você, por isso nunca vá para longe de mim – Damon segurou meu rosto em suas mãos, encarando-me. Seus olhos mostravam toda a sinceridade de seu amor, e o verdadeiro medo de me perder.

– Mesmo se um dia eu for embora, ainda teremos nossas memórias juntos – Não consegui encara-lo e o abracei para evitar que ele visse meus olhos marejados – Memórias lindas, conversas maravilhosas... o nosso amor é aquele tipo de amor que supera qualquer obstáculo, não é?

– Você confia tanta assim no nosso amor? – Murmurou.

– Confio em nós dois. Eu sinto que mesmo se nos separarmos, tornaremos a nos encontrar – Respondi sentindo meu coração doer de saudade – Eu te amo!

– Eu também te amo! – Damon me apertou contra si, apoiando a cabeça em meu peito – Por que isso parece uma despedida? Você realmente vai embora, para longe de mim?

– Claro que não.

Eu sempre me lembraria dessa mentira como se fosse a pior decisão da minha vida, mas eu não poderia ficar com ele, eu sabia disso desde o início. Por que diabos eu o enfrentei ao ponto de moldar nossos corações? Por que eu me apaixonei? Elena, você é estupida? Perdeu alguma matéria no colégio?

– Eu estarei com você para sempre – Respondi – Por isso não fique com medo. Quando você precisar de um ombro amigo, eu oferecerei o meu. Quando você precisar de conselhos, eu lhe darei. Quando você precisar de carinho, eu ficarei a noite toda com você, por isso não se assuste!

Isso não passava de desejos da minha mente. Se eu acreditasse que isso realmente era verdade, deixaria de ser uma mentira? Eu queria ter tudo isso com Damon, e queria que ele fizesse tudo isso comigo, mas enquanto eu dizia que ele que precisaria de mim, na verdade eu que precisaria dele, precisaria dele como uma viciada precisa da droga. Porque afinal ele era o meu sol!

– É bom ouvir isso – Ele suspirou, sorrindo – Agora posso dormir em paz.

– Posso te perguntar algo?

– Pode.

Eu o encarei após secar as lágrimas, vendo-o curioso.

– Quando foi que você se apaixonou por mim?

Damon pareceu um pouco chocado com a pergunta, mas logo jogou a cabeça para trás, gargalhando alto.

– Eu não responderei isso agora – Ele disse, fazendo-me erguer uma sobrancelha.

– Responderá quando?

– Quando eu sentir que é o momento correto.

– Isso é realmente injusto!

Vou embora sem saber a resposta, Damon? Você realmente é cruel. Eu queria dizer isso a ele, mas como sempre, eu não pude. Assenti, forçando um sorriso.

– Tudo bem, confio em você!

Até o fim dos meus dias, porque eu te amo!