A Esposa do Século escrita por Yas


Capítulo 27
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Oláá, fiquei tão feliz com os comentários que resolvi deixar a preguiça de lado e postar o capítulo.
Boa leituraaa!



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Capítulo 26

Como uma mentira, estou enfeitiçado pela felicidade no meu coração.
A dor no meu coração, a chuva em minhas lágrimas.
Estou abraçando meu único, é você.
Um amor como um destino, agora eu digo adeus.
Ao meu sombrio, memórias tristes com um sorriso.

Melody Day - All About

Estávamos no lago. A lua nos iluminava e era refletida na água. Damon me segurava protetoramente em seus braços, curioso sobre eu estar tão calada e agarrada fortemente a ele. Mas eu não poderia lhe responder que aquelas eram nossas últimas horas como casal.

– Está tudo bem? – Ele me perguntou, seus dedos subindo e descendo por minhas costas, em uma caricia gostosa.

– Eu te amo – Essa era minha resposta para todas as vezes em que ele me perguntava aquilo.

– Você está agindo estranhamente – Ele disse após um longo suspiro – Mas eu não me importo, desde que fique comigo.

– Damon... – Murmurei, apoiando-me nele – Você sabe que independente do rumo que nossas vidas tomarem, meu coração sempre será seu, não sabe?

– Lá vem você com essa história de novo...

– Você sabe? – Eu insisti.

– Eu sei, eu sei – Damon sorriu, tirando o cabelo molhado que teimava em cair em meu rosto – Só poderemos ficar aqui até amanhã de manhã, tenho muito trabalho.

– Eu não me importo – Voltei a abraça-lo, deitando a cabeça em seu ombro – Não me importo!

– Acho que nunca conhecerei uma mulher mais misteriosa que você – Ele riu.

– Você não vai conhecer outra mulher tão intimamente para querer saber os mistérios de sua vida – Eu retruquei, sem abrir meus olhos.

– Oh, eu tenho uma esposa ciumenta.

– Totalmente!

Nós saímos do lago e ele me estendeu a toalha, cobrindo meu corpo que usava apenas o biquíni azul marinho. Damon me secou delicadamente, espremendo meu cabelo para que ele deixasse toda a água cair sobre a grama. Antes que ele pudesse pegar a outra toalha para se secar, eu a peguei. Enrolei-o e o puxei, fazendo-o se curvar para ficar mais do meu tamanho. Então o beijei! Um beijo simples que parecia dizer muita coisa.

– Eu amo esse seu jeito – Ele riu, abraçando-me – De sempre me beijar nas horas mais inusitadas possíveis. Nunca vou me cansar!

Eu não respondi, apenas comecei a andar de volta para casa enquanto ele se secava. O ouvi gritar meu nome para que eu o esperasse, mas não esperei. Era doloroso estar com ele sabendo que eu nunca mais o veria! Ele não entendia, não poderia saber o quanto aquele momento era importante para mim, o quanto ele significava para mim.

Será que se um dia ele descobrisse tudo, se lembraria das últimas palavras que eu, Elena Gilbert, lhe disse? O último beijo? A última declaração? Damon teria uma memória tão boa assim? O ruim de saber da verdade é que eu nunca me esqueceria de nada, nem mesmo da coisa mais simples que ele poderia ter me dito.

– Katherine! – Damon me puxou pelo braço, virando-me para ele – Por que você está assim?

– Meu estomago está doendo, só isso – Mais uma mentira para a conta...

Ele assentiu, segurando minha mão na sua e juntos entramos. Eu tomei banho primeiro, colocando uma saia longa e uma blusinha simples, com sapatilhas. Jantamos em silencio. Eu por não saber o que dizer já que daqui a pouco eu não o veria mais, ele por não se sentir confortável.

– Você está com sono? – Me perguntou.

– Sim – Eu me levantei da mesa e fui até ele, segurando suas mãos – Vamos deitar.

Fomos para o quarto, e sem desfazer a cama ou trocarmos de roupa, nos deitamos. Damon me encarava profundamente, aquele olhar que me perguntava se eu estava bem. Minha mão deslizou por seu rosto, querendo decorar cada pequeno traço. Percebi que sua barba começava a crescer e sorri. Pinicava.

– Vamos tirar uma foto? – Ele sorriu travesso em resposta, pegando o meu celular e colocando na câmera. Ele sorriu imensamente me abraçando. Olhamos para a câmera e ele bateu a foto.

– Você está linda – Ele sussurrou olhando para o celular – Você nunca fica feia, não é?

Não respondi. Me aproximei dele e me aconcheguei em seus braços. Queria tê-lo para sempre, queria que eu nunca precisasse ir embora.

Eu estava sentindo muita pena de mim mesma?

Estava ficando chato e repetitivo?

Provavelmente, mas acredito que o amor é assim, nos transforma e nos faz sentir coisas estranhas, nos faz ter pensamentos estranhos.

Com Damon era assim!

Eu me sentei na cama, acariciando seus cabelos negros. Damon estava sonolento, e não demorou para cair no sono.

Só então tudo aquilo pareceu real e eu comecei a chorar.

Eu chorava de saudade, de amor, de negação. Por que? Era isso que eu me perguntava. Na vida passada eu devia ter sido uma péssima pessoa para ser tão castigada assim.

Eu não queria dizer adeus, não queria larga-lo. Abracei meus próprios joelhos, enterrando minha cabeça entre meus braços. Minhas lágrimas não paravam de escorrer, eu estava condenada a chorar para sempre por Damon, pelo amor que eu não pude ter.

O que fazer? Como prosseguir quando o que eu mais queria era me deitar ao seu lado e dormir sem preocupações?

Eu sentia que quando eu saísse daquele quarto, tudo que eu neguei nos últimos dias, e tudo que me foi escondido nos vinte e um anos da minha vida, voltaria como uma avalanche. Cruel, levando tudo que visse pela frente.

– Me desculpa... – Murmurei em meio ao choro desesperado – Me desculpe... Eu juro que... Juro... – Eu não conseguia falar nada coerentemente enquanto me lembrava de cada momento especial que passei ao seu lado – Eu sei que você nunca vai me perdoar – Era a minha sentença – Mas eu te amo... I-sso nunca foi uma mentira.

Eu me levantei da cama, sentindo minhas pernas tremerem e meu coração falhar uma batida.

Me perdoe, me perdoe... Damon!

Calcei as sapatilhas e deixei o quarto com passos vacilantes. O celular em minha mão vibrou, e finalmente, depois de um mês, eu recebi uma mensagem de Katherine.

“Chegou a hora” – Ela disse, fria, curta e grossa.

“Eu sei” – Foi minha resposta.

“Estou aqui na fazenda, saia”.

Com o coração na mão eu saí da casa. Katherine, como havia dito, estava ali. Os cabelos cacheados perfeitamente alinhados, as roupas coladas e pretas, o olhar frio e a expressão dura. Aquela era a Katherine!

Eu não consegui dizer nada. Nos encarávamos. Castanho no castanho. Era como se pudéssemos ler a mente uma da outra. Seu olhar determinado me dizia que, assim como eu, ela sabia de tudo. Seu sorriso gentil foi a resposta.

– Você sabe – Ela murmurou. Assenti, secando uma lágrima que escorreu – Onde está Damon?

– Dormindo – Minha voz era rouca e baixa, e imaginei que meu rosto estava péssimo por casa do choro.

– O que vamos fazer agora? – Ela me perguntou, se sentando no banco que havia na varanda. Me sentei ao seu lado, não acreditando naquele momento.

– Para que trazer isso tudo à tona agora? – Sequei uma lágrima – Para que machucar mais alguém?

– Elena! – Katherine me olhou indignada – Somos irmãs!

– E daí? Por mais de vinte anos nunca nos encontramos, o que adianta agora? – Meu coração pesava enquanto eu só queria esquecer esse último mês – Vá viver sua vida, Katherine!

Antes que eu pudesse me levantar, Katherine me puxou e me abraçou. Seu abraço era quente, caloroso, como se fossemos uma família de verdade. Me agarrei a ela, voltando a chorar.

Me desculpe...

Mesmo com todas as verdades, seguimos com o que foi combinado no início. Não seria difícil para ela esquecer toda essa história maluca. Eu sofreria sim, sofreria horrores, mas era melhor apenas eu sofrer do que levar tanta gente comigo. Principalmente Damon! Eu queria que ele fosse feliz. Talvez ele aprendesse a amar a verdadeira Katherine, ele veria suas qualidades, com certeza, porque Damon era assim, ele via o melhor das pessoas, por mais que escondesse esse seu lado atrás da frieza e ironia.

Katherine estava em frente a casa, vestindo as roupas que antes estavam em meu corpo. Já eu usava sua calça jeans, a blusa preta e a bota de salto alto.

Não trocamos mais palavras. O clima tornou-se tenso e desconfortável após nosso abraço, era a despedida sem a devida apresentação.

Eu entrei no carro, vendo-a encarar-me ainda na varanda. Katherine deu um pequeno aceno e entrou na casa, indo viver sua vida como sempre deveria ter sido.

Ela o amaria um dia? E sua situação com Stefan, como ficaria? E Isobel?

Deitei a cabeça no volante, sentindo-me fraca e a cabeça rodando. O que eu faria de agora em diante? Como voltar a minha vida comum quando eu estava tão acostumada a viver como Katherine e as pessoas ao seu redor?

Eu dirigia devagar, sentindo que a cada quilometro que eu me afastava de Damon, uma parte de mim ficava pelo caminho. As lágrimas caiam sem meu consentimento, eu não podia faze-las pararem. Meu coração estava destroçado, feito em pedacinhos em meu peito.

Eu não queria voltar ao meu apartamento, ele parecia frio e distante depois do último mês, então fui para o único lugar que eu me sentia bem: o hospital, onde minha avó estava.

Todos me encararam de forma estranha, talvez por causa das roupas ou a cara inchada pelo choro. Eu não me importei e segui pelo corredor, até chegar em seu quarto.

Dona Helena estava dormindo, seu peito subia e descia calmamente. Deitada ali, ela teria alguma preocupação? O que se passava em sua mente?

Parece que quando você passa por algo ruim ao ponto de lhe magoar imensamente, você passa a se perguntar coisas que nunca antes haviam passado por sua cabeça.

Helena. Uma vez, minha mãe... Não! Uma vez, Miranda havia me dito que meu nome era Elena por causa dela, uma mulher incrível, Miranda queria que eu fosse como ela: justa e boa. Será que minha vó era realmente justa e boa? Depois de tantas descobertas, eu me via desconfiando de todos.

Segurei suas mãos na minha e deitei a cabeça sobre o colchão, só assim consegui acalmar um pouco meu coração e dormir, mesmo depois de horas sem pregar os olhos.

Acordei com ela mexendo em meu cabelo que não estava em seu melhor estado depois das horas em que eu passei no lago com Damon. Seu olhar mostrava-me tristeza, e dizia que me entendia. Será?

– Você é a minha Elena, não é? – Ela me perguntou com a voz fraca, deixando cair uma lágrima. Eu a sequei.

– Quem mais seria, vovó? – Mas ela sabia, como?

– Eu vou te contar, meu bebê – Helena chorou ainda mais, perdendo o ar algumas vezes.

– Vó, acalme-se, por favor, a senhora pode passar mal – Me sentei na cama, massageando seu peito – Está tudo bem!

– Não está não – Ela negou veemente com a cabeça – Eu sei que você vai me odiar, minha filha.

– Não vou não – Eu sorri, sentindo uma lágrima escorrer seguida de outras – Por que, vó? Por que?

Eu não me aguentei e me joguei em seus braços aos prantos, como uma criancinha. Naquele momento, ela era única que me entendia, que podia me consolar sem falar baboseiras.

– Me perdoe, Elena, me perdoe!

– Me conte tudo, por favor. Eu não quero mais viver assim! – Eu implorei, a encarando. Meus olhos ardiam de tanto chorar.

– Dois dias atrás Katherine apareceu aqui – Ela sorriu pesarosa – Vocês são irmãs gêmeas sim – Helena suspirou – Miranda, Grayson, Isobel e John sempre foram amigos. Miranda era apaixonada por John, mas Isobel nunca percebeu e acabou se casando com ele. Miranda não aceitava isso, eu já não reconhecia minha filha mais. Ela acabou se casando com Grayson, ele sempre fazia suas vontades, era completamente devoto a ela, e depois que completou a faculdade de medicina acabou sendo o médico de Isobel quando ela estava grávida. Ele sabia que eram duas, mas não conseguiu contar logo quando descobriu, Isobel teve que ir embora ou algo assim, então ele contou à Miranda. Miranda enlouqueceu, disse que tinha que se vingar de Isobel e fez Grayson prometer que não contaria.

– Então eles... me roubaram?

– Miranda era enfermeira – Helena passou a mão pelo rosto, limpando as lágrimas – Então não foi difícil para eles dois. Eles esconderam de Isobel que eram duas, e quando vocês nasceram, eles tiraram uma antes que ela notasse. Grayson não te registrou como filha dele, mas te adotou, enquanto ficou nos registros que Miranda era realmente sua mãe.

Eu não podia acreditar. Aquilo era... nojento! Como eles puderam?

– E você simplesmente deixou? – A encarei, largando sua mão.

– Eu não tive escolha – Helena tornou a chorar – Quando a perguntei da onde havia surgido aquela criança já que ela não estava grávida, Miranda se exaltou e disse que eu seria cumplice se contasse para alguém. Eu não tive escolha, minha filha!

– Você não teve escolha? – Chiei, minha mente rodando – Você não teve escolha? A sua filha era doente! E você escondeu isso e roubou uma criança da sua família. Você sabe o que não é ter escolha? Viver uma mentira, como eu! Eu não tenho escolha de nada! Enquanto você está aqui, eu tenho uma família que nem sequer sabe que eu existo!

Eu já gritava, não me importando se alguém iria ouvir e reclamar, afinal estávamos em um hospital. No momento isso era o que menos importava.

– Tem um homem que eu amo e que me ama que neste exato minuto pensa eu estou dormindo com ele, feliz por ter nos casado – Eu chorava, gritava e soluçava, despejando todas as verdades sobre ela – Isso é não ter escolha!

Eu dei as costas para ela, e sentindo que iria cair a qualquer momento, deixei o quarto e o hospital, encarando o shopping ao lado que eu nunca iria me esquecer.


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Notas finais do capítulo

E essa música do inicio? Estou sempre ouvindo ela já que é uma das trilhas sonoras do meu dorama (novela coreana) favorito e nunca tinha notado que é a cara da história todinha.
Espero que tenham gostado e até os comentários.
Só pra animar vocês: o próximo capítulo já está pronto e bem lacrante hahha
Beijos *---*



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