When Tomorrow Comes escrita por Mermaid, Reyna


Capítulo 2
Do I Know You?




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Não que eu acredite que Adam pode ler mentes, mas ele acertou meu nome. No momento em que ele o pronunciou meu sobrenome eu me lembrei.

― Estou falando sério. De onde você me conhece?

Ele suspira e apoia os cotovelos no balcão do bar.

― Será que dá para acreditar em mim?

― Não.

― Você me achou bonito.

Por isso eu não esperava.

― Isso não é verdade.

Ele sorri e olha para mim.

― Sei. Agora você acredita? ― balanço a cabeça negativamente. ― O que você quer que eu diga que a faça acreditar?

― Nada. Esse tipo de coisa não existe ― falo, com um nó na garganta. Isso não existe? E se eu houvesse derrubado a toalha e quebrado aquele espelho e aquela lâmpada? E se eu tiver poderes?

― Você sabe que existe, ruivinha, você já se provou isso.

Senti um arrepio percorrer minha espinha. Ele estava começando a me assustar de verdade.

― Eu preciso ir embora ― digo enquanto me levanto.

― Não ― Adam segura meu braço.

Eu o encaro. Ele solta meu braço lentamente.

― Desculpe. Acho que começamos da forma errada.

― É, acho que sim ― sento novamente ― Como você sabe o meu nome?

― Você ainda não acredita em mim, não é? Vamos fazer assim: traga aquele copo ― ele aponta para um copo atrás do balcão ― até nós.

― Isso é impossível ― desvio o olhar, pensando em como mudar de assunto.

― Tente.

Olho para o copo e me concentro. Ele treme e vem deslizando pelo balcão de madeira até nós. Fico nervosa e o copo estoura.

Algumas pessoas nos encaram. Não, não nos encaram, encaram o copo estilhaçado. O homem atrás do balcão dá um salto para trás, claramente assustado. Adam segura um riso ao meu lado.

― Vamos embora ― peço ― Vão começar a me perseguir com tochas para me jogar na fogueira.

Ele ri.

― Tudo bem.

Juntos, nós dois saímos do pequeno bar. Vejo uma criança com sua família em uma das mesas e por um momento aquilo prende minha atenção. O garotinho, que deve ter por volta de cinco anos, permanece apontando para um quadro na parede com uma imagem de âncora. Os pais, ao seu lado, fingem prestar atenção à figura e sorriem para o garoto. Aquilo, por algum motivo, me causa uma angústia no peito. Será que em algum lugar eu tenho uma família assim? Que se preocupa comigo? E se sim, será que estão desesperados à minha procura? Ou simplesmente não sentem minha falta? Ou, na pior das hipóteses, eu não tenho ninguém que se lembre de mim?

― Você deve ter alguém. Alguém vai sentir sua falta, não se preocupe.

Viro bruscamente, olhando para Adam.

― Você realmente consegue…?

― Sim ― ele sorri ― Acredita em mim agora?

Balanço a cabeça. Isso é impossível. Eu devo ter dito em voz alta. Mas… e o que aconteceu com o copo lá atrás? Eu fiz aquilo. Certo? Se eu sou capaz de mover objetos com a minha mente, por que Adam não conseguiria ler mentes? Talvez ele esteja dizendo a verdade.

― Sim, estou.

― Quer parar com isso? ― ele solta uma risada. ― Desculpe.

― Eu acredito em você ― suspiro.

― Wow, ela admitiu.

Ele consegue me arrancar um sorriso.

― Você consegue fazer isso desde quando?

― Eu nasci assim, sabe? Agora eu consigo controlar, mas no começo era uma loucura, eu ouvia vozes na minha cabeça e algumas vezes cheguei a pensar que era louco.

― Eu concordo com isso ― nós dois rimos.

Eu não havia percebido, mas nós caminhamos até chegar a um parque. Adam se senta em um banco e faz sinal para que eu sente ao seu lado.

Ao longe consigo ver crianças correndo. Um casal faz um piquenique debaixo de uma árvore, em um pedaço do gramado ao lado da pista de corrida e da ciclovia, que contornam o parque. No meio, há um parquinho, onde as crianças estão correndo. Vejo algumas meninas alimentando pássaros perto de um lago.

Faço menção de me sentar, mas desisto. Balanço a cabeça em negativo.

― Vamos para o lago.

― De que você se lembra, exatamente? Eu contei sobre os meus poderes, você me deve essa ― ele pergunta enquanto caminhamos até o lago.

Nós andamos até um ponto distante, onde já não se podia ver nenhuma outra pessoa. As garotas haviam ido embora. Eu me sento na grama e espero que adam faça o mesmo. Respiro fundo.

― Eu não lembro de nada… Quer dizer, além do meu nome e minha idade. A primeira coisa que vi foi a mim mesma do espelho de um banheiro público. Nada além disso.

― Não se lembra nem como chegou até lá?

― Não.. ― digo com sinceridade ― Isso é tudo de que me lembro. ― Uma vontade repentina de dar um mergulho me invade. Nas circunstâncias em que me encontro isso pode ser até uma boa ideia. Estou imunda, afinal. Olho para Adam na certeza de que ele já sabe o que desejo.

Ele simplesmente sorri para mim e me empurra para o lago, pulando logo depois. Sorte que é fundo o suficiente.

― Você é louco! ― falo entre risos, tirando o cabelo molhado do rosto.

― Admita. Você queria isso ― ele diz entre uma gargalhada.

― Sim. mas eu só tenho essa roupa!

― E daí?

― E daí que não posso ficar molhada. Eu posso pegar uma gripe.

― Uma gripe é importante perto de tudo o que você já passou até agora? Depois daquele cara estranho?

― Calma, não acho você tão estranho assim ― sorrio ironicamente.

― Engraçadinha. Sabe muito bem de quem eu estou falando. O cara do bar, do alojamento.

― Pare de fuçar na minha mente.

― Desculpe, é inevitável.

― Você disse que consegue controlar.

― Isso depende da situação ― ele dá um sorriso sarcástico.

Rio e bato as mãos na água, fazendo com que espirre em seu rosto. Ele faz o mesmo, e logo estamos rindo e molhando um ao outro como duas crianças de cinco anos.

◄►

Mais ou menos uma hora depois, estamos deitados perto da margem do lago, olhando para o céu. Não sei o porquê, mas eu tinha a sensação de que já conhecia Adam.

― Isso é porque você me achou lindo e divertido ― ele diz de repente.

― Nunca vou me acostumar com não ter que pronunciar as frases para você respondê-las.

Ele sorri.

― Sabe? Você tem o dom da telecinese. Talvez tenha outros, também.

― Por exemplo?

― Não sei… Telepatia?

― Por que você diz isso?

― Não sei… Telepatia é um dom legal ― Adam ri.

― Você por acaso faz parte do clube das pessoas com dons esquisitos? ― falo entre risos.

De repente sua expressão muda. Ele continua a observar o céu em silêncio.

― Por favor, não me diga que eu estou certa ― continuo.

― Não exatamente… ― ele suspira ― Esquece. Não vou encher sua mente com essas coisas. Não agora.

― Encher minha mente? Por favor. Teoricamente, ela está vazia.

― Certo. Talvez outra hora eu possa te contar. Mas agora não.

― Tudo bem, eu acho ― concluo, franzindo as sobrancelhas.

Passamos algum tempo em silêncio.

― Você sabe alguma coisa sobre mim, não sabe?

― Pergunto.

― Claro que sei ― olho-o, assustada. Ele ri ― Tudo o que li na sua mente. Especialmente que me acha atraente.

Dou risada.

― Se eu pudesse ler mentes, acabaria com você.

― Está insinuando que também te achei atraente? ― ele ergue uma sobrancelha.

― Quem, eu? Claro que não.

Dou um tapa no braço dele.

― Você é a pessoa mais idiota que eu já conheci, sabia? Não que eu me lembre de ter conhecido muitas pessoas ― nós dois rimos.

― É uma honra estar no topo de duas das suas listas.

― Duas?

― Sim. Essa e a de pessoas atraentes.

― Você é mesmo um idiota ― rio.

Sem eu perceber o sol começa a se pôr ao longe. Um cansaço repentino me toma e me lembro que dormi apenas algumas horas no banco de um parque nesta manhã. Estou exausta.

Adam se levanta e estende a mão para mim.

― Vamos.

― Aonde?

― Minha casa.


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