–Gabryella-
Esse Nicohlas não tem solução. Eu me preocupo em ir falar com ele e, como ele me trata?, com arrogância!

Me juntei aos outros na cafeteria.
Bia resolveu comer, e parou com o joguinho do silêncio.
Mas Matheus continua irredutível.
Não come. Não fala. A única pessoas que ele deixa se aproximar é o Nicohlas.
Mas o Nicohlas não está aqui.
Eu: -Come só um pouquinho, Matheus. Você precisa comer!
Ele me olhou com uma carinha de bravo. Contraiu as sobrancelhas e saiu correndo.

Carmen: -Eu vou atrás dele.
Eu: -Deixa que eu vou.
Saí feito uma louca pelo hospital.
Procurei em todos os cantos, e nada desse menino.
Encontrei o Doutor Fernando em um dos corredores.
Eu: -Doutor, você não viu um garotinho passar por aqui?
Fernando: -Não!
Eu: -Aproveitando que te encontrei, preciso te perguntar, como está Eduardo Smith?
Fernando: -Eu acabei de falar com o irmão dele.
Eu: -E oque disse?
Fernando: -Contei á ele que Eduardo está em uma situação muito complicada. O acidente foi muito grave e, as chances dele sobreviver são mínimas. E mesmo que aconteça, ficarão grandes sequelas.
Eu: -Obrigada!
Se o médico disse mesmo isso ao Nicohlas, ele deve estar mal.
[...]

O hospital estava praticamente vazio.
Fui até a sala de espera e... o Nicohlas estava lá.
Não acreditei no que vi.
Ele estava CHORANDO! CHORANDO... A coisa é mais complicada do que eu imaginava.
Qualquer pessoa normal iria pra longe dali. Mas eu não!
Mesmo sabendo que não devia, me sentei ao lado dele.
Nicohlas: -Você não cansa?
Eu: -Do que?
Nicohlas: -De ser tratada mal?! Eu não quero falar com você! Depois não reclama que eu sou
grosso.
Eu: -É... eu sempre sou atraída para pessoas que precisam de ajuda... Mesmo que elas sejam orgulhosas demais pra aceitar!
Nicohlas: -Eu não preciso da sua ajuda!
Eu: -Você acabou de perceber que gosta mais do Eduardo, do que imaginava... Certo?
Ele assentiu.
Eu: -Mas nunca é tarde pra pedir perdão. Quando ele acordar, tenho certeza, que vocês vão, finalmente, se entender.
Nicohlas: -Não! Não é bem assim... Ele não me considera.
Eu: -Quem disse?
Nicohlas: -O Eduardo era meu melhor amigo. Compartilhavamos tudo! Tudo mesmo... Mas na primeira oportunidade ele foi embora. Isso prova o tanto que ele se importava comigo!
Eu: -Discordo! Ele só foi atrás de algo que, pra ele, podia ser o melhor. Ele se deixou levar por um sonho! Mas isso não prova que o seu irmão não goste de você.
Nicohlas: -Eu sei que ele seguiu o sonho dele. Mas, foram anos, ANOS sem mandar uma mensagem, sem fazer uma misera ligação. Não dá pra disfarçar isso!
Eu: -O Eduardo tem que pedir perdão à família Smith. E eu tenho certeza que isso vai acontecer assim que ele acordar!
Nicohlas: -E se ele não acordar? –percebi a voz embargar.
Eu: -Ele vai! Eu sei que vai!

Ficamos por um bom tempo assim, sem dizer nada. Ele estava com os olhos pregados no chão. Eu, ao lado dele, o observava.

–Narrador-
O Doutor Fernando corria aflito pelo hospital.
Falou com algumas enfermeiras, mas elas não tinham a resposta que ele precisava.
Depois de andar por todo o hospital, enfim, encontrou Nicohlas e Gabryella na sala de espera.
Ao vê-lo, os dois levantaram.
Nick: -O que aconteceu?
Fernando: -Tenho notícias!
Gaby: -Boas?
O médico encarou os dois. Sua expressão estava rígida.
Nicohlas olhou rapidamente para Gabryella, mas ela estava tensa demais para notar.
Um curto sorriso se formou no rosto de Fernando.
Fernando: -Ele acordou!
Pesadamente, Nick soltou a respiração.
Gaby o encarou até que ele a olhasse, quando aconteceu, ela sorriu. Um sorriso verdadeiro, espontâneo, daqueles aliviados! Ele retribui com um de seus curtos sorrisos de canto.