Camilla para com o beijo e mira os olhos do garoto. Sem amavam, isso era inconcebível. Mas não podiam ficar juntos, não ainda.

– Desculpa, eu apunhalei você! (Camilla)

– Ah tudo bem, devo ter merecido – ele abaixa a cabeça – Então... A conversa com a sua mãe foi boa? (Leonardo)

– Foi ótima – ela sorri – (Camilla)

Eles sentam no banco de madeira da mata e se fitam.

– Léo, por que você voltou com a Pandora depois de tudo que ela te fez? (Camilla)

– Por que ultimamente, apesar de tudo, tenho conseguido uma conexão com ela que nós dois nunca tivemos. (Leonardo)

– Eu não queria que isso... (Camilla)

– Ah Camilla! Depois de tantas coisas que nós passamos – ele suspira – pode admitir! (Leonardo)

Camilla engole em seco.

– Você tem sido tão forte pra mim, me ajudando. Lutando pela garota que te escolheu, a garota que eu era antes de ter sido presa. E eu te amo tanto por querer que eu fique bem, mas no momento tudo que eu quero sou eu de volta, por que o que eu me tornei, é diferente agora – lágrimas saem dos seus olhos – obscura, e isso que eu quero... (Camilla)

Leonardo a interrompe.

– O que você quer? (Leonardo)

Camilla franze o cenho.

– Alguma coisa mudou entre meu amor por você desde que fiquei presa. Como se tudo que eu já precisasse ter esquecido no passado, tivesse sido esquecido agora... (Camilla)

– Como se estivesse me superado – ele completa a frase – (Leonardo)

– Me desculpe, eu não quero mentir pra você... (Camilla)

– Logo após de nos separarmos, eu me empurrei demais para um relacionamento com a Pandora. Mas agora, eu não posso Camilla – eles se olham – não mais! (Leonardo)

Camilla apenas diz:

– Eu sei (Camilla)

E logo depois. O silêncio. Aquele podia ter sido o ultimo beijo deles, podia ter sido a ultima conversa amorosa. Mas não era o fim de um amor, que poderia se reformar – ou não, com o tempo.

*

Ingrid tira seu roupão transparente e fica apenas de lingerie. O dinheiro de seu pai não tinha caído na conta, precisava se sustentar. E não tinha outra saída. Dessa vez um velho, que aparentava 60 anos, era o ganhador do jogo. No quarto, ele a pediu nua, apenas para se divertir. Após tirar a lingerie inteira e sexy, ela começa a dançar casualmente na frente dele, que se masturbava como ninguém.

Ingrid estava com nojo, queria sair correndo de lá. Não podia. Ganharia por isso. Mais uma vez ela havia sido caçada e colocada em uma jaula. O homem manda ela chupar, e ela o obedece. Indo de baixo pra cima, ela o faz chegar o clímax. Fome é como sexo: se você fica com vontade por muito tempo, acaba comendo o que não devia.

*

Thays chega à cabana e Camilla e Leonardo se despedem. Thays estava melhor do acidente, havia se recuperado rápido. Não chegou a ser atropelada, com o susto, se jogou no chão e bateu a cabeça. Eles pegam Aurora e vão em direção ao carro.

– Onde você pretende ir morar? (Leonardo)

– Vou alugar um hotel por enquanto, não tenho nada melhor para fazer. (Camilla)

– Eu vou te deixar com ela, não posso toma-la de você agora que está solta. (Leonardo)

Camilla sorri para ele.

– Obrigado – ela pega Aurora no colo – não via a hora desse momento. (Camilla)

– Só peço que me deixe vê-la sempre que eu quiser – ele engole em seco – ela é minha filha e... (Leonardo)

Camilla interrompe.

– Claro que você pode ir vê-la, não vai ter problema nenhum. (Camilla)

Eles chegam ao veiculo e entram dentro dele, indo em direção ao hotel de Camilla.

*

Thays senta na cama junto com a mãe.

– Ela me paga, mãe! (Thays)

– Filha, você não pode viver o resto da sua vida presa ao passado. (Cíntia)

– Eu estava prestes a dar o golpe final nela quando aquele nojento do Gustavo ouviu tudo. (Thays)

– Tudo isso que você me contou, é sórdido. A Simone tentou usar a morte, a pior maneira, para te atingir e isso não é normal minha filha. – ela suspira – Isso é doença. Você tem que se afastar dessa mulher. Nós temos. (Cíntia)

– Essa mulher destruiu as nossas vidas, ela me roubou a chance de ser alguém na vida. Você foi parar nesta cadeira de rodas e meu pai no cemitério. (Thays)

– Essa nossa sede de vingança vai acabar destruindo o resto das nossas vidas – elas se fitam – tenta minha filha, tenta ser feliz comigo e com a Camilla. A gente que te ama... (Cíntia)

Thays apenas sorri para a mãe. Precisava pensar sobre esse assunto, mas já estava cansada de sentir ódio. Iria pensar muito bem, e quem sabe, tentar ser feliz de vez.

*

Raquel limpava suas mãos nas águas do rio. Vinicius, sem saber de nada, se aproxima do rio para fazer o mesmo e percebe a presença da garota. Ela senta na margem do rio e observa a cachoeira, enquanto ele se aproxima. Ele senta ao lado dela e retira seus óculos escuros.

– Por favor, não vai embora... (Vinicius)

Raquel fita o vazio por uns instantes antes de responder. Já possuía lágrimas nos olhos.

– To cansada de sentir ódio (Raquel)

Ele surpreso, se vira para ela.

– É um sentimento que consome – diz ela gaguejando – que dá exaustão, eu nunca fui assim! E não quero voltar a ser a pessoa que fui ao passado. (Raquel)

Vinicius não diz nada. Havia entendido. Ela o havia perdoado. E ele, como forma de silêncio, também a perdoara. Apenas fitando o vazio, eles ouvem o som da natureza em forma de paz.

*

Pandora bate a porta do quarto e desce para sala, onde Simone se encontrava sentada.

– Eu soube de tudo – ela fita a mãe – como você foi capaz de sequestrar a Camilla na maternidade? (Pandora)

Simone não responde.

– Como posso confiar em você agora? – ela se aproxima – sou mesmo sua filha? (Pandora)

– Cala essa sua boca – ela fita Pandora – é lógico que você é a minha filha. E me poupe Pandora, enquanto você está se preocupando com um passado iminente, seu noivo está com a ex dele passeando como se estivessem em um conto de fadas. (Simone)

– Mas eu não vou deixar isso passar, eu tenho um plano. (Pandora)

Simone sorri satisfeita.

– Já pode me contar... (Simone)

Pandora senta ao lado da mãe no sofá.

– Bom. Primeiro eu vou sequestrar a Aurora da Camilla. Vou alugar uns sequestradores e vou deixar essa rata no esgoto da mata – ela abre um sorriso maléfico – eu vou deixar ela lá até a pressão da água aumentar e subir, matando aquele bebê afogado. Vingança maior que isso, não pode haver. (Pandora)