Lembre-se de mim escrita por DVL


Capítulo 8
Novas pessoas.




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Volto a olhar para a televisão. Milhares de pessoas foram feridas, algumas mortas. Não quero mais ver isso. Pego o controle e desligo a televisão. Digo para Logan.

–Quero sair um pouco desse quarto.

–Tá bom, irei pedir uma cadeira de rodas na recepção. Volto em um minuto.

Logan sai do quarto. Estou sozinha. Tento mexer a perna, ela dói muito ainda, mas consigo mexê-la. Levanto da cama apoiando meu peso primeiro na perna que não está machucada, depois coloco a que está machucada no chão. A dor é suportável. Olho para o corte; há um corte com pelo menos uns dez pontos. Crio coragem e levanto, a dor fica cada vez mais forte.

Vou andando até o banheiro, quando entro no banheiro me olho no espelho. Estou horrível, meu cabelo esta bagunçado, minha maquiagem borrada.

Ouço vozes. Eu a reconheço. É a voz do Presidente. O quê ele faz aqui no hospital? Não importa, entro no box e fecho a cortina. Não pensei em um lugar melhor, e mesmo se tentasse fugir não conseguiria ir muito longe com essa perna.

Parece que procuram por mim. Escuto o barulho do quarto sendo revirado. Alguém que eu não reconheço a voz diz.

–Parece que ela não está mais aqui. Vamos procurar em outro lugar.

Meu coração para de bater. Onde está o Logan? Meus pais?

Escuto a porta do quarto fechar. Saio do box e vou até o quarto. Quando saio do banheiro vejo o quarto todo revirado. Talvez eles tivessem procurando alguma prova de onde eu supostamente tenha ido.

Avisto em um canto roupas limpas. Deve ter sido minha mãe que trouxe. Visto-me com a calça jeans e a camiseta roxa. Preciso encontrar Logan, meus pais. Abro a porta do quarto. O corredor é grande. Vejo uma placa, nela está escrita para onde estão os elevadores. Preciso chegar lá. Tento andar o mais normal possível, mas a cada passo a dor aumenta.

Estou quase chegando no elevador quando uma enfermeira olha para mim e diz.

–Está perdida querida?

–Não senhora. – digo.

Ela deve saber que eu estou mentindo. Ela me encara e começa a andar para longe de mim. Deu certo! Percebo que deixei meu celular no quarto. Penso: Não posso voltar. Logan pode estar morto! Preciso achar ele!

Entro no elevador e aperto o botão térreo. Quando chego fico apavorada.

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Há muitas pessoas mortas. Foi o presidente! Percebo que há cadeiras jogadas em todos os lugares. Os feridos resistiram contra o presidente e seu exercito. Não vejo Logan, vejo apenas uma cadeira de rodas no meio da “guerra”, vejo um corpo do lado dela.

Não pode ser! Vou correndo até o corpo. Estou chorando.

Graças a Deus não é Logan. É um adolescente como Logan, mas seu cabelo não é azul. Isso me deixa menos nervosa.

Ouço um grito atrás de mim.

–MEI! – é Logan. Ele vem correndo até mim. – Foi o presidente, os feridos começaram a reagir, o exercito começou a atirar. Eu me escondi ali. – ele aponta uma lanchonete que já estava fechada. – Não fui o único vivo. Pode vir Amy, estamos seguros agora.

Uma menina de mais ou menos uns dez anos sai da lanchonete. Ela é morena, seu cabelo é comprido. Ela fica perto de Logan.

–Amy, essa é minha namorada, a Kakumei.

–Você é a menina do vídeo. – ela diz impressionada.

–Sou.

Ela me pede para mim abaixar. Eu abaixo. Ela me da um abraço.

–Obrigada. – ela parece estar chorando. – Meus pais morreram quando eu tinha 4 anos, eles foram torturados por terem cabelo preto. – ela chora mais em meu ombro. – Depois que vi aquele vídeo, minhas esperanças aumentaram muito. Só você pode honra-los!

Começo a chorar junto com ela. Como nossa sociedade é injusta. Depois de um tempo nós paramos de chorar. Digo para ela.

–Temos que ser fortes, eu e Logan vamos proteger você. Tudo bem? Eu prometo.

–De dedinho?

–De dedinho.

–Precisamos fugir. – Logan diz. – Vamos para casa, vou pegar algumas roupas, e a gente vai mudar de cidade.

–Logan, isso é inútil, ele é o Presidente, ele deve ter colocado patrulhas em todas as estradas do país para nos achar.

–Eu sei!

–Eu sei por onde podemos ir. – Amy diz.

–Onde Amy?

–Perto do orfanato onde eu morava tinha uma estrada de terra. Da para ir de carro, mas o caminho é muito longo. Há uma fazenda pequena, que ninguém mora lá a anos, a gente pode ficar lá por um temp...

De algum lugar da recepção escuto um tiro. Quase que ele acerta um de nós. Puxo Amy para baixo. Logan corre para trás de uma pilastra de pedra. Amy e eu nos encostamos no balcão da recepção. O balcão é em formato circular. Olho para meu lado. Mais ou menos uns 2 metros de mim há uma arma jogada no chão.

–Amy, você tem que confiar em mim. Fique aqui, e não se mexa.

–Ok.

Vou me arrastando até a arma. Um metro e meio. Menos que um metro. Estou coberta ainda, mas a arma está na visão de quem está atirando.

Vou ter que ser rápida. Conto.

1,

2,

3! AGORA!

Minha mão agarra a arma. Ela é fria.

Quem está atirando me percebeu, e começa a atirar em minha direção. Eu nunca atirei com uma arma. Mas já vi fazerem isso na televisão. Eu destravo a arma. Coloco o dedo no gatilho.

Parece que seu alvo é a pilastra de Logan. Aproveito e procuro a pessoa. Quase na porta de entrada um homem ruivo está com uma arma, atirando.

Não conseguiria acerta-lo daqui. Preciso andar mais. Olho um pilar à uns metros de mim.

Sem pensar duas vezes saio correndo. Esqueço da minha perna e caio no chão. Sinto os tiros vindos em minha direção.

Mas eles não me acertam. Continuo abaixada. Logan berra.

–Mei! Você está bem?!

O homem volta a mirar na pilastra que Logan está.

Me arrasto, abaixada para trás de uma pilastra de pedra. Ele não me percebeu. Quem sabe ele acha que me matou.

Apoio-me na pilastra e me levanto. Pego a arma, e miro. Meu alvo não está muito longe de mim. Aperto o gatilho.

Dois tiros saem da minha arma.

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Sangue se espalha por toda a entrada. Eu o acertei! Eu o matei. Jogo a arma no chão.

O primeiro tiro que eu dei, acertou um pouco acima de sua cabeça. Já o segundo foi na sua barriga.

Logan e Amy vêm correndo até mim. Abraço os dois. Me sinto muito mal por ter tirado a vida de alguém. Mas era ele ou nós.

–Você poderia ter morrido. Você saiu correndo e esqueceu da sua perna. – ele começa a chorar. – Você foi o que restou da minha família. - Ele aponta um canto da recepção. Seu pai e sua mãe mortos, um do lado do outro.

Abraço Logan, sempre que precisei ele estava aqui. Ele sempre foi a pessoa forte. Agora eu preciso ser FORTE!

–Vai passar meu amor. – ele está chorando em meu ombro. – Vai passar.

Ele para de chorar.

–Eu sei, pelo menos ainda tenho você. – ele diz enxugando as lagrimas com o pulso.

–Claro, eu sempre vou ser sua.

–Vamos amor, podemos pegar o carro dos meus pais no estacionamento. Meu pai me ensinou a dirigir quando eu tinha 12 anos. Vou saber me virar. – seu tom é triste.

Eu pego a arma que eu joguei no chão. E pego a arma do homem ruivo. Coloco na mochila de Logan.

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Ao chegarmos no estacionamento, Logan abre a porta para Amy, ela entra. Eu vou na frente com Logan.

–Vamos passar na minha casa, depois na sua. Vamos ser rápidos, peguem roupas, comida, coisas para banho, travesseiros e cobertores.

O carro que era dos pais de Logan é grande. Vai caber muita coisa.

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Logan estaciona, eu e Amy saímos pelo lado direito.

Logan destranca a porta. Nós entramos.

–Ok, Amy pegue Shampoo, sabonete, tudo de higiene pessoal. O banheiro é lá em cima.

–Ok Mei, você pega as comidas. – Logan pega uma caixa. – Pegue apenas enlatados e bebidas, como refrigerante e água. Eu vou as roupas, os travesseiros e as cobertas.

–Tudo bem.

Começo a separar os enlatados. Parece que os pais de Logan fizeram compras recentemente.

Logo depois Amy desce, ela traz em um saquinho, tudo o que Logan pediu.

–Quer ajuda? – ela pergunta.

–Quero. – eu digo. – Você poderia pegar água e refrigerante e colocar naquela caixa ali? – eu aponto.

–Posso sim. – ela sorri e começa a colocar a colocar as bebidas na caixa.

Dez minutos depois o carro já está quase cheio.

Vamos a nossa ultima parada. Minha casa.

–Não precisa descer, vou apenas pegar minhas roupas, e pegar umas roupas para Amy.

–Tudo bem.

Eu desço do carro. Vou andando até a porta da minha casa. Como esperava, a porta está aberta.

Logan não percebeu, mas eu peguei uma arma de sua mochila. Ando com ela na mão. Subo as escadas, até meu quarto. Está tudo como eu deixei. Vou até o armário e pego as roupas.

Desço as escadas e volto para o carro.

Coloco tudo atrás do lado de Amy.

Logan liga o carro.

–A viagem vai ser longa. Podem dormir se quiserem.

Eu viro para Logan. E o beijo. O nossos lábios se encostando, me deixa mais tranquila.

Sento direito. Logan começa a dirigir.

Estou segura, por enquanto!


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