Simplicidade escrita por oneslasher


Capítulo 1
Oneshot




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Simplicidade

por oneslasher

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A primeira coisa que Rin notou foi o olhar leve no rosto de Sousuke. Olhar este de quem muito franzia e agora era capaz de sorrir sem esforço de querer parecer natural. Porque era essa a grande mudança em Sousuke, ele estava leve e naturalmente mais relaxado.

A segunda coisa que notou foi a falta da proteção no ombro dele.

E os dois estavam ali, frente a frente, depois de tanto tempo sem se verem.

A curiosidade, talvez, foi o que o fez se desculpar com os amigos e puxar Sousuke para um lugar mais tranquilo para conversarem. Ao tocar a manga da camisa do amigo ele também notou o quanto sentia falta de Sousuke.

Não que Rin não tivesse sentido a falta dele antes. Sentia sim, e muita. Perguntava-se quando se reencontrariam e se seria muito diferente do último encontro ou se seria igual com a mesma carga de drama e aquela dor no peito pelo amigo que não passava, que não cessava, que não aliviava nunca.

Mas os dois mantinham contato ainda. Não era a mesma coisa que uma conversa frente a frente, mas não era raro uma troca de mensagens no celular, uma ligação ali e emails com frequência que amenizava a distância, mas não por completo.

Estar a tão poucos passos de distância de Sousuke parecia ser surreal demais ao mesmo tempo em que lá estava ele, tão perto que poderia tocá-lo sem medo.

Então, dizer que Rin foi pego de surpresa seria um exagero. A verdade é que ele sabia que um dia isso aconteceria e podia até mesmo confessar que pensou em como aconteceria. Mas ali, agora, pensar não era algo que ele conseguiria fazer.

Ele tinha tantas perguntas. Ele queria todas as respostas. Ele queria falar e ouvir tudo ao mesmo tempo. Ele queria aquele sorriso de Sousuke eternizado na sua memória porque ele sabia que era um sorriso cheio de tudo aquilo que Rin mais queria. Que talvez uma conversa não explicasse tanto quanto aquele sorriso.

O toque de sua mão na camisa dele tinha a intenção de ser leve, mas tão logo o tecido roçou seus dedos ele ganhou força e determinação. Era para ser um singelo “vamos conversar” que acabou por se tornar um possessivo “vem aqui” e “perto, mais perto”, pois tudo o que importava nesse instante era sentir Sousuke ali, com ele.

O beijo veio naturalmente.

Se fosse premeditado talvez não carregasse a verdadeira importância que ele tinha. Era suave e ao mesmo tempo sedento. Era como se Rin estivesse no deserto há muito tempo e precisava de água urgentemente, mas sabia que não podia beber muito rápido porque a sede não seria sanada e só resultaria em mais sede e mais cansaço. Eles tinham pressa, mas não tinham a necessidade de chegar lá muito rápido.

Podia durar muito tempo e tempo esse não seria perto ou suficiente.

E era doce também.

Era a boca de Rin cobrindo a de Sousuke. Era a boca de Sousuke abrindo-se sobre o sua. Era o convite, era a confirmação, era o que os dois mais queriam.

Rin tinha o peito de Sousuke contra o seu e a mão dele na sua nuca. Um aperto de quem sugeria querer mais, de oferecer mais e os dedos de Sousuke prendiam seu cabelo em um aperto convidativo, inclinava seu rosto para o lado e exigia mais ao mesmo tempo em que se deixava beijar no ritmo que Rin quisesse.

Internamente, Rin repetia idiota, idiota, idiota entre os pequenos beijos que Sousuke retribuía, mas a única coisa que conseguia expressar era por que tanto tempo? e sinto sua falta e sim sim sim.

Era tão contraditório. Ele tremia com os beijos quentes e derretia-se em cada toque dos dedos de Sousuke roçando seu corpo enquanto ele mesmo agarrava o outro com força, não o deixaria se afastar por nada.

Sousuke era enervante.

Ele sabia como tocar Rin, pois sabia o que provocaria uma reação instantânea. Sabia como despertar as emoções dele. E isso não era justo com Rin. As emoções estavam em ebulição, nada que ele falasse faria sentido, mas negar qualquer coisa seria o impensável. Ter Sousuke, de novo, distante dele seria dolorido demais.

E então as mãos, grandes e surpreendemente delicadas, tocaram o rosto de Rin, prendendo sua face entre as palmas quentes. Os pequenos suspiros de aprovação e os lábios molhados roçavam a sua pele em carícias. E as suas próprias mãos segurando e massageando a cintura de Sousuke.

Sem pressa.

E com toda a pressa do mundo.

Não podia ser diferente, Rin pensou, com o histórico da amizade entre eles. De tantos desencontros que sempre resultavam em encontros carregados de emoção. De um discordar e o outro refutar. De quem queria estar sempre por perto e não conseguia encontrar maneiras de existirem em conjunto.

De um beijo como esse pudesse ser exigente e passivo ao mesmo tempo, pois os dois tinham coisas a dizer, mas não queriam dizer. Mas se encontravam em um embate delicioso do qual nenhum dos queria se livrar.

E então Rin se viu mordicando a pele de Sousuke, das bochechas finas ao pescoço só pelo prazer de vê-lo corar, por despertar sensações que eram iguais no corpo dele também. Que as pequenas mordidas não tinham muito como machucar se ele logo suavizava a dor com beijos na pele macia.

Tão perdidos um no outro estavam. Havia vozes em outros cômodos da casa, podia-se distinguir a risada de Nagisa e as conversas de Gou e Rei. Em um lugar remoto de sua mente, Rin lembrou que não estavam sozinhos e todos os amigos estavam por perto. Fora um encontro planejado há semanas atrás e ele queria aproveitar cada segundo com os amigos.

Com Sousuke.

- Não se atreva a ficar longe de mim outra vez.

A risada de Sousuke era pra ser sarcástica como resposta, era para não dar o gostinho de vitória fácil para Rin, mas ele bem sabia que não conseguiria manter a linha por muito tempo. Não com o rosto vermelho do amigo tão perto do seu, do calor do corpo dele que o aquecia e o puxava para mais perto. No entanto, a risada que escapou dos seus lábios era cristalina como água. Era doce. Era esperançosa. Tinha um tom de quem concordava e planejava não largar dele nunca mais.

Mas só pra provocá-lo Sousuke beijou a ponta do nariz de Rin enquanto o via ficar mais vermelho de vergonha.

Os dois tinham planos iguais, mas tomavam rumos diferentes para isso. As suas mãos interligadas não o deixavam se afastar para muito longe. Não era como se os dois soubessem que seria fácil ou que bastava saber que ambos queriam a mesma coisa para saber que daria certo.

Mas ali estavam eles, ali eles tentariam.

Não se afastar nunca mais.

Arranjariam tempo para as perguntas e mais tempo para as respostas. Arranjariam tempo para o outro porque encontros como o de hoje não podiam ser mais tão raros assim. Havia muito o que contar e os dois queriam eliminar a distância como se ela nunca tivesse existido. Era uma estrada longa e defeituosa que trariam lágrimas e incertezas. Mas Rin era determinado e Sousuke teimoso.

As curvas dessa estrada ainda lhe mostrariam um oásis tranquilo.

E era isso o que eles queriam. Pular de cabeça nesse oásis, pois a água era convidativa. Era para nadarem juntos lado a lado e não um contra o outro. Que se um não ganhava o outro não perdia. Que daquele pódio da vida os dois eram vencedores.

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Fim


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Notas finais do capítulo

Segunda fic de Free!, dessa vez uma SouRin. Agora só fica faltando uma NagisaRei pra completar meus otps. Tenho projeto pra uma, mas não será pra agora. Se você chegou até aqui e gostou, me diga o que achou. Até logo!



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