Trouble. escrita por FantasyJuli


Capítulo 21
Capítulo 20 parte 1.




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PARTE 1

Asthryd.

Uma semana havia se passado e nem sinal do Cameron, nada, ninguém falava sobre ele e ninguém o via. Parte de mim queria que ele morresse, que caíssem em algum bueiro e ficasse lá até que os ratos comessem seu lindo corpo em decomposição. A outra parte sabia que nada daquilo que eu queria era verdade e estava morrendo de preocupação.

Mas era sábado e eu queria esquecer tudo por pelo menos dois dias, levantei da cama quando o despertador tocou avisando que eu deveria estar no aeroporto em uma hora para buscar a Cassie e isso fez com que meu coração se enchesse de alegria.

Fui até o meu guarda roupa e escolhi um jeans preto e um cropped cinza que havia comprado somente para buscá-la, eu bem sabia como a Cassie era, chegaria aqui carregando quinhentas malas e usando uns óculos escuros cobrindo metade do rosto.

—bom dia, pai. –disse descendo as escadas.

—olha se não é um sorriso nesse rostinho. –ele abaixou os óculos até a ponta do nariz e sorriu, fiz o mesmo. –há quanto tempo não vejo um desses.

—me empresta o carro?

—sabia que ia ter alguma bomba depois desse sorriso. –ele voltou a mexer os seus ovos na panela. –para quê você quer o carro?

—bom, a Cassie ta chegando ao aeroporto agora e eu não posso buscá-la de bicicleta certo?

—Cassie? Aquela sua amiga doida?

—ela mesma.

—tudo bem, a chave está ali em cima da mesa.

CAMERON.

Meus olhos arderam quando a cortina foi aberta eu estava deitado no tapete da sala e havia uma garrafa de vodka vazia em minhas mãos, garrafa essa que nem me lembro de ter bebido. A Petúnia estava parada na minha frente junto ao George, um dos empregados da casa.

—Cameron, você ainda está assim?

—pode fechar a cortina por favor, meus olhos estão doendo. –o George fez menção de abri-la, mas a Petúnia o segurou antes disso.

—não, Cameron, não posso. Você tem que parar com essa palhaçada, você não tem mais quinze anos! –disse seria. –você passou a semana inteira bêbado e largado pelos cantos da casa, estou começando a ficar preocupada.

—eu não estou bêbado. –disse tentando reunir um pouco da minha dignidade que estava espalhada pelos cantos da casa.

—seu pai ligou e disse que está chegando de viagem agora. –disse ríspida, o George continuava calado.

—e daí? –disse me virando para o outro lado evitando todo o sol no meu rosto.

—ele quer que você vá buscá-lo no aeroporto. –ela respondeu como se fosse algo obvio.

—o George sabe dirigir e o Alfred também.

—ele quer que você vá buscá-lo.

—eu não posso, estou bêbado. -respondi soando mais sarcástico do que pretendia.

—Cameron. –gritou. –você conhece o seu pai e sabe que se você não for buscá-lo terá problemas!

—tudo bem, Pet, estou indo. -ela era a única pessoa nessa casa que tinha coragem o suficiente para gritar comigo, além do meu pai óbvio, a diferença era que ela fazia pelo meu bem. Eu a respeitava por isso.

Levantei com dificuldade e andei até o meu quarto, todo o meu corpo doía como se eu tivesse sido espancado, minha cabeça latejava e os meus olhos ardiam. Aquela parecia ser a pior ressaca da semana inteira. Tomei banho e coloquei uma roupa qualquer só para buscar o infeliz do meu pai no aeroporto, escolhi o pior carro e fui.

ASTHRYD.

 

Eu estava parada em frente ao portão de desembarque segurando uma pequena plaquinha onde havia escrito "ANGEL" e espera pela Cassie ansiosamente, era como se eu finalmente tivesse uma folga se tudo isso e tivesse com quem desabafar e poder rir de verdade e não por educação para aguardar alguém. O Cam costumava essa folga, mas como metade das coisas boas na minha vida, ele já se foi.

O fluxo de pessoas era intenso, dezenas de pessoas saiam pelo pequeno portão prateado, mas nenhuma delas era a Cassie. Eu começava a me sentir nervosa, será que aconteceu alguma coisa com ela? Será que ela foi seqüestrada?

Antes que a minha mente criativa pudesse criar mais alguma coisa a Cassie apareceu carregando duas malas e uma bolsa rosa estilo Barbie da Channel, seus cabelos estavam mais longos e loiros do que da última que eu a vira, ela abriu um sorriso e correu em minha direção quando me viu.

—angel! Ai, finalmente. –ela largou suas coisas no chão e me envolveu em um abraço forte e caloroso, do qual eu morria de saudades.

—eu senti tanto a sua falta, você não tem noção. –disse retribuindo o abraço.

—bom, agora nós temos tempo de sobra para que você me conte tudo. A vida na Austrália é tão chata sem você.

Nos seguimos pelo aeroporto até o carro, eu segurando uma mala e ela a outra, ela me contava sobre Marcus o seu novo namorado e como eu tinha que conhecê-lo, eu ria e concordava com ela. Não estava nem um pouco com vontade de contá-la sobre os últimos desastres da minha vida, a estadia dela aqui seria para lembrarmos de coisas boas e só, não deixaria nada estragar isso.

—eu acho que nós deveríamos ir para alguma boate hoje, para relembrarmos os velhos tempos. –indagou. –sem drogas ou exageros, juro.

—hoje? Você não está cansada? A viagem da Austrália até aqui é bem cansativa. –tentei convencê-la mesmo sabendo que em relação a festas seria impossível convencê-la.

—na verdade não, dormi durante toda a viagem e estou bem relaxada. –a porta automática se abriu e nós saímos. –por isso vamos à melhor boate daqui, pode avisar a Maia porque ela vai também.

—desculpe. –disse ao me esbarrar em um homem de terno preto. O homem me encarou nos olhos e eu senti naquele momento que ele iria tirar uma arma e matar. Ele nem disse nada, só entrou em um carro de vidros pretos que estava a nossa frente.

—cruzes, o povo daqui é mal educado assim mesmo?

—nossa, ele me dá arrepios. –me arrepiei ao lembrar-me do olhar tenebroso daquele homem. –enfim, o carro está logo ali.

CAMERON.

—quem eram aquelas? –perguntei antes mesmo que ele fechasse a porta. Mesmo sabendo de quem se tratava, Asthryd.

—não sei, garotas estúpidas falando sobre ir a uma boate hoje à noite. Uma delas estava falando daquela sua amiguinha Maia. –respondeu com todo o ódio na voz, já estava acostumado com aquele tom. –mas de que lhe interessa, Cameron?

—nada, eu só pensei que conhecia uma delas.

—e conhece?

—não. –menti dando partida no carro.

 

Asthryd.

Rodei a cidade com a Cassie, ela falava sem parar sobre tudo o que tinha acontecido depois que eu fui embora e em como a minha mãe sentia a minha falta, mas achava que isso era um castigo e blah blah blah.

—e cadê aquele seu namorado gostoso? –perguntou tocando o meu ponto fraco.

—nós não estamos mais juntos. –respondi tentando parecer o mais indiferente possível em relação ao assunto, mesmo que ainda me doesse lembrar dele com aquela puta vagabunda...E pensar que isso tudo tinha acontecido a menos de uma semana.

—como assim? Não vai me dizer que deixou aquela delicia escapar tão fácil assim, ai amiga, o mercado hoje em dia ta difícil de mais pra você deixar os caras irem embora assim ta!

—eu não o deixei ir embora, é mais complicado que isso.

—olha, eu voei quase dez horas até aqui para você poder me contar as coisas, ou seja, não esconda nada!

—a gente tava bem, nós estávamos almoçando em um restaurante. –comecei sentindo uma mistura de tristeza e ódio crescer dentro de mim. –mas ai uns caras loucos chegaram e bateram nele e começaram a falar coisas estranhas do tipo "ah, você é perigoso" e mais um monte de coisa, então ele disse que não poderia me envolver nesse tipo de coisa.

—okay... então você está namorando um bandido? –perguntou disse empolgada como se aquilo fosse parte de um filme e eu estivesse escondendo o final.

—eu não sei, esse é o ponto. Eu não sei quem ele é, não sei nada sobre a vida dele.

Eu estacionei o carro na frente da minha casa e encerrei a conversa antes que ela me perguntasse o resto da história. Deixamos as malas no carro, já que ela se hospedaria num hotel e descemos para falar com todo mundo e apresentá-la à Maia.

—cheguei! –coloque a chave na mesa e fui chamar a Maia que provavelmente estaria no quarto dela.

—ola! Eu sou a Taylor. –a Barbie se apresentou para a Cass sem precisar da minha ajuda, foi engraçado presenciar uma batalha de olhares de duas barbies na minha sala.

—oi, eu sou a Cassie, acho que a Angel falou alguma coisa sobre você...não lembro muito bem o que foi.

—angel?

—sim, a Asthryd. É o nosso apelido pessoal.

—tudo bem. –ela respondeu ainda sorrindo, como se não se cansasse de exibir seus dentes perfeitamente alinhados e brancos para todo mundo.

Sentia que essa seria a semana em que toda a minha farsa cairia e para falar a verdade...Foda-se.

CONTINUA...


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