Gêmeos no Divã escrita por Lady Black Swan


Capítulo 16
8° Consulta - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeeey gente, como foi o ENEM? (pra quem fez é claro)
Mas então, adivinhem quem, com essa nova rotina quinzenal de postagem, quase esquecer o dia da postagem!
Pois é, ainda bem que lembrei a tempo. ^^'



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Ok mano, então, apesar das suas tentativas de embolação, eu diria que essa foi... Passável.

Mas foi realmente muita sorte nossos pais não terem nos flagrado na manhã seguinte, até hoje não conseguimos acreditar que realmente escapamos ilesos daquela primeira vez, e tudo graças a Maya!

Nós acordamos deitados ao lado da casa com os sinos de Notredame badalando dentro de nossos crânios, e muito, muito enjoados, na verdade havia vômito seco no piso de cascalho, e em nossos sapatos e calças, mas não sei se quem vomitou foi ele ou eu, provavelmente os dois.

—Ai. — meu irmão gemeu — O que aconteceu?

—Não sei — respondi colocando a mão sobre os olhos — Mas nunca mais vamos fazer.

—Nunca. — ele concordou se apoiando na parede para se levantar. — Vamos entrar?

—Sim, por favor. — eu agarrei sua mão e levantei-me — Meu Deus, alguém apaga esse sol.

—Murilo.

—Que?

—Tem vômito no seu cabelo.

Eu fiz cara de nojo e levei uma mão aos cabelos, então fiquei ainda mais nauseado e, sem aviso, agarrei os ombros de meu irmão curvei-me para frente e vomitei em sua camisa.

Meu irmão gemeu.

—Desculpe. — resmunguei.

Ele passou a mão em minhas costas.

—Só te perdôo por essa se você me prometer que não vai ficar zangado quando eu vomitar em cima de você também. — eu balancei fracamente a cabeça e apoiei a testa em seu ombro.

—Como é que vamos entrar em casa agora? — resmunguei.

—Eca, o que aconteceu? Vocês estão nojentos! — Maya exclamou “brotando” ainda de camisola há pouco mais de dois metros de nós.

Surpresos, nós tentamos nos endireitar ficando eretos, mas o movimento foi tão brusco que ficamos zonzos e caímos sentados no cascalho, bem onde estava o vômito seco.

—Ótimo como se já não estivéssemos nojentos o bastante! — resmungamos, teríamos nos levantado, mas não estávamos exatamente em condições para tentar isso de novo — Maya o que está fazendo aqui?

Nossa irmãzinha agachou-se no chão para nos observar.

—Eu ouvi vozes aqui fora e sai porque achei que pudesse ser Ayume, mas eram apenas vocês. — ela torceu o nariz — E vocês estão fedidos.

Só então nós percebemos que estávamos bem perto da janela do quarto dela.

—Ayume só entrou pela janela daquela vez, geralmente ela usa a porta Maya. — afirmei.

—E quanto à mamãe e papai, eles te viram sair de casa? — Vinicius perguntou agoniado.

Maya balançou a cabeça bem de vagar.

—Papai ainda está dormindo, e mamãe está na cozinha fazendo café.

 —Ótimo. — suspiramos aliviados. — Maya, você pode nos fazer um favor?

Ela nos olhou por alguns segundos, talvez tentando adivinhar o que iríamos pedir, e então respondeu:

—Depende. Que favor é esse?

—Precisamos que você volte para casa, entre em nosso quarto sem ser vista e abra a janela lateral para nós. — Vinicius respondeu.

—E por que vocês não entram pela porta que nem gente normal? — Ela nos olhou confusa.

—Porque mamãe e papai não podem nos ver assim! — expliquei agoniado.

—Por que não? — ela inclinou a cabeça de lado — Se estão doentes deviam contar à mamãe...

—Não estamos doentes! — exclamamos baixinho.

—Mas estão com cara de doentes. — ela alfinetou-nos. — E também parece que vomitaram bastante, por que vomitariam se não estivessem doentes?

Suspiramos cansados.

—Só abre a janela pra gente poder entrar, por favor, Maya. — praticamente imploramos, nunca tínhamos percebido antes como nossa irmã gosta de falar.

—Hum... — Ela nos olhou por mais alguns segundos — Tá bem.

—E não deixe que te vejam! — relembrei-a quando já ia se afastando.

—Tá bem!

Alguns minutos depois nós estávamos entrando em casa pela janela de nosso quarto.

—Urgh! Parece que vocês estão fedendo ainda mais agora! — Maya reclamou tampando o nariz enquanto nós ajudávamos um ao outro a entrar.

—Nós vamos tomar banho. — prometi tirando a jaqueta e jogando-a no chão, os sapatos tiveram o mesmo destino, ótimo, pelo menos minhas meias estavam limpas, tirei-as logo em seguida. — Mas não se esqueça de que você não pode contar nada disso para ninguém.

—Tá bem. — ela fez uma careta agora escondendo o nariz e a boca atrás das duas mãos, como se fizesse uma máscara improvisada — Mas como é que vão explicar as roupas cheias de vômito para a mamãe quando ela for lavá-las?

—Não vamos. — meu irmão respondeu tirando os sapatos e a camisa — Porque nós mesmos vamos lavá-las.

Parei de desabotoar a calça na hora.

—Nós vamos?

—Vocês vão?  — Maya perguntou ao mesmo tempo.

—Sim. — Vinicius confirmou olhando de mim para Maya enquanto tirava as próprias calças. — Não vamos?

—Vinicius você não lembra o que aconteceu da ultima vez que lavamos a roupa? — reclamei chutando minhas calças para longe e tirando a camisa.

—Eu lembro! — Maya ergueu a mão de forma ansiosa — Ficou tudo manchado e colorido!

—Exato! — concordei.

—Antes manchado e colorido do que vomitado e fedido. — Vinicius argumentou se sentando na cama para tirar as meias.

—Hum... — olhei para nossas roupas e sapatos amontoados no chão. — É você tem razão.

—É eu tenho. — ele concordou.

Maya começou a dar risadinhas, e nós a olhamos.

—O que foi?

—Suas cuecas são engraçadas. — ela respondeu entre risinhos — Carros e Os Incríveis?

Ficamos vermelhos de constrangimento até a raiz dos cabelos.

—M-Maya! — reclamamos.

Ela deu mais uma risadinha e saiu correndo para a porta dizendo um rápido “tchau” para nós.

As cuecas, aliais, são uma das poucas coisas que nós nunca dividimos, quanto a isso sempre tivemos uma noção muito bem definida do que era meu e dele, mas por que eu estou falando disso afinal? Eu nem sei por que mencionei essa parte.

Suspirei e sentei-me ao lado de Vinicius na cama.

—Quem vai tomar banho primeiro? — perguntei.

Decidimos decidir isso na moeda, mas já faz tempo que nenhum de nós escolhe um lado da moeda quando decidimos jogar uma, nós simplesmente fazemos assim: Vinicius sempre fica com cara, e eu sempre fico com coroa. Deu cara então meu irmão ia primeiro.

Mas quer saber de uma coisa doutora?

Em uma casa onde moram cinco pessoas seria de se esperar que tivéssemos, pelo menos, dois banheiros, porque naturalmente quando cinco pessoas dividem um mesmo banheiro alguém sempre vai ficar esperando.

Quando Vinicius saiu do banheiro papai quis entrar, ele avisou que eu ia tomar banho, mas papai disse que seria rapidinho, e assim eu tive que ficar cheirando a vômito por mais meia hora antes de poder entrar no banheiro, não que papai tenha demorado todo esse tempo lá dentro, é que eu também tive que esperar mais um tempinho até o ar se tornar respirável lá dentro de novo.

Pois é doutora, a vida é bela...

♠. ♣. ♥. ♦

—Agora que estão mais relaxados, por que não me contam o que aconteceu ontem que os fez chegarem tão abatidos hoje ao meu consultório? — Dra. Frank perguntou depois de um momento em silêncio no qual ela percebeu que os gêmeos não voltariam a falar.

Ambos a olharam com idênticos sorrisinhos de canto.

—A senhora é mesmo uma pessoa muito curiosa doutora. — afirmaram.

Frank Lorret encolheu os ombros.

—Eu considero isso como parte do meu trabalho. — afirmou — Mas se não quiserem contar está tudo bem pra mim também.

Eles a olharam de forma desconfiada.

—Mesmo?

—Claro, afinal eu não estou aqui para obrigá-los a nada. — respondeu cruzando as pernas e inclinando-se de lado para apoiar o rosto sobre a mão — Apenas me digam uma coisa.

—O que?

—Vocês fizeram alguma coisa perigosa ou se meteram em algum problema?

—Não.

—Então isso já está bom pra mim. — A doutora sorriu.

Os meninos a observaram por alguns segundos, e então se entreolharam, mas depois voltaram a observá-la.

—Mas... E se quisermos contar? — Vinicius perguntou.

—Mas tivéssemos prometido não contar. — acrescentou Murilo. — Quer dizer, não é como se a senhora fosse contar a alguém.

—Verdade. — a doutora concordou calmamente. — Só que se vocês prometeram não contar...

—Se bem que a parte que a gente prometeu manter em segredo a gente já te contou antes de prometer manter em segredo. — Vinicius ponderou passando a mão pela nuca.

—Então talvez não fizesse tão mal assim se a gente contasse a outra parte que ela ainda não sabe. — concordou Murilo.

Segurando a caneta entre os dentes a Dra. Frank ergueu os olhos para o relógio pendurado na parede atrás dos irmãos.

—É melhor que resolvam logo esse dilema de vocês, só temos mais dez minutos antes do final da sessão.

Os gêmeos checaram às horas em seus relógios de pulso e suspiraram.

—Tudo bem. — disseram — Nós contamos.

A Dra. Frank Lorret sorriu, era bom ver que eles estavam progredindo confiando e se abrindo cada vez mais para ela.

—Estou ouvindo. — afirmou os observando — Podem falar.

—Então... Começando da parte que não prometemos manter em segredo, mas que ainda não contamos para a senhora. — iniciou Vinicius — Lucian Reis está na cidade, na verdade ele vai morar aqui agora.

Frank Lorret ficou tão surpresa que seu rosto escorregou da mão.

—O que?!

—É. — suspirou Murilo — E agora a parte que prometemos não contar, mas que já tínhamos contado para a senhora antes de prometermos e que agora vamos confirmar: Era ele sim o Capitão América que beijou Ayume naquele evento.

—Minha nossa! — exclamou surpresa — E como vocês têm tanta certeza disso?

Os irmãos suspiraram:

—Porque ontem, quando ligamos para remarcar a consulta, foi porque fomos “convocados” de última hora, juntamente com Ayume, pelo agente assustador de cabeça quadrada de Lucian Reis para ir até o apartamento dele no centro e “esclarecer algumas coisas importantes”.

—Que coisas importantes?

Murilo voltou a recostar-se ao divã.

—Ao que parece, esta tudo bem se nós quisermos comentar que vimos ou até trocamos uma ou duas palavras com o Lucian Reis aqui na cidade, de qualquer forma ele vai se mudar pra cá então logo a mídia vai ficar sabendo.

—Desde que nós não falemos nada sobre a presença dele fantasiado naquele evento. — completou Vinicius — Parece que isso “arruinaria” a imagem dele.

Frank Lorret pensou em sua filha Cameron e como ela reagiria se soubesse de algo como aquilo.

—Entendi. — assentiu— É... Realmente seria um choque para as fãs se elas descobrissem que ele gosta dessas...

—Esquisitices de Nerd. — completaram os irmãos — É assim que Verônica chama tudo do que Ayume gosta. — os dois deram um sorrisinho maldoso — Ia ser tão bom ver a cara dela se ela descobrisse que seu tão amado Lucian Reis e a prima dela são farinha do mesmo saco!

A doutora os olhou de forma preocupada.

—Meninos, não se esqueçam de que vocês prometeram.

Eles ergueram as mãos.

—Não se preocupe doutora, não vamos contar. — prometeram — Mas bem que poderíamos ter aceitado o dinheiro.

Frank Lorret os observou por alguns segundos.

—Que dinheiro?

—O agente de Lucian Reis nos ofereceu uma pequena grande quantia em dinheiro para ficarmos de bico calado. — explicou Murilo.

—Mas Ayume recusou o dinheiro e prometeu por nós três que ficaríamos quietos. — se lamentou Vinicius.

—Isso porque ela é uma boa menina. — afirmou Frank Lorret — Sabem por que Lucian está deixando a capital para se mudar para cá?

Ambos balançaram a cabeça.

—Não. — suspirou Murilo. — Quem deve saber é Ayume.

—Porque os dois são amiguinhos. — Vinicius completou claramente enciumado. — E sabe o que é pior doutora?

—O que?

Os gêmeos suspiraram largando-se no divã.

—É que depois da “conversa” — fizeram aspas no ar — O tal lá do Lucian Reis e seu agente nos levaram de carro para casa, e depois levaram Ayume para casa dela.

Frank Lorret arqueou as sobrancelhas.

—Oras e o que isso tem demais?

—Ela nunca nos deixou levá-la até a casa dela! — soltaram de uma vez. — E nós somos os melhores amigos dela!

Dra. Frank sorriu de lado com aquela reação de seus dois pacientes e olhou brevemente para o relógio na parede atrás deles, eles ainda tinham quatro minutos, por isso ainda dava tempo de falar mais algumas coisinhas.

—Será que são mesmo?

Eles piscaram

—O que quer dizer com isso doutora?

Frank Lorret se ajeitou.

—Bem, para começar vocês nunca aceitaram o fato de Ayume ter outros amigos além de vocês, porque simplesmente decidiram que ela será a melhor amiga de vocês... E, embora Ayume pareça realmente gostar de vocês rapazes, a amizade não é assim, vocês não podem impor ela a ninguém, isso tem que vir naturalmente, e talvez seja isso que Lucian esteja fazendo, ganhando naturalmente a amizade de Ayume ao invés de forçá-la.

Os irmãos piscaram e, como se não tivessem ouvido nada do que a doutora disse, falaram:

—Está nos dizendo que aquele ator canastrão está roubando nossa amiga doutora?

Frank Lorret sorriu tranquilamente.

—Não meninos, não foi isso o que eu disse, o que eu disse é que vocês deveriam impor menos e demonstrar mais a sua amizade pela Ayume, e, talvez ela comece a se abrir mais para vocês como vocês querem.

—Nós não temos certeza se entendemos alguma coisa do que você disse doutora. — começou Vinicius.

—Mas vamos tentar. — prometeu Murilo.

A doutora concordou.

—Mudando de assunto rapazes... O que vocês me disseram hoje realmente me deixou preocupada.

Os irmãos voltaram a piscar.

—E o que foi que dissemos?

—Essas saídas de vocês dois com Verônica. — respondeu — Está certo que seria bom se vocês expandissem um pouco mais o horizonte desse mundo particular que vocês dois criaram para si, embora tenha sido um grande avanço particular da parte de você terem deixado Ayume entrar nele, mas não acho que são um pouco jovens demais para fazerem saídas desse tipo?

Inclinados para frente com os cotovelos sobre os joelhos e os rostos entre as mãos os gêmeos ouviram a tudo em silêncio e prestaram atenção a cada uma das palavras da terapeuta.

—Ah, então é isso. — eles olharam os relógios de pulso e começaram a se levantar — Mas não precisa se preocupar com isso não doutora.

—Por que não? — perguntou acompanhando-os com o olhar até a porta.

—Porque nossas noites de gandaia com Verônica já ficaram para trás faz tempo. — Murilo respondeu abrindo a porta para o irmão.

—É e agora o máximo que nós bebemos é Toddynho. — Vinicius sorriu e virando-se para o irmão comentou: — Meu Deus, se nós tivéssemos continuado com aquilo estaríamos ferrados, porque não teria fígado que suportasse!

—Com certeza. — Murilo concordou — Como será que a Verônica consegue?

—Mistério...

Os relógios em seus pulsos começaram a apitar anunciando o final da consulta no exato momento em que a porta fechou-se às costas deles.


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Notas finais do capítulo

Então, adivinhem quem tem internet no próprio computador de novo?
Isso mesmo, eu! :D
Hoje estou muito "adivinhativa" U.Ú
... Acho que essa palavra nem existe. -.-'



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