As Pedras Lumos escrita por SirJohann


Capítulo 2
"Tudo vai começar"




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Depois daquela noite Liam não conseguiu dormir direito, acordava várias vezes durante a madrugada, procurava por aquela luz e como um ritual levantava da cama, mesmo temeroso, dava dois passos e olhava para cama esperando encontrar um menino dormindo em sua cama.

Numa bela manhã de domingo e como sempre, foi acordado pela sua mãe, Vilma havia preparado um café especial para o menino - era a única forma de o acordar cedo. Liam se pôs de pé após a belíssima palavra "Café" que sua mãe tinha mencionado, bebeu seu café e logo foi para o quintal, ou melhor, sua magnífica floresta encantada.

Brincando como sempre e se divertindo à beça com um galho de árvore, que para ele é uma espada, claro, percebeu uma marca diferente no tronco de uma das árvores, tipo um buraco pequeno, mais ou menos do tamanho de uma bola de tênis, seu olhar não conseguia ver o fundo. A princípio ficou com pena da pobre árvore, que por ser a maior das que haviam ali, ele a considerava a mãe daquela floresta. Liam passava uma boa parte do tempo tendo um ótimo papo com ela, sim, o garoto levava suas brincadeiras muito a sério. O buraco parecia ter sido recente, suas bordas ainda apresentavam seiva, logo o garoto que já não era nada curioso quis saber o que havia feito aquilo ou o que poderia estar lá dentro e foi logo colocando a mão. Ao tocar ele descobriu o fundo, não havia nada, somente o buraco, logo imaginou que seria fruto da criatividade da sua mãe. Ao tentar retirar sua mão percebeu que o buraco não tinha mais a mesma largura, sua circunferência havia ficado menor em segundos e agora estava preso pelo pulso. Tomado pelo desespero começou a puxar e puxar, logo quando pensou em chamar pela mãe seu braço estranhamente soltou, obviamente o menino caiu pela força que estava fazendo. Meio atordoado com a situação e a mais ou menos oitenta centímetros da velha árvore. Percebeu algo diferente, havia sido surpreendido se deparando novamente com ele mesmo ali na sua frente, com a mão presa na árvore, como se estivesse parado no tempo, tentando se soltar do buraco. Seu arredor parecia mais contrastado, as cores estavam mais vivas e os reflexos mais brilhantes, curioso e assustado queria saber o que estava acontecendo, aquilo ainda era estranho para ele, foi quando percebeu a luz novamente indo em direção a sua pequena mão, dessa vez ele pode enxergar melhor, e descobriu que se tratava de uma pedra de uns cinco centímetros que saia lentamente de seu peito, dessa vez percebeu um leve resfriamento no peito enquanto ela passava de dentro para fora. A pedra branca parou novamente sobre suas mãos flutuando, mas dessa vez algo diferente aconteceu, a pedra se partiu em quatro partes de cores distintas, deixando de ser branca, uma das pedras era vermelha como sangue, outra verde como a folha de uma árvore, uma azul como o céu e a quarta não tinha cor, era transparente e não emitia nenhum reflexo só distorcia a imagem que passava por ela. O menino sem saber o que fazer pegou com sua outra mão a verde que estava mais para o lado esquerdo. Ao tocar na pedra verde as outras rapidamente voltaram para dentro do seu peito e na terra pode se perceber um leve tremor. Assustado, Liam se voltou para seu corpo imóvel e deu de cara com uma senhora, muito velha, segurando seu corpo nos braços, ela estava com o olhar fixo no rostinho do seu corpo, olhando bem fundo nos seus olhos, Liam sentia como se estivesse olhando para ele naquele momento e só foi se dar conta que não quando ela, com gestos leves, ergueu seu olhar e o encarou com olhos verdes como a pedra que carregava. Não sentir as próprias pernas foi inevitável, mas ao mesmo tempo sentia como se estivesse perto de alguém já conhecido, não sendo estranha sua presença. Liam queria que aquela não fosse a árvore do seu quintal, mas sabia que era, estava muito confuso. A velha o encarando abriu a boca e disse.

– Liam, tudo vai começar. Sua voz pareceu preencher todo aquele lugar, não uma voz de uma senhora, roca, sim uma voz suave como o vento e forte como um tronco.

O garoto estremeceu e sentiu novamente seu corpo acordar e foi levado até ele com rapidez, de uma forma inexplicável. O menino despertou em frente a árvore, que misteriosamente não estava com nenhum buraco. Depois daquele dia Liam não queria mais brincar, tudo que facilmente imaginava talvez pudesse ser real. O que iria começar?

Depois daquele dia as conversas com a velha árvore nunca mais foram as mesmas.


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